RESUMO. Palavras-chave: Obesidade. Treinamento físico. Dieta hiperlipídica INTRODUÇÃO

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1 EXISTE UM SET POINT PARA O CONTROLE ENERGÉTICO? UM ESTUDO DAS RELAÇÕES ENTRE TREINAMENTO FÍSICO, DIETA HIPERLIPÍDICA E HOMEOSTASE THERE IS A SET POINT FOR ENERGY CONTROL? A STUDY OF THE RELATIONSHIP BETWEEN PHYSICAL TRAINING, HIGH FAT DIET AND HOMEOSTASIS Caio César Gonçalves Usmari caio_usmari@hotmail.com Kelvin Anequini Santos Vinicius Farias dos Santos Kakazu Graduandos em Fisioterapia Unisalesiano Lins Lucas Jordão Laboratório de Anatomia Unisalesiano Lins Prof. Esp. Osvaldo Tadeu da Silva Junior Unisalesiano Lins RESUMO A obesidade é um quadro patológico cuja incidência e prevalência têm aumentado de forma crescente e alarmado as organizações de saúde no mundo todo. As comorbidades relacionadas à obesidade como resistência á insulina e diabetes, hipertensão e cardiopatias, depressão, câncer e complicações articulares tornam o quadro ainda mais complexo e perigoso. Para a prevenção e tratamento da obesidade são recomendados diversas ações profiláticas e terapêuticas de ordem nutricional, farmacológica, psicológica, cirúrgica sendo uma pedra angular em todos os casos a prescrição de atividade física. Todavia, os estudos que investigaram as os efeitos da AF em indivíduos obesos apresentam resultados contrastantes e recentemente foi apontado um fator importante que intermedeia esta relação denominado set point. Em teoria, esta resposta seria fundamental na manutenção da homeostase energética, alterando a ingestão alimentar de forma proporcional ao gasto energético. Ainda nesta teoria, não havendo alteração da ingestão calórica, o acúmulo de atividade física seria sempre igual de forma que indivíduos submetidos ao treinamento físico reduziriam a atividade física voluntária e espontânea. Tal ação seria um ponto importante que prejudicaria o tratamento da obesidade, dificultando a redução de massa corporal. O presente estudo tem por objetivo investigar os efeitos da ingestão de dieta hiperlipídica (HP) e do treinamento físico na ingestão alimentar e massa corporal de ratos wistar. Para isso, 28 ratos serão distribuídos em 4 grupos: controle, treinado, dieta HP e treinado dieta HP. O presente estudo demonstrou que a dieta hiperlipídica administrada em curto prazo (4 semanas) reduz a ingestão alimentar de ratos mantidos em ambiente enriquecido e o treinamento físico foi pode ser capaz de aumentar esta ingestão. A massa corporal, porém, não sofreu alterações significativas demonstrando, reforçando a teoria do set point. Palavras-chave: Obesidade. Treinamento físico. Dieta hiperlipídica INTRODUÇÃO A obesidade é tema de interesse da comunidade científica, tendo em vista o Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 748

2 grande crescimento da sua prevalência na sociedade contemporânea. Nesse contexto, as investigações que levam a descobrir quem controla a disposição para atividade física no organismo ganham relevância, pois permitem a compreender melhor a interação entre fatores ambientais e genéticos na motivação para a AF. Além disso, acredita-se que haja um set point que limita o gasto energético em nosso organismo (WILKIN et al., 2006; ROWLAND, 1998). Tal set point seria controlado pelo sistema nervoso central (grande influência do hipotálamo) para manutenção da homeostase energética, mantendo as condições de ingestão e gasto energéticos em equilíbrio, evitando reduções bruscas na energia corporal (MULLER et al., 2010). Várias substâncias produzidas pelo organismo poderiam contribuir para as trocas de informações entre a periferia e o SNC, incluindo hormônios como a leptina, cuja produção é aumentada em situação de déficit de energia e a grelina, aumentada em situação de ingestão energética. A proposta deste estudo é investigar se animais mantidos em ambiente enriquecido submetidos ao treinamento físico têm alterações no fatores relacionados ao set point. A hipótese de aumento da ingestão calórica, redução na leptina sérica e redução na massa corporal pequena ou inexistente em animais com maior gasto energético (treinados) confirmariam a presença de um set point que regularia a homeostase energética. OBJETIVOS Este estudo tem por objetivo investigar se existe um set point que controla a ingestão alimentar e a massa corporal em ratos wistar METODOLOGIA Para desenvolver este estudo, ratos da linhagem Wistar (Rattus Norvegicus Albinus Wistar) com idade em torno de 3 meses foram mantidos em gaiolas coletivas, a temperatura controlada por ar condicionado de 25 ± 1º C e em ciclo claro/escuro de 12/12 horas, com livre acesso a água e ao alimento. O experimento seguiu as recomendações das Resoluções Brasileiras de Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 749

