Arbitragem na Argentina. Uma visão geral _1.docx
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1 Arbitragem na Argentina Uma visão geral _1.docx
2 LEI DE ARBITRAGEM Na Argentina, a legislação processual constitui uma matéria não delegada ao Poder Federal, mas sim reservada às Províncias. Em consequência disso, cada Código Processual provincial contém uma regulação própria para a matéria arbitral. Apesar disso, há um Código de Processo Civil e Comercial da Nação que regula os procedimentos a serem desenvolvidos perante os tribunais federais, assim como os da cidade de Buenos Aires. Nas últimas décadas, muitas províncias aderiram ao mesmo. Alguns aspectos relevantes deste Código em matéria de arbitragem são: Qualquer matéria de Direito privado é suscetível de arbitragem, salvo as relativas à família e a sucessões. O Decreto 677/2001 permite a arbitragem em questões societárias. São reconhecidos os efeitos da arbitragem efetuada por Tribunais estrangeiros, a não ser que existam foros exclusivos ou que se trate de assuntos que não sejam suscetíveis de arbitragem. Distinguem-se três tipos de arbitragem: a arbitragem de Direito, a de equidade e a pericial. A de equidade é o regime legal supletivo, e a pericial é aplicada a matérias que exijam conhecimentos científicos especializados. A subscrição de uma cláusula arbitral não é suficiente; por esse motivo, uma vez surgido o conflito, a mesma deve ser ratificada pelas partes por meio da celebração de um compromisso arbitral. Se alguma das partes se recusar, existe um procedimento específico para obrigá-la a fazê-lo. Na arbitragem de Direito, além do recurso de anulação, a sentença arbitral é suscetível de outros recursos ordinários perante a jurisdição. É permitida a adoção de medidas cautelares pelos árbitros, devendo ser executadas pela força pública. Após várias tentativas frustradas de aprovar uma lei nacional de arbitragem, devido à existência de um clima hostil em relação à mesma, entrou em vigor, em 2015, uma reforma do Código Civil e Comercial da 2
3 República que regula, pela primeira vez com aplicabilidade em todo o território, determinados aspectos da arbitragem. Os mais importantes são: Estabelece a arbitrabilidade de todos os litígios de Direito privado, exceto os relativos ao estado civil, capacitação, Direito de família, Direito de consumo e relações trabalhistas. Define a convenção de arbitragem, exigindo que conste sempre por escrito. Distingue dois tipos de arbitragem: arbitragem de Direito e arbitragem de equidade, sendo a primeira o regime legal supletivo. Permite aos árbitros a adoção de medidas cautelares, sendo, no entanto, sua execução reservada à jurisdição. Regula alguns aspetos do processo arbitral; basicamente, o procedimento para a designação de árbitros, os requisitos que os mesmos devem cumprir, as causas de sua recusa e abstenção, ou seu regime de retribuição. A sentença arbitral é suscetível de recurso de revisão por qualquer das causas de nulidade estabelecidas no próprio Código (ofensa à Lei, à moral, à ordem pública, aos bons costumes, etc.). Em princípio, a norma contida no Código de Processo Civil e Comercial da Nação deverá respeitar a introduzida pelo Código Civil e Comercial da República quando as suas previsões forem incompatíveis. CONVENCÕES INTERNACIONAIS Convenção sobre o Reconhecimento e Execução de Sentenças Arbitrais Estrangeiras ( Convenção de Nova Iorque ). A Argentina ratificou a Convenção em 28 de setembro de Inclui duas ressalvas: é aplicável apenas a sentenças proferidas por outros Estados Contratantes e a relações jurídicas consideradas comerciais por seu direito interno. Convenção Interamericana sobre Arbitragem Comercial Internacional (Convenção do Panamá de 1975). 3
