Conforme pronunciamento nº 32 do International Accounting Standards Committee (IASC) entende-se:
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- Diogo Silveira de Abreu
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1 1 INTRODUÇÃO A implantação da nova lei /07 tem gerado muita polêmica entre os profissionais de contabilidade dentre eles principalmente no que se diz respeito a adoção da contabilização dos instrumentos financeiros a Fair Value. O Banco Central do Brasil (Bacen) órgão responsável pela execução das normas expedidas pelo Conselho Monetário Nacional, através das circulares 3.068, de e 3.082, de já estabelece o ajuste dos instrumentos financeiros a valor de mercado para as instituições financeiras. Conforme pronunciamento nº 32 do International Accounting Standards Committee (IASC) entende-se: Um instrumento financeiro é qualquer contrato que dá origem a um ativo financeiro de uma empresa e a um passivo financeiro ou instrumento de equity de outra empresa. Ativo financeiro é representado por caixa, direito a caixa, direito a troca por outro ativo financeiro ou direito a um instrumento de equity. Passivo financeiro é a obrigação de pagar em espécie, ou com outro ativo financeiro, ou de trocar instrumentos financeiros. Instrumentos de equity é o contrato que evidencia um interesse residual no ativo líquido. Carvalho (1996, apud MARTINS, 2001, p. 120) O principal objetivo da contabilidade sempre foi fornecer a todos os usuários de suas demonstrações financeiras informações que refletem a situação patrimonial da empresa para que estas informações sejam analisadas e utilizadas para diversos fins. Para que isso seja possível a Ciência Contábil conta com vários princípios a serem seguidos para uma melhor contabilização e padronização de suas demonstrações. Um dos princípios fundamentais da contabilidade é o custo original como base de valor. Este princípio visa a mensuração dos itens patrimoniais por seu
2 9 valor de aquisição, o que pode comprometer sua capacidade de predição, tornando este princípio limitado e muito questionado ultimamente, principalmente pelos usuários das informações que buscam cada vez mais uma aproximação com a realidade. Visto as limitações da contabilização com base no custo original o International Accounting standards Board (IASB), órgão responsável pela emissão das normas internacionais de contabilidade menciona a contabilização dos ativos e passivos financeiros a valor justo, ou Fair Value. Segundo Siegel e Shim (1987, p.163 apud MARTINS, 2001, p.120) o Fair Value representa: o montante que poderia ser recebido com a venda de um ativo quando existem compradores e vendedores interessados e financeiramente capazes de concretizar a transação e inexistem circunstâncias anormais tais como liquidação, desabastecimento e emergências. São grandes os impactos causados nas demonstrações financeiras através da mensuração a Fair Value, mas o presente trabalho visa a explorar somente os impactos relacionados aos ativos financeiros e passivos financeiros, desconsiderando instrumentos derivativos. Também é nítida cada vez mais a necessidade do profissional contábil de acompanhar as mudanças ocorridas no cenário econômico de forma a continuar cumprindo com o objetivo da contabilidade atendendo as necessidades dos usuários. Problema A nova lei /07 que alterou a lei /76 (Lei das S/A) visa cada vez mais a convergência das demonstrações contábeis de acordo com o padrão internacional de contabilidade, International Financial Reporting Standards (IFRS). Desde sua implantação tem gerado muita polêmica dentre os profissionais contábeis, pois desde 1976 não havia alterações tão significativas e importantes nas regras contábeis brasileiras. As mudanças trarão grandes benefícios principalmente para os usuários das demonstrações contábeis, pois estas registradas de acordo com os
3 10 padrões internacionais, auditadas, e opcionalmente públicas, há de se esperar uma melhor transparência das atividades empresariais, e exigirá também um grande esforço de todos os profissionais envolvidos (ALTERAÇÕES..., 2008). A vida dos contadores e dos auditores vai ficar mais emocionante. A convergência da legislação contábil brasileira aos padrões internacionais do IFRS significa que esses profissionais terão de exercitar mais a capacidade de julgamento na sua atividade. "O contador vai ter que sair de sua cadeira confortável e olhar o mundo", enfatizou o professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Eliseu Martins (BALANÇOS..., 2008). Cada vez mais o profissional contábil está tendo que se adaptar ao mercado com suas novas legislações e exigências, mas nem sempre são todos que estão aptos e dispostos para isso. Cabe ressaltar que uma das principais mudanças trazidas pela nova lei se refere aos critérios de avaliação dos instrumentos financeiros e derivativos que deverão ser atualizados pelo valor justo, de mercado ou também conhecido como Fair Value. A regra é bastante complexa e detalhada e exigirá um forte grau do que se costuma denominar subjetivismo responsável Nesse sentido, questiona-se quais foram as alterações trazidas pela Lei /07 no que se refere à apresentação, mensuração e divulgação dos instrumentos financeiros, e qual sua aplicabilidade? Objetivo Geral Analisar as alterações trazidas pela Lei /07 no que se refere à apresentação, mensuração e divulgação dos instrumentos financeiros e comparar com as normas nacionais e internacionais de contabilidade. Objetivo Específico características; Pesquisar o que é um instrumento financeiro e suas
4 11 Levantar as legislações correntes sobre a contabilização dos instrumentos financeiros; Levantar as deficiências do custo histórico com base de valor; Pesquisar sobre a contabilização a Fair Value, seus impactos, benefícios e dificuldades; Desenvolver uma análise das demonstrações financeiras de uma empresa para verificar a aplicabilidade da legislação, comparando o ano 2007 (anterior a lei) com 2008; Fazer uma análise comparativa entre as normas em seus principais aspectos. Justificativa A contabilização dos instrumentos financeiros a fair value vem ganhando destaque nos últimos anos. Aprovada dentre umas das obrigações exigidas pela nova lei das S/A, ela é de extrema importância principalmente para os usuários das demonstrações contábeis porque seu método de contabilização exige que os instrumentos financeiros sejam atualizados a valor de mercado aumentando a capacidade de predição e análises bem mais próximas da realidade. Por ser um tema recente e complexo está causando muita polêmica entre todos os profissionais envolvidos. Este trabalho visa a esclarecer sobre este assunto focando-se apenas nos ativos e passivos financeiros, devido ser o local onde estão concentrados os recursos depositados de forma temporária ou permanente podendo sofrer valorizações e desvalorizações financeiras. A contabilização a fair value como mencionado anteriormente faz parte de uma atualização da lei 6.404/76, obrigando o profissional contábil a se atualizar e se aprimorar sobre o assunto. O que se pode notar é que nos últimos anos o perfil do profissional contábil vem mudando, já não basta mais efetuar apenas as contabilizações e atender seus clientes nos aspectos tributários. É cada vez mais visível a necessidade dele se manter atualizado em todas as áreas direta e
