MACROECONOMIA I. Licenciatura em Economia 2006/2007 TÓPICOS DE RESOLUÇÃO Exame Época Especial - 11 Setembro Normas e Indicações: Bom trabalho!

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1 MACROECONOMIA I LEC201 Licenciatura em Economia 2006/2007 TÓPICOS DE RESOLUÇÃO Exame Época Especial - 11 Setembro 2007 Normas e Indicações: A prova tem a duração de 2 horas e 45 minutos (antecedida de 15 minutos para leitura do enunciado). Não é permitida a consulta de elementos de estudo, colegas ou professores. A prova é constituída por 4 grupos de questões com as seguintes cotações e tempos indicativos de resposta: o Grupo (I): 2.5 valores; 20 minutos; o Grupo (II): 4.5 valores; 37.5 minutos; o Grupo (III): 7 valores; 57.5 minutos. o Grupo (IV): 6 valores 50 minutos. Responda a cada Grupo numa folha separada. Não é permitida a saída da sala durante a prova. Nos 5 minutos finais da prova certifique-se que colocou a sua identificação nas folhas de resposta. No final do tempo da prova pare de escrever e mantenha-se sentado no seu lugar, até as folhas de resposta estarem recolhidas e os docentes darem autorização de saída. Bom trabalho! 1

2 GRUPO I (2.5 valores; 20 minutos) 1. Definição de Produto Interno Bruto (PIB): medida oficial do produto total de uma economia. Corresponde à agregação do valor de mercado dos bens e serviços finais criados (produzidos de novo) num território durante um determinado período de tempo. A partir desta definição, podemos apontar questões importantes de natureza conceptual e teórica que se colocam na Contabilidade Nacional. Devem ser apresentadas e discutidas duas dessas questões. Exemplos: - A agregação do valor de mercado; - A necessidade de evitar a dupla contagem; - A necessidade de delimitação espacial e de delimitação temporal; - Lacunas e erros (e.g. associados à escassez de fontes, erros de medida e à existência de economia informal) Apresentação dos conceitos relevantes: - Pico ponto mais alto de um ciclo económico; - Cava ponto mais baixo de um ciclo económico; - Expansão intervalo do ciclo que decorre entre a cava e o pico; - Recessão intervalo do ciclo que decorre entre o pico e a cava; - Ciclo económico flutuações do produto face à tendência do PIB, correspondendo a movimentos transitórios mas recorrentes. O ciclo económico corresponde ao intervalo entre dois picos (de pico a pico) ou entre duas cavas (de cava a cava). Na figura em análise são identificáveis 2 ciclos económicos. GRUPO II (4.5 valores; 37.5 minutos) 1. Óptica do Produto: Soma do valor dos bens finais produzidos no período. O Valor Acrescentado Bruto associado à actividade da TrigoLimpo S.A. é igual a O VAB da FarinhaAmparo S.A. é igual a = O VAB da PãodeForma S.A. é igual a = O Produto é igual a Óptica do Rendimento: Soma dos rendimento dos agentes económicos (salários, rendas, juros e lucros). Os rendimentos do trabalho (salários) totalizam As rendas totalizam Os lucros totalizam = O Rendimento é igual a

