Comportamento e bem estar de equinos colaboradores utilizados na equoterapia

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1 Comportamento e bem estar de equinos colaboradores utilizados na equoterapia Behavior and well-being of equine workers used in equine therapy Apresentação: Pôster Fabiano Alves dos Santos 1 ; José Antônio da Silva Filho 2 ; Márcia Cristina Carneiro de Brito 3 ; Mariana Ribeiro de Oliveira 4 ; Viviane da Silva Medeiros 5 Introdução DOI: A Equoterapia é um método terapêutico e educacional, que tem a colaboração de cavalos dentro de uma abordagem multidisciplinar e interdisciplinar, nas áreas de educação e saúde, buscando o desenvolvimento biológico, psicológico e social de pessoas com deficiências e/ou necessidades especiais. É um tipo de terapia com cavalos que serve para estimular o desenvolvimento do corpo e da mente. Ela serve de complemento para o tratamento de indivíduos com deficiências ou necessidades especiais. Para que os resultados do tratamento não sejam comprometidos, o cavalo deve ser manso, dócil e bem treinado. A equoterapia alcança ótimos resultados nos pacientes com autismo porque melhora a interação social, a linguagem e a área emocional, que podem ser observados porque a criança aprende a superar alguns medos, melhora a expressão facial e busca fazer amizade com os que estão presente nas sessões. Entretanto, cada criança tem suas necessidades e, por isso, os exercícios podem variar de criança para criança. O objetivo deste trabalho foi descrever o comportamento dos cavalos que colaboram na equoterapia, desenvolvida na Escola Agrícola de Jundiaí, durante as atividades realizadas com os praticantes e nos dias que não tem atividades com as crianças praticantes. 1 1Técnico em Agropecuária, EAJ/UFRN 2 l Técnico em Agropecuária, EAJ/UFRN 3 Técnico em Agropecuária, EAJ/UFRN 4 Técnico em Agropecuária, EAJ/UFRN 5 Doutora em Psicobiologia, EAJ/UFRN, vivianemedeiros.eaj@gmail.com

2 Fundamentação Teórica Quando se diz que um animal humano ou não humano sente, isso significa que este tem a capacidade de sentir conscientemente algo, ou seja, esse indivíduo está consciente do que acontece ao seu redor (MOLENTO, 2006). O cavalo é um animal senciente, e que se presta a participar como auxiliar na recuperação de humanos que tenham algum tipo de dificuldade motora, psicossocial e mental. Assim se reconhece a equoterapia como um método auxiliar terapêutico e educacional que atua com o cavalo dentro de uma abordagem que reúne as áreas de Saúde, Educação e também a Equitação, essa atividade tem como objetivo o desenvolvimento biopsicossocial de indivíduos que apresentam algum tipo de deficiência (SILVA e AGUIAR,2008). A equoterapia alcança ótimos resultados nos pacientes com autismo porque melhora a interação social, a linguagem e a área emocional, que podem ser observados porque a criança aprende a superar alguns medos, melhora a expressão facial e busca fazer amizade com os que estão presente nas sessões. Entretanto, cada criança tem suas necessidades e, por isso, os exercícios podem variar de criança para criança. De acordo com Bender e Guarany (2016), por serem animais extremamente sociáveis, que irão responder a estímulos humanos muito sutis, os cavalos são uma alternativa produtiva de auxílio terapêutico para crianças e adolescentes portadores do transtorno, visto que é no contexto das relações sociais que emergem a linguagem, o desenvolvimento cognitivo, o autoconhecimento e o conhecimento do outro. Metodologia O estudo foi realizado no setor de equídeocultura no mês de junho de 2018, na Escola Agrícola de Jundiaí-EAJ, situada no campus de ciências agrárias da Universidade Federal do rio Grande do Norte-UFRN, localizado no município de Macaíba-RN. O estudo iniciou-se no dia 11 de junho de 2018 e se encerrou no dia 28 do mesmo mês, onde quatro cavalos adultos, todos machos, castrados e sem raça definida que eram identificados por suas pelagens e pelo nome:

3 Dominó de pelagem castanho, Lampião de pelagem rozilho, Major de pelagem tordilho e Massala de pelagem alazão, cada animal foi observado durante 5 horas diárias, tanto no piquete quanto na pista de equoterapia totalizando 15 horas de observação para cada cavalo, os métodos utilizados para observações foram os métodos: focal-instantâneo e o método focal-contínuo. O método focal-instantâneo foi utilizado enquanto os animais estavam soltos no piquete onde a cada um minuto eram realizadas as observações de cada animal, com o intuito de observar o comportamento dos animais entre si e sua interação com o meio. O método focal-contínuo foi utilizado enquanto os animais trabalhavam na pista de equoterapia, com o intuito de observar a interação animal-humano no momento em que os animais realizavam as atividades terapêuticas com as crianças autistas. Resultados e Discussões Quanto à observação realizada no piquete observou-se que o cavalo Dominó apresentou 84,33% do tempo de atividade pastando, mesmo estando em movimento (andando), 8,67% do tempo parado, apenas observando o seu arredor, 3% do tempo realizando grooming, 1% interagindo com o meio, cheirando e socializando com objetos e pessoas próximas, 0,67% relinchando, 1,33% se hidratando, ou seja, bebendo água, 0,67% urinando e 0,33% defecando. Já Lampião apresentou 95,34% do tempo pastando, mesmo estando em movimento (andando), 1% parado, apenas observando o seu arredor, 0,67 realizando grooming, 1,33% relinchando, 1,33% se hidratando e 0,33% defecando. Major apresentou 93% do tempo pastando, mesmo estando em movimento (andando), 1,66% realizando grooming, 0,67% interagindo com o meio, cheirando e socializando com objetos e pessoas próximas, 2% relinchando, 1,33% se hidratando, 0,67% defecando e 0,67% apenas andando. Massala apresentou 90,33% do tempo pastando, mesmo estando em movimento (andando), 2,67% parado apenas observando o seu arredor, 2,67%

4 realizando grooming, 1,66% se hidratando, 0,67% urinando, 0,67% defecando e 1,33% apenas andando. Os cavalos Lampião, Major e Massala ficam o tempo todo próximos um dos outros, realizando suas atividades, enquanto Dominó, permanece o tempo todo longe dos demais. Os gráficos a seguir apresentam os valores percentuais obtidos de cada cavalo através da observação realizada nos piquetes: Durante as realizações das atividades da equoterapia observou-se que os cavalos interagem de formas diferentes uns dos outros. Os quatro cavalos exercem atividades terapêuticas tanto na pista de equoterapia quanto para montaria com as crianças autistas. Três dos quatro cavalos são extremamente dóceis (Lampião, Major e Massala) e apenas um dos quatro (Dominó) apresentou um comportamento mais exaltado, chegando a empanca várias vezes no percurso feito dentro da pista,

5 porém ele é o animal mais utilizado para as atividades terapêuticas, pois é o animal que está realizando as atividades a menos tempo e ainda está em fase de adaptação. Dominó, como já foi falado é o animal mais solicitado para as atividades, ele apresenta um pouco de exaltação ao longo do percurso, empaca várias vezes e demora aproximadamente uns dois minutos para retornar a fazer a atividade e não obedece a comandos vocais e obedece comandos físicos com dificuldade, também foi observado que quando ele realiza a atividade com crianças que já está utilizando ele a mais tempo ele empaca menos. Massala também é um animal bastante solicitado pois está adaptado a fazer essas atividades terapêuticas, por ser um animal que iniciou-se nessas atividades desde o início do projeto em janeiro de 2017, é um animal que obedece muito bem a comandos vocais e físicos, apresenta-se calmo com qualquer criança e é conduzido facilmente pelas próprias crianças sem a ajuda dos colaboradores do projeto. Os cavalos Major e Lampião são mais solicitados para as atividades de montaria que são realizadas fora da pista de equoterapia, onde as crianças ajudam os colaboradores a colocarem a cela e depois montam e fazem uma cavalgada até chegarem no campo, onde é realizado montarias e percursos idealizados pelos colaboradores, eles são utilizados para essas atividades, com crianças recém chegadas no projeto e que tenham um nível de dificuldade maior, pois são cavalos mais dóceis e que dificilmente vão surpreender com reações negativas. Segundo Katharina Metzler (2012), é recomendado que se tenha essa variedade de comportamentos entre os cavalos, pois as pessoas têm necessidades diferentes e, normalmente, um só animal não atende a todas elas. Conclusões Através das observações feitas durante as atividades terapêuticas os cavalos apresentaram comportamentos distintos durante todo o percurso realizado na pista de equoterapia, na hora da montaria dos pacientes os cavalos tencionavam o corpo e colocavam as orelhas para trás indicando sinal de defensiva, após as crianças

6 montarem e começarem o trajeto os cavalos apresentavam sinais de relaxamento e boa intenção, ao se aproximarem de obstáculos apresentam sinais de aborrecimento. Com tudo que foi observado concluímos que os cavalos apresentam um bom comportamento durante as atividades e apresentam uma boa interação animalhumano. Referências BENDER, Daniele Dornelles; GUARANY, Nicole Ruas. Efeito da equoterapia no desempenho funcional de crianças e adolescentes com autismo. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 27, n. 3, p , CINTRA, André Galvão de Campos. O Cavalo: Características, Manejo e Alimentação. São Paulo: Roca, Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Manual de boas práticas de manejo em equideocultura. Secretaria de Mobilidade Social, do Produtor Rural e Cooperativismo. Brasília: MAPA/ACE/CGCS, SILVA, Josefina Pereira; AGUIAR, Oscar Xavier. Equoterapia em crianças com necessidades especiais. Revista Científica Eletrônica de Psicologia, v. 6, n. 11, p. 1-8,