Cidadania também se ensina. Página 07
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- Otávio Lima Olivares
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1 09 de Novembro de 2011 Parte integrante da Edição 1606 Cidadania também se ensina Página 07
2 2 Quarta-feira, 09 de Novembro de 2011 Educação Estudantes brasileiros passam por avaliação governamental Intenção do governo é verificar a qualidade do ensino oferecida nas redes públicas e privadas de educação Começou ontem em todo o Brasil, e vai até o dia 18 próximo, a aplicação das provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), de acordo com a data especificada para cada escola. Cerca de 6,2 milhões de estudantes de 71 mil unidades de ensino públicas e particulares participam da avaliação, em municípios. Os resultados serão divulgados em julho do próximo ano. Realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), o exame é composto pela Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Anresc), nacionalmente conhecida como Prova Brasil, e pela Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb). O objetivo das provas é aferir a real situação do sistema educacional brasileiro a partir da avaliação de desempenho dos estudantes e fazer o levantamento de informações sobre escolas, professores e diretores. A Prova Brasil é aplicada em escolas públicas urbanas e rurais que tenham no mínimo 20 estudantes matriculados no quinto e no nono ano (quarta e oitava séries) do ensino fundamental. A Aneb avalia as redes pública e particular de ensino e abrange o terceiro ano do ensino médio. Nesta edição do Saeb cerca de 1,9 mil escolas particulares participam da avaliação. Especial O Inep realizará também, no mesmo período, a edição especial da Prova Brasil direcionada aos municípios que reúnem pelo menos dez matrículas no quinto ano, mesmo que os estudantes estejam distribuídos em várias escolas. Dessa forma, o Inep atende pedido da União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (Undime). A edição especial permitirá a inclusão de maior número de municípios no índice de desenvolvimento da educação básica (Ideb), criado em 2007 para aferir a qualidade do ensino oferecido e usado em várias políticas públicas do Ministério da Educação. A adesão à edição especial é firmada por meio de assinatura de termo de compromisso. Com o apoio da Undime, mais de 250 municípios já fizeram a adesão. A participação no exame dispensa inscrição. A partir dos dados coletados por meio do Censo Escolar, o Inep seleciona automaticamente as escolas. No dia das provas, estudantes, professores e gestores respondem a questionários socioeconômicos. Prova Cada prova do Saeb é constituída por dois blocos de língua portuguesa e dois de matemática. Os estudantes do quinto ano respondem a 22 questões de língua portuguesa e 22 de matemática. Os do nono ano, a 26 de cada disciplina. Esse número de questões é aplicado também aos estudantes do terceiro ano do ensino médio. As escolas participantes recebem boletim de desempenho com os resultados das séries avaliadas. Os resultados de cada unidade escolar são liberados para consulta pela internet, na página eletrônica do Inep. Como o alvo da avaliação é a unidade de ensino, não são divulgados resultados ou emitidos certificados de desempenho individual dos estudantes. As escolas que participam da Aneb não recebem resultados por unidade de ensino, mas as notas contribuem para gerar os resultados agregados por dependência, município, estado e Brasil. Enade As provas do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade), aplicadas no domingo, em municípios, tiveram a presença de 81% dos estudantes inscritos. Participaram do exame concluintes de 8,8 mil cursos de graduação oferecidos por instituições de educação superior públicas e particulares. Os alunos dos cursos de engenharia do grupo 4 (química e de alimentos) tiveram a menor abstenção (7,3%). Os de ciências sociais, a maior (36,2%). Também participaram desta edição do Enade concluintes de biologia, computação, filosofia, física, geografia, história, letras, matemática, química, pedagogia, educação física, artes visuais e música, além de concluintes em cursos tecnológicos reconhecidos em todo território nacional.
