3.3 Guião de visita de estudo ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso
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- Luísa Mendonça Azenha
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1 3.3 Guião de visita de estudo ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso 1 O museu Panorâmica do antigo convento dominicano de S. Gonçalo, em Amarante, onde se encontra instalado o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso Então chamado Biblioteca-Museu Municipal de Amarante, o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso foi fundado, em 1947, pelo Dr. Albano Sardoeira, com o propósito de reunir materiais relativos à História local, bem como a figuras da arte e da literatura nascidas em Amarante. Citam-se os nomes de António Carneiro, Amadeo de Souza-Cardoso, que daria o nome ao Museu, Acácio Lino, Teixeira de Pascoaes e Agustina Bessa-Luís. O edifício que acolhe o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso é o antigo convento dominicano de S. Gonçalo, que data dos séculos XVII-XVIII. Depois de algumas alterações sofridas no século XIX, que desvirtuaram a área dos claustros, coube ao arquiteto Alcino Soutinho, já em 1980, uma intervenção sumamente revalorizadora daquele espaço. Aí ficaram instaladas, em excelentes condições de luminosidade, as salas que albergam o espólio do Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso. Para além do importante núcleo de Arqueologia de que dispõe, o Museu mostra-se vocacionado para a Arte Portuguesa Moderna e Contemporânea, nomeadamente a Pintura e a Escultura. Desde 1997, que o museu amarantino é responsável pela organização do concurso de atribuição do Grande Prémio Amadeo de Souza-Cardoso. Exterior e interiores da área intervencionada pelo arquiteto Alcino Soutinho 26
2 Guião de visita de estudo ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso 2 Os objetivos da visita de estudo Caracterizar o modernismo artístico português. Analisar o percurso artístico de Amadeo de Souza-Cardoso. Desenvolver as competências de observação, análise e comunicação, através do conhecimento do património histórico, artístico e arquitetónico. Sensibilizar para a preservação do património histórico-cultural. Promover o trabalho individual e/ou de grupo e a sociabilidade entre alunos e docentes. 3 Amadeo de Souza-Cardoso e o modernismo em Portugal Amadeo de Souza-Cardoso nasce em Manhufe, concelho de Amarante, a 14 de Novembro de 1887, numa família de abastados vinhateiros. Depois dos estudos liceais na cidade do Tâmega e da frequência do curso de Arquitetura da Academia de Belas Artes de Lisboa, em 1905, ruma para Paris no ano seguinte. Em Paris, cedo troca a Arquitetura pela Pintura. Cedo, também, rompe com os preceitos que se aprendiam nas mais prestigiadas escolas. O convívio com nomes que haveriam de ficar na História da Arte, como Modigliani, Juan Gris, R. Delaunay e Brancusi, e o talento indesmentível de que deu provas unem-se para produzir o maior nome da pintura modernista em Portugal. Logo em 1913, Amadeo é reconhecido pela crítica, recebendo convite para participar no afamado Armory Show de Nova Iorque. Vende três quadros, que hoje pertencem ao Art Institut de Chicago. Regressado a Portugal quando rebenta a 1.ª Grande Guerra, Amadeo refugia-se na casa da família, em Manhufe, com a sua jovem esposa, Lucia Pecetto, que conhecera em Paris. Trabalha a um ritmo voraz, aplica as tendências vanguardistas absorvidas na cidade-luz. Em 1916, expõe em Lisboa e no Porto, mas depara-se com a incompreensão da crítica e Amadeo de Souza-Cardoso do público. Entrevistado pelo jornal O Dia, no rescaldo das exposições, Amadeo declarou: impressionista, cubista, futurista, abstracionista? de tudo um pouco. De facto, a vasta obra pictórica do artista revela-se multifacetada: do desenho estilizado à pesquisa cubista, da via abstracionista ao compromisso expressionista, da revolução futurista ao nonsense dadaísta, de tudo experimenta Amadeo. Amadeo com Lucia Pecetto, a mulher com quem se casou em 1914 Cabeçalho da entrevista a Amadeo, publicada em O Dia,
