DIA INTERNACIONAL NELSON MANDELA (COM GALERIA DE FOTOS)

Transcrição

1 N n1 DIA INTERNACIONAL NELSON MANDELA (COM GALERIA DE FOTOS) A 17 de Julho de 2013, a Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação levou a efeito a segunda edição do evento Dia Internacional Nelson Mandela O Tributo da Assembleia da República, com um conjunto de iniciativas envolvendo deputados, jovens, diplomatas, a comunidade sul-africana e diversas individualidades. Mendes Bota presidiu aos trabalhos e fez a intervenção de encerramento da celebração, que contou com a honrosa participação da Presidente da Assembleia da República, Assunção Esteves, e da Embaixadora da África do Sul, Keitumetse Matthews. Em representação dos grupos parlamentares, falaram as deputadas Nilza de Sena (PSD), Inês de Medeiros (PS) e Carla Cruz (PCP), e o deputado Raul de Almeida (CDS-PP). Em representação do Projecto Escolhe Vilar, de Vila Nova de Gaia, falaram os jovens Txerno Baldé e Alexandra Nogueira. Seguidamente, a Sala do Senado acolheu um concerto pelos jovens da Orquestra Juvenil da Bonjóia, do Porto, liderada pelo maestro Elizeu Silva. Mendes Bota entregou aos responsáveis das duas organizações de jovens imbuídas de um espírito de interculturalidade, Irene Freitas (pelo Projecto Escolhe Vilar), e Daniel Coelho (pela Orquestra Juvenil da Bonjóia), ofertas simbólicas do apreço da Assembleia da República pelo seu trabalho e pela colaboração que deram a este evento. No final, os Cláustros do Palácio de S. Bento foram palco de um animado convívio entre todos os participantes, animado pelo saxofonista Otis, que interpretou vários temas de música sul-africana. Discurso de Mendes Bota, presidente da Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, no encerramento do evento Dia Internacional Nelson Mandela O tributo da Assembleia da República Assembleia da República, 18 de Julho de 2013 Evoquemos a memória viva de Nelson Mandela. Porém, antes de desfraldar o longo cardápio do elogio, impõe-se fazer a pergunta: como homenagear alguém cujo significado há muito transcendeu quaisquer limites físicos? 1

2 Foi um homem bom? Foi um homem justo? Foi um homem generoso? Certamente. Todos e cada um destes epítetos e muitos outros não viriam desviar a sua elegia um milímetro da proporção certa. Mas aqui falamos do jovem estudante negro, do pai e do marido. As suas aflições, esperanças e expectativas restringiam-se então às suas próprias limitações, iguais às aflições, esperanças e expectativas de qualquer outro dos seus semelhantes. Eram impotentes perante o sofrimento dos seus irmãos e irmãs, a sua prédica ineficaz contra o opressor, porque a própria vida toldava-lhe ainda uma visão maior. Algures pelo caminho o véu deve ter-lhe sido puxado de sobre os olhos Talvez no seu julgamento em Rivonia Efectivamente, deve ter sido numa noite de eclipse lunar as sombras sobrepuseram-se, e uma fenda interior, evento sísmico, tornou-se aparente que, empurrado pelas estrelas e certa dos odores familiares da sua rua de infância, a sua personalidade galgou o derradeiro muro entre o mero conformismo e a personificação de um ideal. Não é possível conceber melhor via, que não a mística, para explicar este evento fundador: o nascimento de uma força que viria a influenciar homens e culturas de todos os cantos do mundo. Diz-se que Marcel Proust, o escritor, criou a sua obra-prima À la recherche du temps perdu, após uma dentada fortuita numa simples bolacha um portal de sentidos para um passado orgânico e vivo. Enquanto símbolo intemporal da luta de um povo contra o apartheid, Nelson Mandela lança hoje, mais do que nunca, uma vasta rede sobre a memória colectiva de toda a humanidade. Está para lá da aparência, porque a sua presença é dor transcendida; para lá da definição, porque o seu nome é resiliência cristalizada; para lá da raça, porque a sua vida é liberdade regenerada. No futuro, quando já os seus ossos forem apenas um néctar anónimo para as coisas da terra, imaginar-se-á o seu magnetismo, não como aquele que vemos comprimido, sacralizado, nas páginas de um manual escolar um esforço vão de memória, mas como ideias em movimento, muito além do alcance que têm feriados e discursos como este um odor frutífero, sublimado, complexo, o qual, como a prodigiosa bolacha de Proust, evoque de um sorvo tudo o que um povo tem de generoso e bom e nobre. 2

