FRANCLIDES CORRÊA RIBEIRO CAP QOPM/AM
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1 POLÍCIA MILITAR DO ESTADO DA PARAÍBA DIRETORIA DE ENSINO CENTRO DE ENSINO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM SEGURANÇA PÚBLICA FRANCLIDES CORRÊA RIBEIRO CAP QOPM/AM SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO: UM ESTUDO DE CASO João Pessoa 2005
2 FRANCLIDES CORRÊA RIBEIRO CAP QOPM/AM 2 SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO: UM ESTUDO DE CASO Monografia apresentada à coordenação do Curso de Especialização em Segurança Pública do Centro de Ensino da Polícia Militar da Paraíba, como requisito para obtenção do título de Especialista em Segurança Pública. Orientadora: Profª. Maria de Lourdes Pereira, Drª. João Pessoa 2005
3 3 Ficha Catalográfica R465s Ribeiro, Franclides Corrêa Sistema Penitenciário Brasileiro: Um Estudo de Caso / Franclides Corrêa Ribeiro. João Pessoa: Centro de Ensino da PMPB, f: il. 29 cm. Monografia apresentada ao Curso de Especialização em Segurança Pública PMPB. 1. Sistema Penitenciário I. Título CDU
4 FRANCLIDES CORRÊA RIBEIRO 4 SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO: UM ESTUDO DE CASO MONOGRAFIA X Nota de Aprovação Aprovada em 15 / 12 / ,81 ( nove e oitenta e um ) Nota de Reprovada Reprovada em / / ( ) Profª. Drª.Maria de Lourdes Pereira (UFPB) Presidente(a) Profº. Esp. Roberto Rodrigues da Costa (Cap PMPB) Examinador(a) Profº. Ms. Gustavo Batista (UFPB) Examinador(a) João Pessoa 2005
5 Aos meus familiares, especialmente minha esposa Galeandra e minha filha Giovanna, pelo incentivo e pela compreensão demonstrada durante a elaboração deste trabalho acadêmico. 5
6 6 AGRADECIMENTOS Ao grande arquiteto do Universo pela vida e a oportunidade de ser útil à sociedade e ao meu Estado. Ao Exmº Senhor Cel PM José Gomes de Lima Irmão, Comandante Geral da Polícia Militar da Paraíba, pela oportunidade da participação no Curso de Especialização em Segurança Pública CESP / Ao Exmº Senhor Cel PM Wilson Martins de Araújo, Comandante Geral da Polícia Militar do Amazonas. Agradeço a ajuda prestimosa de minha orientadora Profª. Drª. Maria de Lourdes Pereira, pelo apoio e a capacidade de transmitir valiosos ensinamentos para a elaboração deste trabalho. Ao Senhor Maj PM Euller de Assis Chaves, Diretor do Centro de Ensino da Polícia Militar da Paraíba, pelo apoio incondicional à realização do presente trabalho. Aos integrantes do Centro de Ensino da Polícia Militar da Paraíba, pela forma cordial e atenciosa com que nos receberam durante nossa permanência neste curso. Ao Senhor Ten Cel PM Washington Germano Franca, pela competência na coordenação do CESP/2005. Aos professores e instrutores do CESP/2005, pelo conhecimento e experiências transmitidas durante o desenvolvimento deste curso. Aos funcionários do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto pelo apoio durante a realização da pesquisa. Aos amigos de sala de aula, pela amizade e companheirismo demonstrado durante o decorrer do curso.
