MACROECONOMIA I. Licenciatura em Economia 2004/2005 TÓPICOS DE RESOLUÇÃO Exame 2ª Época 5 Setembro Normas e Indicações:
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- Maria do Pilar de Oliveira Lagos
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1 MACROECONOMIA I LEC201 Licenciatura em Economia 2004/2005 TÓPICOS DE RESOLUÇÃO Exame 2ª Época 5 Setembro 2005 TEMPO DE RESPOSTA UNITÁRIO: 7.5 MINUTOS POR VALOR Normas e Indicações: A prova tem a duração de 2 horas e 30 minutos. Não é permitida a consulta de quaisquer elementos de estudo nem de colegas. A prova é constituída por 5 páginas, incluindo esta, e termina com a palavra FIM. A prova é constituída por 4 grupos de questões, com as seguintes cotações e tempos de resposta indicativos: Grupo I valores, 34 minutos; Grupo II - 3 valores, 23 minutos; Grupo III - 6 valores, 45 minutos; Grupo IV valores, 48 minutos. Responda a cada grupo em folhas separadas. Seja objectivo, claro e conciso nas respostas. Não é permitida a saída da sala nos 15 minutos finais da prova. Nos 5 minutos finais da prova certifique-se que colocou a sua identificação em todas as folhas de resposta. No final do tempo da prova pare de escrever e mantenha-se sentado no seu lugar, até todos os testes estarem recolhidos e os docentes darem autorização de saída. Bom trabalho! 1
2 Grupo I (4.5 valores, 34 minutos) 1. (3 valores) 1.1. Excedente Bruto de Exploração (EBE) =? PIBpm = VAB + Impostos ind. liq. subs. (s/ produtos e importação) = milhões de euros. Por outro lado, PIBpm = Remunerações + EBE + Impostos ind. liq. subs. (s/ produção, produtos e importação) = EBE EBE = m.e. O EBE inclui todos os rendimentos gerados pela actividade económica interna (i.e., desenvolvida no território económico nacional) à excepção das remunerações do trabalho, ou seja, as rendas, os juros e os lucros, durante um determinado período (neste caso, um ano) Saldo da Balança Financeira =? Bal. Financeira = - (Bal. Corrente + Bal. Capital) = -(BBS + Bal. Rend. + Bal. Transf. Corr. + Bal. Transf. Capital - Aquisição liq. Cedências Activos Não Fin. Não Prod.) = = -( ) = 40 m.e. O saldo da Balança Financeira de 40 milhões de euros representa a entrada de financiamento (sob a forma de IDE, Investimento de Carteira, etc.) necessário para satisfazer as necessidades de financiamento da nação, representadas pelo saldo conjunto negativo da Balança Corrente e Balança de Capital. 2. (1.5 valores) Partindo da noção de Rendimento Disponível Bruto da Nação (RDBN), temos: RDBN = PIBpm + RLE + Transf. Corr. Líq. RDBN = CFN + FBC + (X - Q) + RLE + Transf. Corr. Líq. 2
3 RDBN - (CFN + FBC) = (X - Q) + RLE + Transf. Corr. Líq. RDBN - (CFN + FBC) = Bal. Corrente Vemos assim que uma despesa agregada (Consumo Final Nacional + Formação Bruta de Capital) superior ao Rendimento Disponível Bruto da Nação implicará necessariamente um défice da Balança Corrente. Grupo II (3 valores, 23 minutos) 1. (1.5 valores) O Produto Interno Bruto (PIB) duma economia é o valor agregado dos bens e serviços finais criados no território dum país durante um determinado período de tempo. O PIB é um valor monetário dado que a agregação de quantidades de múltiplos bens e serviços implica a adopção duma unidade de medida comum. No PIB apenas se contabiliza os bens e serviços finais, já que a consideração dos valores de todos os produtos criados levaria à dupla contagem de valores, na medida em que produtos dumas empresas são incorporados nos produtos de outras empresas. A consistência entre as três ópticas de cálculo do PIB - contabilização em 3 etapas diferentes do circuito económico, produção, distribuição, circulação - é assegurada pelo facto de, na óptica da despesa se excluir os produtos com aplicações intermédias - o que coincide com a exclusão dos consumos intermédios dos valores brutos das produções, que resulta na consideração dos valores acrescentados e dos rendimentos. O apuramento do PIB implica uma delimitação espacial - refere-se a um determinado espaço económico de localização das unidades produtivas - e uma delimitação temporal - refere-se a um fluxo de produção e venda durante um determinado período de tempo. 3
