Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul
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- Derek Victor Machado Klettenberg
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1 Ministério do Meio Ambiente (MMA) Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP) Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) Banco Mundial/Governo do Japão Execução: Laboratório de Hidrologia - COPPE/UFRJ Rio Muriae Rio ESTADO DO ESPÍRITO SANTO Carangola Rio MURIAÉ Pomba ITAPERUNA Rio Paraibuna CATAGUASES Rio Pirapetinga Rio Paraíba do Sul Paraíba PINDAMONHANGABA do ESTADO DE MINAS GERAIS Sul Res. Funil RESENDE BARRA MANSA Rio Bananal Rio Piraí Rio Rio do Peixe Rio Preto Rib. Das Lajes Res. Rib. das Lajes Paraíba do Sul JUIZ DE FORA TRÊS RIOS Rio Piabanha Rio Paquequer BARRA DO PIRAÍ TERESÓPOLIS VOLTA REDONDA PETRÓPOLIS RIO DE JANEIRO NITEROÍ Rio Bengala NOVA FRIBURGO Rio Grande Rio Dois Rios ESTADO DO RIO DE JANEIRO CAMPOS ESTADO DE SÃO PAULO Rio Jaguari JACAREÍ Rio SÃO JOSÉ DOS CAMPOS Res. Paraitinga Res. S. Branca TAUBATÉ Rio Paraibuna Rio Paraitinga Res. Paraibuna Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul PROGRAMA DE INVESTIMENTOS DE MINAS GERAIS RESÍDUOS SÓLIDOS PPG-RE-016-R1 Fevereiro 2000
2 Ministério do Meio Ambiente (MMA) Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) Comitê para Integração da Bacia Hidrográfica do Rio Paraíba do Sul (CEIVAP) Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) Financiamento: Governo do Japão/Banco Mundial Execução: Laboratório de Hidrologia - COPPE/UFRJ Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul Programa de Investimentos de Minas Gerais Resíduos Sólidos PPG-RE-016-R1 Dezembro de 1999 Rev. 1 - Fevereiro de 2000
3 ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO RESÍDUOS SÓLIDOS: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS Lixo Urbano Lixo Patogênico Lixo Industrial Serviços de Limpeza Urbana Destinação Final dos Resíduos Sólidos Serviços Complementares DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE LIMPEZA URBANA Introdução Diagnósticos Efetuados...7 Município de Além Paraíba...8 Município de Carangola...11 Município de Cataguases...13 Município de Juiz de Fora...15 Município de Leopoldina...19 Município de Muriaé...21 Município de Santos Dumont...23 Município de São João Nepomuceno...25 Município de Ubá...27 Município de Visconde do Rio Branco Conclusões PROGRAMA DE INVESTIMENTO Introdução Metodologia Utilizada Resultados Obtidos...62
4 1. INTRODUÇÃO Após a conclusão dos Programas Estaduais de Investimentos para a recuperação ambiental da bacia do rio Paraíba do Sul, realizado no âmbito do PQA, a Secretaria de Recursos Hídricos (SRH/MMA) e o Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (Banco Mundial), em articulação com os estados e o CEIVAP, decidiram executar, com recursos de um grant do Governo japonês, o Projeto Preparatório para o Gerenciamento dos Recursos Hídricos do Paraíba do Sul. O Projeto está sendo desenvolvido pelo Laboratório de Hidrologia da COPPE/UFRJ, com a coordenação da SRH/MMA e acompanhamento do CEIVAP, através de suas câmaras técnicas. O objetivo central é elaborar um Projeto Inicial, que envolverá recursos da ordem de US$40 milhões, mediante o qual se pretende a consolidação do CEIVAP, através do seu fortalecimento institucional e operacional, com a implantação de algumas ações voltadas ao gerenciamento, planejamento, monitoramento e recuperação de problemas críticos, que mobilizem os usuários da bacia, a sociedade civil e as instituições públicas em torno da recuperação ambiental da bacia do rio Paraíba do Sul. Como o Programa de Investimentos do trecho mineiro não foi realizado pelo PQA foi necessário a inclusão dessa atividade no âmbito do Projeto Preparatório para que o Estado de Minas Gerais pudesse ser incluído no Projeto Inicial. Para o melhor desenvolvimento dos estudos, adotou-se como estratégia a seleção de 27 municípios prioritários, identificados no trabalho realizado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, denominado "Diagnóstico dos Diagnósticos". Dentre os oitenta e oito municípios situados no trecho mineiro da bacia. A partir dos dados populacionais fornecidos pela Fundação IBGE