Nº 2 2002 PAINÉIS DE MADEIRA RECONSTITUÍDA. Área de Setores Produtivos 1



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Transcrição:

Nº 2 2002 PAINÉIS DE MADEIRA RECONSTITUÍDA Área de Setores Produtivos 1

PAINÉIS DE MADEIRA RECONSTITUÍDA ÁREA DE SETORES PRODUTIVOS 1 SP1 DIRETOR José Mauro Mettrau Carneiro da Cunha SUPERINTENDENTE Jorge Kalache Filho GERENTE EXECUTIVO Angela Regina Pires Macedo Elaboração: GERÊNCIA EXECUTIVA OPERACIONAL 1 Thais Linhares Juvenal Gerente Setorial René Luiz Grion Mattos Junho de 2002 É permitida a reprodução parcial ou total deste artigo desde que citada a fonte. Esta publicação encontra-se disponível na Internet no seguinte endereço: http://www.bndes.gov.br

ÍNDICE 1. INTRODUÇÃO... 1 2. PAINÉIS DE MADEIRA AGLOMERADA... 2 2.1. Produção e Consumo Mundiais... 2 2.2. Produção e Consumo Nacionais... 3 2.3. Principais Produtores Brasileiros... 4 3. PAINÉIS DE MDF... 5 3.1. Produção e Consumo Mundiais... 5 3.2. Comércio Internacional... 7 3.3. Produção e Consumo Nacionais... 7 3.4. Principais Produtores Brasileiros... 9 4. CHAPAS DE FIBRA... 9 4.1. Produção e Consumo Mundiais... 9 4.2. Comércio Internacional... 10 4.3. Produção e Consumo Nacionais... 10 5. PREÇOS... 11 6. ATUAÇÃO DO BNDES... 12 7. PERSPECTIVAS... 12 7.1. Indústria Brasileira de Móveis... 14 7.2. Projeção da Oferta e da Demanda Brasileiras de Painéis... 19 PRODUTOS FLORESTAIS

Painéis de Madeira Reconstituída 1. Introdução São denominados de painéis de madeira reconstituída os painéis que utilizam madeira sob a forma de cavacos como matéria-prima mais relevante. Os principais tipos são: os painéis de madeira aglomerada (particle board), o MDF (medium density fiberboard) e as chapas de fibra ou chapas duras (hardboard). São empregados, usualmente, em graus diversos de associação, tanto na fabricação de móveis, quanto na indústria da construção (como rodapés, pisos, portas, divisórias, elementos estruturais de casas, etc) e, de acordo com as suas características específicas, oferecem vantagens e desvantagens quando comparados com a madeira maciça. No Brasil os painéis mais produzidos são os de aglomerado que, em 2001, representaram quase 62% do volume total produzido. Naquele ano essa indústria alcançou, no País, um faturamento de cerca de US$ 500 milhões contribuindo com exportações de US$ 66 milhões, basicamente oriundas do comércio de chapas duras (Tabela 1). Em mil m³ Tabela 1 Brasil: Painéis de Madeira Reconstituída 2001 Importação Exportação Produção % Aglomerado 46 8 1.833 61,6 MDF 24 4 609 20,5 Chapa de Fibra 181 534 17,9 Total 70 193 2.976 100,0 Fonte: Abipa. Os fabricantes de painéis de madeira reconstituída utilizam preponderantemente, na confecção de seus produtos, madeira virgem proveniente de maciços florestais plantados e, para completar o mix, resíduos de serraria. As empresas dispõem de mais de 200 mil hectares de florestas próprias de pinus e de eucalipto. PRODUTOS FLORESTAIS 1

O BNDES participou da modernização, ampliação e implantação de novas fábricas de painéis desembolsando recursos que, no período de 1997 a 2001, atingiram US$ 250 milhões. Ressalte-se que, em alguns casos, o apoio do Banco envolveu, também, o reflorestamento. 2. Painéis de Madeira Aglomerada 2.1. Produção e Consumo Mundiais Os painéis de madeira aglomerada (ou simplesmente aglomerado, como é mais conhecido) são os mais largamente consumidos no mundo dentre os diferentes painéis de madeira reconstituída existentes. A produção mundial de aglomerados alcançou 84 milhões de m³, em 2000, destacando-se como maior fabricante os Estados Unidos responsável por 25% desse volume (Gráfico 1). O Brasil posiciona-se em nono lugar, com 2% do volume produzido. Gráfico 1 Produção Mundial de Aglomerado: 2000 Outros 38% Estados Unidos 25% Canadá 12% China Itália Alemanha 4% França 4% 12% 5% Fonte: Produção: 84 milhões m³ No período 1996/2000, o consumo mundial de aglomerado cresceu a uma taxa média anual de 6,5%; Estados Unidos e Alemanha são os maiores centros de consumo, representando 46% da demanda. O comércio mundial de aglomerado movimenta cerca de US$ 6 bilhões e 25% do consumo global (22 milhões de m³). A Europa concentra metade das transações realizadas. Observa-se que a comercialização se dá, preferencialmente, PRODUTOS FLORESTAIS 2