5 12 indiretamente envolvidas, para que ele possa auxiliar o gestor nas tomadas de decisões. Visto as limitações mencionadas acima este trabalho terá como contribuição esclarecer sobre as formas de evidenciação, mensuração e contabilização dos instrumentos financeiros a fair value, de acordo com as normas nacionais e internacionais. Metodologia Entende-se por metodologia a forma de se conduzir uma pesquisa, ou seja, métodos ou etapas para se seguir num determinado processo. (METODOLOGIA, 2008) Existem várias tipologias para se conduzir uma pesquisa que vão desde os objetivos, procedimentos e a abordagem do problema. A seguir serão mencionadas as utilizadas neste trabalho. Beuren (2004) classifica os objetivos de uma pesquisa como exploratórios, descritivos ou explicativos. Este trabalho será desenvolvido empregando-se a pesquisa exploratória, visando ampliar o conhecimento na contabilização a Fair Value que é um assunto pouco explorado e sua obrigação através da lei /07 que ainda é muito recente. Quanto ao procedimento da pesquisa adotado, este trabalho terá como base a pesquisa documental, pois se baseará em demonstrações financeiras e terá a finalidade de verificar a aplicabilidade da contabilização a fair value nas demonstrações financeiras da empresa Aracruz Celulose S/A, além de se basear também em pesquisas bibliográficas pois pesquisará as legislações, livros entre outros materiais sobre o assunto. A abordagem do problema será de caráter qualitativo, pois demonstrará através de um diagnóstico as informações coletadas, analisadas e interpretadas além de demonstrar a complexidade do assunto.
6 13 2 INSTRUMENTOS FINANCEIROS: APRESENTAÇÃO (IAS 32) A IAS 32 é a norma internacional responsável pela definição e apresentação dos instrumentos financeiros, seu objetivo é proporcionar uma melhor compreensão do significado dos instrumentos financeiros em relação à posição financeira, desempenho e fluxos de caixa de uma entidade (IBRACON 2001, p.608). Este capítulo tomará como base de referência exclusivamente esta norma (IBRACON 2001, p ). 2.1 Definições como: É importante destacar algumas definições que são apresentadas Instrumento Financeiro: é um contrato que origina tanto um ativo financeiro em uma entidade como um passivo financeiro ou um instrumento patrimonial em outra entidade Os instrumentos financeiros são divididos entre instrumentos primários, tais como contas a receber, contas a pagar, quanto instrumentos derivativos transacionados no mercado de opções, futuro, a termo e operações de caps de taxa de juros e de moedas Ativos Financeiros
7 14 A seguir serão apresentadas definições de ativos financeiros, seguidos de exemplos para ilustrar e esclarecer seu significado. São considerados ativos financeiros: (a) caixa; (b) um direito contratual para receber numerário (caixa) ou outro ativo financeiro de outra entidade (c) um direito contratual para permutar instrumentos financeiros com outra entidade, sob condições potencialmente favoráveis; (d) um instrumento patrimonial de outra entidade Entende-se por caixa tudo aquilo que pode ser moeda corrente (disponível), um depósito a vista em um banco ou instituição financeira similar. Em direito contratual para receber numerário (caixa) ou outro ativo financeiro de outra entidade se enquadram, por exemplo; contas a receber, notas promissórias, empréstimos e títulos a receber. Um direito contratual para permutar instrumentos financeiros com outra entidade, sob condições potencialmente favoráveis é, por exemplo, Notas promissórias a receber em títulos do governo. No item D cita-se instrumento patrimonial de outra entidade, entende-se como instrumento patrimonial qualquer contrato que evidencie uma participação residual nos ativos de uma entidade, após a dedução de todos os seus passivos como, por exemplo, ações ordinárias, certos tipos de ações preferenciais etc. Os ativos físicos como estoques, imobilizados, ativos arrendados e ativos intangíveis não são ativos financeiros, pois criam uma oportunidade de gerar entrada de caixa, porém não originam um direito real de recebê-lo Passivos financeiros Entende-se por passivo financeiro qualquer passivo que seja uma obrigação contratual para:
8 15 (a) entregar numerário ou outro ativo financeiro a outra entidade; como, por exemplo, contas a pagar, notas promissórias, empréstimos e títulos a pagar. (b) permutar instrumentos financeiros com outras entidades em condições potencialmente desfavoráveis 2.2 Apresentação Passivos e patrimônio liquido Na classificação entre passivo e patrimônio líquido deverá ser observada entre os componentes a essência do acordo contratual no reconhecimento contábil inicial e suas definições. A essência de um instrumento financeiro, e não a sua forma legal, rege sua classificação no balanço patrimonial do emissor. Alguns instrumentos financeiros regem a forma legal de patrimônio, mas são passivos em essência, e vice e versa. A característica que diferencia a classificação é a existência de uma obrigação contratual do emissor ao portador, quando existe tal obrigação este instrumento pode ser classificado como passivo financeiro. Um instrumento é classificado como instrumento patrimonial quando não originar para o emissor uma obrigação contratual de entrega de caixa, de outro ativo financeiro, ou permuta de outro instrumento financeiro em condições desfavoráveis. Pode-se exemplificar o caso acima quando um portador de qualquer distribuição proveniente do patrimônio de uma entidade tem um direito de receber uma parte das distribuições, porém o emissor não terá obrigação contratual de distribuí-las. Já quando uma ação da ao portador o direito de resgate obrigatório ou uma opção de exigir o resgate em um evento futuro cabe a classificação de passivo financeiro.