3 Óptica da Despesa: Soma das despesas efectuadas pelos utilizadores do produto. As exportações da TrigoLimpo S.A. são iguais a As vendas da PãodeForma S.A. são iguais a Existe um total de 7000 de investimento, ao qual se abate 7000 via importações A Despesa é igual a Dado que não existem fluxos de transferências nem de rendimentos, o rendimento disponível bruto da nação coincide com o PIB ( u.m.) A poupança bruta da nação é igual à diferença entre o produto e o consumo: = A capacidade/necessidade de financiamento da nação é igual à diferença entre a poupança bruta da nação e o investimento: = Débito Crédito Saldo (1) Balança de Bens e Serviços Mercadorias (Balança Comercial) Serviços - Transportes, viagens e turismo, e outros serviços. (2) Balança de Rendimentos De Trabalho De Investimento (3) Transferências Correntes Públicas Privadas (4 ) Balança Corrente = (1)+(2)+(3) (5) Transferências de Capital Públicas Privadas (6) Aquisição de Activos não Produzidos não Financeiros (7) Balança de Capital = (5)+(6) (8) Investimento Directo de Portugal no exterior do exterior em Portugal (9) Investimento de Carteira de Portugal no exterior do exterior em portugal (10) Outro Investimento 5000 ($) 7000 ($) 2000 ($) Sectores Residentes Não Monetários (Empréstimos financeiros, créditos comerciais, reembolsos, depósitos) Autoridades Monetárias Instituições Financeiras Monetárias (Bancos) 5000 ($) 7000 ($) 2000 ($) (11) Derivados Financeiros (12) Activos de Reserva Activos Cambiais Direitos de Saque Especiais Posição de Reserva no FMI Ouro Monetário (13) Balança Financeira = (8)+(9)+(10)+(11)+(12) 5000 ($) 7000 ($) 2000 ($) 3

4 GRUPO III (7 valores; 57.5 minutos) 1. a) Y=5000 IS: Y= (Y *Y+350) i Y Como Y=5000 i = 10 LM: M/2= * i M=5000 Do equilíbrio no mercado de B&S (IS) retiramos que 0.4Y = A 20i 0.4 Y = A 20 i Do equilíbrio no mercado monetário retiramos que (com M e L constantes): i = 0. 02Y Substituindo na expressão anterior vem 0.4Y = A 20*0.02 Y 0.8 Y = A Y = A Mantendo constantes todas as componentes da procura autónoma à excepção dos gastos públicos retiramos que o multiplicador desta variável é de b) Sim. O multiplicador dos gastos é superior ao das tranferências para os particulares devido à fuga do multiplicador para poupança. Ou seja, enquanto que o aumento dos gastos gera um aumento da procura autónoma no mesmo montante, um aumento das transferências gera um aumento da procura autónoma inferior já que uma parte do aumento de R vai para poupança (quando as famílias recebem a transferência poupam uma parte fuga ao efeito de multiplicador). 2. Para manter o investimento constante, a taxa de juro não se pode alterar. Logo, é necessário implementar simultaneamente uma política orçamental e uma política monetária expansionistas. Da alínea anterior retiramos que 0.4 Y = G 20 i. Como Y = 500 ; i = 0, então, G = 200. Do equilíbrio no mercado monetário retiramos que (com i e L constantes) M = Para aumentar Y é necessário levar a cabo uma política expansionista. X - Q inicial =

5 Logo, para equilibrar a balança corrente, com aumento de Y, é necessário uma depreciação real da moeda nacional. Sendo assim, o governo deve optar por uma política monetária expansionista (já que a orçamental implicaria uma apreciação da moeda). Equilíbrio da BP: BP=0 X-Q+K=0 Como após a política X-Q=0 K= i=0 i = 5.25 Equilíbrio no mercado de B&S: Y = C+I+G+X-Q = C+I+G (já que X-Q = 0) Y= Y * Y Y= X-Q= (1/e) -0.2Y=0 e = Equilíbrio no mercado monetário: M/2 = Y-15i M = Não. Política monetária ineficaz em câmbios fixos (Y mantém-se). Política orçamental expansionista (com intervenção do banco central para manter taxa de câmbio constante) gera aumento do produto, mas deterioração da balança corrente. Política orçamental contraccionista (com intervenção do banco central para manter taxa de câmbio constante) gera melhoria da balança comercial, mas diminuição do produto. GRUPO IV (6 valores; 50 minutos) 1. a) Nesta economia a taxa de crescimento da procura agregada era inicialmente (antes do choque) igual a 4, como se depreende da figura. De facto, sabe-se que ˆ xˆ t = Yˆ t - Y t 1 + π t E como é dito que a economia se encontra há vários períodos em equilíbrio de longo prazo no ponto A, então à partida Yˆ t = Y ˆ t 1 = 0 e como se vê pela figura que a taxa de inflação é igual a 4, então: xˆ t = = 4 5