3 Bioética de Experimentos com Animais (lei federal nº , de 08 de outubro de 2008, Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal CONCEA). O presente trabalho foi submetido e aprovado pelo comitê de ética em experimentação animal do Unisalesiano. Os animais foram distribuídos aleatoriamente nos seguintes grupos: Controle (C) animais mantidos em gaiola enriquecida não submetidos ao treinamento físico Treinado (T) animais mantidos em gaiola enriquecida não submetidos ao treinamento físico Dieta HP (HP) animais alimentados com dieta hiperlipídica não submetidos ao treinamento físico Dieta HP treinados (HPT) animais alimentados com dieta hiperlipídica e submetidos ao treinamento físico Ambiente enriquecido e controle da atividade voluntária A gaiola enriquecida (GE) é um ambiente onde são inseridos objetos para estimular os diversos repertórios dos animais. No laboratório do Unisalesiano, a gaiola enriquecida tem 1,5m x 50cm x 35cm e tem como objetos inanimados túneis, brinquedos coloridos e a roda de atividade (figura 1). A roda de atividade tem 20cm de diâmetro e está acoplado em uma base com um pilar (figura 2) onde está acoplado um ciclocomputador digital para o controle do número e velocidade das voltas. A figura 3 apresenta os túneis e brinquedos inseridos na gaiola enriquecida. Estes brinquedos são trocados semanalmente com o intuito de manter a intensidade dos estímulos. As figuras 3 e 4 também apresentam as vasilhas para ingestão alimentar e hídrica dos animais, adaptados para permitir o controle dentro da gaiola. Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 750

4 Figura 1. Vista superior da gaiola enriquecida Figura 2. Roda de atividades Figura 3. Os túneis e brinquedos inseridos na gaiola, bem como o recipiente com ração. Figura 4. O recipiente para água adaptado para promover o controle da ingestão hídrica Fonte: Elaboradas pelos autores, Protocolo de treinamento Após os animais serem submetidos à adaptação ao meio líquido, adaptação à natação e ao treinamento físico, será iniciado o protocolo de treinamento que consistirá de oito semanas de treinamento realizadas em tanque de natação contendo água numa profundidade de 40cm, de tal forma que os animais não possam apoiar a cauda no fundo do tanque e com temperatura da água mantida em 31 1º C. A intensidade das sessões e a carga total da semana serão baseadas no protocolo desenvolvido por Santos e Mello (2011). Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 751

5 Análise estatística Após o teste de normalidade, os resultados serão analisados estatisticamente utilizando o teste ANOVA e posthoc de Bonferroni através do software SPSS. RESULTADOS PRELIMINARES O presente estudo investigou os efeitos da dieta hiperlipídica e do treinamento físico nos aspectos ingestão alimentar e atividade voluntária na roda, para investigar o controle energético destes animais. Na tabela 1 pode ser observado que a dieta hiperlipídica reduziu a ingestão total dos animais não treinados, fato esperado por um controle calórico desta ingestão, realizada pelos mamíferos. Os animais treinados que receberam a dieta hiperlipídica apresentaram sutil aumento na ingestão alimentar, havendo tendência (p>0,07) a aumento nos valores deste parâmetro. Com relação à massa corporal, até esta fase do estudo não foram observadas diferenças significativas entre os animais estudados. A indução da obesidade em animais que recebem dieta hiperlipídica normalmente necessita de cerca de 16 semanas. A continuação deste estudo poderá trazer outros resultados neste parâmetro. Tabela 1: Média da massa corporal (g) e ingestão alimentar (g/rato) dos animais dos grupos gaiola enriquecida (C), gaiola enriquecida dieta hiperlipídica (HP), e gaiola enriquecida treinado (T) e gaiola enriquecida dieta hiperlipídica treinado (HPT) ao longo do período experimental (4 semanas) Semanas C T HP HPT Grupos Ingestão alimentar 27,8±2 29,5±2,5 14,2±0,6 ª,b 15,2±1,7 (g/rato) Massa corporal (g) 390,6±18,2 381,8±13 375,2±15,2 373,8±15 Teste ANOVA p<0,05 n=8 ratos/ grupo Fonte: Elaborada pelos autores, O presente estudo demonstrou que a dieta hiperlipídica administrada em curto prazo (4 semanas) reduz a ingestão alimentar de ratos mantidos em ambiente enriquecido e o treinamento físico foi pode ser capaz de aumentar esta ingestão. A Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 752

6 massa corporal, porém, não sofreu alterações significativas demonstrando, reforçando a teoria do set point. REFERÊNCIAS GARLAND, T. et al. The biological control of voluntary exercise, spontaneous physical activity and daily energy expenditure in relation to obesity: human and rodent perspectives. The Journal of experimental biology, (2011): GOBATTO, C. A.; MELLO, M. A. R.; SIBUYA, C. Y.; AZEVEDO, J. R. M.; SANTOS, L. A.; KOKUBUN, E. Maximal lactate steady state in rats submitted to swimming exercise. Comp Biochem Physiol, 130A:21-7, GOMERSALL, S. R.; ROWLANDS, A. V.; ENGLISH, C.; MAHER, C.; OLDS, T. S. The ActivityStat hypothesis: the concept, the evidence and the methodologies. Sports Med. 2013, Feb; n. 43, v.2, p GOODMAN, R. L.; MACKETT, J. P. Activity compensation and activity synergy in British 8-13 year olds. Prev Med., 2013 Feb;43(2): Müller, Manfred J., Anja Bosy-Westphal, and Steven B. Heymsfield. Is there evidence for a set point that regulates human body weight? F1000 medicine reports. 2 (2010). ROWLAND, T. W. The biological basis of physical activity. Med Sci Sports Exerc, 1998;30: WILKIN, T. J., MALLAM, K. M.; METCALF, B.S.; JEFFERY, A.N.; VOSS, L.D. Variation in physical activity lies with the child, not his environment: evidence for an 'activitystat' in young children (EarlyBird 16). Int J Obes (Lond), 2006;30: Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano Lins SP, ano 7, n.14, jan-jun de 2016 Edição Especial 753