referentes a contagem de 1996, dos vinte e sete municípios referidos, foram selecionados dez municípios com populações urbanas superiores a habitantes para serem desenvolvidos estudos mais detalhados. Esses 10 municípios respondem por 74,9% da população urbana da parte mineira da bacia. Se considerarmos os outros 17 municípios, que foram objeto de uma análise expedita, estarão incluídos no estudo 86% da população urbana total no território mineiro da bacia 1. As cidades visitadas para análise, diagnóstico e elaboração de estimativa de custos para melhoria dos sistemas de coleta e destinação final de resíduos sólidos foram: Além Paraíba, Carangola, Cataguases, Juiz de Fora, Leopoldina, Muriaé, Santos Dumont, São João Nepomuceno, Ubá e Visconde do Rio Branco. O presente trabalho portanto, corresponde ao relatório final do componente Resíduos Sólidos, relativo ao Programa de Investimentos para a parte mineira da bacia hidrográfica do rio Paraíba do sul, e consiste de: 1 Para o componente resíduos sólidos foi considerada a população urbana total dos municípios, diferente do componente saneamento básico, que considerou apenas os centros urbanos situados na bacia. Esse critério deve-se ao fato de que a disposição final de resíduos sólidos independe da bacia de drenagem. 1
5 Diagnóstico do Sistema de Limpeza Urbana Descrição sucinta dos sistemas de limpeza urbana existentes com ênfase no sistema de coleta nas áreas urbanas e na forma de disposição final dos resíduos sólidos domésticos, públicos e hospitalares. Acompanha o diagnóstico um mapa e croqui com a localização dos locais de destinação e um registro fotográfico. Plano de Intervenções O Plano de Intervenções visa apresentar, ao nível de estudo de concepção, um conjunto de ações para recuperação e estruturação dos sistemas de limpeza urbana dos municípios da bacia. Para uma melhor compreensão dos investimentos necessários o Plano foi estruturado da seguinte forma: a) investimentos no sistema de coleta; b) investimentos no sistema de destinação final; c) investimentos em capacitação e apoio institucional. O custo de operação e manutenção dos sistemas propostos será apresentado em relatório específico contendo a análise econômica dos projetos e os aspectos referentes a tarifação dos serviços de saneamento básico e resíduos sólidos. 2
6 2. RESÍDUOS SÓLIDOS: DEFINIÇÃO E CARACTERÍSTICAS Esse item tem como propósito definir as características e a abrangência dos serviços de limpeza e destinação dos resíduos sólidos urbanos. Três tipos de resíduos, em geral, representam a grande preocupação dos municípios: o lixo urbano (composto pelo lixo de origem doméstica, o lixo comercial e ainda o lixo proveniente da varrição dos logradouros públicos), o lixo hospitalar e, em determinadas situações, o lixo industrial. 2.1 Lixo Urbano A maior parte dos resíduos considerados como lixo urbano é de origem doméstica e resulta das atividades das pessoas dentro das casas, como alimentação, asseio, conservação, etc. Varia conforme a cidade, o clima, os hábitos e o padrão de vida da população. O lixo comercial, apesar de conter muito mais plástico e papel, pode, em geral, ser tratado juntamente com o doméstico. Merece destaque, ainda, o lixo constituído pelos resíduos da varrição e capina de ruas e praças, da poda de árvores em parques e jardins, pelos resíduos de mercados e de feiraslivres, pelo entulho, bem como por móveis, colchões, pneus e outros objetos descartados pela população, aos quais as administrações precisam dar uma destinação final. 2.2 Lixo Patogênico Os resíduos oriundos de hospitais, ambulatórios, laboratórios de análises clínicas, clínicas médicas, dentárias e veterinárias, farmácias, institutos de pesquisas que trabalham com animais doentes e de biotérios, são comumente chamados de lixo hospitalar, ou séptico, ou contaminado, ou ainda, patogênico. Esse lixo é composto, principalmente, de gazes, ataduras, algodão, agulhas, seringas, pedaços de tecido ou partes do corpo humano, restos de limpeza provenientes das salas de cirurgia, de curativos e restos de alimentos dos pacientes. O lixo patogênico merece atenção e tratamento especial face possíveis riscos de contaminação decorrentes de seu manuseio inadequado. Os