Direitos autorais e internet: a propagação de conteúdo via redes sociais 1

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1 Direitos autorais e internet: a propagação de conteúdo via redes sociais 1 Ingrid Pereira de Assis 2 Caíque Gusmão Andrade Canário 3 Resumo: Objetivando entender de que forma os veículos de comunicação estão fazendo uso de propriedades intelectuais que viralizam na internet, observaram-se três páginas mantidas no Facebook por grandes veículos de comunicação locais. A ideia é que a partir desta observação se possa perceber se está havendo a preocupação em respeitar a autoria de determinado produto, seja foto ou vídeo, ou seja, como está sendo feito o uso de propriedade intelectual viralizada nas redes sociais. Palavras-chave: Internet. Redes Sociais. Propriedade intelectual. Abstract: To understand how the media outlets are making use of intellectual property that are widespread on the internet, three pages maintained on Facebook by large vehicles of local communication were observed. The idea is that from this observation was possible to see if there is a concern with respect to a product authored, either photo or video. Keywords: Internet. Social media. Intelectual property. Resumen: Com el fin de entender de qué forma los vehículos de comunicación están haciendo el uso de la propiedad intelectual que se han generalizado en la internet, se aconpañaron tres paginas mantenidas en Facebook por los principales medios de comunicación local. La idea es que a partir de esta observación se pueda notar si hay una preocupación en respetar la autoria de determinado producto escrito, foto o vídeo. Palabra-Clave: Internet. Redes Sociales. Propiedad Intelectual 1 Artigo enviado na modalidade Paper para o Simpósio Internacional de Tecnologia e Narrativas Digitais. 2 Graduada em Comunicação Social, habilitação em Jornalismo; mestre em Ciências Sociais; e professora pesquisadora da Universidade Ceuma. ingrid.p.assis@hotmail.com. 3 Estudante de Comunicação Social, habilitação Publicidade e Propaganda da Universidade Ceuma. cgusmaoac@hotmail.com.

2 1 INTRODUÇÃO Tofler 4 divide a evolução da humanidade no que ele chama de Três Ondas, a Primeira Onda tem seu início quando a espécie humana deixou de ser nômade e passou a cultivar sua terra e dividi-la em lotes. A terra passou então a ser o instrumento de poder e riqueza da época. A Segunda Onda iniciou com a Revolução Industrial e teve seu ápice com a Segunda Guerra Mundial, quando a reprodução em massa se instaura como novo modelo de mercado. A nova forma de riqueza passa a ser um combinado de propriedade, trabalho e capital. A Terceira Onda é a chamada Era da Informação que se mostrou, ainda modesta, já na época da Segunda Onda, onde os meios de comunicação como cinema, rádio e TV ganharam força. Mas só com o surgimento da tecnologia digital, culminando na criação da internet, é que há a consolidação da Terceira Onda. Isto ocorre pela inclusão de dois elementos: a velocidade, cada vez maior na transmissão de informação, e a origem descentralizada desta. A Internet é criada durante a Guerra Fria nos anos 60, pelos Estados Unidos, com o nome de Arpanet, utilizada para fins militares, com o objetivo de guardar informações por meio de um sistema interligado de computadores. Desta forma, caso uma determinada base fosse destruída, a informação que ali havia não se perdia e podia ser resgatada de outra base de modo remoto. Mas o grande divisor de águas se deu em 1987, quando a tecnologia, passa a ser utilizada para fins comerciais, passando-se a denominar Internet. Desde a sua comercialização doméstica, a internet vem modificando o modo de se comunicar. A virtualidade permitiu expandir o alcance de conteúdo com uma rapidez nunca antes vista. A viralização de conteúdo se tornou uma realidade. E este conteúdo já não é mais controlado pelos conglomerados de comunicação. A comunicação um para todos passa a ser todos para todos, conforme aponta Pierre Levy: 4 Apoud Pinheiro, p. 51 (2013). O correio e o telefone desenham um esquema em rede, ponto a ponto, um para um, no qual, ao contrário da irradiação de mídia, as mensagens podem ser endereçadas com precisão e sobretudo trocadas, com reciprocidade. Mas, em oposição ao dispositivo estelar, o esquema em rede não cria comunidade, ou público, pois a partilha de um contexto em grande 2