entre regiões próximas, uma vez que o preço do aglomerado não suporta valores de fretes para grandes distâncias. A Europa é a principal região exportadora, enquanto América do Norte e Ásia/Oceania são importadoras. Os Estados Unidos são o maior importador mundial e o Canadá é o maior exportador. A China é outro importador de expressão. Merece destaque a condição de importador líquido de aglomerado do Continente Asiático. Em 2000, a Ásia importou 2,5 milhões de metros cúbicos de aglomerado e exportou 1,3 milhão, segundo a FAO. Seus fornecedores tradicionais são os países da Oceania, principalmente Nova Zelândia, e da Europa. 2.2. Produção e Consumo Nacionais A produção brasileira de aglomerado, no período 1996/2000, evoluiu de 1.059 mil m³ para 1.762 mil m³, o que representa um crescimento médio anual de 13,6%, bastante superior à taxa mundial de 5,8%. Esse crescimento pode ser associado a três fatores principais: i) necessidade de substituição do uso de madeira maciça na indústria moveleira e na construção civil face à escassez de oferta; ii) evolução tecnológica que permitiu melhor usinagem dos painéis aglomerados; e iii) melhoria da percepção do consumidor final sobre a qualidade do aglomerado. As importações e exportações mostram-se inexpressivas, com a produção basicamente igual ao consumo interno. Em 2001, a produção brasileira foi de 1.833 mil m³ - 4% maior que a do ano anterior (Tabela 2). Entre 80% e 90% da produção local de aglomerado são destinadas aos pólos moveleiros, sendo uma parcela expressiva comercializada diretamente com as fábricas, enquanto um volume menor é vendido para revendedores que atendem os pequenos fabricantes de móveis. PRODUTOS FLORESTAIS 3

Em mil m³ Tabela 2 Brasil: Painéis de Madeira Aglomerada 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Produção 1.059 1.224 1.313 1.500 1.762 1.833 Importação 114 121 13 1 15 46 Exportação 59 49 4 28 16 8 Consumo Aparente 1.114 1.296 1.322 1.473 1.761 1.871 Capacidade Instalada 1.685 1.740 1.780 1.915 2.040 2.350 Taxa de Utilização - % 63 70 74 78 86 78 Fonte: Abipa. Cerca de metade da produção de aglomerado é revestida com diferentes materiais e tecnologias como, por exemplo, os chamados finish foil e BP (baixa pressão) agregando valor às chapas cruas. 2.3. Principais Produtores Brasileiros A produção é realizada por sete fabricantes, todos localizados nas regiões Sul e Sudeste, principais centros de consumo (onde se localizam os pólos moveleiros de maior expressão), somando uma capacidade total de 2.350 mil m³ (Tabela 3). Das dez plantas de produção existentes, a maioria pode ser considerada atualizada tecnologicamente. Tabela 3 Brasil: Empresas Produtoras de Aglomerado 2001 Em mil m³ Empresas Local Capacidade % Satipel MG,RS 690 29,4 Berneck PR 340 14,5 Duratex RS,SP 340 14,5 Eucatex SP 360 15,3 Placas do Paraná PR 320 13,6 Tafisa PR 240 10,2 Bonet SC 60 2,5 Total 2.350 100,0 Fonte: Empresas. A partir de 1997 ocorreram os investimentos em modernização e, atualmente, as unidades que funcionam com prensas contínuas (76% da capacidade PRODUTOS FLORESTAIS 4