9 Divulgação O objetivo das exigências de divulgação é fornecer informações que permitam avaliar a importância dos instrumentos financeiros para a posição financeira. O pronunciamento exige várias divulgações relacionadas aos instrumentos financeiros, incluindo informações sobre os seus valores justos. O objetivo das divulgações exigidas por esta Norma é proporcionar informações que facilitarão a compreensão do significado de instrumentos financeiros, constantes ou não do balanço patrimonial em relação à posição financeira, desempenho e fluxos de caixa da entidade, e será útil na avaliação de valores, época e segurança de fluxos de caixa futuros relativos àqueles instrumentos. Além de oferecer informações específicas sobre saldos e transações de determinado instrumento financeiro, as entidades são incentivadas a discutir até que ponto os instrumentos financeiros são utilizados, os riscos a eles associados e os seus objetivos comerciais. As divulgações exigidas permitem aos usuários informações referentes a avaliação e extensão dos riscos relacionados aos instrumentos que são divididos em: a) Risco de preço Há três tipos: o risco da moeda, o risco da taxa de juros e o risco de mercado. b) Risco de crédito é o risco de que uma das partes contratantes do instrumento financeiro deixe de honrar uma obrigação, fazendo com que a outra parte sofra perda financeira. c) Risco de Liquidez Também conhecido como risco de provimento de fundos, é o risco de que a entidade encontre dificuldade em levantar fundos para atender aos compromissos relativos aos instrumentos financeiros. O risco de liquidez pode resultar da inabilidade em vender rapidamente um ativo financeiro por um preço próximo ao seu valor justo. d) Risco do Fluxo de Caixa É o risco de que os fluxos de caixa futuros, associados a um instrumento financeiro monetário, flutuem em valor. No caso de um instrumento de dívida à taxa flutuante, por exemplo, tais flutuações resultam em uma alteração da taxa de juros efetiva do instrumento geralmente sem alteração correspondente em seu valor justo. A seguir será mostrado como devem ser divulgadas as informações sobre: Políticas de administração de risco, prazos, condições, políticas contábeis, risco da taxa de juros e risco de crédito.
10 Políticas de Administração do Risco A entidade deverá descrever suas políticas de administração de risco, as normas não descrevem o formato nem sua localização nas demonstrações, as divulgações podem incluir uma combinação de descrições narrativas e dados específicos quantificados, conforme for apropriado à natureza dos instrumentos, e sua relativa importância para a entidade. O nível de detalhes da divulgação é relacionada com a importância dos instrumentos, que deve ser equilibrada com a utilidade para os usuários. A administração de uma entidade agrupa os instrumentos financeiros em classes apropriada à natureza das informações a serem divulgadas, levando em consideração assuntos tais como as características dos instrumentos, se eles são reconhecidos ou não e, se reconhecidos, a base de quantificação aplicada. Geralmente, as classes são determinadas numa base que distingue os itens escriturados ao custo daqueles escriturados a valor justo. Quando os valores divulgados em notas ou cédulas suplementares se relacionam a ativos e passivos reconhecidos, é fornecida informação suficiente para permitir a reconciliação com itens das linhas pertinentes do balanço patrimonial Prazos, Condições e Políticas Contábeis Para cada classe de ativo financeiro, passivo financeiro e instrumento patrimonial, reconhecidos ou não, a entidade deverá divulgar : a) informações sobre a extensão e natureza dos instrumentos financeiros, incluindo prazos e condições expressivos que possam afetar o valor, o cronograma e a segurança de fluxos de caixa futuros; b) as políticas contábeis e os métodos adotados, incluindo os critérios para reconhecimento e a base de quantificação aplicada. Os prazos contratuais e as condições de um instrumento financeiro são fatores importantes, que afetam valor, o cronograma e a segurança de recebimentos e pagamentos de caixa futuros pelas partes do instrumento.
11 18 A apresentação das demonstrações contábeis terá que ser clara e concisa de todas as políticas contábeis expressivas incluindo os princípios como o método de aplicação desses princípios em transações significativas. Para apresentar informações adequadas para que os usuários das demonstrações contábeis compreendam as bases sobre as quais os ativos e passivos financeiros foram quantificados, as divulgações das políticas contábeis indicam não somente se o custo, o valor justo ou alguma outra base de quantificação foi aplicada a uma determinada classe de ativo ou passivo, mas também o método de aplicação dessa base. Para instrumentos financeiros contabilizados a valor justo, a entidade deverá indicar se os valores foram apresentados em valor de mercado, avaliações independentes, análise de fluxo de caixa descontado ou por outro método Risco da taxa de juros Para cada classe de ativo e passivo financeiro deverão ser divulgadas informações sobre a exposição ao risco de taxa de juros, inclusive: primeiro; e a) datas da repactuação contratual ou de vencimento, a que ocorrer b) taxa de juros efetivas, quando aplicáveis A divulgação destas informações oferece aos usuários das demonstrações uma base para a avaliação do risco da taxa de juros ao qual uma entidade está exposta e, portanto, o potencial para ganho ou perda Risco de crédito
12 19 Para cada classe de ativo e passivo financeiro deverão ser divulgadas informações sobre a exposição ao risco de crédito, inclusive: a) o valor que melhor represente sua exposição máxima ao risco de crédito na data do balanço patrimonial, sem considerar o valor justo de qualquer garantia, no caso de outras partes deixarem de cumprir suas obrigações como indicam os instrumentos financeiros; e; b) concentrações expressivas de risco de crédito. As informações divulgadas a respeito do risco do crédito permitem que os usuários de suas demonstrações contábeis avaliem até que ponto o descumprimento das contrapartes, em honrar seus compromissos, poderia reduzir o montante de entrada de caixa futuras Valor Justo Valor Justo: é o montante pelo qual um ativo poderia ser transacionado, ou um passivo quitado, entre partes conhecedoras do assunto e dispostas a negociar uma transação sem favorecimentos. Para cada classe de ativos e passivos financeiros, reconhecidos e não reconhecidos, a entidade deverá divulgar informações sobre o valor justo. Quando for impraticável, em virtude de restrições de tempo ou custo, determinar o valor justo de um ativo ou passivo financeiro com suficiente confiabilidade, esse fato deve ser divulgado, com as informações sobre as características principais do instrumento financeiro em questão, que são relativas ao seu valor justo. Os instrumentos financeiros contabilizados a valor justo são muito importantes para todos os tipos de usuários das demonstrações financeiras por isso quando uma entidade não escriturar os instrumentos financeiros pelo seu valor justo deverá fornecer informações por meio de divulgações suplementares. Fundamentando a definição de valor justo está a suposição de que uma entidade é um empreendimento em funcionamento contínuo, sem qualquer intenção ou necessidade de liquidar, restringir relevantemente a escala de
13 20 suas operações ou participar de transações em termos desfavoráveis. Valor justo não é, portanto, o montante que uma entidade deveria receber ou pagar em uma transação forçada, liquidação involuntária ou venda por necessidade financeira. Entretanto, uma entidade leva em consideração suas circunstancias atuais ao determinar o valor justo de seus ativos e passivos financeiros. As informações a valor justo são amplamente utilizadas para fins empresariais para determinar a posição financeira global da empresa, as divulgações permitem ao usuário da demonstração analisar os métodos de utilização para se obter esse valor, muitas vezes não encontrado através de cotações de um mercado, permite também analisar o nível de subjetividade para se obter determinado valor. Esse tipo de divulgação não era exigido no Brasil há pouco tempo atrás. A seguir serão abordados alguns métodos de avaliação patrimonial usados no Brasil.