7 7 A segurança das prisões é indispensável para converter nosso sistema de justiça em uma arma eficaz contra a criminalidade. Quando as pessoas presas que foram condenadas ou que aguardam julgamento são confiadas aos seus cuidados, elas devem saber e a população também deve saber que elas permanecerão na prisão até que sejam legalmente dispensadas. A contribuição plena que nossas penitenciárias podem dar para uma redução definitiva do índice de criminalidade no país também reside no modo como elas tratam as pessoas presas. Toda ênfase é pouca para frisar a importância tanto do profissionalismo quanto do respeito pelos direitos humanos. Nelson Mandela
8 8 RESUMO O presente trabalho monográfico objetivou a realização de estudo sobre o funcionamento da execução penal no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto, identificando as principais causas que impedem a total aplicação da Lei de Execução Penal e apresentando sugestões e estratégicas, dando ênfase ao trabalho prisional, para a efetiva melhoria do Sistema Penitenciário no Estado da Paraíba. Os procedimentos metodológicos adotados, para a realização deste trabalho, consistiram em dois momentos: uma pesquisa bibliográfica e uma pesquisa no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto com abordagem qualitativa e quantitativa. Para tanto, realizamos um resgate histórico da pena e do surgimento das prisões, sua utilidade como pena propriamente dita e a realidade atual dos presídios. São analisados a pena privativa de liberdade e os preceitos da Lei de Execução Penal; a privatização e terceirização dos presídios; e a questão sócio-econômica na prevenção do crime. O funcionamento da execução da pena no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto é visto sob a ótica dos apenados, dos agentes penitenciários e do Diretor da Penitenciária. Após a coleta e análise dos dados verificou-se que 88% dos apenados poderiam estar disputando vagas no mercado de trabalho; 54% dos delitos foram qualificados como crimes hediondos; 54% são reincidentes; 60% dos apenados não estavam trabalhando quando cometeram o delito; A alimentação com 31,5% e a superlotação com 30,8% são os principais pontos negativos da Penitenciária na visão dos apenados; 83% dos Agentes Penitenciários recebem um salário mínimo por mês e são do quadro temporário do Estado. Esses resultados permitiram, então, uma melhor análise do problema, que toma como parâmetro o referencial teórico, sendo nesta oportunidade enfocadas algumas considerações, visando contribuir para a formulação das políticas voltadas a ressocialização do homem que cumpre pena privativa de liberdade no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto. Palavras chaves: Sistema Penitenciário, Lei de Execução Penal, trabalho prisional, ressocialização.
9 9 ABSTRACT The present work monographic aimed at the study accomplishment on the operation of the penal execution in the Institute Penal Chief judge Sílvio Porto, we identified the principal causes that impede to total application of the Law of Penal Execution and presenting suggestions and strategic, giving emphasis to the work prisional, for the effective improvement of the Penitentiary System in the State of Paraíba. The adopted methodological procedures, for the accomplishment of this work, they consisted of two moments: a bibliographical research and a research in the Institute Penal Chief judge Sílvio Porto with qualitative and quantitative approach. For so much, we accomplished a historical ransom of the feather and of the appearance of the prisons, your usefulness as feather and the current reality of the prisons. The private feather of freedom and the precepts of the Law of Penal Execution are analyzed; the privatization and terceirização of the prisons; and the socioeconomic subject in the prevention of the crime. The operation of the execution of the feather in the Institute Penal Chief judge Sílvio Porto is seen under the optics of the appends, of the penitentiary agents and of the Director of the Prison. After the collection and analysis of the data was verified that 88% of the appends could be disputing vacancies in the job market; 54% of the crimes were qualified as vile crimes; 54% are recurrent; 60% of the appends were not working when they made the crime; The feeding with 31,5% and the super capacity with 30,8% is the principal negative points of the Prison in the vision of the appends; 83% of the Penitentiary Agents receive a minimum wage a month and they are of the temporary picture of the State. Those results allowed, then, a better analysis of the problem, that takes as parameter the theoretical referencial, being in this opportunity focused some considerations, seeking to contribute for the formulation of the returned politics the man's resocialization that accomplishes private feather of freedom in the Institute Penal Chief judge Sílvio Porto. Key-words: Penitentiary system, Law of Penal Execution, I work prisional, resocialization.