instalada) obtêm menores custos de produção pela redução do consumo de matériaprima, menores perdas no processo de lixamento, menor número de empregados e menor consumo de energia elétrica. Todos esses investimentos contaram com financiamentos do BNDES. Essa modernização propiciou, ainda, o aumento da flexibilidade operacional ao permitir a fabricação de chapas de dimensões variadas. Outro benefício foi a redução do preço final do aglomerado, pela maior competição entre os fabricantes, beneficiando a indústria de móveis. Outro fato a destacar é a utilização de madeira proveniente de florestas plantadas, principalmente de pinus e de eucalipto, na totalidade da fabricação de painéis de aglomerado. 3. Painéis de MDF O MDF (medium density fiberboard) é um tipo de painel de madeira reconstituída relativamente novo já que o início de sua produção ocorreu na década de 60. Possui consistência e algumas características mecânicas que o aproximam da madeira maciça e difere do painel de madeira aglomerada basicamente por apresentar parâmetros físicos de resistência superiores, boa estabilidade dimensional e excelente capacidade de usinagem. Sua fabricação no Brasil começou em 1997, ocorrendo, desde então, um expressivo crescimento de consumo, evidenciando a aceitação do produto pelo mercado e atraindo a instalação de mais três fabricantes. No Brasil, o principal demandante desse painel é a indústria moveleira, constituindo-se a construção civil um mercado potencial, ainda não devidamente explorado, principalmente em itens como pisos, rodapés, almofadas de portas, divisórias, batentes e peças torneadas, entre outros. 3.1. Produção e Consumo Mundiais A produção mundial de MDF duplicou entre os anos de 1996 e 2000, equivalente a um crescimento médio anual de cerca de 18%. Estados Unidos, Alemanha e China, juntos, representam 39% do volume produzido (Gráfico 2). No período mencionado foram acima de 30% ao ano os acréscimos de produção verificados na Alemanha, França, China e Brasil. A produção brasileira no ano 2000 representou 2% do volume mundial. PRODUTOS FLORESTAIS 5

Gráfico 2 Produção Mundial de MDF: 2000 Outros 41% Estados Unidos 14% Canadá Coréia do Sul 5% 5% França 5% China 11% Espanha 5% Alemanha 14% Fonte: FAO. Produção: 18,3 milhões m³ O consumo mundial de MDF vem crescendo cerca de 20% a.a., em média. Os principais consumidores, Estados Unidos, China e Alemanha, respondem por cerca da metade da demanda global. Analisando-se países selecionados (Tabela 4), observam-se taxas de crescimento acima da média mundial na China, na Alemanha e no Brasil. O expressivo crescimento do consumo brasileiro no período 1996/2000, contudo, se deve à base de comparação, uma vez que a produção de MDF no Brasil iniciou-se apenas em 1997. Anteriormente seu consumo era ínfimo, correspondente a pequenas quantidades importadas. PRODUTOS FLORESTAIS 6

Tabela 4 MDF: Taxa Média de Expansão do Consumo 1996/2000 Regiões Variação Anual % Estados Unidos 19,0 China 21,2 Alemanha 40,6 Coréia do Sul 7,8 Japão 16,1 Brasil 64,6 Europa 27,0 Mundo 20,2 Fontes: FAO, BNDES. 3.2. Comércio Internacional O comércio mundial representou, ao longo do período 1996/2000, cerca de 35% do volume fabricado. Europa e América Latina (Chile) são regiões exportadoras, enquanto Ásia e América do Norte caracterizam-se como regiões importadoras. Em 2000 as exportações movimentaram em âmbito mundial US$ 1,5 bilhão. 3.3. Produção e Consumo Nacionais O MDF começou a ser fabricado no País em setembro/97 pela fábrica da Duratex, em Agudos (São Paulo). Em seguida começaram a operar as unidades da Tafisa (final de 1998), localizada em Pien; da Masisa (início de 2001), situada em Ponta Grossa e a da Placas do Paraná (final de 2001), localizada em Jaguariaíva, todas no Estado do Paraná. A produção nacional, que em 2001 atingiu 609 mil m³, está voltada totalmente para o mercado interno e ainda não foi suficiente para eliminar as importações que, naquele ano, atingiram 24 mil m³, correspondente a 3,8% do consumo (Tabela 5). PRODUTOS FLORESTAIS 7

Em mil m³ Tabela 5 Brasil: Painéis de MDF 1996 1997 1998 1999 2000 2001 Produção 30 167 357 381 609 Importação 53 113 36 11 11 24 Exportação 18 17 3 4 Consumo Aparente 53 143 185 351 389 629 Capacidade Instalada 60 250 375 375 698 Taxa de Utilização - % 50 67 95 102 87 Fontes: Abipa, Empresas, BNDES. A indústria produtora de móveis é a grande compradora de MDF, com taxa de crescimento médio de consumo de 64% ao ano, no período 1997/2001. Semelhante ao aglomerado, o painel de MDF também é utilizado na forma crua (85%) ou já com revestimento de fábrica (melamínico ou BP). Gráfico 3 Brasil: Evolução da Produção e Consumo de MDF 700 600 500 Mil m³ 400 300 200 100 0 1997 1998 1999 2000 2001 Fonte: Abipa. Produção Consumo PRODUTOS FLORESTAIS 8