14 21 3 MÉTODOS DE AVALIAÇÃO PATRIMONIAL Hendriksen e Van Breda (1999, p. 306) definem as medidas de entradas como o volume de dinheiro, ou o valor de alguma outra forma de compensação, pago quando um ativo ou seus serviços ingressam na empresa por meio de uma troca ou conversão. Para MARTINS (2001, p.27) Os valores de entrada são aqueles obtidos nos segmentos de mercado de compra da entidade e refletem a importância associada à obtenção dos recursos. Os valores de entrada representam o sacrifício que a empresa teve (passado), tem (presente) ou terá (futuro) que realizar para adquirir um dado recurso.martins (2001, p.28). De acordo com MARTINS (2001, p.28) as principais opções adotadas aos valores de entradas no aspecto temporal são: 1. passado custo histórico; 2. presente custo corrente; e 3. futuro custo de reposição futuro. 3.1 Custo Histórico Hendriksen e Van Breda (1999, p. 306) mencionam que : O custo histórico é definido pelo preço agregado pago pela empresa para adquirir a propriedade e o uso de um ativo, incluindo todos os pagamentos
15 22 necessários para alocar o ativo no local e nas condições que permitam prestar serviços na produção ou em outras atividades da empresa. Para MARTINS (2001 p.31) O custo histórico ou original (CH) consiste no sacrifício efetuado para disponibilizar um dado recurso. Por ser um custo incorrido (passado), ele é estático, desconsiderando possíveis alterações de preços (gerais da economia ou específicas). O custo histórico permite uma maior objetividade e praticabilidade, ele tem a vantagem de ser um dado elementar, ou seja, exige menos premissas definidas pelo avaliador. Isso permite que os usuários das demonstrações analisem de acordo com seus próprios pressupostos e objetivos. (MARTINS, 2001). custo histórico: Hendriksen e Van Breda (1999, p. 306) mencionam a vantagem do A principal vantagem do custo histórico reside no fato de ser verificável: é o preço de uma transação realizada. O custo que resulta de uma transação independente e combinada pelo comprador e pelo vendedor em um mercado livre representa o valor mínimo do ativo para o comprador. É possível que a empresa, ocasionalmente, possa pagar mais do que deveria por um ativo, mas geralmente se supõe que foi usado um julgamento prudente, e que as empresas não poderiam ter obtido o mesmo ativo ou mesmo fluxo de serviço em outro lugar a um custo total mais baixo. Para MARTINS (2001), as facilidades do custo histórico embora muito importantes deixam a desejar quando se refere à gestão interna da empresa, pois ela acaba não reconhecendo os resultados causados pelas ações dos administradores. menciona que: Iudícibus (1997, p. 133) complementa suas desvantagens quando Apesar de todas as vantagens, há muitas desvantagens, que se referem, normalmente, ao fato do que o valor dos ativos muda com relação ao tempo, não somente em virtude de variação de preços, obsolência etc., mas também em virtude da mudança no estoque de potenciais de serviços de cada ativo. Não permite, ainda, reconhecer perdas e ganhos quando real e economicamente acontecem, mas somente quando são realizados.