3 escala é, no caso, muito difícil. O ciberespaço combina as vantagens dos dois sistemas anteriores. De fato, permite, ao mesmo tempo, a reciprocidade na comunicação e a partilha de um contexto. Trata-se de comunicação conforme um dispositivo todos para todos. (p. 44, 1998) O canadense Marshall McLuhan já havia teorizado sobre o surgimento de uma Aldeia Global, formada de uma nova sociedade, uma sociedade eminentemente visual, na qual o cinema e a TV desempenham o papel principal de difusão de informação, deixando para trás a sociedade da palavra escrita, que surgiu com a imprensa e o advento da invenção de Gutemberg no século XV. O conceito de McLuhan para Aldeia Global, levava em consideração uma quantidade cada vez maior de pessoas utilizando uma mesma plataforma de informação. Hoje, chama-se esta plataforma de Internet. No sistema WWW 5, qualquer pessoa pode produzir qualquer conteúdo, com o simples uso de um celular. Este conteúdo pode ser compartilhado na internet, via redes sociais, e pode, ou não, vir a viralizar. A viralização de conteúdo produzido por pessoas comuns, e não comunicadores profissionais, tem mudado, inclusive, a produção profissional de conteúdo. Um exemplo disto é o tão difundido caso sobre a polêmica da cor do vestido 6, que ganhou espaço na grade de pautas do jornal televisivo de maior audiência do Brasil, o Jornal Nacional, com direito, inclusive, a comentários entre os apresentadores William Bonner e Renata Vasconcelos. Em meio a este novo panorama comunicacional, que ainda está sendo desenhado e redesenhado diariamente, um assunto se torna urgente: os direitos autorais de conteúdo amplamente difundido na internet. Neste artigo, o foco será o uso destes conteúdos viralizados por parte dos veículos de comunicação de São Luís, em suas redes sociais. Para isto, foram coletados exemplos de três 5 World Wide Web. 6 Caso referente ao episódio em torno da cor do vestido, no qual algumas pessoas enxergavam dourado e branco e algumas azul e preto, que foi ao ar no dia 27 de fevereiro. 3

4 sites de notícias locais. São eles: portal do jornal O Estado do Maranhão, portal do jornal O Imparcial e o Imirante.com. 2 OBJETIVOS E MÉTODOS O objetivo principal desta pesquisa, que ainda está em andamento, é compreender de que forma os veículos de comunicação estão fazendo uso de propriedades intelectuais que viralizam na internet. E, mais especificamente, esta pesquisa pretende identificar se está havendo a preocupação em respeitar a autoria de determinado produto, seja foto ou vídeo. Além disso, esta pesquisa pretende, por meio do que foi identificado nas três páginas selecionadas, traçar um panorama do uso de propriedade intelectual na rede. Para conseguir estes objetos, foram observadas as páginas mantidas por estes veículos no Facebook, de janeiro deste ano até o mês de setembro. Foram coletadas postagens que se articulem com a discussão a respeito do uso de propriedade intelectual. 3 AS REDES SOCIAIS Em sentido amplo, pode-se dizer que redes sociais são organizações que possibilitam a sociabilidade entre os indivíduos que as compõem. E, embora pareça simples, esta organização se estrutura em certo grau pela partilha de fatores em comum. Segundo Gonçalo Costa Ferreira (p. 213, 2011): Como síntese, podemos afirmar que rede social é uma estrutura social composta por indivíduos, organizações, associações, empresas ou outras entidades sociais, designadas por atores, que estão conectadas por um ou vários tipos de relações que podem ser de amizade, familiares, comerciais, sexuais etc. Nessas relações, os atores sociais desencadeiam os movimentos e fluxos sociais, através dos quais partilham crenças, informação, poder, conhecimento, prestígio etc. Adaptando este conceito de partilha e de sociabilidade ao mundo virtual, surgiram as primeiras redes de relacionamento virtuais, ou redes sociais, no conceito contemporâneo do termo. Criado em 1995, o ClassMates (colegas, em inglês) é considerado o início das redes sociais tais como se conhece atualmente. Esta rede social foi idealizada pelo norte-americano Randy Conrads com o objetivo de reunir amigos da escola e faculdade. Embora fosse um 4

