Excelentíssimo Senhor Procurador Geral da República, Doutor Rodrigo Janot Monteiro de Barros.

Transcrição

1 Excelentíssimo Senhor Procurador Geral da República, Doutor Rodrigo Janot Monteiro de Barros. RUBENS BUENO, brasileiro, casado, Deputado Federal, com endereço funcional no gabinete 623, Anexo IV, da Câmara dos Deputados, Brasília/DF, RG /SSP-PR, CPF nº , inscrição eleitoral sob o n ; PAUDERNEY TOMAZ AVELINO, brasileiro, casado, portador da Cédula de Identidade RG n , inscrito no CPF/MF sob o n , inscrição eleitoral sob o n , com endereço para notificações no Gabinete 314 do Anexo IV da Câmara dos Deputados, Brasília/DF; ANTONIO JOSÉ IMBASSAHY DA SILVA, brasileiro, casado, Deputado Federal, portador do RG nº SSP/BA, inscrito no CPF sob o nº , inscrição eleitoral sob o n , com endereço para notificações na Praça dos Três Poderes, Anexo IV, Gabinete 810, Brasília/DF, MIGUEL MOUBADDA HADDAD, brasileiro, casado, Deputado Federal, portador do RG nº SSP/DF, inscrito no CPF sob o nº , inscrição eleitoral sob o n , com endereço para notificações na Praça dos Três Poderes, Anexo IV, Gabinete 369, Brasília/DF, GENECIAS MATEUS NORONHA, brasileiro, casado, Deputado Federal, portador do RG nº SSP/CE, inscrito no CPF sob o nº , com endereço para notificações na Praça dos Três Poderes, Anexo IV, Gabinete 244, Brasília/DF vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, para formular a presente REPRESENTAÇÃO em face da Senhora DILMA VANA ROUSSEFF, Presidente da República, pelos fatos e fundamentos adiante expendidos:

2 Foi amplamente noticiado pela imprensa brasileira 1, no dia 16 de janeiro de 2016, que o juiz Sérgio Moro suspendeu o sigilo da Operação Lava Jato. Entre as peças e documentos que se tornaram públicos, há áudios e transcrições de conversas realizadas pelo Sr. Luis Inácio Lula da Silva e a Sra. Dilma Rousseff, obtidos por meio de interceptações telefônicas autorizadas pelo Poder Judiciário. Segundo as notícias, as gravações de áudio revelam que a Presidente Dilma buscou agilizar a nomeação do Sr. Luis Inácio Lula da Silva para o cargo de Ministro-Chefe da Casa Civil com a única finalidade de que a competência para julgá-lo deixasse de ser da primeira instância e fosse direcionada ao Supremo Tribunal Federal. Segue a transcrição do áudio do referido diálogo: Dilma: Alô Lula: Alô Dilma: Lula, deixa eu te falar uma coisa. Lula: Fala, querida. Ahn. Dilma: Seguinte, eu tô mandando o 'Bessias' junto com o papel pra gente ter ele, e só usa em caso de necessidade, que é o termo de posse, tá?! Lula: Uhum. Tá bom, tá bom. Dilma: Só isso, você espera aí que ele tá indo aí. Lula: Tá bom, eu tô aqui, fico aguardando. Dilma: Tá?! Lula: Tá bom. Dilma: Tchau. Lula: Tchau, querida. 1

3 Ora, primeiramente foi noticiado pelo próprio presidente nacional do Partido dos Trabalhadores, Sr. Rui Falcão, que a posse de Lula seria na terçafeira, 22 de março. 2 Após a retirada do sigilo e a divulgação do conteúdo das gravações, restou comprovado que Lula já havia assinado o termo de posse na quarta-feira, 16 de março, e que a Sra. Dilma o enviaria, para que ele utilizasse caso necessitasse. Logo em seguida à publicação, a Presidência da República afirmou que a posse havia sido transferida para a quinta-feira, 17 de março. A única conclusão possível é a de que a urgência do governo em nomear Lula era para que esse passasse a ter foro por prerrogativa de função, e caso necessitasse, pudesse comprová-lo em qualquer situação. Dessa forma, resta evidente que a Presidente não agiu motivada por interesses republicanos ao nomear Lula para a Casa Civil; além disso, tentou flagrantemente prejudicar o andamento das investigações criminais contra o ex-presidente por meio da fuga de foro. Foram claramente demonstradas as motivações pessoais da Sra. Dilma na nomeação do ex-presidente e coopartidário. Vislumbram-se assim, em tese, indícios da prática dos crimes de prevaricação, fraude processual e favorecimento pessoal, tipificados, respectivamente, nos artigos 319, 347 e 348 do Código Penal. Sem dúvida, os fatos trazidos pelo jornal caracterizam tais crimes, pois a Sra. Dilma nomeou o Sr. Lula como Ministro-Chefe da Casa Civil não pelo seu mérito e sua suposta contribuição para o governo, mas apenas para a utilização do cargo como subterfúgio para o deslocamento de competências estabelecidas pela Constituição Federal. 2

4 Importante considerar que não se está diante de mera especulação jornalística. A verossimilhança dos fatos apresentados, com grande riqueza de detalhes todos revelados após a retirada do sigilo da Operação Lava- Jato demonstra a necessidade de que seja instaurado um inquérito para averiguar a prática de crimes contra a Administração da Justiça. Ademais, cabe ressaltar que a Presidente poderá ser responsabilizada pelas condutas mencionadas e recentemente reveladas. Isso porque a vedação da Constituição Federal (art. 86, 4º) refere-se a atos estranhos ao exercício de suas funções, e a nomeação de ministro de estado é atribuição específica do presidente. Ante o exposto, no exercício do direito constitucional de petição (art. 5º, inciso XXXIV, a ) o representante vem perante esta Douta Procuradoria Geral da República para narrar os fatos acima descritos e requerer que a instituição solicite autorização à Câmara dos Deputados, nos termos do caput do art. 86 da Constituição Federal, para que a Sra. Dilma Rousseff seja submetida a julgamento perante o Supremo Tribunal Federal pela prática dos crimes comuns acima mencionados. Termos em que, Pede deferimento. Brasília, 17 de março de 2016.

5 Deputado Rubens Bueno PPS/PR Deputado Miguel Haddad PSDB/SP Deputado Pauderney Avelino DEM/AM Deputado Genecias Noronha SD/CE Deputado Antonio Imbassahy PSDB/BA