SESSÃO TÉCNICA ESPECIAL DE TELECOMUNICAÇÕES EM SISTEMAS DE POTÊNCIA - STL
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- Isabela Álvaro de Andrade
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1 STL/ a 26 de Outubro de 2001 Campinas - São Paulo - Brasil GRUPO STE IV SESSÃO TÉCNICA ESPECIAL DE TELECOMUNICAÇÕES EM SISTEMAS DE POTÊNCIA - STL CONSIDERAÇÕES SOBRE O USO DE REDES DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COMO MEIO DE PROPAGAÇÃO DE SINAIS DE COMUNICAÇÃO Landulfo M. Alvarenga * Ary Vaz Pinto Junior Fabio Cavaliere de Souza Cesar Jorge Bandim RESUMO O objetivo deste trabalho é a discussão dos desafios técnicos relacionados à propagação de sinais de alta freqüência em redes de distribuição de energia elétrica considerando, particularmente, as características destas redes no Brasil. São apresentadas as características desejáveis de uma linha de transmissão para propagar sinais de alta freqüência com alta confiabilidade e é feita uma comparação com as características das redes de distribuição de energia elétrica, aéreas e subterrâneas. São apresentados ainda os resultados de experiências realizadas pelo na transmissão de sinais utilizando a rede de baixa tensão como meio de propagação. PALAVRAS-CHAVE: Propagação de Sinais, Redes de Distribuição, Sistemas de Comunicação INTRODUÇÃO O uso da rede de distribuição de energia elétrica (tanto a primária quanto a secundária) como meio de propagação de sinais de comunicação é conhecido há mais de 50 anos. Até recentemente, estes sinais de comunicação transportavam somente informações de interesse da própria empresa concessionária de energia elétrica. É bastante difundido o uso da rede para o envio de sinais de acionamento de dispositivos, para a recepção de sinais que indiquem o estado de dispositivos ou dados de medição. Dado o pequeno volume de informações requeridas em períodos de tempo relativamente longos para a realização destas funções, tem sido possível, até agora, o uso de sinais com baixas taxas de transmissão, utilizando portadoras com freqüências relativamente baixas ou moderadas. Recentemente, com a crescente demanda por serviços de telecomunicações (Internet, por exemplo), vem sendo investigado o uso da rede de distribuição de energia elétrica como meio alternativo de transmissão rápida de maiores blocos de informação, o que implica, obrigatoriamente, a utilização de canais de transmissão utilizando portadoras de freqüências elevadas. Este trabalho discute os desafios técnicos para a utilização das linhas de distribuição de energia elétrica como canais de telecomunicações CARACTERÍSTICAS DAS LINHAS DE TRANS- MISSÃO UTILIZADAS EM TELECOMUNICAÇÕES Linhas de transmissão para telecomunicações são caracterizadas por possuir grande uniformidade construtiva ao longo de toda sua extensão, apresentando desta forma valores de indutância, capacitância e resistência, série e paralelo, que se repetem em qualquer trecho que seja considerado (1). As linhas de transmissão apresentam as seguintes características principais: Impedância característica uniforme - Esta condição garante que, uma vez realizado o casamento ou adaptação de impedância da linha com os equipamentos de comunicação nos seus dois extremos, não ocorrerão reflexões e ondas estacionárias prejudiciais à qualidade da informação a ser recebida. Reflexões são ocasionadas por descontinuidades nos valores da impedância característica ao longo da linha como, por exemplo, variação em seus parâmetros dimensionais (distância entre os condutores) ou uma carga não adaptada (interposição de linhas com impedância diferente da impedância característica). Quanto mais precisa, estável e uniforme se apresentar uma linha em relação às suas propriedades dimensionais, elétricas e construtivas, melhor será seu desempenho. Baixa atenuação para a gama de freqüências dos sinais a serem transmitidos para uma dada distância - Esta característica, válida para linhas casadas em ambos os extremos, propicia a recepção dos sinais transmitidos com amplitude suficiente para que possam Landulfo Mosqueira Alvarenga landulfo@cepel.br Av. Hum s/n o, Cidade Universitária Ilha do Fundão CEP Rio de Janeiro RJ -Brasil Tel: Fax:
2 2 ser detectados na presença de ruído sem que seja necessária a transmissão de sinais com amplitudes exageradas ou técnica e economicamente inviáveis. Baixa irradiação e captação de sinais - Esta característica se refere à menor tendência, de uma linha de transmissão, de irradiar sinais que possam causar interferência em outros serviços bem como à menor tendência de sofrer interferência de sinais externos. A condição de baixa irradiação e baixa sensibilidade à interferência de sinais externos é normalmente alcançada através da utilização de linhas inerentemente blindadas tais como linhas coaxiais, guias de onda, etc. 3.0 CARACTERÍSTICAS DE LINHAS DE DISTRIBUI- ÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA BRASILEIRAS 3.1 Linhas aéreas de distribuição em média tensão Estas linhas são encontradas em 3 tipos de realização construtivas. Linha convencional de média tensão - Utiliza cabos condutores nus ou isolados de cobre ou alumínio suportados por isoladores em travessas montadas na parte superior dos postes. Os cabos podem se situar num mesmo plano ou em planos diferentes, com distanciamento entre os cabos variando entre 30 e 100cm. Linha compacta de média tensão (spacer-cable) - A construção desta linha é possibilitada pela utilização de dispositivos afastadores (quatro) capazes de manter distanciamento constante (de 10 a 20 cm) entre cabos de média tensão isolados não blindados. Linhas multiplexadas para média tensão - Estas linhas são formadas por 3 cabos para média tensão isolados e blindados que são torcidos junto a um cabo de aço nu e suportadas por este em fixadores montados na parte superior dos postes Linhas aéreas de distribuição em baixa tensão Linha convencional de baixa tensão - Estas linhas são construídas utilizando-se quatro cabos condutores, sendo isolados os das fases e nu o do neutro. Estes condutores são de cobre ou alumínio, sendo suportados por isoladores montados em travessas ao longo dos postes. Os cabos são montados no plano vertical mantendo afastamento de 15 a 30 cm. Linhas multiplexadas em baixa tensão As características construtivas destas linhas são idênticas àquelas empregadas para a média tensão utilizando-se entretanto cabos de baixa tensão sem fita de blindagem. Redes subterrâneas brasileiras em baixa tensão - A rede secundária constituída de cabos subterrâneos isolados pode ser do tipo radial ou interligada (malhada ou reticulada) sendo neste último caso alimentada em diversos pontos por diferentes transformadores. Estes, por sua vez, são normalmente alimentados por diversos circuitos primários em anel ou reticulados. As redes subterrâneas utilizam cabos isolados singelos não blindados para as fases e nus para o neutro e quando reticuladas se estendem por vários quarteirões, sendo sempre alimentadas por grande número de transformadores ESTUDO DO COMPORTAMENTO DE LINHAS DE DISTRIBUIÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA COMO MEIO DE PROPAGAÇÃO PARA SINAIS DE TELECOMUNICAÇÕES 4.1 Linhas de distribuição em média tensão Linhas aéreas convencionais Estas linhas são semelhantes, do ponto de vista construtivo, às linhas de transmissão para telecomunicações abertas ao ar com condutores paralelos. Suas características construtivas, porém, permitem a variação do afastamento no meio do vão devido à liberdade de movimento lateral dos condutores. Conseqüentemente, o valor da impedância característica equivalente sofre variações em seus diferentes trechos. Por outro lado, nas linhas de comunicações a presença de eventuais cargas no meio do trajeto é compensada, por casamento da impedância, de forma a mantê-la constante em todos os seus pontos. Ao longo das linhas de média tensão existem cargas não casadas que são os circuitos primários dos transformadores MT/BT. Entretanto este carregamento apresenta, quase sempre, uma impedância relativamente elevada para as altas freqüências. Apesar das variações de impedância, espera-se uma transmissão aceitável do sinal por quilômetros. Os obstáculos para a transmissão dos sinais seriam: O ruído