NÍVEIS DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM GOIÁS. Antônio Pasqualetto
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1 NÍVEIS DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM GOIÁS Antônio Pasqualetto Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Santa Maria UFSM Mestre e Doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal de Viçosa, UFV Professor na Universidade Católica de Goiás - UCG e Centro Federal de Educação Tecnológica- CEFET-GO Rua 16, Quadra 17, Lote14, Número 108 Setor Central, Goiânia, GO, Brasil Fone: (62) / Fax: (62) pasqualetto@ucg.br
2 2 NÍVEIS DE POLUIÇÃO ATMOSFÉRICA EM GOIÁS** ANTÔNIO PASQUALETTO* RESUMO Objetivou-se estabelecer uma comparação entre os níveis de particulados em suspensão no ar de Goiânia (terminal Izidória) e Anápolis (Distrito Agroindustrial de Anápolis-DAIA) no período de estação seca compreendido entre os meses de maio até outubro nos anos de 1999 e Os dados obtidos junto a Agência Goiana de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Agência Ambiental) que mantém equipamentos para avaliar a qualidade do ar nestes locais. Os resultados demonstraram e denunciam que há poluentes em níveis elevados em ambos os locais e por dois anos consecutivos. Palavras-chave: ar, poluentes, Goiás. ABSTRACT In order to achieve a comparision between two levels of suspended particulate material in Goiânia (Terminal Izidória) and Anápolis (Agroindustrial District of Anápolis - DAIA) air during the drought season, from may to october of the years 1999 and All data were obtained from enviromental Agency of Goiás, whose mantain several equipments to measure the air quality in these sites. The results shows and denounce that there is polluants in levels elevated in both locations and for two consecutive years. Key-words: air, polluants, Goiás * Prof. Dr. do Departamento de Engenharia da Universidade Católica de Goiás ** Co-autoria com Bruna craveiro de Sá e Mendonça, Fernanda Queiroz Tristão, Helaine de Mota Resplandes e Mirele Maria Barbosa Ferrreira, acadêmicas de Engenharia Ambiental na Universidade Católica de Goiás
3 3 1 INTRODUÇÃO Goiânia foi criada para ser uma cidade administrativa. No seu planejamento não foi levado em conta a possibilidade de um crescimento tão rápido. Com apenas 68 anos de idade, atingiu níveis de metrópole, contando, atualmente, com mais de 1 milhão de habitantes. Em sua volta, o cinturão de cidades satélites aumentam o fluxo de veículos para transporte dos trabalhadores até a capital e em muitos casos, são pólos para instalação de conglomerados industriais, a exemplo de Anápolis, desencadeamento o lançamento crescente de poluentes atmosféricos. A estação do ano sem chuvas e o agravante das queimadas e incêndios, associado a movimentação de massas de ar que provocam ventos fortes neste período, acabam por contribuir para manter em suspensão grande quantidade de material particulado, alterando a qualidade de vida da população e derivando conseqüências alérgicas e respiratórias ao organismo humano. A dificuldade de associar o crescimento destes centros urbanos com planejamento que permita o desenvolvimento sustentável tem sido o principal obstáculo dos administradores. Apesar disto, Avanços vem ocorrendo em defesa do meio ambiente. A estação de tratamento de esgoto de Goiânia está sendo implantada. O lixo tem destino no aterro sanitário, embora com vida útil não superior a dez anos. A poluição hídrica começa a ser monitorada, especialmente no rio Meia Ponte, principal manancial de abastecimento de água para Goiânia. A poluição atmosférica é observada em pontos de coleta de dados. Esta, embora sem a ênfase atribuída aos demais tipos de poluição, tem despertado a atenção dos órgãos fiscalizadores, destacando-se a Agência Goiana de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Agência Ambiental). Este órgão vem fazendo desde o ano de 1999 o monitoramento da qualidade do ar em Goiânia e Anápolis, fornecendo valiosas informações a respeito do ar que respiramos. O objetivo da pesquisa é confrontar os dados obtidos, analisando os índices de poluição atmosférica nos pontos de coleta do terminal Izidoria em Goiânia e no Distrito Agroindustrial de Anápolis DAIA, nos anos de 1999 e 2000.
