Análise do relatório ÍNDICE DE VULNERABILIDADE JUVENIL À VIOLENCIA E DESIGUALDADE 2014
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- Manoel Castilhos Chaves
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1 1 Análise do relatório ÍNDICE DE VULNERABILIDADE JUVENIL À VIOLENCIA E DESIGUALDADE 2014 ANALISTA: Dr. Vladimir Luís de Oliveira CURITIBA JANEIRO/2015 TR: VLO
2 2 ESTADO DO PARANÁ SESP-PR - SECRETARIA DE ESTADO DA SEGURANÇA PÚBLICA CAPE COORDENADORIA DE ANÁLISE E PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO O Relatório produz dois tipos de resultados: 1) o perfil da violência juvenil entre 12 a 28 anos nos municípios das cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes e a violência juvenil considerada parda e negra no Brasil entre 12 e 28 anos segundo os critérios censitários do IBGE. Ao total foram contabilizados 288 municipios que representam cerca de 53% da população juvenil no Brasil. A fonte dos dados de letalidade é o DATASUS/MS. O que tem chamado a atenção no cenário nacional é que a mortalidade de jovens negros é 155% maior do que de jovens brancos. A situação é gravemente crítica nos Estados do Nordeste. A situação é menos crítica nas UF s do sul do país. O Estado do Paraná foi o único em que a chance de um jovem branco ser vítima de homicídio é maior do que a de um jovem negro. A pergunta que todos os analistas se fazem sem ter muita calreza quanto a conclusão: por que o Paraná é diferenciado do restante do Brasil, considerando-se que a vitimização de jovens brancos é menor do que a de jovens negros no Brasil?
3 Ao final da leitura do relatório, observa-se que nem tudo é comemoração ao se analisar os indicadores. O Paraná possui uma situação intermediária de violência juvenil, ocupando a 16 posição no cenário nacional, conforme demonstra o gráfico a seguir: 3
4 4 Os termômetros elaborados para medirem o quadro situacional da violência é o IVJ Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência e Desigualdade e o IVJ-R Índice de Violência Juvenil e Desigualdade Racial. O fato é que a situação emblemática e complexa do Estado do Paraná exige mais reflexões do que outros Estados da Federação. Homicídios de jovens negros no Paraná (47 hom/100mil) é maior que São Paulo (30,9 hom/100mil) Tocantins (46,1hom/100mil) e Piauí (32,8 hom/100mil). Mas na análise comparada com a juventude branca a relação de jovens negros vitimas de violência é a menor do Brasil, por quê?
5 5 O fato é que a morte de jovens negros e brancos no Sul não é significatamente diferente. A diferença em termos de taxas, segundo os dados do DATASUS base 2012 é de apenas 3,4 homicídios por 100 mil habitantes. Quadro muito diferente do Nordeste Brasileiro onde esta diferença é de 69,6 homicídios por 100 mil habitantes. Jovens brancos são relativamente mais vulneráveis no Paraná do que jovens negros, o que em termos estatísticos pode ser considerado um outlier. A taxa de homicídios de jovens brancos é de 71,2 hom/100mil habitantes. A taxa de jovens brancos no Paraná similar a de jovens negros no Rio de Janeiro cujo valor é 71,3 hom/100mil habitantes. As pesquisas foram feitas em dois momentos: em 2010 tomando por base os dados de 2007 e 2014 tomando por base os registros de O Paraná na primeira oportunidade já apresentara um indicador de risco relativo de entre jovens negros negativo na comparação com jovens brancos: o valor era de 0,76 em Em 2014 este indicador caiu para 0,66. A média nacional era de 2,31 em 2010 e cresceu para 2,55 em 2014, ou seja, jovens negros possuem 2,55 vezes mais chances de serem vítimas de homicidios do que jovens brancos. Para além dos indicadores há que se considerar a colaboração entre entre poder público, universidade e sociedade civil no Paraná. Em 2013 houve a III CONFERÊNCIA ESTADUAL DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL (COEPIR). Dela participaram o MP-PR, a SEJU, SEED,
6 6 Secrataria da Familia e Desenvolvimento Social, Secretarias Especiais de Assuntos Fundiários e de Relações com a Comunidade e Paraná. Participaram do evento 203 pessoas, sendo 109 delegados(as) da sociedade civil, 23 delegados(as) de órgãos estaduais, 30 delegados(as) de órgãos municipais e 68 convidados(as) e observadores(as). Foram encaminhadas para a III CONAPIR 38 propostas, distribuídas nos 4 eixos temáticos, bem como eleitos 28 delegados(as) para representar o Estado na etapa nacional, ocorrida de 5 a 7 de novembro de 2013, em Brasília. Infelizmente a Sesp-Pr não participou direta ou indiretamente deste evento. E as políticas de igualdade racial sequer fazem parte de um programa específico da pasta. A melhor explicação para a menor vulnerabilidade dos jovens negros em relação aos jovens brancos é o fato de que a violência no Paraná ser alta, considerando-se o perfil do sul do país. No entanto, a violência letal aqui não é produzida significativamente por fatores raciais e sim demais fatores econômicos e sociais. Isto não significa que o Paraná esteja livre do rascismo ou da injúria racial e relatórios periódicos são produzidos para este fim, seja para o MP-PR ou a sociedade civil organizada. O mesmo cuidado deve ser direcionado ao treinamento das forças de seguranças estaduais para que a Polícia Civil ou Militar não aprofunde os estigmas raciais de caráter lomborosiano, muito presentes nas culturas organizacionais.
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