gerado por isoladores defeituosos (em torno de 600 khz). A interconexão com trechos de outras redes de impedância característica mais baixa, formando-se pontos de descontinuidade, que podem ocasionar reflexões dos sinais. O fato de que estas linhas agem como antenas para os sinais das emissoras de rádio comerciais de ondas médias (540 a 1600 khz). Eventual presença de capacitores para correção de fator de potência instalados ao longo da linha Linhas aéreas compactas Para estas linhas, espera-se condições de transmissão de sinais de alta freqüência mais favoráveis, tendo em vista que utilizam o ar como dielétrico e apresentam afastamentos menores e mais constantes entre os condutores, o que reduz a variação da impedância característica da linha minimizando as distorções causadas por reflexões. O menor afastamento entre os condutores permite a transmissão de sinais de freqüências maiores sem irradiação. A não existência
3 3 de isoladores convencionais reduz o nível total de ruído das linhas compactas mas não o elimina, uma vez que estas se conectam a linhas convencionais onde o ruído pode estar presente Linhas aéreas multiplexadas Estas linhas utilizam cabos blindados, de construção geométrica semelhante à utilizada em cabos coaxiais para telecomunicações. Desta forma apresentam comportamento similar aos cabos coaxiais para comunicação: imunidade à irradiação e captação de sinais interferentes e impedância característica de valor uniforme. Estas similaridades sugerem que para transmissão de sinais de freqüências elevadas, estas linhas terão o melhor desempenho, quando comparadas às demais linhas. Suas limitações são devidas às perdas do material dielétrico (inadequado nestes cabos para as altas freqüências) e às junções e derivações. Espera-se atenuações mais elevadas do que as apresentadas por linhas aéreas com condutores paralelos. Apesar das limitações espera-se que seja possível a propagação de sinais de freqüências próximas a 100MHz por algumas centenas de metros. Este comentário se aplica aos casos em que forem utilizados cabos concêntricos e blindados, inclusive em instalações subterrâneas. 4.3 Linhas de distribuição em baixa tensão Linhas de distribuição aéreas A utilização deste tipo de linha encontra uma dificuldade prática que é o fato de que grande parte da rede brasileira de iluminação pública utiliza capacitores para fins de correção do fator de potência dos conjuntos lâmpadas-reatores. Como em muitos casos a iluminação é alimentada diretamente a partir da rede aérea de distribuição,. estes capacitores atenuariam ou bloqueariam a propagação de sinais de freqüências elevadas. As linhas aéreas de baixa tensão são, como as linhas aéreas de média tensão, semelhantes a linhas para comunicações a condutores paralelos ao ar. Devido ao menor afastamento entre seus condutores permitiriam, em princípio, a utilização de sinais de freqüências maiores sem o risco de ocorrência de irradiações questionáveis. As linhas aéreas de baixa tensão diferem das de média tensão principalmente pelo fato de que as cargas dispostas ao longo de sua extensão se repetem a intervalos mais curtos e são representadas por cargas que apresentam baixa impedância para os sinais em propagação (lâmpadas incandescentes, ferros de passar, chuveiros e boilers elétricos). Além do efeito de descasamento, estas cargas representam perdas elevadas, contribuindo para a atenuação total. Ao contrário das linhas de média tensão, os isoladores nas linhas de baixa tensão não costumam gerar ruído.. Porém estão presentes ruídos adversos produzidos pelo homem, tais como, a interferência devida à utilização de aparelhos elétricos dotados de motores de escovas. Além disso estão presentes os sinais das emissoras comerciais de broadcast em níveis comparáveis aos presentes nas linhas MT. Os ramais de serviço que conectam cada consumidor à linha constituem-se em dezenas de pontos de descasamento geradores de reflexões. A combinação dos ruídos presentes nestas linhas de baixa tensão, dos freqüentes descasamentos, e dos elevados valores de atenuação total fazem desta linhas, um ambiente bastante hostil