5 serviço pago, fez muito sucesso na época entre usuários, principalmente, nos Estados Unidos e Canadá. Já no ano de 1997, surgiu o Six Degrees, de Andrew Weinreich. Esta rede social permitia o envio de mensagens, publicação em murais e o usuário ainda podia adicionar contatos. Nos anos seguintes foram criadas outras redes sociais que até hoje estão em uso, como, o MySpace (2003), que permite compartilhar músicas e fotos, e o LinkedIn (2003), que reúne contatos profissionais. O engenheiro turco Orkut Büyükkökten criou, em 2004, uma das redes sociais mais populares no Brasil, homônimo ao dono. Neste mesmo ano, surgiu o Facebook, que, atualmente, é a rede social mais popular no mundo, concentrando só no Brasil mais de 67 milhões de usuários. Como o recorte desta pesquisa, concentra postagens nesta rede social, o próximo tópico trará mais informações sobre esta. 4 O FACEBOOK O Facebook foi criado no dia 4 de fevereiro de 2004, por quatro pessoas: Mark Zuckerberg, Chris Hughes, Eduardo Saverin e Dustin Moskovitz. A base inicial foi o Facemash, idealizado por Zuckerberg, em outubro de 2003, cujo objetivo era possibilitar aos estudantes de Harvard onde ele cursava o segundo ano escolher amigos mais atraentes. Aos poucos, a rede social foi sendo aprimorada e a ela foram incorporadas novas funções. No final do ano de 2005, o Facebook possibilitou que os usuários compartilhassem fotos, alem disso, o acesso em todo o mundo foi liberado mas, até então, apenas para estudantes. No ano seguinte, a rede social permitiu que qualquer pessoa pudesse criar uma conta. Já no ano de 2007, o Facebook liberou o compartilhamento de vídeos e, em 2008, criou um chat, além do aplicativo para iphone. Em outubro de 2012, a empresa chegou à marca de 1 bilhão de usuários. E no dia 24 de agosto deste ano, alcançou mais uma marca. Neste dia, 1 em cada 7 pessoas na Terra usaram o Facebook para se conectar com seus amigos e sua família, conforme anunciou o próprio Mark Zuckerberg em sua conta no Facebook. Isto demonstra o quanto esta rede social está cada dia mais presente na vida das pessoas. Não à toa, os veículos de comunicação, sejam sites, ou jornais impressos que estão investindo na migração para o mundo virtual, têm investido fortemente na criação e gerenciando de contas nesta rede social. 5

6 Considerando o número de curtidas 7, a mais expressiva dentre as três que foram selecionadas para esta pesquisa é a página do jornal O Imparcial, com mais de 138 mil curtidas. Ela foi criada no ano de Em segundo lugar em número de curtidas está a página do Imirante, que foi criada no ano de 2010, e, atualmente, tem mais de 133 mil curtidas. Por fim, a página do jornal O Estado do Maranhão, tem pouco mais de 22 mil curtidas e, também, foi criada no ano de PROPRIEDADE INTELECTUAL E DIREITOS AUTORAIS Enquanto Propriedade Intelectual 9 entende-se tanto a Propriedade Industrial, que inclui invenções (patentes), marcas, desenhos industriais e indicações geográficas; quanto a Direito Autoral, que inclui trabalhos artísticos e literários tais como novelas, poemas, jogos e filmes; trabalhos musicais e artísticos, tais como desenhos, pinturas, fotografias e esculturas e; desenhos arquitetônicos. Os Direitos Autorais mediam a relação entre o autor e a propriedade intelectual produzida. Além disso, eles garantem a proteção autoral. A Lei dos Direitos Autorais, nº. 7 As curtidas servem como medidores de popularidade. Os posts com mais curtidas, por exemplo, aparecem em evidência na página inicial do Facebook. Além disso, garantir um bom número de curtidas em uma página, permite que o conteúdo compartilhado ali seja visualizado por um número maior de pessoas. Em suma, ter muitos seguidores nas redes acaba sendo sinônimo de sucesso. 8 Dados coletados no dia 28/09/ O art. 2º da Convenção de Estocolmo de 1967, que estabeleceu a OMPI (Organização Mundial de Propriedade Intelectual), alterada em 1979, define que a expressão Propriedade Intelectual abrange os direitos relativos às invenções em todos os campos da atividade humana, às descobertas científicas, os desenhos e modelos industriais, às marcas industriais, de comercio e de serviço, os nomes e denominações comerciais, à proteção contra a concorrência desleal, às obras literárias, artísticas e científicas, às interpretações dos artistas intérpretes, às execuções dos artistas executantes, aos fonogramas e as emissões de radiodifusão, bem como os demais direitos relativos à atividade intelectual no campo industrial, científico, literário e artístico. 6