10 10 LISTA DE FIGURAS Figura 1 Projeto de Penitenciária, Figura 2 Interior da Penitenciária de Stateville, Estados Unidos, Século XX Figura 3 Círculo Vicioso da Prisionização Figura 4 Pavilhões 16, 17, Figura 5 Pavilhões 19, 20, Figura 6 Organograma do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto Figura 7 Gráfica Figura 8 Máquina de Reciclagem de Cartuchos Figura 9 Prótese Figura 10 Projeto Pintando a Liberdade Figura 11 Vista Aérea do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto
11 11 LISTA DE TABELAS Tabela 1 Número de presos por Estado e por habitantes Tabela 2 Número de presos por Estado, vagas e déficit, em jun / Tabela 3 Número de presos no Sistema Prisional do Estado da Paraíba Tabela 4 População Prisional do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto Tabela 5 Faixa Etária dos apenados Tabela 6 Escolaridade dos apenados Tabela 7 Estado Civil dos apenados Tabela 8 Grupo Étnico dos apenados Tabela 9 Tipo de Delito Tabela 10 Motivo do Crime Tabela 11 Reincidência Tabela 12 Delitos relacionados ao uso de Drogas Tabela 13 Tipo de Drogas Tabela 14 Voto do Apenado Tabela 15 Na época em que foi preso, estava trabalhando Tabela 16 Tratamento na Penitenciária Tabela 17 Pontos Positivos na visão dos apenados Tabela 18 Pontos Negativos na visão dos apenados Tabela 19 Profissão Tabela 20 Trabalho na Penitenciária Tabela 21 Recuperação para a sociedade
12 Tabela 22 A penitenciária corrige uma pessoa que errou no convívio em sociedade Tabela 23 Tempo na função de Agente Penitenciário Tabela 24 Nível de Escolaridade dos Agentes Penitenciários Tabela 25 Remuneração Média dos Agentes Penitenciários Tabela 26 Na visão dos Agentes Penitenciários os Principais Problemas da Penitenciária Tabela 27 Situação dos Agentes Penitenciários Tabela 28 Visão dos Agentes Penitenciários sobre a Recuperação dos Presos Tabela 29 A Principal Tarefa dos Agentes Penitenciários Tabela 30 O Agente Penitenciário Vigilante ou Ressocializador Tabela 31 Papel do Agente Penitenciário
13 13 LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 Comparação do aumento da população prisional entre o Estado da Paraíba e o Estado de Pernambuco Gráfico 2 População prisional do Estado da Paraíba por Estabelecimento Penal Gráfico 3 Comparação de presos condenados e provisórios do Regime Fechado Gráfico 4 Número de presos condenados e provisórios do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto Gráfico 5 Faixa Etária dos apenados Gráfico 6 Escolaridade dos apenados Gráfico 7 Estado Civil dos apenados Gráfico 8 Grupo Étnico dos apenados Gráfico 9 Tipo de Delito Gráfico 10 Motivo do Crime Gráfico 11 Reincidência Gráfico 12 Delitos relacionados ao uso de Drogas Gráfico 13 Tipo de Drogas Gráfico 14 Voto do Apenado Gráfico 15 Na época em que foi preso, estava trabalhando Gráfico 16 Tratamento na Penitenciária Gráfico 17 Pontos Positivos na visão dos apenados Gráfico 18 Pontos Negativos na visão dos apenados Gráfico 19 Profissão Gráfico 20 Trabalho na Penitenciária
14 Gráfico 21 Recuperação para a sociedade Gráfico 22 A penitenciária corrige uma pessoa que errou no convívio em sociedade Gráfico 23 Tempo no exercício da função de Agente Penitenciário Gráfico 24 Nível de Escolaridade dos Agentes Penitenciários Gráfico 25 Remuneração Média dos Agentes Penitenciários Gráfico 26 Na visão dos Agentes Penitenciários os Principais Problemas da Penitenciária Gráfico 27 Situação dos Agentes Penitenciários Gráfico 28 Visão dos Agentes Penitenciários sobre a Recuperação dos Presos Gráfico 29 A Principal Tarefa dos Agentes Penitenciários Gráfico 30 O Agente Penitenciário Vigilante ou Ressocializador Gráfico 31 Papel do Agente Penitenciário
15 15 LISTA DE QUADROS Quadro 1 Órgãos da Execução Penal Quadro 2 Estabelecimentos Penais, natureza e tipo de regime Quadro 3 Regimes penitenciários da pena privativa de liberdade, da pena de Reclusão e da pena de detenção Quadro 4 Assistência e serviços oferecidos aos presos e egressos Quadro 5 Condições de aplicação da pena no Instituto Penal Desembargador Silvio Porto Quadro 6 Síntese das entrevistas dos trabalhadores-presos Quadro 7 Opiniões do Diretor do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto Quadro 8 Dados sobre identificação, a respeito da prisão e trabalho fornecidos pelo grupo
16 16 LISTA DE ABREVIATURAS CESP CNPCP COSIPE CTC DEPEN DST FUNAP FUNPEN IBGE IDH ILANUD LEP ONU SENAI Curso de Especialização em Segurança Pública Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária Coordenadoria do Sistema Penitenciário Comissão Técnica de Classificação Departamento Penitenciário Nacional Doenças Sexualmente Transmissíveis Fundação Estadual de Amparo ao Trabalhador Preso Fundo Penitenciário Nacional Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística Índice de Desenvolvimento Humano Instituto Latino Americano das Nações Unidas para Prevenção do Delito e Tratamento do Deliquente. Lei de Execução Penal Organização das Nações Unidas Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial
17 17 SUMÁRIO INTRODUÇÃO... 1 Justificativa... 2 Objetivos Geral Específicos... 3 Relevância do estudo... 4 Delimitação do tema... CAPÍTULO 1 REFERENCIAL TEÓRICO A Pena: Conceito, definições e teoria Evolução Histórica das Penas Fases da Vingança Penal Período Humanístico Escolas Penais Modelos de Organizações Organizações Coercitivas Sistema Penitenciário Direitos Humanos dos Presos Arquitetura Penitenciária Sistema Penitenciário no Brasil População Prisional Sistema Penitenciário do Estado da Paraíba Dados gerais sobre a população carcerária estadual A realidade prisional brasileira e o que dispõe a Lei nº 7.210, de 11 de julho de A Comissão Técnica de Classificação Dos deveres e direitos dos condenados Da Assistência Remição O Pessoal Penitenciário A Direção O Agente Penitenciário Os Técnicos Os Presos Penas Alternativas à prisão Lei 9.714/ O Trabalho no meio prisional Relação entre Criminalidade e Desemprego Políticas Públicas e o Sistema Penitenciário A Segurança Pública e o Sistema Penitenciário
18 CAPÍTULO 2 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS Método de abordagem Método indutivo Método de procedimentos Método estudo de caso Técnica de pesquisa Universo Amostra Coleta de dados Pesquisa documental Entrevistas Questionários Procedimentos de análise e interpretação de dados... CAPÍTULO 3 INSTITUTO PENAL DESEMBARGADOR SÍLVIO PORTO O CONTEXTO DA PESQUISA Histórico do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto Instalações do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto Organograma atual da Organização Estrutura Organizacional A Laborterapia Fundo Penitenciário Nacional Privatização e Terceirização Reeducação, Ressocialização e Reinserção Social Proposta para minimizar os problemas do Sistema Penitenciário Paraibano Criação da Fundação Estadual de Amparo ao Preso Trabalhador Implantação da Escola Penitenciária da Paraíba Incidentes Prisionais Condições de aplicação da pena no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto... CAPÍTULO 4 RESULTADOS E DISCUSSÕES SOBRE O ESTUDO EMPÍRICO Análise e interpretação dos resultados Estudo sobre a situação dos apenados Análise dos questionários dos Agentes Penitenciários Entrevistas dos presos-trabalhadores das oficinas Entrevista do diretor do Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto... CONSIDERAÇÕES FINAIS... REFERÊNCIAS... APÊNDICES... ANEXOS
19 19 INTRODUÇÃO Ao se considerar que a pena de prisão tem por objetivo a proteção da sociedade contra o crime, infere-se também que este objetivo só pode ser alcançado se, durante o processo de reclusão, ao preso sejam proporcionadas condições, para ele aprender que, após o cumprimento da pena, no seu retorno à sociedade, possa exercer a cidadania e além de respeitar a lei e se autosustentar, adquirir a capacidade de fazê-lo. A análise da problemática da execução da pena no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto far-se-á, primeiramente, num levantamento histórico-jurídico do Direito Penal, a permitir uma melhor compreensão de sua evolução e da influência de determinados posicionamentos nos dias atuais. O sistema Penitenciário é constituído através de duas vertentes que são a gestão penitenciária, enquanto atividade meio, e a execução penal, enquanto atividade fim. Neste sentido, questiona-se: o funcionamento da execução penal no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto ocorre de acordo com as normas estabelecidas na legislação vigente, viabilizando o processo de ressocialização do homem condenado à pena privativa de liberdade? O trabalho monográfico foi dividido em quatro capítulos. O primeiro trata do referencial teórico: A pena e sua evolução histórica desde a época das torturas e dos suplícios; A questão das primeiras prisões e sua forma de organização; A evolução da Teoria da Organização e Organizações Coercitivas; A evolução do Sistema Penitenciário no Brasil e na Paraíba e a Legislação pertinente ao sistema; As penas alternativas à prisão, o trabalho no meio prisional e a
20 20 relação da criminalidade com o desemprego; Políticas Públicas e o Sistema Penitenciário; A Segurança Pública e o Sistema Penitenciário como um todo. O Capítulo 2 trata dos procedimentos metodológicos, e o Capítulo 3, apresenta um breve histórico sobre o Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto sua estrutura organizacional e o funcionamento da execução penal; A Laborterapia, o Fundo Penitenciário Nacional (FUPEN), privatização e terceirização; Reeducação, Ressocialização e Reinserção social e as condições da aplicação da pena privativa de liberdade no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto. O Capítulo 4 apresenta os resultados e discussões do estudo empírico, análise das entrevistas e questionários aplicados. Por fim, as considerações finais sobre a contextualização teórica e o estudo empírico; Apêndices; Anexos. 