DA CONSULTA: A Dra. L. C. G. da S. Coordenadora do serviço de Oftalmologia do Hospital Geral de DOS FUNDAMENTOS LEGAIS
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- Júlio César Salgado Sá
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1 PROCESSO-CONSULTA CRM/RR nº 03/17 PARECER CRM/RR nº 5/2017 INTERESSADO (S): COORDENAÇÃO DO SERVIÇO DE OFTALMOLOGIA DO HGR Drª L.C.G. da S. ASSUNTO: Questionamento a respeito da comunicação do chamado do médico de sobreaviso ser feita por funcionário não médico da unidade hospitalar, após solicitação feita pelo médico plantonista. RELATOR: Cons. Marcelo Henrique de Sá Arruda CRM/RR 1243 DA CONSULTA: EMENTA: O contato com o médico de sobreaviso por telefone deve ser feito preferencialmente entre médicos, nas situações excepcionais poderá ser realizada comunicação do chamado por funcionário não médico até que o profissional se dirija a unidade solicitante para tomar ciência do quadro clinico pessoalmente com o médico plantonista. A Dra. L. C. G. da S. Coordenadora do serviço de Oftalmologia do Hospital Geral de Roraima solicita consulta a respeito da legalidade da imposição por parte da direção da unidade em questão de que o contato com o medico de sobreaviso seja feito por profissional não medico, questionando que tal medida contraria a resolução que regula o funcionamento do sobreaviso que fala sobre o contato ser entre médicos e também questionando a quebra do sigilo medico. DOS FUNDAMENTOS LEGAIS Capitulo I Princípios fundamentais I A Medicina é uma profissão a serviço da saúde do ser humano e da coletividade e será exercida sem discriminação de nenhuma natureza II O alvo de toda atenção do médico é a saúde do ser humano, em benefício da qual deverá agir com o máximo de zelo e o melhor de sua capacidade profissional. É vedado ao médico: Capitulo III Responsabilidade profissional 1
2 Art. 1º - Causar dano ao paciente, por ação ou omissão, caracterizável como imperícia, imprudência ou negligência. Art. 3º - Deixar de assumir responsabilidade sobre procedimento médico que indicou ou do qual participou, mesmo quando vários médicos tenham assistido o paciente. Art. 7º - Deixar de atender em setores de urgência e emergência, quando for de sua obrigação fazê-lo, expondo a risco a vida de pacientes, mesmo respaldado por decisão majoritária da categoria. Art. 8º - Afastar-se de suas atividades profissionais, mesmo temporariamente, sem deixar outro médico encarregado do atendimento de seus pacientes internados ou em estado grave. Art. 9º - Deixar de comparecer a plantão em horário preestabelecido ou abandoná-lo sem a presença de substituto salvo por justo impedimento. RESOLVE: RESOLUÇÃO CFM N º 1.834/2008 (Publicada no D.O.U. de 14 de março de 2008, Seção I, pg. 195) Art. 1º Definir como disponibilidade médica em sobreaviso a atividade do médico que permanece à disposição da instituição de saúde, de forma não-presencial, cumprindo jornada de trabalho preestabelecida, para ser requisitado, quando necessário, por qualquer meio ágil de comunicação, devendo ter condições de atendimento presencial quando solicitado em tempo hábil. Art. 3º O médico de sobreaviso deverá ser acionado pelo médico plantonista ou por membro da equipe médica da instituição, que informará a gravidade do caso, bem como a urgência e/ou emergência do atendimento, e anotará a data e hora desse comunicado no prontuário do paciente. Art. 4º Em caso de urgência e/ou emergência, o médico que acionar o plantonista de sobreaviso deverá, obrigatoriamente, permanecer como responsável pelo atendimento do paciente que ensejou a chamada até a chegada do médico de sobreaviso, quando ambos decidirão a quem competirá a responsabilidade pela continuidade da assistência RESOLUÇÃO CFM N º 2077/2014 (Lei nº 3.268, de 30/09/1957, regulamentada pelo Decreto nº , de 19/07/1958, e pela Lei n /13) Art. 9º - É obrigatório o registro completo da assistência prestada ao paciente na ficha de atendimento de emergência/boletim de atendimento/prontuário médico, constando a identificação dos médicos envolvidos no atendimento. Art É obrigação do médico plantonista dos Serviços Hospitalares de Urgência e Emergência dialogar, pessoalmente ou por telefone, com o médico regulador ou de sobreaviso, sempre que for solicitado ou que solicitar esses profissionais, fornecendo todas as informações com vistas a melhor assistência ao paciente. 2
3 Art O médico de sobreaviso deverá, obrigatoriamente, dar assistência nos Serviços Hospitalares de Urgência e Emergência quando solicitado para interconsulta, justificada e registrada no prontuário pelo médico solicitante, no menor tempo possível, devendo se comunicar de imediato quando contatado pelo hospital. Art.12.-Estabelecida a necessidade de internação, o paciente passa a ser responsabilidade do médico de sobreaviso, ou do médico internista ou de qualquer outro médico responsável pela internação, até a alta pela sua especialidade ou a transferência do paciente para outro profissional. DO PARECER: A disponibilidade de médicos em sobreaviso é pratica adotada em diversos serviços de assistência médica, públicos ou privados, em todo o pais. Caracteriza-se pela disponibilidade de especialistas, fora da instituição, alcançáveis quando chamados para atender pacientes que lhes são destinados. O médico em disponibilidade de sobreaviso, quando acionado, está obrigado a se deslocar ate o hospital para atender casos de emergência, realizar cirurgias, procedimentos, diagnósticos e internações clinicas devendo ser devidamente remunerado quer pelo SUS, por convênios em geral ou, mesmo, por clientes particulares. Poucos hospitais conseguem manter em seus plantões de emergência um número de 20 a 30 especialistas, sendo isso reservado para unidades localizadas em grandes centros