16 Custo Histórico Corrigido Segundo MARTINS (2001, p.43): Em essência, o custo histórico corrigido é a combinação do custo histórico com o princípio contábil do denominador comum monetário. Assim, o resultado de um período é formado pela diferença entre as receitas e despesas, atualizadas pela variação do poder aquisitivo da moeda entre a data de formação e a data de apuração do resultado, acrescida pelos ganhos ou perdas pela manutenção de itens monetários. Segundo Iudícibus (1980, p. 115) a avaliação a custo histórico corrigido nada mais é que uma restauração dos próprios custos hitóricos. Não se pretende chegar a custos de reposição, mas apenas restabelecer os custos incorridos em transações passadas em termos de poder aquisitivo da moeda de uma data-base. Iudícibus (1980, p. 115) diz que o custo histórico apresenta a vantagem de ser de fácil utilização e, além do mais, leva a uma avaliação do patrimônio líquido que facilita as tomadas de decisões. O sistema da correção monetária tornou-se obrigatório pela lei 6.404/76, abrindo assim um espaço para a utilização plena do custo histórico corrigido. Para MARTINS (2001, p.46) Quando comparado com o custo histórico o custo histórico corrigido exige uma certa redução na praticabilidade e na objetividade. Quando se menciona a praticabilidade se refere aos maiores custos em sistema e profissionais mais qualificados para adquirir e processar os dados. 3.3 Custo Corrente
17 24 Para Hendriksen e Van Breda (1999, p.308) Os custos correntes representam o preço de troca que seria exigido hoje para obter o mesmo ativo ou um ativo equivalente. Pelo exposto, o custo corrente seria a resposta para a seguinte pergunta: qual seria o sacrifício necessário para disponibilizar um item semelhante ao que já possuímos ou desejamos repor? (Martins 2001, p. 53). Iudícibus (1980, p. 114) menciona que: Custos históricos e correntes são iguais na data de compra de um ativo. Porém, à medida que os preços mudam e a tecnologia fica mais sofisticada, pode haver variações. Em sentido mais rigoroso, custo corrente de um ativo, hoje, no estado em que se encontra, seria o somatório dos custos correntes dos insumos contidos em um bem igual ao originalmente adquirido menos sua depreciação. Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p. 308) o custo corrente, em muitas situações é uma medida apropriada de valor justo, seja no estabelecimento de um preço inicial de aquisição, seja no estabelecimento de um valor máximo.(grifo nosso) O custo corrente permite, ao usuário externo, a obtenção de uma aproximação razoável do valor que deveria desembolsar para obter um ativo igual ou equivalente aquele objeto de avaliação.(martins, 2001, p.72) Apesar se suas vantagens, segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p. 308) o custo corrente apresenta as seguintes criticas: Custos e cotações correntes não estão disponíveis para itens sazonais e de moda e para bens produzidos por métodos obsoletos. As estimativas de valores correntes de entrada desses itens podem, assim, ser de natureza subjetiva. As variações de custos correntes nem sempre refletem variações de preços correntes de venda. Os valores não variam necessariamente quando há alterações de custos. Aumentos de custos resultariam em ganhos registrados no exercício corrente, muito embora não tivessem sido realizados por meio de uma venda. Ganhos e perdas causados por variações de preços específicos de entrada seriam incluídos no lucro líquido das operações a menos que o custo das
18 25 mercadorias vendidas, bem como o estoque final, sejam medidos em termos de custos correntes no momento da venda. 3.4 Custo Corrente Corrigido Para Iudícibus (1981 apud MARTINS, 2001, p.75): Verifica-se que o demonstrativo corrente corrigido nada mais é que o demonstrativo corrente, multiplicando-se os saldos pelos coeficientes das datas de suas formações e adicionando o resultado das perdas ou ganhos pela manutenção de disponibilidades ociosas (ou itens monetários ociosos), elemento que não aparece no demonstrativo de resultados histórico (nem no corrente), mas no histórico corrigido e no corrente corrigido. Em outras palavras pode-se dizer que custo corrente corrigido nada mais é que uma extensão do custo corrente ajustado pela capacidade aquisitiva da moeda, ou seja, inflação etc. Iudícibus (1981, p.116) comenta também que este, é o mais completo conceito de avaliação de ativos a valores de entrada pois combina as vantagens do custo corrente com as do custo histórico corrigído Conforme Martins (2001, p.75) menciona, o principal objetivo consiste em proporcionar integridade ao denominador comum monetário, em termos de essência econômica, usado para a avaliação dos itens patrimoniais e eventos que afetam a empresa. Suas vantagens para Martins (2001, p.81) são que este, proporciona uma maior utilidade aos relatórios contábeis, além de que, aumenta a utilidade da informação pois é capaz de detectar as variações específicas dos preços gerais da economia relacionados aos de itens do patrimônio. Ainda para Martins (2001, p.81) A elevação do nível de utilidade da informação pelo reconhecimento das variações de preços gerais da economia e específicas dos itens patrimoniais mantidos pela empresa prejudica os conceitos da praticabilidade e da objetividade.
19 Custo de Reposição Futuro A aplicação do Custo de reposição futuro nada mais é que a expectativa do custo corrente na data da sua reposição, tem como principio a continuidade da empresa com os mesmos tipos de produtos e serviços.(martins 2001, p.82). Quanto à vantagem deste método, nota-se que este consistem em elevar o nível da utilidade da informação quando espera-se significativas alterações de preços para futuras compras dos recursos consumidos. (MARTINS 2001, p. 88) Suas principais desvantagens são a elevação do nível de subjetividade referente a previsão do custo da próxima aquisição e elevação do nível de dificuldade de geração da informação Os métodos de avaliação patrimonial destacados acima apesar de algumas vantagens deixam a desejar. Os usuários necessitam de demonstrações que reflitam a realidade patrimonial na data em que se esta analisando as informações, visto a necessidade de se implantar um novo modelo de avaliação patrimonial a lei /07, baseada nas normas internacionais de contabilidade trouxe a contabilização a valor justo ou fair value. A seguir serão abordados seus conceitos, impactos, contabilização entre outras características deste novo método de avaliação patrimonial.
20 27 4 FAIR VALUE 4.1 O que é fair value? Falar em Fair Value é falar em um assunto relativamente novo no Brasil, que conforme mencionado no início deste trabalho vem causando muita polêmica para o profissional contábil, principalmente porque é uma nova exigência segundo a lei /07. apresentá-lo: A seguir são mencionadas algumas definições para melhor Segundo Siegel e Shim (1987, p.163 apud MARTINS, 2001, p.120): O montante que poderia ser recebido com a venda de um ativo quando existem compradores e vendedores interessados e financeiramente capazes de concretizar a transação e inexistem circunstâncias anormais tais como liquidação, desabastecimento e emergências. Já para IBRACON (2001, p.934): Valor justo é o montante pelo qual um ativo poderia ser transacionado, ou um passivo quitado, entre partes conhecedoras do assunto e dispostas a negociar numa transação sem favorecimentos. O valor de mercado é definido como o quanto se deveria desembolsar no mercado para que uma entidade adquirisse o ativo objeto de avaliação, aproximadamente no mesmo estado em que se encontra. (IUDÍCIBUS e MARTINS, 2007).