3 Quarta-feira, 09 de Novembro de 2011 Publicidade Folha 3
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6 6 Folha Educação Quarta-feira, 09 de Novembro de 2011 Educação pública de São Paulo caminha para se tornar integral Iniciativa do Governo do Estado visa ampliar sistema gradualmente. Escola mais próxima fica em Santo André Bruno é contra a mudança, pois acha que vai atrapalhar quem trabalha Armando Lima/Folha Aeducação do Estado de São Paulo está caminhando para sofrer uma grande mudança. A Secretaria de Estado da Educação de São Paulo já está colocando em prática uma das principais ações do programa Educação Compromisso de São Paulo. Trata-se do Ensino Médio de Tempo Integral, que prevê ampliação não só da jornada, de seis para oito horas diárias, mas também da grade curricular, de modo a corresponder a padrões internacionais de aperfeiçoamento educacional Ėntre as mudanças previstas, estão a consolidação, por adesão, em unidades que oferecem exclusivamente Ensino Médio, de um novo modelo de escola, com disciplinas eletivas, implantação ou reforma de laboratórios, salas temáticas e oferecimento de três refeições por dia. A diferença do novo modelo para as já existentes escolas de tempo integral está na integração das disciplinas do currículo e no novo regime de trabalho de seus professores. Para os docentes das escolas em que será implantado o novo modelo, será criado um regime de dedicação plena e integral, que não permitirá atuar no quadro docente de outras unidades no período diurno. Haverá gratificação, que será proporcionalmente incorporada na aposentadoria. Não será uma carreira diferente, mas um regime diferenciado. Para 2012, a mudança prevista foi proposta para 21 unidades em diversas regiões do Estado. A mais próxima da região fica em Santo André, na Escola Estadual Jardim Riviera. Acho ruim, pois vai atrapalhar muita gente. Vários alunos do ensino médio trabalham e dependem do emprego. Além disso, vai tirar a oportunidade de quem quer fazer um curso fora da escola, como inglês ou informática, critica o estudante do 3º ano do ensino médio, Bruno Souza Marques dos Santos, de 18 anos. Bruno mora no bairro Santa Luzia e estuda desde o primário na Escola Estadual Maria Pastana Menato. Nos últimos anos minha escola melhorou muito, não tenho do que reclamar. Acho o que mais falta na educação hoje é o interesse dos próprios alunos, opina o estudante. Já Giovana Pereira Félix, de 17 anos, é a favor da medida, desde que outros investimentos aconteçam. Acho que pode ajudar. Principalmente aos alunos com mais dificuldade de aprendizado. Mas, só isso não vai resolver. Precisam valorizar os professores com salários melhores e equipar as escolas, aponta a estudante da Escola Estadual Dom José Gaspar.
7 Quarta-feira, 09 de Novembro de 2011 Educação Folha 7 Projeto pedagógico ensina crianças sobre seus direitos e deveres Mesmo com a pouca idade, pequeninos já estão aprendendo a se socializar em novos ambientes Aescola EM Maria Gomes do Pilar em Ribeirão Pires, implantou e está trabalhando o projeto pedagógico: Direitos e Deveres, com as crianças de até três anos do Mini Grupo. O objetivo é socializar os pequeninos e estreitar o relacionamento dessas crianças com as pessoas que vão conviver quando crescerem. As professoras conversam com os baixinhos em sala de aula, que toda criança tem direito a amizade, proteção e afeto e que, além disso, os pequeninos também têm o dever de distribuí-los, e para colocar esse ensinamento em prática, o Mini Grupo foi levado para visitar o Lar Frederico Ozanam, um espaço conhecido como O Jardim dos Velhinhos, onde tiveram a oportunidade de perceber o quanto é gostoso distribuir esses sentimentos e também recebê-los. Foram 20 crianças de três anos, que passaram a tarde conversando, brincando, ouvindo e contando histórias, além das canções e o lanchinho que receberam. A Coordenadora Pedagógica Verônica Luzia da Silva contou que os avôs e avós receberam as crianças muito bem, falaram o quanto são bem tratados e que adoram receber visitas. Foi uma tarde muito divertida e as crianças adoraram, já querem convidar os pais para conhecerem seus novos avós e avôs disse a coordenadora. Verônica ainda falou que a atividade foi muito importante para toda equipe e para os pequeninos e que a ideia é que as crianças tenham contato com essas pessoas, para que o relacionamento, carinho e o respeito sejam trabalhados desde já. Foi a melhor atividade que já realizamos, pois vimos respostas imediatas do carinho dos velhinhos com nossas crianças e também a animação de todos com a visita, as crianças ficaram preocupadas em voltar para jogar e rever os velhinhos do Lar finaliza Verônica. A coordenadora ainda fala que gostaria que outras pessoas fizessem este tipo de atividade, para poder doar um pouco de seu tempo para o próximo como uma questão de respeito. Além das duas salas do Mini Grupo, as crianças do Jardim I também irão visitar o Lar Frederico Ozanam, para dar continuidade ao projeto. Os pequeninos contaram e ouviram histórias, durante a tarde Os velhinhos adoraram a visita dos pequeninos em seu jardim Cantaram, conversaram, brincaram com os novos avôs e avós do Lar Frederico Ozanam