cuidados devem começar pelo pessoal que manipula esse material ainda nos próprios ambientes onde são gerados (hospitais, ambulatórios e biotérios etc.) e se estender até sua incineração ou disposição final. As secretarias estaduais e municipais de saúde estão habilitadas a dar esclarecimentos e treinamento aos funcionários encarregados dessa manipulação. Este material deve ser recolhido separadamente e acondicionado em sacos plásticos (cujo o enchimento deve se limitar a dois terços de sua capacidade) de cor branca leitosa, grossos e resistentes (Norma NBR 9191, da ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas). Esses sacos serão depositados em contenedores bem vedados, localizados fora do prédio hospitalar e devem ficar fora do alcance de qualquer pessoa (em especial dos catadores de lixo), até sua coleta. A coleta deve ser realizada em veículos especiais (separadamente do recolhimento de outros tipos de resíduos), por pessoal treinado e equipado com equipamento de proteção individual apropriado, em dias e horas determinados. Os recipientes que retêm este material patogênico 3
7 até a coleta não devem ser utilizados para outros fins ou ficar, por exemplo, na calçada à espera da coleta. O material contaminado ou lixo hospitalar não deve ser encaminhado para lixões, aterros sanitários ou usinas de compostagem. O melhor e mais seguro destino para esse material é a incineração, conforme exigência da Portaria n. o 53, de 1 o de março de 1978, do então Ministério do Interior, que atribui ao município a responsabilidade de construção de incineradores. Os incineradores devem ser instalados em áreas onde não causem incômodos ou riscos à população. Em razão dos altos custos dos incineradores, a alternativa recomendável é o estabelecimento de um consórcio entre municípios de uma mesma região para incineração conjunta de todo o lixo hospitalar produzido na área. Atualmente, malgrado existam leis e diretrizes especificas para este material, poucos seguem estas determinações, permitindo a ida para aterros ou lixões de materiais que apresentam riscos à saúde, em disconformidade com a legislação em vigor. Esta distorção ocorre até mesmo em metrópoles como Rio de Janeiro e São Paulo e em municípios de médio porte. Apesar de constituir crime contra o meio ambiente, a população em sua maioria desconhece os riscos epidemiológicos que o tratamento incorreto do lixo patogênico pode acarretar. 2.3 Lixo Industrial O lixo industrial é proveniente das indústrias em geral e pode conter materiais diversos, uns facilmente decomponíveis e outros de grande estabilidade. Papel e restos de indústrias alimentícias, por exemplo, se decompõem com maior facilidade que os refugos das indústrias de vidro e metais, que além de permanecer muito tempo no solo, podem comprometer mais facilmente o meio ambiente. É preciso tomar muito cuidado com os materiais tóxicos e radioativos gerados em indústrias ou em estabelecimentos clínicos. Esse tipo de lixo não deve ser transportado, manipulado ou depositado sem cuidados especiais. O trágico episódio do césio 137, em Goiânia, deixou bem claro os efeitos danosos da manipulação, por leigos, de materiais tóxicos e radioativos. Em alguns casos, o lixo industrial pode ser tratado e colocado junto com o lixo doméstico, mas só um especialista pode aconselhar sobre isso, visto a necessidade prévia de uma AIA- Avaliação de Impacto Ambiental. Segundo a legislação, as próprias indústrias (sozinhas ou em parceria) devem resolver os problemas relativos ao lixo que produzem, seja através de tratamentos corretos, seja através da reutilização dos resíduos. Alguns bons exemplos podem ser citados, como a construção pela Bayer do Brasil de um alto forno de primeira geração, em seu complexo industrial no município de Belford Roxo, no estado do Rio de Janeiro. Ali são incinerados seus próprios resíduos e de outras indústrias do estado; ou o programa de controle ambiental que a Cia. Suzano de Papel e Celulose desenvolve no município de Suzano (SP). Algumas prefeituras brasileiras mantêm um serviço de informações voltado exclusivamente para a questão do lixo industrial das empresas. Em São Paulo há a Bolsa de Resíduos que promove contato entre as indústrias que desejam ver-se livres de seu lixo e aquelas que o reaproveitam como matéria-prima. No Rio de Janeiro, a FEEMA vêm tentando implantar um serviço semelhante. Em geral o recolhimento (coleta) desses resíduos é realizado pela própria empresa ou por empresas especializadas. 4