1 Justificativa No contexto da segurança pública, o sistema penitenciário no Estado da Paraíba como no restante do Brasil apresenta um quadro preocupante, pois, historicamente, a estrutura penitenciária não acompanha o crescimento da população carcerária, resultando em vivência humilhante e sub-humanas para os apenados. No Estado Democrático de Direito, a obrigação com o cumprimento das leis, especialmente as que tratam de um dos maiores valores do ser humano, que é a sua liberdade, deveria ser a regra. É extremamente sério o atual quadro do sistema prisional, caracteristicamente criminalizante que atua no contexto de um conjunto arcaico no qual subsiste uma escola para a reprodução do crime. Na prática, apenas segrega, temporariamente o condenado, pela ótica exclusiva da repressão. As conflitantes metas punir, prevenir e regenerar não alcançam os fins a que se propõem. Porém, é preciso enfatizar que o problema se agrava quando se expõe uma crise sobre
21 outra crise, pois a prisão torna-se objeto de urgente e indispensável intervenção. 21 O complexo processo de execução penal demonstra a necessidade do Estado estabelecer uma política penitenciária sistematizada a partir de referências técnicas e cientificamente definidos as que contemplem tanto o modelo de gestão quanto o modelo de execução penal. Diante dessa realidade percebe-se a necessidade de conhecer o funcionamento do sistema carcerário. Justifica-se por tratar-se de tema atual, de alta relevância, que tem gerado inúmeras polêmicas e que urge por uma solução, sob pena de a sociedade se ver diante de irreparáveis conseqüências. Então optamos por realizar um trabalho monográfico voltado para a realização de estudo sobre o funcionamento da execução penal no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto e as leis que regem o sistema. Nas últimas décadas, as várias leis introduzidas no Direito Penal Brasileiro, procurando criar novas alternativas às penas privativas de liberdade, visando evitar-se o encarceramento, como a Lei 7.209/84 que reformou a parte geral do Código Penal, a Lei 9.714/98 Penas Alternativas e, ainda, inúmeras recomendações internacionais adotadas pelo Brasil, não foram suficientes para resolver os problemas enfrentados pelo sistema punitivo e trazer a tranqüilidade social almejada. Grande desafio do mundo moderno é, pois, buscar soluções para a problemática do sistema prisional de tal forma que seja possível oferecer ao apenado condições para se reabilitar e voltar ao convívio social. Várias são as propostas neste sentido, como adiante serão analisadas. 2 Objetivos 2.1 Geral Porto. Estudar o funcionamento da execução penal no Instituto Penal Desembargador Sílvio
22 2.2 Específicos 22 Descrever as condições do funcionamento da execução da pena privativa de liberdade no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto. Enfatizar a importância do trabalho na ressocialização do apenado. Analisar a eficácia da execução penal no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto. 3 Delimitação do tema Um sistema penal funcional parte da arquitetura do estabelecimento, passa pela classificação do condenado, pelo regime de trabalho e aprendizado profissional, pelo ensino, pela alimentação, pela ordem e disciplina a serem impregnados no apenado, pelo tratamento pessoal. O estudo abordou a execução penal no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto e a estrutura funcional da organização, tendo como referencial teórico os modelos de organização e a evolução histórica da pena e a legislação pertinente ao assunto. Procuramos relacionar o funcionamento da execução penal no Instituto Penal Desembargador Sílvio Porto com os preceitos legais previstos na Lei de Execução Penal, dando ênfase ao trabalho como instrumento primordial para a reinserção social do apenado. 4 Relevância do estudo A relevância maior do estudo centra-se na preocupação de atender as exigências quanto à existência de projetos e políticas públicas que apontem para uma efetiva recuperação do condenado e não simplesmente o aumento do número de vagas nas penitenciárias que serve somente para justificar gastos públicos e incentivar a ótica prisional da segregação tipificada de certos grupos sociais. Igualmente vítima se torna o contribuinte que financia um falido sistema
23 23 carcerário e sua alta manutenção, que além de não atingir os objetivos a que se propõe, só favorece o constante aumento da criminalidade. Ao se abordar que a recuperação ou ressocialização do infrator só será de fato alcançada quando este se integrar no sistema social, tornando-se produtivo socialmente poder-seá pensar na melhor forma de ressarcimento do dano causado à comunidade além de, sem sombra de dúvida, ser a melhor satisfação que os órgãos públicos poderiam prestar à sociedade com relação aos recursos investidos.