7 9.610/ , determina a proteção autoral independentemente do meio em estiver a criação intelectual. Sobre as discussões em torno do tema, Abrão (2003) cita: [...] resultam estes de uma dicotomia: de um lado os chamados direitos morais e do artista e de outro os chamados direitos patrimoniais. Os morais, de natureza pessoal, os mais significativos são os de ter seu nome vinculado à obra, o de ter sua integridade respeitada enquanto o criador da obra, o direito de somente ele modificá-la, seja por meio de adição seja por supressão. Dentre os patrimoniais, os mais relevantes ao presente estudo são os que dizem respeito à adição, à reprodução, a comercialização (captação, difusão, distribuição), enfim, à comunicação pública da obra. (não paginado) Patricia Peck Pinheiro (2013) ressalva em seu livro Direito Digital sobre o nãodireito autoral, compreendido como a ideia pura : O Direito não protege a ideia pura, pois essa proteção se confere em um estágio inicial do pensamento, de forma prematura. Caso houvesse tal proteção, poderia gerar um prejuízo à intenção ou a própria invenção. A ideia é uma constatação de um fato observado com a visão crítica de um observador. No momento que em que se torna implementável, torna-se protegida pelo Direito. (p.141, 2013) Logo, a lei só será aplicada se caso a informação já tenha se elevado do estágio da ideia, do pensamento, para o estágio da aplicabilidade. Sendo assim, fotografias, vídeos e textos que sejam produzidos por alguém, ainda que compartilhado via redes sociais, configura uma propriedade intelectual e, portanto, só poderia ser compartilhado com a devida autorização do autor. No entanto, existem fatores que acabam colaborando para a prática da violação dos direitos autorais na internet, um deles é a ausência de territorialidade, o que torna a difusão da propriedade intelectual de forma equivocada 10 Art. 87 O titular do direito patrimonial sobre uma base de dados terá o direito exclusivo, a respeito da forma de expressão da estrutura da referida base, de autorizar ou proibir: I- sua reprodução total ou parcial, por qualquer meio ou processo; II- sua tradução, adaptação, reordenação ou qualquer outra modificação; III- a distribuição do original ou cópias de base de dados ou a sua comunicação ao público; IV- a reprodução, distribuição ou comunicação ao público dos resultados das operações mencionadas no inciso II deste artigo. (BRASIL, 1998) 7

8 muito mais volátil e de difícil rastreamento do infrator multiplicador. Sobre a multiplicação de conteúdo, Pinheiro afirma que: É importante destacar que o acesso a dados lançados na rede não os torna de domínio público, não outorgando ao usuário o direito de dispor dos mesmos das formas que lhe aprouver. (p.144, 2013) Como já dito, em um ambiente como o ciberespaço 11, os limites geográficos, a localização e a distância acabam sendo conceitos superados. Depois de disseminada e viralizada, não há como ter o controle do alcance de determinada obra. Após o compartilhamento de determinada propriedade intelectual o alcance passa a ser incalculável. Isto acaba por tornar a apuração e coibição de casos de mau uso da propriedade intelectual ainda mais difíceis. Em muitos, o autor nem mesmo chega a tomar conhecimento de que sua obra foi violada. Segundo o Art.49, II da lei n /98 12, se a reprodução for individual e sem fim lucrativo, não é caracterizado como ofensa aos direitos autorais, porém deve-se entender, aqui, neste estudo, que a problemática jurídica não consiste no ato de compartilhamento de informação e conteúdo via internet, mas sim, no fato de que estas informações e conteúdos estão sendo disponibilizadas e multiplicadas sem autorização do autor(es) e de forma gratuita. Apesar dos problemas com o uso não autorizado da Propriedade Intelectual de outrem, existe um outro lado que deve ser abordado neste trabalho, que é o da visibilidade. Na Indústria no Entretenimento, por exemplo, como é o caso dos artistas, a internet passa a ser vista como uma ferramenta Democrática e de Liberdade de Expressão, como define Pinheiro, pois leva ao público, mais fácil e rapidamente, conteúdos que demandariam de muito mais tempo e dinheiro para serem veiculados. Desta forma, a internet atua como benéfica para este nicho. Claro que cada situação será única e alguns artistas podem não querer ter suas obras multiplicadas. 11 Segundo Levy (1998): Definamos o ciberespaço como o meio de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores (p.49). 12 Art.49, II da lei n /98: Não constitui ofensa aos direitos autorais: (...) II- a reprodução, em um só exemplar de pequenos trechos, para uso privado do copista, desde que feita por este, sem intuito de lucro. (BRASIL, 1998) 8