para a propagação de sinais de telecomunicações Linhas de distribuição multiplexadas Estas linhas diferem em comportamento em relação as linhas secundárias de BT abertas convencionais pelo fato de serem utilizados condutores torcidos em estreita proximidade. Isto confere a estas linhas uma maior uniformidade em sua impedância característica e menor possibilidade de captação e irradiação permitindo sua melhor utilização como meio de transmissão de sinais de comunicações Redes de distribuição subterrâneas BT Estas redes são formadas por grande extensão de cabos de baixa tensão, isolados e não blindados, montados junto ao solo em calhas ou dutos e podendo apresentar como no caso dos sistemas reticulados grande número de interconexões. A ausência de blindagem nos cabos e a proximidade ou contato físico de seu isolamento com o solo faz com que cada cabo singelo se comporte como uma linha de transmissão de um condutor próximo à terra com o valor de sua impedância característica dependente desta proximidade e apresentando elevados valores de capacitância e condutância para a terra. Pelo fato das interconexões serem freqüentes e repetidas, a impedância característica equivalente de alguns trechos pode ser ainda mais reduzida. A combinação de valores muito baixos de impedância característica e de elevados valores de capacitância e condutância para a terra é quase sempre associada a elevados valores de atenuação. Para uma determinada concentração de grandes consumidores alimentados por estas linhas, diversos transformadores poderão ser agregados de forma que a circulação de corrente se dê sempre em trechos curtos. Estes trechos de grande concentração de carga devem ser, portanto, os mais críticos para propagação de sinais de comunicações. Todas estas características fazem com que o comportamento das redes subterrâneas reticuladas como meio de propagação de sinais de telecomunicações tenda a se assemelhar àquele que seria apresentado por uma superfície metálica com razoáveis valores de condutância e capacitância para a terra. Este modelo
4 4 não favorece a transmissão de sinais de freqüências elevadas, exercendo sobre estes elevado efeito de atenuação devido a perdas por efeito condutivo e bypass por efeito capacitivo, além dos efeitos de descasamento. Alguns ruídos descritos para as redes aéreas não devem estar presentes nas redes subterrâneas devido ao efeito de blindagem do solo. Ruídos e impulsos ocasionados por descargas atmosféricas também não devem estar presentes. Apesar destas vantagens com relação às linhas aéreas, espera-se, para este tipo de rede, o mais fraco de todos os desempenhos até aqui comentados para propagação de sinais de comunicações. 5.0 EXPERIÊNCIA DO NA TRANSMISSÃO DE SINAIS EM REDES DE BAIXA TENSÃO 5.1 Simulações de rede aérea de distribuição O, com o objetivo de dar suporte ao desenvolvimento de um sistema centralizado de transmissão de sinais de telecomando utilizando linhas aéreas de distribuição como meio de comunicação, elaborou um modelo elétrico das mesmas para a realização de simulações em computador. O modelo foi validado através de medições realizadas nas redes da LIGHT. As medições e estudos realizados pelo para linhas de baixa tensão aéreas e abertas verificaram que as freqüências compreendidas entre 0,2 e 2 khz são as que apresentam as melhores condições de propagação. Freqüências acima de 100 khz são fortemente atenuadas, apresentando propagação instável, podendo, entretanto, serem utilizadas em curtas distâncias, como será visto mais adiante. O modelo foi desenvolvido admitindo-se que as freqüências de trabalho a serem estudadas seriam inferiores a 100 khz, de forma que os seus comprimentos de onda fossem superiores a cerca de dez vezes o comprimento da linha a ser representada. Esta consideração permitiu que a linha fosse considerada como um circuito elétrico a parâmetros concentrados. A rede foi modelada com as seguintes características: comprimento total de 580m cabos de cobre bitola 4/0; número de consumidores iguais 30 (trinta); distância aproximada entre consumidores de 20m; transformador trifásico de potência nominal