3 Ceifado pela pneumónica em 25 de outubro de 1918, quando se preparava para voltar a Paris, Amadeo é, pela sua carreira, breve mas tão intensa, comparado a um cometa que atravessou as artes. Almada Negreiros considerou-o a primeira descoberta de Portugal na Europa do século XX! Apesar do entusiasmo dos modernistas, durante largo tempo a obra de Amadeo ficaria esquecida na posse da família e da viúva, que regressou a Paris. Só nos anos 50, e muito em particular devido aos estudos de José Augusto França, historiador e crítico de arte, Amadeo obteria a consagração merecida. Posteriormente, negociações levadas a cabo entre a Fundação C. Gulbenkian e Lucia P. Souza-Cardoso, que durante todos esses anos zelara com devoção pela obra do marido, permitiram que a maior parte do espólio artístico de Amadeo possa ser devidamente apreciado no Centro de Arte Moderna, em Lisboa. 4 No pouco tempo que o destino lhe permite viver em Portugal ( ), Amadeo contribui para o amadurecimento do modernismo português. Priva com Eduardo Viana e o casal Delaunay, instalados em Vila do Conde. Entabula contactos com o grupo do Orpheu, especialmente com Almada Negreiros. Um terceiro número da revista, que não chegou a sair, contava com obras suas. Participa no Portugal Futurista, apreendido pela polícia à saída da tipografia, hoje considerado a peça fundamental do movimento futurista português. Abstração, óleo sobre tela (c.1913) A Máscara do Olho Verde/Cabeça, óleo sobre tela (1915) A Casa de Manhufe, óleo sobre madeira (c. 1913) Atividades 1. Distinga dois estilos arquitetónicos no edifício que alberga o Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso. 2. Selecione três obras pictóricas naturalistas presentes no Museu. Identifique o seu autor. 3. Atente, agora, na obra de Amadeo S aliente a diversidade de correntes vanguardistas que é possível vislumbrar nos vários quadros R edija uma síntese subordinada ao título: Amadeo, um modernista português. 4. Aprecie o contributo de outros artistas que, no século XX, se aventuraram em percorrer novos caminhos na arte. Selecione três obras e respetivos autores. 5. Identifique a obra de arte modernista que mais o impressionou. Justifique a sua escolha. 28
4 Guião de visita de estudo ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso 5 Ainda em Amarante Para além do Museu Municipal, Amarante e os seus arredores apresentam outros pontos de interesse: A ponte de S. Gonçalo Esta ponte setecentista sobre o rio Tâmega define, juntamente com a Igreja Matriz, o centro histórico de Amarante. Casa de Pascoaes Esta quinta com solar, onde residiu Teixeira de Pascoaes, possui um museu com o espólio do poeta. Situa-se em São João de Gatão. Fundação Eça de Queiroz Na fundação Eça de Queiroz fica-se a conhecer melhor a vida e a obra deste escritor português, da segunda metade do século XIX. Situa-se na Casa de Tormes (freguesia de Santa Cruz do Bispo, concelho de Baião), que serviu de cenário ao romance A Cidade e as Serras. Vila Romana de Tongóbriga Este sítio arqueológico alberga uma cidade romanizada dos séculos I e II, considerada Monumento Nacional em Doçaria tradicional Os doces conventuais, associados aos mosteiros da região, constituem também um património da região do Tâmega. A Igreja Matriz ou Igreja de S. Gonçalo Na sacristia, apresenta-se S. Gonçalo, que a devoção popular diz favorecer os casamentos de mulheres a quem o noivo tarda em aparecer. 29
5 Guião de visita de estudo ao Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso Aula de preparação e motivação para a visita Exploração de alguns dos seguintes recursos: Documentário Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso, disponível no Youtube ou no endereço eletrónico Documentário Amadeo de Souza-Cardoso À velocidade da inquietação emitido na RTP 2, disponível no Youtube ou no endereço eletrónico Apresentação de trabalhos dos alunos sobre algumas das obras e respetivos artistas a conhecer no Museu. Aula de avaliação da visita Correção das atividades realizadas pelos alunos no decorrer da visita. Informações úteis Museu Municipal Amadeo de Souza-Cardoso Avenida Teixeira de Pascoaes Amarante-Portugal mmasc@cm-amarante.pt 30
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