9 6 RESULTADOS E CONCLUSÕES PARCIAIS Com base na observação das páginas alimentadas pelos veículos já mencionados, conseguiu-se mapear a alimentação dos perfis selecionados, mas vale ressaltar que tal pesquisa, portanto, os resultados aqui descritos ainda são preliminares. Na fanpage do jornal O Imparcial, são compartilhados links de notícias postadas no site do veículo. Tais links vêm acompanhados de fotos, que são: feitas pela própria equipe de fotografia do jornal, fotos divulgação de assessorias de comunicação, ou imagens de agências de notícias. Diariamente, a fanpage, também, publica o PDF com a capa do jornal. Em todos estes casos, não á a violação do direito à propriedade intelectual, porque ou ela parte da prática jornalística diária do próprio jornal, ou existe um contrato prévio de compra do material para uso, no caso de o conteúdo ser de uma agência de notícias. A página do jornal O Estado do Maranhão adota conduta semelhante, com o adicional de que a fanpage propões muitas interações com os internautas e, inclusive, promove ações colaborativas. Um exemplo disto é a escolha mensal da foto do leitor. Vários leitores enviam as suas fotos e a melhor é escolhida para estampar a foto de capa da fanpage (conforme imagem abaixo). Nestes casos, perceba que a imagem é devidamente creditada, evitando assim que não seja reconhecido o seu autor. Imagem 1 Foto de capa da fanpage de O Estado do Maranhão. 9

10 Neste segundo caso, também não é percebida a violação dos direitos à propriedade intelectual. As produções intelectuais ou são do próprio jornal, ou de divulgação e agências de notícias. Nos casos de contribuições dos leitores, eles são devidamente creditados além de serem os responsáveis por cederem o material para a rede social do jornal e a foto recebe a etiqueta com a hashtag #LeitorOEstadoMA. Por fim, na fanpage do Imirante foi possível encontrar postagem de materiais que viralizaram na internet, tanto vídeos quanto foto. Mas é preciso fazer uma ressalva, tais materiais não foram utilizados em uma matéria sobre a viralização do conteúdo e usando o link original do mesmo. Na verdade, todos os materiais deste tipo coletados são usados pelo veículo em postagem motivacionais e que tentam estreitar a relação com o internauta. Um exemplo disto é o vídeo da garotinha que ficou famosa por dizer para a mãe e a avó: um, dois, três...deu! Deu por hoje?. A criança em questão é a Emanuelle de Souza Costa, de 2 anos e 10 meses. Em apenas 5 dias foram mais de 6 milhões de visualizações, no Youtube. O Imirante captura este vídeo e o replica em sua página no Facebook, não usando o link original e, sim, fazendo uma postagem completamente nova do material, com uma mensagem desejando uma boa sexta-feira e sem ter qualquer relação aparente com notícias, nem mesmo sobre o próprio vídeo. Mais de 1700 pessoas visualizaram esta mensagem. Imagem 2 Print da postagem na página do Imirante.com 10

11 Outro caso percebido é o uso de material personagens de desenhos, tais como o Homer, dos Simpsons (que pertence a FOX Network), ou o desenho o Pequeno Príncipe da animação que foi lançada nos cinemas este ano, da Paris Filmes. Observem as duas postagens abaixo: Imagem 3 Print da postagem na página do Imirante.com Imagem 4 Print da postagem na página do Imirante.com 11

12 As postagens são sempre de cunho motivacional ou de estreitamento de relação com o internauta, brincando, e sem trazer necessariamente uma notícia que justificaria o uso das imagens pela necessidade de divulgação do desenho ou longa, em prol do interesse público. Vale ressaltar, também, que tais imagens não são creditadas na postagem. E os estúdios responsáveis não são marcados. Neste mesmo formato são feitas postagens com personalidades famosas, tais como Frank Sinatra. Com o uso de personagens e personalidades em mensagens motivacionais a página acaba ganhando muitos seguidores ou fidelizando os já existentes por meio do riso ou do apaziguamento. Futuramente, esta pesquisa pretende ouvir os responsáveis por tais postagens, para compreender porque se faz o uso delas sem os devidos créditos e com finalizada de outra que não é a jornalística. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRÃO, Eliane Yachouh. A Internet e suas inserções no sistema dos direitos autorais Disponível em: Acesso em: 14 set FAMECOS. Porto Alegre, nº 9, dezembro FERREIRA, Gonçalo Costa. Redes Sociais de Informação: uma história e um estudo de caso. In: Pesquisa em Ciência da Informação, v.16, n.3, p , jul./set LEVY, Pierre. A Revolução contemporânea em matéria de comunicação. In: Revista PINHEIRO, Patrícia Peck. Direito Digital. 5.ed, São Paulo: Saraiva,