de 150kVA. A modelagem da rede foi dividida em três partes: o transformador, a linha de distribuição e os consumidores. A impedância da linha foi estimada associando-se resistências, capacitâncias e indutâncias, calculadas em função da bitola, do tipo do condutor e do comprimento de linha entre consumidores. A impedância do transformador foi estimada utilizandose valores de especificação de transformadores normalizados pela NBR 5440 (6). Na modelagem da carga levou-se em consideração os condutores externos de ligação entre a linha e a residência e a carga. Considerou-se uma carga monofásica equivalente de 1667 VA, com um fator de potência de 0,85. As simulações foram dirigidas no sentido de se verificar a atenuação sofrida por um sinal em função da sua freqüência e da distância entre o ponto de injeção e da sua captação, e buscaram investigar duas situações limites: transmissão da informação a partir do sinal injetado no transformador e recebido na residência localizada no extremo da linha (situação 1) e transmissão a partir da residência localizada no extremo da linha com recepção no tranformador (situação 2). Na situação 1 notou-se o comportamento da rede favorecendo a propagação de sinais de freqüências mais baixas com forte atenuação nas freqüências acima de 20 khz para sinais recebidos no extremo da linha. Observou-se ainda que o nível de sinal recebido pelo primeiro consumidor não sofre atenuação significativa. Na situação 2, a rede ainda favorece a propagação na faixa de freqüências entre 100 Hz e 10 khz, porém com atenuações elevadas no sinal recebido no transformador. Este condição se deve ao fato da baixa impedância do transformador. De acordo com o acima exposto, pode-se fazer as seguintes observações: A transmissão de informações entre o transformador e os consumidores dos extremos da linha em taxas elevadas fica seriamente comprometida, em função das altas atenuações sofridas pelo sinal. A comunicação entre unidades adjacentes em taxas elevadas é aparentemente possível, se forem consideradas apenas as condições de propagação, sem serem levados em conta fatores como ruído ou filtragem acidental do sinal A dificuldade de comunicação entre o transformador e os consumidores nos extremos da linha em freqüências elevadas poderia ser contornada utilizando-se repetidores ao longo da linha. No entanto, isto ocasionaria uma sensível redução da taxa efetiva de transmissão. A atenuação dos sinais esperada na rede tende a se agravar ainda mais com o aumento da freqüência se forem levados em consideração, por exemplo, o aparecimento de fenômenos de perdas por irradiação eletromagnética, que ocorrem quando o comprimento de onda do sinal de freqüência mais baixa se torna comparável às dimensões do afastamento entre os condutores da linha.
5 Experiências usando um sistema disponível comercialmente que utiliza espalhamento espectral O realizou experiências com um sistema disponível comercialmente para comunicação bidirecional de dados através da rede de baixa tensão. O sistema foi ensaiado através da aquisição de um kit de avaliação disponibilizado pelo fabricante composto de 3 unidades de comunicação: uma unidade mestre e duas unidades escravas. O sistema utiliza como técnica de comunicação um pseudo espalhamento espectral (frequency hopping), na faixa compreendida entre 4 e 96 khz. As melhores condições de transmissão são procuradas automaticamente pelas unidades variando-se a freqüência de comunicação utilizada. O sistema se utiliza também do recurso de transferência da informação via unidades escravas intermediárias. O ensaio foi feito numa rede de distribuição interna do, de cerca de 150m. A unidade mestre foi instalada junto ao transformador da subestação, uma unidade escrava foi instalada a cerca de 20m da unidade mestre e a segunda unidade escrava foi instalada no ponto extremo da linha. O ensaios investigaram a capacidade de comunicação sob as seguintes condições: duração de vários dias e ao longo das 24 horas, de forma a abranger as variações de carga da rede; e tentativa de filtragem do sinal através de conexão à rede de um capacitor de 25µF. Foram