21 28 Quando se tenta traduzir para o português o conceito de fair value em muitos casos aparece definido como valor de mercado ou valor justo, mas é importante destacar a diferenciação entre os dois conceitos. Para Iudícibus e Martins (2007) por se querer atribuir valor a um elemento patrimonial que não tenha preço de mercado, adotou-se a expressão valor justo. FUJI (2008) ainda destaca que: o termo valor justo é utilizado, pois muitos ativos não são negociados em mercados líquidos e ativos e, portanto, o valor de mercado não pode ser prontamente determinado. Entende-se que o conceito valor justo é mais amplo e atinge outros métodos de avaliação quando é impossível a cotação de um preço de mercado como fluxo de caixa descontado, custo amortizado entre outros. 4.2 Dificuldades da adoção do Fair Value Uma das maiores dificuldades encontradas a respeito do Fair Value é que não há nenhuma base específica de mensuração. Segundo Hendriksen e Van Breda (1999, p.309) trata-se de uma combinação de bases de avaliação determinadas pelas comissões e pelos tribunais para uma finalidade específica. Para Trombetta, et al, (2007) baseado no SFAS 157 o Fair value estabelece uma hierarquia para a utilização da informação disponível no mercado, classificadas de acordo com o nível de subjetividade que são: Disponíveis em um mercado ativo; Preços cotados em mercado para ativos e passivos similares; Estimativas através de técnicas de avaliação. Nem sempre esses valores são fáceis de se obter, conforme Iudícibus e Martins (2007) fica clara a dificuldade de adoção quando menciona um exemplo de avaliação de um bem usado:
22 29 Primeiramente, deve existir um mercado ativo para bens usados; nem sempre é possível. Em segundo lugar, às vezes, o ativo que a empresa utiliza ou fabrica, somente ela o faz. Existe uma terceira dificuldade, que é a de se encontrar um ativo exatamente do que esta sendo avaliado. Uma outra dificuldade da adoção deste novo método no Brasil se diz respeito a mudança da cultura que os profissionais contábeis terão que passar, todo processo de mudança é complexo principalmente quando se diz respeito a métodos utilizados desde os primórdios da contabilidade. Essa mudança se deve a adoção de métodos baseados em princípios e não mais em regras como de costume. Há alguns anos o perfil do profissional contábil vem se alterando, devido as atualizações das leis e a usuários mais exigentes, cada vez mais se espera desse profissional um profissional mais flexível que acompanhe o mercado e mais do que efetuar os lançamentos operacionais que ele tenha uma visão de futuro, a adoção do fair value exigirá do contador um subjetivismo responsável. A falta de literatura prática e teórica também contribui para uma das dificuldades de se adotar esse método no Brasil, pois grande parte da sua legislação ainda se encontra em língua estrangeira. 4.3 Impactos na contabilização Os impactos causados pela contabilização a fair value tem sido alvo de muita discussão por diversos especialistas, defensores ou não desta forma de contabilização. Para FUJI (2008) As opiniões sobre a efetividade da contabilização a valor justo são controversas. Os profissionais contrários à adoção dessa forma de avaliação argumentam que os resultados podem apresentar uma maior volatilidade. FUJI (2008) ainda complementa que: Os defensores da avaliação pelo custo histórico acreditam que esse é normalmente mais verificável do que o valor justo e essa é uma das principais razões por que a comunidade contábil tem relutado em
23 30 abandoná-lo. Um dos grandes problemas com a mensuração a valor justo é a subjetividade envolvida na mensuração de muitos ativos. Ainda há muitos questionamentos sobre a confiabilidade a respeito da contabilização a fair value devido aos valores estimados, ou seja, subjetivos. Uma informação é relevante quando é útil e confiável, para Trombetta, et al, (2007) ao mesmo tempo em que a mensuração a fair value tem sido cada vez mais reconhecida como relevante muito ainda se tem a fazer para que também seja confiável. 4.4 Contribuições aos usuários das demonstrações contábeis Se por um lado para o profissional contábil a contabilização a fair value será um grande desafio, para os usuários das demonstrações financeiras será um grande benefício, pois contabilizadas a valor de mercado o usuário terá uma maior capacidade de predição, uma análise bem mais próxima da realidade. Para FUJI (2008) Os defensores da contabilização a valor justo acreditam que, se comparado ao custo histórico, ele é mais relevante e útil para a tomada de decisões dos investidores. FUJI (2008) diz que: Considerando que os investidores necessitam saber a situação da empresa na data das demonstrações contábeis e não no momento em que o ativo foi adquirido, é valida a adoção de normas que caminhem para uma utilização maior do valor justo, pois o valor justo reflete as condições econômicas e de mercado atuais do ativo e, portanto, espera-se que ele tenha um valor preditivo maior do que o custo histórico. Para as empresas também não será diferente principalmente para aquelas de capital aberto, pois com as demonstrações divulgadas em um padrão internacional poderá atrair mais facilmente o capital externo. A vantagem não se resume apenas no aumento de capital externo, a possibilidade de perdas financeiras poderia ter sido detectada com antecedência na
24 31 empresa Aracruz, caso ela já divulgasse seus balanços de acordo com o modelo internacional, devido ao nível mais detalhado das notas explicativas. A empresa apresentou perdas de R$1,95 bilhão com operações de derivativos cambiais, o valor equivale a quase o dobro do lucro do ano passado. (NOVA LEI..., 2008). Visto a importância de se aprimorar mais sobre este assunto a seguir serão abordadas as formas de contabilização dos instrumentos financeiros a valor justo.