4 2. (1.5 valores) Os conceitos de crescimento e de ciclos são duas perspectivas diversas de olhar a mesma realidade - a evolução do produto (PIB). Analisar o crescimento económico significa analisar a tendência, o movimento secular, persistente do PIB. Assim sendo, a perspectiva temporal é necessariamente uma perspectiva de médio-longo prazo, e a ênfase é posta no padrão de evolução da capacidade produtiva, e portanto na estrutura da economia. Os estudos de crescimento económico preocupam-se em detectar e explicar a evolução do nível de vida das populações, e portanto olham mais em especial para as tendências de evolução da produtividade total dos factores de produção - ou, pelo menos, da produtividade aparente do trabalho (PIB per capita ou PIB por horas de trabalho). Analisar os ciclos económicos corresponde a analisar as flutuações, os desvios face à tendência do PIB, que são vistos como movimentos transitórios, embora recorrentes. Assim sendo, a perspectiva temporal é necessariamente de curtomédio prazo, e a ênfase é posta na utilização da capacidade produtiva instalada, e portanto na conjuntura. Os estudos dos ciclos económicos preocupam-se sobretudo em prever os pontos de inflexão da conjuntura económica - tarefa altamente complexa dado que, apesar de recorrentes, os ciclos não têm periodicidade constante - e portanto olham com especial atenção para a evolução de indicadores da procura global de bens e serviços. O ponto mais alto de um ciclo económico chama-se pico e o ponto mais baixo cava. O período entre o pico e a cava chama-se recessão ; o período entre a cava e o pico chama-se expansão. Grupo III (6 valores, 45 minutos) 1. (1.5 valores) Taxa de juro doméstica i = i f = 10 4
5 Produto M/P = L 15,5 = 0,2Y 0,45 i Y = 100 Taxa de câmbio Y = AD Y Y =. (Y - 0,2Y +7) ,5 i + 11, e 3 i = 10 Y = 100 e = e = 1 Balança corrente NX = 0 Balança financeira BP = 0 NX = 0 BK = 0 2. (2.5 valores) 2.1. Em câmbios flexíveis e mobilidade perfeita de capitais, a política orçamental é totalmente ineficaz. O aumento dos gastos públicos, motivam um aumento da procura interna (deslocação da IS para a direita) que pressiona a taxa de juro a subir. Esta pressão para o aumento da taxa de juro gera uma entrada massiva de capitais no país, o que produz uma apreciação da taxa de câmbio nominal e real. A apreciação da taxa de câmbio motiva uma redução das exportações e um aumento das importações (deslocação para a esquerda da IS). Este processo termina quando a economia retoma o seu ponto de partida em termos de produto e taxa de juro. A política orçamental nestas circunstâncias gera, assim, um crowding out externo total com efeitos negativos sobre o saldo da balança corrente (e, também, sobre o saldo orçamental) Nível de produto Y = Y = 100 5
6 Taxa de câmbio nominal Y Y =. (Y - 0,2Y +7) ,5 i + 13, e 3 i = 10 Y = 100 e = e = 1,06 Balança corrente NX = - 1,89 Balança financeira BP = 0 NX = -1,89 BK = 1,89 3. (2 valores) O trilema de que o enunciado fala decorre do facto de ser impossível para qualquer nação manter em simultâneo: i) independência do controlo da política monetária doméstica, ii) um regime de câmbios fixos e iii) mobilidade internacional de capitais (liberdade de circulação de capitais). Qualquer par formado com proposições de i), ii) e iii) exige que a terceira seja falsa. Por exemplo, verificando-se ii) e iii), a política monetária independente não terá qualquer eficácia. De facto, neste contexto, uma medida de política monetária expansionista (contraccionista) levará a uma descida (subida) da taxa de juro doméstica, tornando os activos denominados em moeda nacional relativamente menos (mais) atractivos. Dada a liberdade de circulação internacional de capitais, haverá uma diminuição (aumento) das entradas líquidas de capitais, um aumento da oferta (procura) de moeda nacional no mercado cambial e, consequentemente, uma pressão para a sua depreciação (apreciação). Uma vez que num regime de câmbios fixos o Banco Central está comprometido com um objectivo para a taxa de câmbio, aquele intervirá no mercado cambial para defender a paridade, comprando (vendendo) moeda nacional em troca de divisas. Tal levará a uma redução (expansão) da massa monetária, que só terminará quando o efeito inicial da política monetária tiver sido anulado. Para o caso da política expansionista com mobilidade imperfeita de capitais/grande economia, teremos (por maioria de razão, o mesmo se passará 6