6 Após o choque temos, como é dito, um Gap igual a -2. Então, no curto prazo, a situação da economia é descrita pelas duas equações seguintes: SP: π t = *(-2) DG: xˆ t = π t, dado que o curto prazo é o período do choque ( xˆ t é, portanto, desconhecida) e em que não há tempo para ocorrer uma revisão das expectativas de inflação (que eram e são iguais a 4, como se vê no gráfico). Então SP: π t = 3 DG: xˆ t = 1, 1. b) No período subsequente ao choque a taxa de crescimento da procura agregada (produto nominal) retorna a xˆ t = 4, mas as expectativas de inflação adaptam-se em resposta à flutuação da inflação no período anterior. Atente-se que o coeficiente de adaptação das expectativas é igual a 0.75, pelo que a inflação esperada para cada período é igual a 0.75 vezes a inflação observada no período anterior mais 0.25 vezes a inflação que havia sido prevista para esse período anterior. Então, no período subsequente ao choque, a situação da economia é definida pelas duas equações seguintes: SP: π t = 0.75*3 + (1-0.75)* * Yˆ t DG: 4 = Yˆ t - (-2) + π t, π t = 2.83(3) Yˆ t = -0.83(3) 2. (Gordon, 10 th Edition, Adjustment Loops, pp ) O re-ajustamento da Economia até ao respectivo equilíbrio de longo prazo inclui oscilações cíclicas da taxa de inflação ie períodos em que a inflação ultrapassa o valor de equilíbrio apesar de momentaneamente se situar perto desse valor porque as expectativas de inflação têm uma componente backward-looking (característica essencial das expectativas adaptativas). O overshooting da taxa de inflação ocorre porque a taxa de inflação se aproxima do seu valor de longo prazo antes da inflação esperada convergir com a inflação observada. Os períodos, subsequentes, de inflação acima do valor de equilíbrio de longo prazo reflectem os 6

7 efeitos combinados do ajustamento das expectativas de inflação para cima e da pressão ascendente da procura que faz a inflação ultrapassar a inflação observada sempre que a economia se encontra à direita da curva de Phillips de longo prazo, LP. O simétrico é verdade para os períodos de undershooting. 4. (Gordon, 10 th Edition, 8.2. Real GDP, the Inflation Rate, and the Short-Run Phillips Curve, pp ) A partir do modelo AS-AD, que relaciona o nível geral de preços com o nível de produto real agregado, pode deduzir-se a curva de Phillips, que relaciona a taxa de inflação com o produto real, simulando-se os efeitos dum crescimento contínuo da procura agregada e, portanto, do produto nominal. A curva de Phillips de curto prazo, SP, define-se para uma dada taxa de inflação esperada e é derivada a partir da curva da oferta agregada de curto prazo,sas, e da procura agregada, AD, sob um crescimento contínuo da procura e sob inércia nominal de curto prazo. A SP é ascendente desde logo pelas razões pelas quais a SAS é ascendente, ie pelo facto da produtividade marginal dos factores produtivos variáveis no curto prazo (trabalho) ser decrescente e, portanto, o custo marginal de produção ser crescente, conjugado com o facto do salário nominal ser exógeno no curto prazo. Assim, para que as empresas tenham incentivos a aumentar a sua produção no curto prazo é necessário que o nível geral de preços seja mais elevado por forma a que o salário real diminua e tal compense a diminuição da produtividade marginal do trabalho (aumento do custo marginal). Para além desta razão descrita pelo modelo AS-AD há razões para acreditar que quando o produto aumenta a inflação tende a aumentar pela pressão criada sobre os preços dos produtos incorporados generalizadamente na produção (matérias-primas) bem como por algum aproveitamento do poder de mercado pelas empresas que estejam em concorrência monopolística intensificando a actualização dos preços dos respectivos produtos quando sentem que a procura agregada está mais dinâmica. 7