8 8 Folha Educação Quarta-feira, 09 de Novembro de 2011 Pesquisa da USP relaciona história à vida prática dos alunos Estudo da universidade aponta que estudantes portugueses possuem um maior conhecimento histórico Estudo da Faculdade de Educação (FE) comparou a forma como estudantes das redes públicas brasileira e portuguesa conseguem aplicar sua consciência histórica na vida prática. Consciência histórica é uma soma de operações mentais que inclui a leitura da experiência no tempo, sua interpretação e a orientação a partir delas no presente, afirma o historiador e professor Ronaldo Cardoso Alves, autor do trabalho. Para analisar como os alunos se relacionavam com os fatos foi escolhido um tema comum às histórias brasileira e portuguesa, a transferência da família real portuguesa de Lisboa para o Rio de Janeiro, em Foram apresentadas duas narrativas de livros didáticos brasileiros e os 250 alunos (150 brasileiros e 100 portugueses) responderam a um questionário. Antes da leitura dos textos foi perguntado se a transferência havia sido uma fuga ou um fato planejado. Isso avaliou que tipo de explicação histórica os alunos construíram, revela Alves. Após a leitura os alunos respondiam se sua opinião perante aquele fato histórico foi alterada, se as narrativas apresentadas divergiam entre si e quais as principais consequências do fato aos países. As questões avaliaram que tipo de evidências os alunos apontaram, qual era a sua compreensão histórica e o significado que eles davam a ela. O questionário também incluiu avaliação socioeconômica. Era importante saber qual o nível de acesso que os estudantes tinham aos chamados equipamentos socioculturais, como cinemas, bibliotecas, teatros e jornais. Quanto maior o contato com esses meios, aliado a uma qualitativa metodologia do ensino de História, melhor a construção de consciência histórica. Alves conta que os estudantes portugueses possuem um maior conhecimento histórico factual, mas os brasileiros que têm acesso aos equipamentos socioculturais são mais reflexivos e criativos. Não temos uma resposta exata sobre os motivos que levam a isso, mas creio que seja fruto do tipo de educação que é dada nas escolas portuguesas. Lá o ensino privilegia muito mais o conhecimento factual. Os pesquisadores com quem conversei concordam com isso, diz. Quer saber mais sobre o estudo: (11) , ronaldoc_br@yahoo.com.br Fonte: USP As escolas escolhidas Durante a pesquisa, foram entrevistados alunos de duas escolas públicas de ensino médio tradicionais brasileiras, uma no centro de São Paulo, com estudantes do período diurno, e outra em Osasco, na Grande São Paulo, com alunos do noturno. A escolha por períodos diferentes ajudou a verificar a diferenciação socioeconômica. Os que estudavam à noite geralmente trabalhavam durante o dia para ajudar no complemento da renda familiar, enquanto que os do período diurno apenas estudavam e tinham renda superior, conta Alves. Os alunos do período noturno se mostraram mais frequentadores de bibliotecas, por exemplo, apesar de terem menos tempo livre. Isso mostra que a vivência também aumenta a consciência histórica. Ele ainda ressalta que mesmo tendo maior acesso aos equipamentos socioculturais, os índices ainda são muito baixos se comparados aos de alunos portugueses. Em Portugal, Alves contou com o apoio da professora Isabel Barca, da Universidade do Minho, em Braga, no norte daquele país. Foram entrevistados alunos em cinco escolas públicas da região: duas em Braga (uma na periferia e outra em um bairro de elite), duas na cidade do Porto (uma no centro e outra em um bairro nobre) e uma no município de Valongo, próximo ao Porto. Esta foi a mais curiosa. Apesar de os estudantes serem pobres, eles tinham acesso a equipamentos socioculturais oferecidos pelo governo e deles se aproveitavam. Assim, apresentaram um bom desenvolvimento de consciência histórica se comparados com estudantes das outras escolas pesquisadas, afirma. A tese de doutorado Aprender História com sentido para a vida: consciência histórica em estudantes brasileiros e portugueses, sob orientação pela professora Kátia Abud, da FE.
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