7 com mobilidade perfeita) (a): efeito da política monetária expansionista e (b):efeito da defesa da paridade. i IS LM0 LM2 (a) LM1 (b) BP = 0 Y Grupo IV (6.5 valores, 48 minutos) 1. (2 valores) A curva da procura agregada (AD) contém o conjunto das combinações de produto real (Y) e nível geral de preços (P), que permitem o equilíbrio simultâneo do mercado de bens e serviços (ou seja, inexistência de investimento involuntário) e dos mercados monetário e de títulos. Determinação da expressão analítica da curva da procura agregada: Equilíbrio no MBS (curva IS): Y = A Y = C + I + G Y = ,6 (Y 0,2Y) i ,52 Y = i i = 176,4 0,026 Y [1] Equilibrio no MM/MT (curva LM): i = ,015 Y 100/P [2] 7
8 Logo: 176,4 0,026 Y = ,015 Y 100/P 0,041 Y = 162, /P Y = 3960, ,024/P [3] A inclinação da curva AD é negativa, traduzindo a necessidade de uma variação de P ser acompanhada por uma variação de sentido contrário de Y, para manter o equilíbrio nos MBS/MM/MT: se P diminui, aumenta a oferta real de moeda, determinando a existência de um excesso de oferta de moeda; a reposição do equilíbrio no MM exige uma descida da taxa de juro, pelo que tenderá a elevar-se a despesa planeada (via aumento do investimento), exigindo um aumento da produção de bens e serviços para manter o equilíbrio neste mercado. 2. (2.5 valores) 2.1. De facto, se os salários nominais forem rígidos à baixa, os ajustamentos de médio-longo prazo não ocorrem automaticamente: a curva AScp mantémse e não há lugar ao processo de deflação que re-equilibraria a economia. Neste contexto, aliás sublinhado por Keynes como argumento para a não verificação de reequilíbrio automático da economia, a única hipótese de ser retomado o pleno emprego passa pela intervenção discricionária do governo, mediante a adopção de uma política expansionista. Uma política orçamental expansionista (por exemplo, através da elevação dos gastos públicos em bens e serviços) gerará neste caso uma subida do nível geral de preços (ao contrário da situação anterior): tal é observável na figura abaixo, onde se nota que o aumento dos gastos públicos provoca a deslocação da curva AD para cima (AD 1 ), com um novo ponto de equilíbrio em E1 (Y=Y N ) Quantificação da medida e dos seus efeitos: 8
9 o A curva AScp mantém-se, pelo que, para Y = Y N : 7500 = /P 2 P = 1,2 o Substituindo Y e P na curva LM (que se mantém), tem-se: i = ,015 * / 1,2 i = 43,1(6) o Para manter o equilíbrio no MBS, Y = A: 7500 = ,6 (7500 0,2*7500) * 43,1(6) + G G = 2515,(3) Em conclusão: o Medida: G = 1235,(3) o Efeitos: Y = 1100 P = 0,2 i = 33,1(6) Graficamente (facultativo): A AS A A 4. (2 valores) Suponha-se que, inicialmente, se verifica uma situação de equilíbrio de longo prazo, com a economia a situar-se no ponto E 0 (Y 0 =Y N ; π 0 =π e ). Admita-se, entretanto, que ocorre um choque temporário negativo na oferta (z=z 0 ) e, para simplificar, que o mesmo se esbate no final deste período. 9
10 Como consequência imediata, a curva SP desloca-se para cima (SP 1 ), em z 0 pontos percentuais de inflação, qualquer que seja o nível de produto real. Como o governo decide dar prioridade à estabilização da inflação (política compensatória), deverá reduzir a taxa de crescimento da procura nominal, o que levará a uma quebra relevante do nível de produto real (ponto E 1 ). Após o primeiro período, passado o choque da oferta, e uma vez que as expectativas quanto à inflação não se alteraram (π manteve-se), a curva SP volta imediatamente à original e a economia pode voltar muito rapidamente ao ponto de equilíbrio de longo prazo: o Basta que, no primeiro período a seguir ao choque, a taxa de crescimento da procura nominal seja mais elevada que inicialmente, e a partir daí voltar à taxa de crescimento da procura nominal inicial; o Se tal não ocorrer, haverá um processo de ajustamento mais demorado, com um período temporal mais alargado de recessão. Graficamente (facultativo): P z=z 0 ) SP 1 (π=π e ; SP 0 (π=π e ; z=0) Y N Y FIM 10
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