4 4 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 O Ar Segundo Gomes (1998, p.3), o ar é recurso mais indispensável que usamos. Uma pessoa de estatura média necessita, aproximadamente, de 15 kg de ar por dia, para cobrir uma superfície de contato alveolar aproximada de 70 m². O recurso atmosférico possui as mais diversas utilizações: como o uso metabólico pelos seres vivos, comunicação, transporte, combustão, processos industriais, benefícios advindos dos fenômenos naturais e meteorológicos e a utilização do ar como receptor e transportador de resíduos da atividade humana. Contudo, o uso básico do ar é manter a vida. Todos os outros usos devem sujeitar-se à manutenção de uma qualidade de ar que não degradará a saúde ou o bem estar do ser humano. Gomes (1997) acredita que a atmosfera com sua composição atual (tabela 1) 7tenha surgido há aproximadamente 1 bilhão de anos. Tabela 1. Composição de gases na atmosfera terrestre. Componentes Gasosos Composição Volumétrica (ppm) Composição em peso (ppm) Nitrogênio Oxigênio Argônio Dióxido de carbono Neônio 18 12,5 Hélio 5,2 0,72 Metano 2,2 1,2 Criptônio 1 2,9 Óxido nitroso 1 1,5 Hidrogênio 0,5 0,03 Xenônio 0,08 0,36 Fonte: Gomes (1998) 2.2 Os Principais Poluentes Atmosféricos A poluição atmosférica pode ser definida como a presença na atmosfera de substâncias causadoras de danos materiais ou prejudiciais à saúde, ou ainda que interfiram no gozo normal da vida e da propriedade. Estas concentrações de poluentes resultam da interação dinâmica de emissões contaminadoras e transformações atmosféricas. Sob o ponto de vista da poluição internacional, deve-se registrar a privilegiada posição geográfica do Brasil, situado no hemisfério sul, que é menos
5 5 densamente povoado e poluído que o norte, protegido por grandes barreiras naturais, como a Cordilheira dos Andes, a oeste, o Oceano Atlântico, a leste e a fabulosa floresta amazônica, com o sistema Parima-Guiano, ao norte. Resta somente a abertura de nossas costas para o sul especialmente a Antártida, como ameaça potencial exterior ao meio ambiente (Coelho, 1977). Se considerada a poluição natural provocada por agentes orgânicos (pólen, esporos resíduos vegetais e animais), ou minerais (fumos e vapores expelidos pelos vulcões e gêiseres, poeiras levantadas pelos ventos nos desertos e outras regiões da Terra, e escórias de rochas lançadas ao ar pelas erupções vulcânicas), ou biológicos (bactérias, vírus expelidos pelas secreções dos seres vivos), seremos obrigados a admitir que a poluição natural do ar existe desde a aurora dos tempos. No entanto, não parece que a poluição natural, até agora tenha afetado seriamente a biosfera terrestre (Honkis, 1977). De acordo com este mesmo pesquisador, os poluentes naturais são lançados em teores e em velocidades relativamente baixas, ou, pelo menos, suficientemente baixos para permitir sua gradual e praticamente inofensiva absorção pela atmosfera. O mesmo não se pode dizer da poluição artificial, provocada pelo homem e que reconhece como causas agentes orgânicos (produtos químicos voláteis expelidos pelas fumaças e vapores das indústrias), minerais (vapores e fumos nitrosos, sulfurosos, iodo, cloro, difundidos pelas indústrias, e o monóxido de carbono saído dos canos de exaustão dos veículos a motor de combustão interna) e os agentes radioativos (subprodutos da usinas atômicas e resultantes das explosões dos engenhos nucleares). Coelho (1977) classificou os principais poluentes do ar em: Natureza física: 1- Aerosóis (partículas sólidas e líquidas com dimensões de 0,05 a 20 micros, mas que podem atingir 20 micros, limite de resolução dos microscópios eletrônicos atuais); 2- Gases e vapores; Natureza química: 1- Compostos sulfurados: SO 2, H 2 SO 4, H 2 S, sulfetos e sulfatos- mercaptans*. 2- Halogênios: Cl 2, cloretos e fluoretos, ácidos clorídricos e fluorídricos. 3- Oxidantes e compostos oxigenados: O 3, NO, NO 2, NH 3.