8 Devido as especificidades do sistema de destinação final dos resíduos industriais, este aspecto não está sendo considerado como parte do sistema de limpeza urbana, principalmente quanto aos resíduos industriais tóxicos, radioativos ou que requeiram cuidados especiais para seu transporte e destinação. O diagnóstico sobre a situação dos resíduos industriais no trecho mineiro pode ser obtido no relatório PPG- RE-007-R Serviços de Limpeza Urbana Os principais serviços de Limpeza Urbana podem ser classificados da seguinte forma: Remoção de resíduos Atividade pública de grande importância social, a remoção do lixo é dividida em: coleta regular: remoção sistemática do lixo domiciliar, de resíduos de estabelecimentos comerciais, hospitalares, de indústrias de pequeno porte, mercados e outros; remoção especial: quando efetuada a pedido ou através de programações específicas para a retirada de resíduos não abrangidos pela coleta regular. Nesta categoria estão incluídas as retiradas de resíduos hospitalares nocivos (patogênicos), restos de exumações, limpeza de cemitérios, varredura pública, folhagens e materiais de podas, móveis, colchões, animais mortos de pequeno porte, etc.; remoção pelo próprio produtor: de resíduos excluídos do atendimento pelo serviço público, mas cujo destino final é entretanto de competência da prefeitura, como os lixos de grandes indústrias, entulhos de construção, etc. Limpeza de ruas e logradouros públicos Compreendem os serviços de: varrição regular das ruas e demais logradouros públicos, realizada mecânica ou manualmente; conservação da limpeza pública mediante recolhimento de papéis, invólucros, cigarros, etc. lavagem e irrigação de vias e logradouros públicos, áreas de feiras-livres, etc. Transporte Trata-se de atividade complementar à coleta, quando as distâncias até os pontos de destino final passam a ser alentadas. Pode ser realizado por via rodoviária, ferroviária ou fluvial, sendo os resíduos acondicionados a granel ou mediante redução de volume por compactação, trituração e enfardamento. 5
9 2.5 Destinação Final dos Resíduos Sólidos Esta destinação pode ser efetuada de várias formas: em aterros sanitários ou controlados; tratamento para produção de: composto orgânico, ração para animais, polpa para papel e outros; incineradores; pirólise, redução, ou outras menos freqüentes. 2.6 Serviços Complementares São serviços de limpeza do sistema de captação de águas pluviais, monumentos, capina manual ou química, desinfestações e/ou desinfecções, etc. Os serviços complementares, têm sua função bem definida quanto à melhoria do aspecto visual e da conservação de uma cidade. Através de serviços como a pintura de meio-fios, postes, capina de áreas, limpeza de ralos e bocas-de-lobo, a prefeitura do município demonstra sua preocupação com a conservação dos logradouros públicos. Em determinados municípios esses serviços complementares são atribuídos a outros órgãos da administração pública que não o responsável pela limpeza urbana, como por exemplo as divisões ou departamentos de parques e jardins, quando existentes na municipalidade. 6
10 3. DIAGNÓSTICO DO SISTEMA DE LIMPEZA URBANA 3.1 Introdução O diagnóstico dos sistemas de limpeza urbana existentes nos municípios é a base para o planejamento das ações necessárias ao equacionamento dos problemas relacionados à disposição inadequada dos resíduos sólidos. Os problemas afeitos aos sistemas de limpeza urbana são, de modo geral, recorrentes em inúmeros municípios da bacia. A falta de equipamentos, a inexistência de uma fonte própria de recursos para custear os trabalhos, a carência de pessoal técnico qualificado e a disposição inadequada do lixo, são problemas presente em quase todos eles, só variando a intensidade com que ocorrem. Esses problemas são agravados por uma situação financeira deficitária, comum a quase todos os municípios, a qual se reflete diretamente no sistema de limpeza urbana, quase sempre impossibilitados de