24 24 CAPÍTULO 1 REFERENCIAL TEÓRICO Este capítulo trata da literatura que descreve e interpreta a pena privativa de liberdade e sua origem através da manipulação conceitual e apresentação de citações, autores e obras, destacando várias idéias que são produtos distintos, permitindo relacioná-la com o objeto de estudo: o Sistema Penitenciário. Ainda neste capítulo são tratados o funcionamento da execução penal e alternativas para ressocialização dos apenados. 1.1 A Pena: Conceito, definições e teorias A pena é tão antiga quanto o homem e o significado da palavra pena, etimologicamente, procede do latim (poena), porém, com derivação do grego (poine), significando dor, castigo, punição, expiação, penitencia, sofrimento, trabalho, fadiga, submissão, vingança e recompensa : A pena é a sanção de caráter aflitivo, imposta pelo Estado, em execução de uma sentença, ao culpado pela prática de uma infração penal, consistente na restrição ou privação de um bem jurídico, cujas finalidades são aplicar a retribuição punitiva ao deliquente, promover a sua readaptação social e prevenir novas transgressões pela intimidação dirigida à coletividade. (CAPEZ, 2004, p.19).
25 25 Segundo Mirabete (2003), a pena apresenta várias características como: legalidade, personalidade, proporcionalidade e inderrogabilidade. O princípio da legalidade consiste na existência prévia de lei para a imposição da pena, previsto no Código Penal. A característica da personalidade refere-se à impossibilidade de estender-se a terceiros a imposição penal (art. 5º, XLV, primeira parte da CF). Deve haver, ainda, proporcionalidade entre o crime e a pena; cada crime deve ser reprimido com uma sanção proporcional ao mal por ele causado. A pena deve ser inderrogável: praticado o delito, a imposição deve ser certa e a pena cumprida. A utilização da pena como eixo estruturador do sistema jurídico-policial e administrativo (justiça criminal, polícia judiciária e política criminal e penitenciária) orienta-se no sentido de que uma violência posterior possa compensar uma violência anterior. Essa formulação está presente desde as teorizações do Direito Penal, no final do século XVIII, admitindo a violência institucional como forma de combater a violência individual, mesmo sob risco de que ela cumpra a função de reproduzir a violência estrutural e de garantir a desigualdade social, penalizando os mais vulneráveis aos comportamentos desviantes. Ainda, segundo o referido autor, o direito de Punir do Estado (também dever de punir), que nasce com a prática do crime, proporcionou o surgimento de três correntes doutrinárias a respeito da natureza e dos fins da pena: as teorias absolutas, relativas e mistas. As teorias absolutas (de retribuição ou retribucionistas) têm como fundamento da sanção penal a exigência da justiça: pune-se o agente porque cometeu o crime (punitur quia pecatum est). Dizia Kant que a finalidade da pena é a expiação do delito, um imperativo categórico, uma retribuição jurídica, pois ao mal do crime impõe-se o mal da pena, do que resulta a igualdade e só esta igualdade traz a justiça. O castigo compensa o mal e dá reparação à moral. O castigo é imposto por uma exigência ética, não se tendo que vislumbrar qualquer conotação ideológica nas sanções penais. Para Hegel, a pena, razão do direito, anula o crime, razão do delito, emprestando-se à sanção não uma reparação de ordem ética, mas de natureza