urbanos. A realidade nacional é que esse tipo de decisão inviabilizaria a prestação de serviços na maioria dos hospitais do Brasil, tanto em relação à questão econômica quanto pela própria inexistência de especialistas disponíveis em todas as localidades. Geralmente são especialistas que atuam num segundo momento, após o atendimento do plantonista que presta a assistência imediata visando manter as condições de suporte de vida do paciente. Esta característica de medico de segunda linha na atenção a uma emergência e que permite a adoção de disponibilidade em sobreaviso, objetivando a otimização do atendimento. Dito isso, deve-se entender que a função do médico de sobreaviso éq prestar atendimento aos casos não-eletivos visto tratar-se de escala de plantão em serviço de urgência/emergência. Deve-se ter sempre o bom senso e preparo técnico da equipe que presta o atendimento inicial para que os chamados sejam feitos em casos que realmente se encaixem nos critérios de urgência/emergência. Os casos que assim não são classificados devem ser encaminhados para a rede básica/atendimento de especialidade para continuidade do tratamento após as medidas terapêuticas iniciais gerais. A criação de protocolos de atendimentos, treinamento da equipe e fixação dos médicos na escala evitando uma rotatividade excessiva que prejudica a qualidade do atendimento deve ser viabilizada pela equipe gestora da unidade. Obviamente é inevitável que o médico da porta de entrada se depare com casos duvidosos que irão necessitar da avaliação direta do especialista para definição do quadro, não podendo ser a rotina o abuso de pedidos de avaliação simplesmente pelo 3
4 fato de se ter um médico de sobreaviso. Os acionamentos desnecessários do médico de sobreaviso inviabilizam a própria existência deste modelo de trabalho. Em relação ao impasse gerado pelo MEMORANDO da instituição em questão, devem-se levar em conta todas as normas e comentários ditos anteriormente. O artigo 11 dispõe que o medico de sobreaviso deverá obrigatoriamente dar assistência quando solicitado. Já o artigo 10 diz que é obrigação do médico plantonista dialogar, pessoalmente ou por telefone, com o médico de sobreaviso, sempre que for solicitado ou que solicitar esses profissionais, fornecendo todas as informações com vistas à melhor assistência ao paciente. Analisando os dois artigos, vê-se claramente que o médico de sobreaviso tem obrigação de se dirigir a unidade quando solicitado e que o médico plantonista tem obrigação de conversar com o colega do sobreaviso, seja por telefone ou presencialmente. Dito isso, não há como a equipe de sobreaviso exigir que o contato seja feito sempre por telefone, pois o artigo deixa clara a opção pelo contato presencial, mas isso não significa que não é legitimo a equipe solicitar que, sempre que possível esse contato seja feito por telefone de médico para médico, já que dessa maneira o mesmo terá noção exata da gravidade do doente, podendo inclusive já orientar o colega plantonista, sendo esta forma de contato a ideal. Não se pode delegar a passagem do caso do doente por telefone para um profissional não medico, visto que essa prática fere frontalmente um dos princípios mais rígidos e primários da medicina: o sigilo médico. Neste caso caberia apenas a solicitação do médico de sobreaviso por parte do servidor sem nenhuma informação medica adicional, algo que prejudica o próprio doente que é o alvo da atenção medica. CONCLUSÃO: Cabe a direção da unidade hospitalar viabilizar que o contato por telefone entre o médico de sobreaviso e a unidade seja feita sempre que possível entre médicos como preconiza a resolução, não podendo esse contato se transformar em uma verdadeira consulta por telefone aonde o médico de sobreaviso define diagnóstico e conduta e se exime da obrigação de se dirigir ao serviço, transferindo toda a responsabilidade ao plantonista. Porém deve-se ficar claro que muitas vezes isso pode não ser possível já que o médico que solicitou a avaliação pode estar no momento em outro atendimento grave, não podendo o mesmo simplesmente parar o que está fazendo para conversar com o colega de sobreaviso, fazendo isso inclusive ele poderá responder pelo dano advindo dessa ausência temporária do seu posto de serviço. Nestes casos excepcionais, caberá ao serviço hospitalar simplesmente informar ao medico de sobreaviso que foi solicitado uma avaliação e que o médico solicitante não pode se comunicar por telefone. Assim que o médico chegar à Unidade, o plantonista devera passar o caso pessoalmente, não podendo o médico de sobreaviso deixar de ir para a Unidade até que o plantonista possa falar com ele por telefone visto que esse lapso de tempo pode ser danoso ao doente. Por outro lado cabe a Unidade a elaboração de protocolos, normas e rotinas que viabilizem a existência do sobreaviso que em muitos locais do Brasil é a única forma de trabalho que permite que o doente tenha acesso integral dentro das varias especialidades médicas. 4
5 Se o sobreaviso se transforma em um verdadeiro plantão presencial por chamados abusivos e desnecessários, isso gera um transtorno que irá prejudicar em ultima analise o próprio doente. Os excessos por parte dos plantonistas com solicitações desnecessárias e muitas vezes absurdas deverão ser comunicados para a direção médica para providências, assim como deverão ser comunicados os abusos feitos pelos médicos de sobreaviso, quando se recusam a ir quando chamados ou quando simplesmente transferem toda responsabilidade ao médico de plantão, traçando condutas ou solicitando internações sem ter atendido o paciente. Este é o meu parecer s.m.j Boa Vista/RR, 30 de agosto de 2017 Dr. Marcelo Henrique de Sá Arruda Conselheiro Parecerista 5
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