atender a população de forma permanente e satisfatória. As administrações municipais tem ciência da importância representada pelo adequado encaminhamento da questão dos resíduos sólidos e os seus reflexos positivos para a preservação ambiental e para o incremento da qualidade de vida da população, mas muito pouco tem sido realmente feito para a melhoria dos sistemas de limpeza urbana, em especial no que se refere ao aspecto relativo à destinação final dos resíduos. Como pode ser observado no diagnóstico dos municípios apresentados a seguir, a disposição dos resíduos se dá em verdadeiros lixões a céu aberto, quase sempre com a presença de catadores vivendo em condições subumanas. Os terrenos utilizados para este propósito são geralmente áreas desapropriadas, alugadas ou anexadas à administração municipal, sem a licença ambiental para sua instalação e operação. A deposição de resíduos nestas áreas sem uma cobertura adequada contribui para o agravamento da situação. 3.2 Diagnósticos Efetuados São apresentados a seguir diagnósticos sucintos sobre os sistemas de limpeza urbana das dez localidades selecionadas. Tais diagnósticos resultaram de visitas a cada um dos municípios e, também, em entrevistas com as autoridades municipais e o pessoal técnico vinculado aos serviços de limpeza urbana, para conhecimento da forma como o problema do lixo vem sendo equacionado. 7
11 Município de Além Paraíba 1. Aspectos Gerais Além da sede, o município de Além Paraíba possui um único distrito e quatro povoados. A população total do município, segundo a contagem do IBGE de 1996, é de habitantes sendo que desses, vivem na sede municipal, 832 no distrito e povoados e o restante na área rural. 2. Serviços de Limpeza Urbana Os serviços de limpeza urbana oferecidos à população abrangem a coleta de lixo domiciliar e comercial, patogênico, a varrição, a destinação final dos resíduos coletados e as atividades de conservação dos logradouros públicos como a capina e a poda das árvores. 2.1 Administração Os serviços de limpeza urbana são de responsabilidade da Secretaria de Obras e Serviços Públicos. Na sede municipal, atualmente, os serviços de varrição e coleta do lixo, a menos da coleta do lixo patogênico, retirada de entulho e do produto oriundo da poda de árvores e capina, estão terceirizados à empresa Gerpre Ltda. Os serviços não terceirizados são prestados diretamente pela Prefeitura que também cuida da limpeza do único distrito e dos povoados, o que garante uma cobertura dos serviços a praticamente 100% da população urbana. A Secretaria de Obras e Serviços Públicos opera estes serviços com os recursos provenientes do seu orçamento cujos recursos decorrem da cobrança das taxas de limpeza pública e a de coleta de lixo, cobradas anualmente junto com o IPTU. A taxa de limpeza pública é cobrada em função do tamanho da testada do imóvel. Ela é de 1,3% da Unidade Padrão Fiscal Municipal (UPFM) por metro linear de testada, sendo 1 UPFM igual 50 UFIR. A taxa de coleta de lixo é cobrada em função da área do imóvel e ainda do seu tipo de uso. Ela é, em percentagem da UPFM, de 0,13%/m 2, 0,65%/m 2 e 0,78%/m 2, respectivamente, para imóveis de uso industrial/agropecuário, residencial, e comercial/serviço. A estimativa da receita anual, segundo os valores lançados em 1999, é de R$ ,00 para a taxa de coleta e de R$63.600,00 para a taxa de limpeza urbana muito embora os valores arrecadados até setembro tenham sido, respectivamente, de apenas R$ ,00 e de R$27.249,00. Os gastos, unicamente com a empresa terceirizada, ascendem, anualmente, a cerca de R$450 mil, o que mostra a insuficiência dos valores arrecadados para a completa cobertura financeira dos serviços, mesmo sem se considerar os custo decorrentes da limpeza no distrito e nos povoados. 8