26 26 jurídica. Verifica-se, assim, que, quanto a natureza da retribuição, que se procurava sem sucesso não confundir com castigo, dava-se um caráter ora divino (Bekker, Sthal), ora moral (Kant), ora jurídico (Hegel, Pessina). Nas teorias relativas (utilitárias ou utilitaristas) dava-se à pena um fim exclusivamente prático, em especial o de prevenção. O crime não seria causa da pena, mas a ocasião para ser aplicada. Feuerback, o pai do Direito Moderno e precursor do Positivismo, entendia que a finalidade do Estado é a convivência humana de acordo com o Direito. Sendo o crime a violação do Direito, o Estado deve impedi-lo através da coação psíquica (intimidação) ou física (segregação). Para Mirabete (2003), a pena é intimidação para todos, ao ser cominada abstratamente, e para o criminoso, ao ser imposta no caso concreto. Jeremias Bentham dizia que a pena é um mal tanto para o indivíduo, que a ela é submetido, quanto para a sociedade, que se vê privada de um elemento que lhe pertence, mas que se justifica pela utilidade. O fim da pena é a prevenção particular, ao impedir que o delinqüente pratique novos crimes, intimidando-o e corrigindo-o. As teorias relativas podem classificar-se em dois grupos: preventivas e reparadoras. As teorias preventivas mostram o cunho preventivo da pena, para evitar delitos futuros, enquanto as reparadoras pretendem, com fim da pena, corrigir conseqüências danosas do ato perpetrado. As teorias preventivas, por sua vez, podem agir como uma prevenção geral ou especial. A prevenção é geral quando a sanção configura modo de evitar as violações futuras, agindo sobre toda a sociedade. A pena tem por finalidade impedir, através da intimidação a prática de delitos. A prevenção especial atua sobre o criminoso pela intimidação de sua personalidade. A pena tem uma única referência, intimidar o deliquente que cometeu um crime, e a execução da pena é entendida como meio adequado para evitar a reincidência desta pessoa, além de ser um instrumento de ressocialização.
27 27 Para as teorias mistas (ecléticas) fundiram-se as duas correntes. Passou-se a entender que a pena, por sua natureza, é retributiva, tem seu aspecto moral, mas sua finalidade é não só a prevenção, mas também um misto de educação e correção. Para Pellegrino Rossi, Guizot e Cousein, a pena deve objetivar, simultaneamente, retribuir e prevenir a infração: punitur quia peccatum ut ne pecceptur. Segundo tal orientação, a pena deve conservar o seu caráter tradicional, porém outras medidas devem ser adotadas em relação aos autores de crimes, tendo em vista a periculosidade de uns e a inimputabilidade de outros. Seriam essas as denominadas medidas de segurança. Com o surgimento da Escola da Defesa Social, de Adolfo Prins e Filippo Grammatica, e, mais recentemente, com a Nova Defesa Social, de Marc Ancel, tem-se buscado instituir um movimento de política criminal humanista fundado na idéia de que a sociedade apenas é defendida à medida que se proporciona a adaptação do condenado ao meio social (teoria ressocializadora). Esse posicionamento especialmente moderno procura excluir, definitivamente, a retributividade da sanção penal. Desde a origem até hoje, porém, a pena sempre teve o caráter predominantemente de retribuição, de castigo, acrescentando-se a ela uma finalidade de prevenção e ressocialização do criminoso. Em nosso ordenamento jurídico, subsistem as finalidades retributiva e preventiva, sendo esta de acordo com o disposto no artigo 59 do Código Penal, de caráter ressocializador. 1.2 Evolução Histórica das Penas Em sua origem remota, a pena marca de maneira tão profunda o destino dos homens, acompanhando-o através dos tempos, isso porque a pena, no início nada mais foi do que uma vingança, pois nada mais natural que aqueles indivíduos, que viviam conforme seus instintos, revidassem a agressão sofrida, não havendo preocupações com a proporção, nem mesmo com a
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