obtidos os seguintes resultados sem a presença do capacitor na rede: A qualidade da comunicação varia conforme as características de carga na rede. Em determinados horários não foi possível realizar comunicação com sucesso com a unidade localizada no ponto mais distante da linha, o que indica níveis de atenuação excessivos para as faixas de freqüências utilizadas. Em diversos horários houve indicação de erro de comunicação com a unidade escrava mais próxima, só sendo possível efetuar a comunicação com sucesso após novas tentativas. Os resultados obtidos com a inserção do capacitor na rede junto à unidade mestre foram os seguintes: Não foi possível realizar nenhuma comunicação com sucesso com a unidade localizada no ponto mais distante, indicando que a presença de filtragem levou a atenuação dos sinais a níveis intoleráveis. A comunicação com a unidade escrava mais próxima tornou-se mais difícil, tornando-se necessário um maior número de tentativas para a obtenção de sucesso. Dos resultados pode-se tirar as seguintes conclusões: O sistema ensaiado é sensível às variações do carregamento da rede. A comunicação entre pontos distantes é fortemente prejudicada pela atenuação dos sinais, indicando a necessidade de unidades de comunicação intermediárias. As dificuldades de comunicação em determinados horários desaconselham a utilização deste sistema para aplicações em tempo real. A necessidade de inserção de diversas unidades de comunicação intermediárias para sucesso da troca de informações indica que a taxa efetiva de transmissão será reduzida Experiências realizadas pelo sobre linhas de distribuição da LIGHT no Rio de Janeiro, utilizando o equipamento desenvolvido pela empresa suiça ASCOM POWERLINE COMMUNICATIONS AG Histórico O realizou, durante o período de 12 a 16 de março de 2001 na cidade do Rio de Janeiro, experiências de transmissão bidirecional de sinais de comunicação utilizando taxas elevadas de transmissão sobre linhas de distribuição de energia elétrica. Estas experiências foram realizadas em redes de distribuição de baixa tensão da LIGHT, com o objetivo de avaliar o desempenho da tecnologia de comunicações desenvolvida pela empresa suíça ASCOM POWER LINE COMMUNICATIONS AG. Foram realizados ensaios sobre todos os tipos representativos de linhas de distribuição de baixa tensão da LIGHT. Procurou-se ainda avaliar o desempenho do sistema quando operado sobre diferentes tipos de carregamentos e comprimentos de linhas. Desta forma, foram realizadas experiências sobre redes de distribuição de energia externas (ruas) e internas (edifícios, casas e apartamentos), dos tipos existentes no Rio de Janeiro. Não foram realizados ensaios sobre linhas de média tensão devido a limitação nos níveis de tensão máximo permitidos para os elementos acopladores do sistema, disponíveis na ocasião Descrição do sistema O sistema desenvolvido pela ASCOM foi desenvolvido segundo a concepção de dois diferentes tipos de modems (unidades outdoor e unidades indoor), e com as variantes master e slave. Junto a um transformador MT/BT é instalada uma unidade master outdoor que se comunica até a entrada da residência ou prédio com uma unidade slave outdoor. A partir deste ponto os sinais entram no interior do prédio ou residência através da transposição realizada por uma unidade master indoor e interconectada por cabo específico à unidade slave outdoor. O sinal então é recebido em diferentes pontos da residência por múltiplas unidades slave indoor. Estes equipamentos operam com freqüências de