12 2.2 Varrição Na sede municipal a varrição conta com um efetivo global de 68 pessoas. Nas principais ruas ela é feita diariamente enquanto que nos logradouros secundários e mais afastados do centro tem menor freqüência, da ordem de duas a três vezes por semana. O pessoal não usa fardamento e nem equipamento adequado, sendo comum observar-se os varredores com vassouras feitas com ramas de bambú. Também não usam qualquer tipo de equipamento de proteção individual, algumas vezes nem mesmo calçado. No distrito e nos povoados a varrição é feita por funcionário da Prefeitura, que recolhem os resíduos em carrocinhas e promovem sua queima em áreas baldias. Como no caso da empresa terceirizada, o pessoal também não usa fardamento ou equipamentos adequados. 2.3 Coleta Como antes referido, o serviço de coleta de lixo urbano, residencial e comercial, é realizado na sede municipal pela empresa terceirizada e tem freqüência diária, a menos dos domingos. Ela é feita por uma equipe de 20 homens que utilizam uma frota composta por apenas 4 caminhões basculantes com a caçamba alteada. A produção média de resíduos sólidos é de 14t/dia, valor este decorrente de uma pesagem amostral feita durante 15 dias consecutivos em passado recente. Essa pesagem mostrou que a quantidade diária de lixo coletada varia entre 27t, na 2 a feira, a um mínimo de 8t, no decorrer da semana. O lixo patogênico proveniente do hospital, das clínicas médicas e odontológicas, das farmácias e dos laboratórios de análise clínicas, é coletado pela Prefeitura separadamente, 3 vezes por semana, em um caminhão compactador de sua propriedade. Este caminhão é também usado na remoção do lixo dos povoados e, também, de entulho e poda. Os encarregados da coleta do material patogênico não utilizam qualquer equipamento de proteção individual. A produção diária deste tipo de resíduo não está bem caracterizada, podendo-se supor, face ao porte da cidade, que seja, no máximo, da ordem de 300kg. 2.4 Destinação Final Até há aproximadamente quatro anos atrás, a destinação dos resíduos sólidos era feita nas proximidades do perímetro urbano e próximo ao bairro Vila Caxias. Lá o lixo era simplesmente disposto sem qualquer tipo de cuidado, nem mesmo recebendo eventuais coberturas periódicas de terra. Atualmente o lixo vem sendo disposto, também sem maiores cuidados ou qualquer tipo de controle, em uma área arrendada pela Prefeitura às margens da estrada que dá acesso à Fazenda da Serrinha, a aproximadamente 7km do perímetro urbano municipal. O lixo é descarregado dos caminhões basculantes marginalmente à plataforma alargada da estrada, que neste trecho situa-se em uma pequena serra de acentuada declividade transversal. Após descarregado o lixo é queimado. Periodicamente, duas ou três vezes por semana, um trator de pneus provido de lâmina, de propriedade da Prefeitura, vai ao local e empurra o lixo assim depositado, queimado ou não, morro abaixo. 9
13 A área constitui-se em um autêntico vazadouro, onde residem famílias de catadores, ainda sem a presença de crianças, porém com pelo menos uma das residentes grávida. O local é infestado de urubus e moscas e apresenta todos os demais inconvenientes que caracterizam os "lixões" em especial a existência de condições propícias ao desenvolvimento de vetores biológicos. Os resíduos patogênicos, coletados e transportados separadamente seriam, em princípio, dispostos em uma pequena vala a eles destinada junto ao restante do lixo, mas não existe controle se isso é feito de forma sistemática. Na vala eles são igualmente queimados. A atual área de disposição não apresenta características adequadas a esse uso, mesmo que esse fosse de caráter precário pois, como acima já referido, o lixão situa-se em uma encosta de elevada declividade ao pé da qual passa o córrego Serrinha, afluente do Limoeiro, que por sua vez,desemboca no rio Paraíba do Sul a menos de 8km do ponto de disposição. Vale notar que este córrego Serrinha abastece as famílias de catadores e ainda as diversas fazendas por que passa a jusante. As fotos em anexo permitem uma visão parcial do vazadouro e o mapa e o croquis indicam a sua localização geográfica. 10
14 Município de Além Paraíba Vista de jusante da encosta onde o lixo é descarregado. Observa-se ao pé da encosta o pequeno vale onde passa um afluente do córrego Limoeiro.
15 Município de Além Paraíba Vista da vala onde, supostamente, é feita a queima do lixo patogênico. Município de Além Paraíba Outra vista de jusante, esta tomada próximo ao afluente do córrego Limoeiro.
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Município de Além Paraíba. 1. Aspectos Gerais
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