25 32 5 CONTABILIZAÇÃO DOS INSTRUMENTOS FINANCEIROS 5.1 IAS 39 O objetivo do IAS 39 é: estabelecer princípios de reconhecimento, mensuração das informações sobre instrumentos financeiros nas demonstrações contábeis das entidades. Os tópicos seguintes terão como base de referência exclusivamente a IAS 39 e abrangerá o reconhecimento inicial dos instrumentos financeiros e sua mensuração. (IBRACON 2001, p ) Reconhecimento Inicial Uma entidade deve reconhecer um ativo ou passivo financeiro em seu balanço patrimonial somente quando se torna parte nas disposições contratuais do instrumento Em outras palavras, Valores a receber e a pagar incondicionais são reconhecidos como ativos ou passivos quando a entidade se torna uma parte do contrato e, como conseqüência, tem um direito legal de receber caixa ou uma obrigação legal de pagar caixa Data da negociação x data de liquidação
26 33 Para efeito do reconhecimento inicial os instrumentos financeiros deverão ter suas datas reconhecidas e separadas entre data de negociação e data de liquidação. A data de negociação é a data em que uma entidade se compromete a comprar ou vender um ativo. A contabilização da data de negociação se refere (a) ao reconhecimento de um ativo a ser recebido e a obrigação de pagar por ele na data da negociação e (b) baixa de um ativo que é vendido e o reconhecimento de um recebível de compradores para pagamento na data da negociação. A data da liquidação é aquela em que um ativo é entregue para ou por uma entidade. A data de contabilização da liquidação se refere (a) ao reconhecimento de um ativo no dia em que é transferido para uma entidade e (b) à baixa de um ativo no dia em que ele for transferido pela entidade. Enquanto a data da negociação se refere à data do comprometimento entre as partes da realização do prometido, a data de liquidação é a data da efetivação do reconhecimento ou da baixa do ativo Mensuração As categorias a seguir são utilizadas para definir como um ativo ou passivo financeiro será reconhecido e mensurado nas demonstrações contábeis. A Norma apresenta quatro classificações para efeito de mensuração dos ativos financeiros: (a) Ativos financeiros avaliados pelo valor justo com ajuste no resultado; (b) Ativos financeiros mantidos até o vencimento; (c) Créditos e recebíveis; (d) Ativos financeiros disponíveis para venda (a) Ativos financeiros avaliados pelo valor justo com ajuste no resultado: para se enquadrar nesta categoria os investimentos devem satisfazer qualquer das seguintes condições: (a) estar classificados como detidos para negociação, tem o objetivo de gerar ganhos a curto prazo, tem o propósito de serem
27 34 ativa e freqüentemente negociados. (b) No momento do reconhecimento inicial ele é designado pela entidade pelo valor justo através dos resultados. (b) Ativos financeiros mantidos até o vencimento: São ativos financeiros, com pagamentos fixos ou determináveis e vencimento fixo, que uma entidade tem a intenção positiva e a condição de manter até o vencimento. (c) Créditos e Recebíveis: São ativos financeiros criados através do fornecimento de dinheiro, bens ou serviços, a um devedor, e que não tenham a intenção de realização a curto prazo. São considerados originados pela entidade sempre que for financiado pela própria empresa um outro credor. (d) Ativos financeiros disponíveis para venda: são aqueles ativos financeiros que não se enquadram nas categorias relacionadas acima, inclui carteiras de ativos similares, para qual a um padrão de negociação com a finalidade de gerar lucro derivado de flutuações do preço no curto prazo ou da margem do distribuidor Mensuração Inicial Inicialmente a entidade deverá mensurar seus instrumentos financeiros pelo custo de aquisição, que é o valor justo do pagamento entregue ou recebido, incluindo os custos da transação. O seguinte exemplo ilustra como os custos de transação se relacionam com a mensuração inicial e subseqüente de um ativo financeiro mantido para negociação. Um ativo é adquirido por 100, acrescido de uma comissão de compra de 2. Inicialmente é registrado por 102. Na data seguinte de relatório financeiro, o preço cotado de mercado do ativo permanece em 100. Se o ativo for vendido, seria paga uma comissão de 3. Nesse caso, o ativo é mensurado em 100 (sem considerar a possível comissão sobre a venda) e é reconhecido um prejuízo de 2 no lucro líquido do período. O valor justo normalmente é determinável pelo preço da transação, caso esses preços não venham a ser determinados com confiança, o valor justo deverá ser estimado pelo fluxo de caixa descontado.
28 Mensuração subseqüente dos ativos financeiros observado: Para efeito de mensuração subseqüente dos ativos deverá ser Depois do reconhecimento inicial, uma entidade deve mensurar os ativos financeiros, incluindo derivativos que sejam ativos, aos seus valores justos, sem nenhuma dedução por custos de transação que possam incorrer na venda ou outra forma de disposição, exceto pelas seguintes categorias de ativos financeiros: (a) empréstimos e contas a receber originados pela entidade e não mantidos para negociação (b) investimentos mantidos até o vencimento (c) qualquer ativo financeiro que não tenha preço cotado em um mercado ativo e cujo valor justo não possa ser mensurado com confiança As categorias mencionadas acima deverão ser mensuradas pelo custo amortizado, utilizando-se o método da taxa de juros efetiva. Aquelas que não tem um vencimento fixo devem ser mensuradas pelo custo. Entende-se como custo amortizado de um instrumento financeiro: O valor pelo qual o ativo ou passivo financeiro foi mensurado no reconhecimento inicial, menos pagamentos do principal, mais ou menos a amortização acumulada de qualquer diferença entre o valor inicial e o valor no vencimento, e menos qualquer baixa (diretamente pelo uso de uma conta retificadora) pela desvalorização ou incobrabilidade. Entende-se por método do juro efetivo: Taxa que desconta exatamente o fluxo previsto de pagamentos de caixa futuros, até o vencimento ou a próxima data de reajuste a preço de mercado, ao valor liquido contábil atual do ativo ou passivo financeiro. Esse cômputo deve incluir todos os honorários e pontos de contrato, pagos ou recebidos entre as partes. A taxa de juros efetiva é, por vezes, referida como nível de rendimento até o vencimento ou a próxima data de reajuste de valor, e é a taxa interna de retorno de ativo ou passivo financeiro para esse período.