6 6 4- Compostos carbonados: C, CO, CO 2, aldeídos, cetonas, ácidos orgânicos, hidrocarbonetos (alifáticos, aromáticos, saturados, não saturados, policíclicos). 5- Metais tóxicos: Se, Te, Be, As, Sb, Mn, Mo, Si. 6- Metais pesados: Cu, Pb, Zn, Cd, Fe. 7- Substâncias radioativas: C-14 (liberação de nêutrons nas explosões nucleares), Sr-90, I-131, Cs-137, Ba-140 (produtos de fissão das explosões nucleares), Pu-239, radioisótopos naturais. *Poluentes que podem acarretar, desde chuvas mais ácidas (sulfatos), à elevação do chumbo diluído em áreas urbanas e até comprometimentos da saúde humana, animal e vegetal, devido, freqüentemente, à ação sinérgica de dois ou mais poluentes 2.3 Os Efeitos à Saude Humana Carvão (fuligem) e o SO 2 (poluição primária): atmosfera ácida e redutora; doenças respiratórias; redução da função pulmonar; irritação dos sentidos. Gases de motor a explosão (CO, O 3, NO, NO 2 ); complexos orgânicos, SO 2 : irritação dos olhos; asma; efizema pulmonar; formação da carboxihemoglobina (CO-Hb) que reduz oxigenação celular afetando portadores de deficiências cardiorespiratórias. Na vegetação, provocam redução das colheitas. Agentes específicos: pó de mamona, asbesto sufocação, asbestose, câncer pulmonar. Berílio: beriliose (intoxicação que compromete os pulmões, peles, tecidos subcutâneos, fígado, nodos linfáticos e outras estruturas anatômicas). Fumo (auto-poluição) efizema pulmonar; doenças cardiovasculares; câncer do pulmão. As indústrias constituem um sistema químico complexo e por isso a sua avaliação é mais efetiva quando estudada em base individual. 1- Indústrias metalúrgicas: pó (berílio e plutônio) 2- Indústrias químicas: inúmeros poluentes 3- Indústrias de fertilizantes: P 4- Indústrias de ácido sulfúrico: SO 2 e SO 3
7 7 5- Indústrias de papel: sulfetos de hidrogênio, mercaptans e material particulado 6- Indústrias de sebos, farinha de osso: odores 7- Indústrias de minerais não metálicos: pó 8- Indústrias de materiais elétrico: Pb, H 2 SO 4 9- Fontes não industriais: queima de lixo, combustíveis, queimadas. 3 METODOLOGIA 3.1 Local e período de amostragem Foram instaladas as seguintes estações de amostragem, monitorada pela Agência Ambiental de Goiás no ano da 1999 e Estação de amostragem do Distrito Agroindustrial de Anápolis, GO - DAIA Estação de amostragem do Terminal Izidória, Setor Pedro Ludovico, Goiânia, GO. Em 1999, as amostras ocorreram de 12 de agosto até 20 de outubro. Já no ano de 2000, foram coletadas entre 12 de agosto a 25 de setembro. 3.2 Método de coleta Embora a legislação estabeleça outros métodos de coleta, a Agência Goiana de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais optou pelo método de Determinação de partículas em suspensão na atmosfera (Amostrador de Grandes Volumes- Hi- Vol). De acordo com Relatório das atividades de monitoramento da qualidade do ar (Agência Goiana de Meio Ambiente e Recursos Naturais, 1999) o princípio do método é o seguinte: O ar é succionado para um abrigo onde passa através de um filtro a uma vazão de 1,13 a 1,70m³ por minuto que faz com que as partículas em suspensão com diâmetro menor que 100 micros (STOKES) atinjam o filtro. Em filtros de fibra de vidro são coletados partículas com diâmetro entre 100 e 0,1micros. A concentração de partículas em suspensão é expressa em micrograma por metro cúbico (µg/m³); seu cálculo é feito determinando a massa do material coletado e o volume de ar amostrado.