6 6 portadoras de 1 a 10 Mhz ( unidades outdoor) e 19 a 22 Mhz (unidades indoor). Segundo o fabricante, em condições ideais, o sistema pode oferecer taxas de comunicação maiores do que 3 Mbps Experiências realizadas Foram realizados ensaios de comunicação, incluindo a transferência de arquivos via protocolo FTP, nos seguintes tipos de linhas: 1. Linha de baixa tensão aérea convencional aberta de baixo carregamento comprimento de cerca de 200 metros na Rua Poetisa Cecília Meireles, no bairro do Recreio dos Bandeirantes. 2. Linha de baixa tensão subterrânea tipo radial comprimento médio, carregamento médio na praça Santos Dumont, na Gávea. 3. Linha de baixa tensão subterrânea tipo radial utilizando cabo concêntrico baixo carregamento comprimento de cerca de 100 metros no Condomínio Mont Serrat, no bairro de Vargem Grande. 4. Linha de baixa tensão aérea do tipo condutores torcidos (multiplexada) carregamento médio na rua João Borges, na Gávea. 5. Linha de baixa tensão aérea convencional aberta com carregamento elevado, comprimento médio, na Rua Capistrano de Abreu, em Botafogo. Nesta linha foram realizadas duas experiências: a primeira com a rede em estado normal, e a segunda acoplando-se de forma proposital, capacitores simulando a condição de entrada em operação de iluminação pública de logradouros. 6. Linha formada por condutores tipo Bus way alimentador da torre do Shopping Rio Sul com o comprimento equivalente a 43 andares (aproximadamente 140 metros). 7. Linha subterrânea do tipo reticulada na Av Atlantica com vault em frente ao Leme Palace Hotel Resumo dos resultados alcançados: 1. O sistema desenvolvido pela ASCOM apresentou resultados positivo, com sucesso de comunicação, nas situações 1,2,3,4 e 6. Nas situações 2 e 3 foram verificadas a transferência de arquivos em taxas de até 1.25Mbps, utilizando-se protocolo FTP. 2. O sistema não operou na situação 7 e apresentou resultados incertos na situação 5 (não foi possível a captação de sinais a aproximadamente 150 metros do transformador mesmo sem a presença dos capacitores). Cabe ressaltar que as situações acima são condições severas deliberadamente escolhidas pela equipe do para este experimento, e que dificilmente outros equipamentos de características similares teriam desempenho superior. 3. Quando da introdução à rede, em ligação delta, dos capacitores de correção de fator de potência dos reatores de iluminação pública, a aproximadamente 20 metros do ponto de medição, simulando a condição real e aleatória de conexão das luminárias, a transmissão dos sinais na linha 5 foi inviabilizada, mesmo quando se conectou a unidade slave a cerca de 40 metros do transformador. 4. Em relação aos resultados das experiências realizadas e aqui descritas a ASCOM fez o seguinte comentário: As medições realizadas no Brasil nos permitem conhecer a realidade local, e fornecem a ASCOM a possibilidade de adaptar seus equipamentos permitindo, desta forma, que eles possam operar em todas as condições possíveis. 6.0 CONCLUSÕES Este trabalho apresentou considerações relativas à utilização de linhas de distribuição de energia elétrica como um canal de transmissão de sinais de telecomunicações. Foram analisadas as características de diversos tipos de linhas de distribuição e o seu comportamento relativo à propagação dos sinais de telecomunicações. Como base, analisou-se o comportamento destes diferentes tipos de linhas segundo a sua similaridade construtiva com as linhas de transmissão dos sistemas de comunicação. Foram incluídas na análise, o tipo e o espaçamento com que as cargas são conectadas, bem como a possível presença de sinais interferentes. As experiências realizadas pelo, descritas no trabalho, buscaram validar as afirmativas teóricas apresentadas e abranger as faixas de freqüências passíveis de utilização. O resultados verificados nas experiências práticas comprovaram o comportamento esperado que foram sugeridos nas afirmativas teóricas. 7.0 BIBLIOGRAFIA (1) HOWARD W. SAMS & CO., INC. Reference Data for Radio Engineers. Sexta edição. (2) FINK & CARROL. Standard Handbook for Electrical Engineers. McGraw-Hill. Décima edição. (3) MC ALLISTER. Electric Cables Handbook. Granada Publishing. Primeira edição. (4) SOARES, M.R., Spacer Cable and ABC Lines Aid Reliability. Transmission & Distribution World. Novembro Páginas (5) ALVARENGA, L.M., PINTO JR., A.V., SOUZA, F.C., BANDIM, C.J. Considerações sobre o uso de redes de uso de redes de distribuição de energia elétrica como meio de propagação de sinais de comunicação. UTC Power Line Telecomunications, Setembro Brasil. (6) ABNT. Transformadores para Redes Aéreas de Distribuição Padronização - NBR Brasil.
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