29 36 Contas a receber de curto prazo, sem taxa de juros estipulada, são normalmente mensuradas pelo valor original faturado, a menos que o efeito de computar juros seja significativo Mensuração subseqüente de passivos financeiros A Norma apresenta duas classificações para efeito de mensuração dos passivos financeiros: Passivos financeiros com opção pelo valor justo com ajustes em resultado Passivos financeiros mensurados pelo custo amortizado que: Quanto a mensuração dos passivos financeiros a norma menciona Após o reconhecimento inicial, uma entidade deve mensurar todos os passivos financeiros, que não sejam passivos mantidos para negociação e derivativos que são passivos registrados, pelo custo amortizado. Após o reconhecimento inicial, uma entidade deve mensurar os passivos mantidos para negociação e derivativos que são passivos registrados pelo valor justo. Pelo exposto, de uma forma geral os passivos financeiros são avaliados pelo valor do custo amortizado calculado pelo método da taxa de juros efetiva. No entanto serão avaliados pelo valor justo os passivos mantidos para negociação e derivativos Mensuração do valor justo O valor justo de um instrumento financeiro pode ser determinado por um dos vários métodos geralmente aceitos. As técnicas para avaliação devem incorporar as premissas que os participantes do mercado utilizariam nas suas estimativas de valores justos.
30 37 Parte-se do pressuposto de que a entidade tem continuidade sem nenhuma intenção de ser liquidada, portanto o valor justo não é o montante resultante de uma transação forçada ou involuntária. A melhor evidência de valor justo é a existência de preços cotados num mercado ativo. Se o mercado para um instrumento financeiro não estiver ativo, uma entidade estabelece o valor justo usando uma técnica de valoração. O objetivo de usar uma técnica de avaliação é estabelecer qual teria sido o preço de transação na data de mensuração numa troca em que não exista relacionamento entre as partes motivadas por considerações comerciais normais. A seguir será abordado como o valor justo está sendo tratado no Brasil através de leis, decretos e circulares que normalizam desde instituições financeiras até as companhias. 5.2 Lei /07 A implantação da lei /07 trouxe mudanças significativas para o modelo contábil brasileiro, a partir de 2008 as entidades que se enquadram nesta nova legislação deverão adotar novos métodos de contabilização que visam uma aproximação ao modelo da contabilidade internacional. A nova padronização é baseada em princípios e não em regras, segundo (IOB Temática Contábil, 2008, nº 29, p.3): Num conjunto de normas orientadas por princípios, são ditos, em cada norma, o objetivo dela, os fins que devem ser obtidos e as condições gerais que devem estar presentes para se fazer isso ou aquilo. Não se entra em grandes detalhes; principalmente não se fixam regrinhas O Brasil terá que passar por uma mudança cultural, terá que deixar um método baseado em regras para adotar um novo método, o baseado em princípios. Antigamente podia-se observar que a contabilidade era mais voltada para fins de tributação, atendendo somente a um usuário, o fisco. Com a
31 38 implantação da nova lei as demonstrações irão fornecer dados de uma forma mais transparente possível da realidade econômica empresarial. Ela abrange todos os tipos de usuários e permitirá a captação de investimentos estrangeiros, pois as demonstrações estarão de acordo com o padrão internacional. Para Azevedo (2008, p.23) Essa padronização de regras com o mercado internacional facilita a análise das demonstrações por investidores estrangeiros interessados em aplicar recursos em nosso país. As novas alterações alcançam as Cias. Abertas, as Cias. Fechadas, e as Sociedades de Grande Porte. Neste trabalho serão abordadas somente as alterações que abrangem a contabilização a valor justo. Segundo Azevedo (2008, p.125) Pelas novas regras alguns ativos e passivos serão registrados não mais pelos seus custos de aquisição, mas pelo valor a eles atribuídos pelo mercado, o que garante mais realismo na análise das condições de solvência das companhias. A nova regra estabelece que os instrumentos financeiros deverão ser classificados em três categorias: Destinados a negociação Mantidos até o vencimento Disponíveis para venda Enquanto a nova lei distribui suas categorias de uma forma mais sintética pode-se observar que o tratamento dado pelo IASB é bem mais detalhista, separando em mais categorias e divididas entre ativos e passivos financeiros. A boa técnica contábil recomenda que a apropriação seja feita ao final de cada mês, para que os balancetes mensais já demonstrem a situação patrimonial da empresa na data (AZEVEDO, 2008, p.126). Conforme a lei /07 as aplicações em instrumentos financeiros (ações, debêntures, aplicação ou ouro) quando destinadas à negociação ou disponíveis para venda serão avaliadas a valor de mercado ou valor equivalente.
32 39 Para (AZEVEDO, 2008, p.127) considera-se valor de mercado: o valor que pode se obter em um mercado ativo, decorrente de transação não compulsória realizada entre partes independentes. Azevedo (op.cit) ainda menciona que na ausência de um mercado ativo o valor de mercado poderá ser: O valor que se pode obter em um mercado ativo com a negociação de outro instrumento financeiro de natureza, prazo e risco similares; O valor presente líquido dos fluxos de caixa futuro para instrumentos financeiros de natureza, prazo e risco similares; O valor obtido por meio de modelo matemático-estatísticos de precificação de instrumentos financeiros; No caso as demais aplicações como direitos e títulos de créditos serão avaliadas pelo custo de aquisição ou valor de emissão, atualizado conforme disposições legais ou contratuais, ajustado ao valor provável de realização, quando este for inferior. Os elementos do ATIVO decorrentes de Operações de Longo Prazo serão ajustados a VALOR PRESENTE, sendo os demais (de curto prazo) ajustados quando houver efeito relevante. significa: Segundo Azevedo (2008, p.143) o valor presente dos passivos Quando o pagamento em dinheiro exige um período de espera (prazo de vencimento), o valor atual/ presente desse passivo a pagar é inferior ao valor final que se espera pagar e quanto maior o prazo, menor o valor atual. Essa avaliação objetiva solucionar a questão dos juros embutidos nos preços das operações a prazo. A redução a valor presente engloba dois fatores: a perda com a inflação esperada no período da venda até o recebimento e a taxa de juros reais do mesmo período. Para se contabilizar as variações decorridas dos itens patrimoniais avaliados a valor de mercado a lei dispõe de uma nova conta contábil para que se
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