8 8 Em condições desfavoráveis o erro na determinação pode ser maior que 50% do valor real, dependendo da queda na vazão e variação da concentração com o tempo de 24 horas, e repetibilidade a 3%. Material particulado oleoso e neblina densa ou alta (chuvas) são interferências que reduzem severa e bruscamente o fluxo de ar no filtro, fazendo com que a leitura e os resultados sejam nulos e desprezados, em decorrência da confiabilidade 3.3 Padrões de qualidade do ar Os padrões de qualidade do ar são estabelecidos pela resolução do CONAMA 03/90 e Lei 8.544/78 do Estado de Goiás. A legislação estadual define no artigo 33 os padrões de qualidade do ar: Concentração média anual: 40µg/ m³; Concentração máxima diária: 120µg/m³. As normas brasileiras estabelecem para o tempo de amostragem de 24h: 240µg/m³ - Padrão primário; 150µg/m³- Padrão secundário. 3.4 Análise dos dados Os dados coletados e disponibilizados em forma de relatórios pela Agência Goiana de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais foram submetidos a análise estatística no Departamento de Engenharia da Universidade Católica de Goiás, para verificação das variações referentes à concentração de material particulado nos diferentes locais, no período da estação seca, nos anos de 1999 e Levou-se em consideração todas os dados coletados em cada ano, constituindo um conjunto unitário de informações que foram confrontadas entre os locais de amostragem: terminal Izidoria e DAIA para o ano respectivo. Procedeuse a análise de variância e as médias foram comparadas pelo teste F, a nível de 5% de probabilidade. Foram obtidos valores de precipitação pluviométrica, velocidade de ventos (Estação Meteorológica da EA/UFG) e focos de calor no estado de Goiás (IBAMA), os quais auxiliam no esclarecimento dos dados coletados. A dificuldade de obtenção destas informações para ambos os locais nos fizeram optar pelas disponíveis, as quais indicam a tendência de comportamento ambiental do período estudado.
9 9 4 RESULTADOS OBTIDOS Na tabela 2 são apresentados os dados originais das amostragens de material particulado presente no ar nos locais avaliados. Tabela 2. Concentrações de material particulado no ar (ug/m 3 ) de acordo com o período de amostragem para Goiânia e Anápolis Ano Local Data Nível de Poluição (mg/m³) Terminal Izidória 12/ / / / / / / / / / DAIA 18/ / / / / / / / / Terminal Izidória 12/07 278'' 24/07 265'' 03/08 190'' 08/ / /08-23/ /08-31/ / / / DAIA 12/07-24/07-03/08-08/ /08-15/ / / /08-05/ /09-25/09 - Período de calibragem do equipamento. - Amostragem não realizada devido ao corte de energia, problemas técnicos/operacionais. Fonte: Agência Goiana de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (1999/2000)
10 10 Nas tabelas 3 e 4 são apresentados os resultados de quadrados médios obtidos através da análise de variância dos dados. Tabela 3. Quadrados médios do nível de material particulado no ar Fonte de Variação Grau de Liberdade Quadrado Médio Local ,2580 n.s Resíduo ,2300 Total 18 n.s não signifcativo à 5% de probabilidade pelo teste F. Tabela 4. Quadrados médios do nível de material particulado no ar Fonte de Variação Grau de Liberdade Quadrado Médio Local ,3000* Resíduo ,1300 Total 14 * signifcativo à 5% de probabilidade pelo teste F. No ano de 1999 apesar dos elevados valores obtidos, não foram verificadas diferenças estatísticas entre os locais amostrados. Diferentemente ocorreu no não de 2000 onde foi possível perceber significância entre os níveis de material particulado presente na atmosfera entre locais. Estas informações permitem a identificação de qual apresentou maiores problemas de poluição atmosférica. Na tabela 4 e Figura 1 constam as médias, desvio padrão e coeficiente de variação do experimento que melhor elucidam o ocorrido. Tabela 4. Média de concentração de material particulado no ar: Terminal Izidória (Goiânia) e DAIA (Anápolis) 1999 e Nível de Poluição Local (Material Particulado no ar) (ug/m³) Terminal Izidória 502,10 a 183,10 a DAIA 540,33 a 101,80 b Média 520,21 156,00 Desvio Padrão 283,84 62,32 Coeficiente de Variação (%) 56,01 31,98 * Médias seguidas de letras iguais no mesmo ano não diferem estatisticamente a nível de 5% de probabilidade pelo Teste F foi um ano com elevada concentração de material particulado na atmosfera tanto em Goiânia (502,1µg/m³) como em Anápolis (504,33µg/m³), onde os níveis de poluentes demonstraram-se exageradamente superiores ao padrão