3 Enquanto humanos, somos naturalmente propensos a cometer sacrifícios, e assim demonstramos o nosso amor a entes queridos, amigos e esposos. Fazemo-lo porque cavalgamos a crista de uma enorme vaga iniciada por Jesus Cristo, e perpetuada por homens como Francisco de Assis, John Brown ou Jiddu Krishnamurti para desferir sobre o caos uma ordem superior de justiça. Esta cadeia é infinita! É omnipotente! Nas convulsões da História, a Humanidade viu-se sucessivamente esmagada por guerras, fomes, pestes, pobreza, escravidão, mastigada pela marcha indelével dos acontecimentos, e finalmente cuspida uma e outra vez nas margens do esquecimento. Todavia, os laços de fraternidade que nos unem resistiram incólumes. Como uma linguagem unívoca, souberam sempre encontrar a sua máxima expressão nos grandes líderes da humanidade, desde Martin Luther King a Liu Xiaobo. A eles muito devemos da democracia, dos direitos civis, da saúde pública, como hoje conhecemos O nosso diâmetro moral é, agora e sempre, balizado pelo pioneirismo destes espíritos livres não por dogmas, cânones e máximas. Decretos galgam milhas, mas detêm-se no coração. É nas acções destes libertadores libertadores como Nelson Mandela que os nossos espíritos famintos vão encontrar, sublimados, o verdadeiro pão, sal e água; é do seu sacrifício que se estende a rede sanguínea que uniu os nossos avós, em primeiro lugar, os nossos pais, e por último embalou a infância de cada um de nós, hoje, aqui presentes, em berços de promessa e oportunidades. Olhamos para o nosso passado como olhamos para a consciência. Aí vamos encontrar o reduto inviolável, o seio materno, o telhado sólido que nos abriga das intempéries do acaso. Julgamo-lo morto, enterrado, mas na verdade os seus exemplos perduram: são agora uma multiplicidade de preces e, em bloco, são as fundações que sustentam o edifício da sociedade. Como poderia então uma nação inteira, assente sobre o legado de Mandela, não ter um radioso futuro pela frente; por séculos, milénios, vindouros como poderia ser outro o olhar firme que olha para a estrada com confiança? É um olhar de paz que percorre os sete pilares da Constituição, à entrada do Museu do Apartheid: democracia, reconciliação, igualdade, 3

4 diversidade, responsabilidade, liberdade, respeito. É este o legado de Nelson Mandela, para a eternidade. TODOS JUNTOS POR NELSON MANDELA GALERIA DE FOTOS MENDES BOTA USANDO DA PALAVRA 4

5 A PRESIDENTE DA ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA, ASSUNÇÃO ESTEVES, HONROU O EVENTO COM A SUA PRESENÇA E PALAVRA O LOGÓTIPO DO EVENTO 5

6 MENDES BOTA NO INÍCIO DOS TRABALHOS VISITA GUIADA AO PALÁCIO DE S. BENTO MUITOS JOVENS NA ASSISTÊNCIA 6

7 ASPECTO DO SALÃO NOBRE ASPECTO DA AUDIÊNCIA A DEPUTADA NILZA DE SENA (PSD) NO USO DA PALAVRA 7

8 A DEPUTADA INÊS DE MEDEIROS (PS) NO USO DA PALAVRA O DEPUTADO RAUL DE ALMEIDA (CDS-PP) NO USO DA PALAVRA A DEPUTADA CARLA CRUZ (PCP) NO USO DA PALAVRA 8

9 A EMBAIXADORA DA ÁFRICA DO SUL, KEITUMETSE MATTHWES, NO USO DA PALAVRA ALEXANDRA NOGUEIRA, DO PROJECTO ESCOLHE VILAR, NO USO DA PALAVRA TXERNO BALDÉ, DO PROJECTO ESCOLHE VILAR, NO USO DA PALAVRA 9

10 MENDES BOTA PRESENTEOU A EMBAIXADORA KEITUMETSE MATTHEWS A ORQUESTRA JUVENIL DA BONJÓIA DELICIOU A ASSISTÊNCIA COM UM MAGNÍFICO CONCERTO A PALAVRA E PRESENTES PARA O MAESTRO E AS INSTITUIÇÕES QUE COLABORARAM NO EVENTO 10

11 CONVÍVIO NOS CLAUSTROS DO PALÁCIO DE S. BENTO SAUDANDO OS CONVIVAS O SAXOFONISTA OTIS, UM VIRTUOSO DA MÚSICA 11

12 FOI CONTAGIANTE 12