4 Convenção Interamericana sobre Eficácia Extraterritorial das Sentenças e Laudos Arbitrais Estrangeiros (Convenção de Montevidéu de 1979). Protocolo de Cooperação e Assistência Jurisdicional em Matéria Civil, Comercial e Administrativa, assinado entre os países do Mercosul. PROTECÃO DOS INVESTIMENTOS ESTRANGEIROS A Argentina ratificou, através da Lei nº , de 28 de julho de 1994, a Convenção para a Resolução de Diferendos Relativos a Investimentos entre Estados e Nacionais de Outros Estados (Convenção de Washington ou Convenção CIADI). A partir da década de 90, assinou vários Acordos Bilaterais de Proteção Recíproca de Investimentos (APRI): Argélia, Índia, Nova Zelândia, Tailândia, Filipinas, Guatemala, África do Sul, Nicarágua, Rússia, Costa Rica, El Salvador, República Tcheca, Lituânia, Panamá, México, Marrocos, Indonésia, Cuba, Vietnã, Israel, Austrália, Coreia do Sul, Ucrânia, Peru, Malásia, Finlândia, Portugal, Croácia, Jamaica, Venezuela, Equador, Romênia, Bolívia, Senegal, Bulgária, Armênia, Tunísia, Dinamarca, Turquia, Hungria, China, Áustria, Egito, Países Baixos, Reino Unido, Bélgica, Luxemburgo, Canadá, EUA, Itália, Suécia, Espanha, Alemanha, Suíça, Polônia e Chile. Salvo algumas exceções (como a que afeta a Espanha), se o litígio não puder ser dirimido amigavelmente no prazo de seis meses após seu início, o investidor poderá optar entre recorrer à jurisdição da Parte Contratante envolvida no litígio ou à arbitragem internacional, junto do CIADI ou da Comissão das Nações Unidas para o Direito Comercial Internacional (CNUDMI). Uma vez tomada, a decisão será irrevogável. Nos casos excepcionais, a arbitragem só cabe se os Tribunais argentinos não tomam uma decisão sobre o fundamento do litígio no prazo de dezoito meses após o início do processo, ou quando as partes assim o tenham acordado. O litígio é resolvido, atendendo: (i) ao disposto no APRI, (ii) ao Direito da Alta Parte Contratante (Direito Argentino) envolvida na litis, (iii) aos termos de eventuais acordos particulares concluídos em relação ao investimento, (iv) assim como aos princípios do Direito Internacional sobre a matéria. 4
5 De qualquer modo, a sentença arbitral é obrigatória e deve ser executada de acordo com a legislação interna, sem necessidade de Exequátur prévio. Quando estabelecido pelo APRI, cabem contra a sentença arbitral os recursos extraordinários de revisão e anulação. Apesar disso, o Supremo Tribunal de Justiça da Nação considera que os referidos recursos cabem contra qualquer sentença arbitral, mesmo que isso não esteja expressamente estabelecido. A Argentina é o país mais demandado perante o CIADI, concentrando 40% das reclamações pendentes no mesmo. O país possui uma Lei Geral sobre Investimentos Estrangeiros, a Lei , embora não regule questões referentes aos direitos dos investidores, lei aplicável, jurisdição, etc. RECONHECIMENTO E EXECUÇÃO DE SENTENÇAS ARBITRAIS ESTRANGEIRAS Na falta de um instrumento internacional, o Código Processual submete os laudos arbitrais estrangeiros à obtenção prévia do Exequátur (artigos 517 e seguintes). O órgão competente para conhecer, tanto da execução como do Exequátur, é o Juiz de Direito do lugar em que a execução tenha de ser efetuada. Causas para a recusa da homologação da sentença arbitral estrangeira: Não ter ainda passado por uma autoridade judiciária (falta de trânsito em julgado). Ter sido proferida por um órgão não competente, segundo as normas argentinas de jurisdição internacional. Não ser consequência de uma ação pessoal ou real sobre um bem móvel transferido para fora da República. Ter sido proferida em matéria não arbitrável. A parte ré não ter sido citada pessoalmente ou seu direito de defesa não ter sido garantido. 5
6 Não reunir os requisitos necessários para ser considerada como tal no local em que foi proferida, nem as condições de autenticidade exigidas pela lei nacional. Ofender os princípios de ordem pública do direito argentino. Ser incompatível com uma sentença ou laudo arbitral proferido, antes ou concomitantemente, por um tribunal argentino. Tendo sido obtida a homologação, a sentença arbitral é suscetível de ser executada na República Argentina. PRINCIPAIS INSTITUIÇÕES ARBITRAIS Tribunal de Arbitragem Geral da Bolsa de Comércio de Buenos Aires. Tribunal de Arbitragem da Bolsa de Comércio de Rosário. Câmara Arbitral da Bolsa de Cereais. Câmara Arbitral da Ordem dos Advogados da Cidade de Buenos Aires. Câmara Arbitral da Ordem dos Notários. Centro Empresarial de Mediação e Arbitragem. Centro de Mediação e Arbitragem Comercial da Câmara Argentina de Comércio. 6
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