11 11 legal (240µg/m³) representando quase o dobro do permitido. Os perigos à saúde humana foram iminentes durante todo o período da estação seca. Mas que motivos podem justificar tais parâmetros. Material Particulado ( u g/m 3 ) Terminal Izidória DAIA 240u g/m Figura 1 - Concentração de Material Particulado no Ar Amostrado no Terminal Izidória (Goiânia) e no Distrito Agroindustrial de Anápolis - DAIA noa anos de 1999 e 2000 A partir do diagnóstico de precipitações, queimadas ocorridos na estação seca tem-se um indicativo para discutir os resultados (Tabela 5, 6). A velocidade dos ventos também não pode ser desconsiderada. De acordo com os dados do ano 2000, Goiânia obteve uma concentração média de material particulado no ar de 183,10 µg/m³, aproximadamente 76,30% do padrão estabelecido em lei, que é de 240 µg/m³. Quando comparado com os dados obtidos no DAIA, apresentou média estatisticamente superior com percentual relativo de 79,86%. Estranha-se que o DAIA por ser pólo industrial apresente não apenas menor concentração de poluentes atmosféricos, mas também em proporção muito inferior, demonstrada estatisticamente. Alguns aspectos devem ser considerados
12 12 para os locais amostrados, os primeiros de ordem climática: ventos, descritos para as ocasiões que se fizeram necessárias e precipitações pluviométricas (tabela 5), o primeiro por manter em suspensão os particulados e o segundo por reduzir bruscamente a concentração dos mesmos na atmosfera. De outro modo fatores dependentes do ser humano como ocorrência incêncios, queimadas e estabelecimento de controle da emissão de poluentes também são importantes. Tabela 5. Precipitações pluviométricas (mm) ocorridas em 1999 e 2000 na Estação Climatológica da Universidade Federal de Goiás. Dia Mês/1999 Dia Mês/2000 mai Jun jul Ago set out mai Jun jul Ago set out 1 6,0 1 11, , ,8 4 6, , , ,0 8 4,4 8 3, ,3 10 9,9 14,6 10 0, , , , ,5 15 1, ,0 16 6,6 17 7, ,7 19 0, , ,0 21, ,3 2, , ,0 25 0, , ,0 27 2, , , ,0 17, , ,7 Dias não preenchidos indicam não ocorrência de precipitação pluviométrica. Fonte: Estação Meteorológica da Escola de Agronomia - Universidade Federal de Goiás De acordo com Agência Goiana de Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (2000) na amostragem do dia 23 de agosto de 2000, na 6 ª avaliação do mês (tabela1) a maior concentração de material particulado em suspensão
13 13 (181µg/m³) foi atribuída ao ventos antecedentes. Nos dias 17 e 18 os ventos denotaram velocidades de 4,2 e 3,0 km/h, acima da média mensal que foi de 2,7km/h (dados da estação climatológica da EA UFG). Na cidade de Anápolis, observou-se uma concentração média de material particulado de 101,08 µ/m³ aproximadamente 42,42% do padrão legal (240µg/m³) e bem inferior ao obtido no Terminal Izidoria em Goiânia. Apesar da amostragem realizada no dia 28 de agosto de 2000 (5 ª avaliação do mês) ter atingido um ponto máximo de 189 µg/m³ de material particulado no ar, devido a influência de ventos ocorrentes na região (6,7 km/h) causando assim interferência no acúmulo de poluentes, os demais demonstraram a tendência de valores em torno de 80µg/m³ (tabela 1), portanto inferior aos dados coletados em Goiânia. No final de agosto e início de setembro houveram precipitações que permitiram a diminuição dos particulados em suspensão de tal forma que a avaliação realizada em setembro de 2000 indicou redução na concentração de poluentes. Os resultados revelam que a qualidade do ar é influenciadas por fatores climáticos e ambientais ocorrentes e eventuais, além da emissão de poluentes por veículos e indústrias. A redução brusca das médias gerais de poluição em ambos os locais parece Ter associação com maior ocorrência de precipitações pluviométricas no ano de 2000 e conscientização estabelecida por meio de propagandas, cursos e visitas in loco de representantes do IBAMA e Agência Ambiental, bem como a ação de contenção de focos de incêndio e queimadas pelo corpo de bombeiros. De acordo com IBAMA (2000) houve redução no número de focos de calor identificados pelo satélite NOA-12 do ano de 1999 para o ano de 2000 de 19,5%. Se considerados os meses do período da estação seca esta foi de 16% (tabela 6). Conforme Avelino (2001) isto se deve a intensos trabalhos de conscientização realizados pelo IBAMA/PREVFOGO/PROARCO por meio de cursos, palestras, campanhas publicitárias estabelecidas especialmente a partir de Em cooperação, a Agência Ambiental intensificou as propagandas e o Ministério Público está atento aos crimes ambientais. Estes resultados favorecem a qualidade do ar que respiramos em função de que diminui a concentração de partículas em suspensão.
