MEMÓRIAS DA FAPSI. Histórias e Relatos de professores, funcionários, ex-professores e exfuncionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas

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1 MEMÓRIAS DA FAPSI Histórias e Relatos de professores, funcionários, ex-professores e exfuncionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas A faculdade de Psicologia começou sua história em 1959, quando a UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MINAS GERAIS criou o Instituto de Psicologia, antecipando-se à regulamentação da profissão que aconteceu em 29 de agosto de Desde seu início muitas histórias e vivências marcaram e marcam o exitoso percurso acadêmico e de formação profissional e porque não, pessoal celebrando a maturidade da entrada nos sessenta anos, a Faculdade vem partilhar essas histórias nesse documento, dividindo com toda a comunidade a história viva presente nos discursos, vivências e experiências dos professores, exprofessores, funcionários e ex-funcionários. Tais discursos revelam, através da sensibilidade de cada relato, os atravessamentos afetivos, políticos, éticos, teórico-práticos e sobretudo humanos, contidos no fazer formativo do Psicólogo e Psicóloga da Faculdade de Psicologia da PUC Minas.

2 MEMÓRIAS DA FAPSI Histórias e Relatos de professores, funcionários, ex-professores e exfuncionários da Faculdade de Psicologia da PUC Minas O professor Sibélius conta, em um formato de entrevista, um pouco da sua trajetória como docente na PUC Minas campus Poços de Caldas. 1 - Gostaríamos, em primeiro lugar, que comentasse um pouco a respeito do início de sua trajetória na PUC. Por que escolheu esta Universidade? A PUC Minas chegou a Poços de Caldas em 1997, já nesse momento eu dava aulas nos cursos de Filosofia e Letras da antiga Autarquia Municipal de Ensino, cujas ações foram absorvidas pela PUC Minas. Entrei efetivamente para a PUC por meio de provimento externo em 1999, atuando inicialmente na área de Linguagem do curso de pedagogia. Tendo uma formação na área teológica também, com forte ênfase em humanidades, logo fui sendo inserido pela própria instituição, na área de Filosofia. No campus de Poços de Caldas, desde o início de sua formação, constituiu-se um núcleo denominado Núcleo de Ciências Humanas que faz a gestão/mediação das disciplinas de Filosofia, Cultura Religiosa e também de Antropologia e Sociologia, nos diferentes cursos. Desde o início me integrei a este núcleo. Inicialmente tive inserção maior neste núcleo e no curso de pedagogia. Quando da proposta de criação do curso de psicologia, desde o começo me integrei ao primeiro grupo de fundação do curso. Integrei o primeiro colegiado do curso como membro externo, função que ainda ocupo no momento, ao todo acumulando a experiência de três colegiados (num total de quatro). Além desta função de cogestão no colegiado, minha inserção no curso de psicologia, especificamente na docência, tem sido na área de Linguagem e na de Educação, esta última uma das ênfases da formação proposta pelo curso. Indentifico-me plenamente com a Universidade, sua filosofia e proposta de trabalho e, igualmente, me sinto muito em

3 casa no curso de psicologia que tem me acolhido de forma generosa, assim como os demais cursos. 2 - Quais as lembranças mais marcantes de sua trajetória na PUC Minas? Já são quase vinte anos. E, como reflito com os alunos em sala de aula, nossas trajetórias escolares estão entrelaçadas com nossas trajetórias de vida. Nesse tempo vi meus filhos crescerem e saírem para estudar e, nesse tempo, consolidei na instituição minha identidade como educador. Transitando por muitos cursos, muitas disciplinas, muitos projetos e ações, turmas variadas e heterogêneas. A rica convivência com os colegas professores. São muitas as lembranças. Especificamente da psicologia lembro da primeira turma e da primeira pequena sala de coordenação. Nesta pequena e única sala o projeto nascia e os sonhos eram tecidos. Mais do que uma lembrança ou outra, a lembrança marcante mesmo é de ter participado da implantação do curso, as turmas chegando, os períodos sendo implantados, os projetos pedagógicos revisados, a construção da clínica-escola. Enfim, ter e ainda estar participando desta empreitada. Para além dos aspectos institucionais, as lembranças mais marcantes são aquelas associadas aos próprios alunos, quando um texto proposto ou uma certa aula mais feliz provocou alguma mudança mais significativa na trajetória de um ou outro aluno. Alguns desses alunos às vezes nos dão o privilégio de compartilhar tais experiências, é uma dádiva. 3 - Houve dificuldades no percurso profissional? Surpresas? Como eu vinha de uma experiência de docência no ensino fundamental e médio, posso dizer que não tive nenhuma dificuldade do ponto de vista docente, do ofício de ensinar (e aprender). Uma experiência mais positiva com uma turma aqui, às vezes uma dificuldade maior com outra turma ali. Embora a vida de quem vive entre livros nunca seja monótona, como em toda profissão, há o desafio permanente de superar os riscos da rotina.

4 A relação professor-aluno exposta quase diariamente a um contato direto corre o risco de se desgastar rapidamente, é preciso uma sabedoria e mesmo uma leveza para manter o processo educativo num nível agradável e produtivo. 4 - Qual o papel exercido pela Universidade em sua vida? Eu diria que, depois do espaços da família e da comunidade religiosa, a universidade é o espaço que mais me absorve e no qual me sinto mais inserido. Seu papel é pleno, tanto em termos do tempo efetivo que passo aqui dentro como em relação ao sentido que ela ocupa em meu percurso profissional e mesmo existencial. 5 - Atualmente, qual sua percepção da realidade institucional? Como definiria a Universidade hoje? O cenário nacional e o contexto social são difíceis, e isto tem impactado de maneira incontornável a universidade e os cursos. O trabalho, entre a busca da eficiência e os desafios do processo, vai se validando passo a passo, não é fácil. Os Diante de um probema, ao invés de contorná-lo, é preciso enfrentá-lo de peito aberto, com a coragem que a experiência do viver exige. instrumentos de avaliação e qualificação foram sendo aprimorados. O segmento educacional das universidades se vê constringido entre o compromisso de uma formação qualificada e as exigências de um mercado apressado, isso não é fácil. Não sei se as novas gerações têm chegado à universidade com uma base escolar deficitária ou se são mudanças de paradigmas geracionais que nós professores às vezes demoramos a perceber. Os desafios são muitos: pedagógicos, relacionais, institucionais, contextuais e tantos mais. Mas como aconselhava Paul Ricoeur, um filósofo que é uma das minhas maiores referências, diante de um probema, ao

5 invés de contorná-lo, é preciso enfrentá-lo de peito aberto, com a coragem que a experiência do viver exige. Sibelius Cefas Pereira Novembro de 2015