14 14 Tabela 6. Ocorrência de focos de calor registrados pelo satélite NOA-12 na estação seca dos anos de 1999 e Ano Focos de calor/mês Mai jun jul Ago set out Focos de calor/ semestre Focos de calor/ano Fonte: IBAMA/PREVFOGO/PROARCO, 2000 Além disto, como pode ser percebido pela tabela 7, o Corpo de Bombeiros teve trabalho em conter vários focos de incêndios, especialmente a na região de abrangência do COB. Tabela 7. Focos de incêndios controlados pelo corpo de Bombeiros e Ano Focos de incêndio/mês mai jun jul Ago set out Focos de incêndio/ semestre COB º GI Fonte: Corpo de Bombeiros (2001) Entretanto, o fato de no Terminal Izidória no ano de 2000 os valores serem superiores ao pólo industrial de Anápolis nos trazem espanto, tendo em vista a grande circulação de pessoas local. Por outro lado, a postura do setor industrial em estabelecer processos de gerenciamento da emissão de seus poluentes é louvável e tem se demonstrado em melhoria da qualidade ambiental. De forma oposta, a frota de ônibus que circula pelo Terminal Izidória pouco foi renovada e a quantidade de veículos que por ali trafegam se intensificou, acarretando aumento nos índices de poluição. 5 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES Ações urgentes por parte do setor público se fazem necessárias para redução dos níveis de poluentes no terminal Izidória. A grande movimentação de trabalhadores e a associação à veículos motorizados sem catalizadores, em especial a frota de ônibus antiga e formam um combinado indesejável a saúde
15 15 humana e ao bem estar social. Deslocamento de linhas, incentivo a renovação de frotas e ação mais contundente da fiscalização podem contribuir para reversão do quadro estabelecido. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGÊNCIA GOIANA DE MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS. Relatório de monitoramento da qualidade do ar. Goiânia. 1999/2000 AVELINO, Augusto. Coordenador do prev-fogo - IBAMA. Goiânia, IBAMA (informação pessoal). COELHO, Aristides. Aspectos da poluição do ar e o meio ambiente brasileiro. In: SUPREN. Recursos Naturais: Meio Ambiente e Poluição. Rio de Janeiro: IBGE, Vol.2, p CORPO DE BOMBEIROS. Estatísticas de incêndios em 1999 e Goiânia GOIÁS. Agência Ambiental de Goiás. Relatório dos dados de poluição atmosférica para os anos de 1999 e Goiânia, Agência Ambiental, GOMES, Laurentino. 1998, p.1-11 (Apostila Didática). HONKIS, Miécio. A poluição do ar e a ozonosfera. In: SUPREN. Recursos Naturais: Meio Ambiente e Poluição. Rio de Janeiro: Ed. IBGE, Vol2, p IBAMA-PREVFOGO/PROARCO. Relatório de dados de focos de calor obtidos pelo satélite meteorológico NOA-12 nos anos de 1999 e Goiânia. IBAMA, THIELKE, John. Dados necessários à análise da poluição do ar. In: SUPREN. Recursos Naturais: Meio Ambiente e Poluição. Rio de Janeiro: IBGE, Vol.2, p
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