3.4. Principais Produtores Brasileiros São quatro as fábricas instaladas no Brasil, todas com tecnologia de última geração e utilizando-se de madeira de pinus (cavacos ou resíduos de serrarias) como principal insumo. Em 2001 as empresas operaram a 87% da capacidade instalada ajustada em função das diferentes épocas de entrada em operação ao longo do ano dos projetos novos (Placas do Paraná e Masisa) e da expansão da Tafisa. Atualmente a capacidade instalada é de 1.080 mil m³/ano o que oferece uma folga para atender a esperada continuidade de crescimento da demanda (Tabela 6). Tabela 6 Brasil: Empresas Produtoras de MDF 2002 Em mil m³ Empresas Capacidade % Tafisa 360 33,3 Masisa 260 24,1 Placas do Paraná 240 22,2 Duratex 220 20,4 Total 1.080 100,0 Fonte: Empresas. 4. Chapas de Fibra As chapas duras ou chapas de fibra são painéis de alta densidade produzidos por processo úmido utilizando-se calor e pressão sem a adição de resina. Dentre os painéis de madeira reconstituída é o menos consumido mundialmente e sua tecnologia de fabricação é considerada poluente e obsoleta. São painéis utilizados pelas indústrias moveleira, de construção civil e automobilística. No Brasil a madeira utilizada para a fabricação desse painel é o eucalipto, proveniente de florestas plantadas. 4.1. Produção e Consumo Mundiais A produção mundial de chapas de fibra foi de 9,2 milhões de m³ em 2000 (cerca de 11% da produção mundial de aglomerado), com um crescimento de cerca de 7% ao ano, no período 1996/2000. China e Estados Unidos são os dois maiores produtores e consumidores representando perto de 50% do volume mundial. O Brasil posiciona-se como o 3 o produtor e o 4 o consumidor mundial. PRODUTOS FLORESTAIS 9

4.2. Comércio Internacional O comércio mundial representa 1/3 do volume produzido/consumido e China, Estados Unidos, Inglaterra e Alemanha destacam-se como importadores (36% do total), enquanto Alemanha, Canadá e Brasil são os maiores exportadores (34% do total). 4.3. Produção e Consumo Nacionais A produção nacional de chapa de fibra manteve-se praticamente estável no período 1997/2001. Os pequenos acréscimos de demanda - 2,3% ao ano - foram atendidos pela redução das quantidades exportadas. Acredita-se que parte da demanda brasileira por esse tipo de painel venha sendo atendida por aglomerado e MDF (Gráfico 4). Gráfico 4 Brasil: Produção e Consumo de Chapas de Fibra 600 500 400 Mil m³ 300 200 100 0 1997 1998 1999 2000 2001 Produção Consumo Fonte: Abipa. As exportações de chapas representam quase 95% das vendas externas brasileiras de painéis de todos tipos. No entanto, os volumes exportados vêm diminuindo: em 1997 as exportações de chapa dura representavam 43% do volume produzido, passando a 34% em 2001. PRODUTOS FLORESTAIS 10

Em valores, as exportações brasileiras de chapas totalizaram, em 2001, cerca de US$ 62 milhões, segundo dados (preliminares) da ABIPA. Este valor é 24% inferior ao registrado em 1997. São dois os fabricantes brasileiros: Duratex e Eucatex com capacidades, respectivamente, de 360 mil m³/ano e 250 mil m 3 /ano, ambos com fábricas localizadas no Estado de São Paulo. 5. Preços Os preços médios dos painéis de aglomerado e de MDF no mercado interno, em 2001, podem ser observados na Tabela 7. Os preços médios dos produtos revestidos em relação aos sem revestimento são 95% maiores para os painéis de aglomerado e 56% para o MDF. Tabela 7 Brasil: Preços Médios de Painéis de Aglomerado e MDF 2001 Em US$/m³ Revestido Sem Revestimento Aglomerado 332,16 170,48 MDF 421,83 270,79 Fonte: STCP. Como o mercado de MDF é recente e ainda existem fábricas iniciando suas operações num ambiente de demanda aquecida acredita-se que os preços ainda estejam distorcidos. Assim, o MDF sem revestimento mostra preço quase 60% superior ao aglomerado similar enquanto o revestido é 27% mais caro. Entre 1997 (início da fabricação do MDF no País) e 2001 os preços médios anuais no mercado interno, em dólar, caíram 39% para o aglomerado e 27% para o MDF. Em reais o comportamento foi diverso, com o aglomerado subindo 33% e o MDF 60%. PRODUTOS FLORESTAIS 11

6. Atuação do BNDES O BNDES vem participando ativamente do processo de expansão e modernização do setor de painéis de madeira reconstituída. No período 1997/2001, o setor investiu em projetos de expansão de capacidade e modernização de instalações mais de R$ 1,2 bilhão e o Banco alocou recursos correspondentes a 40% desse montante. Destaque-se que no total de recursos investidos pelas empresas está incluída a expansão e aquisição de maciços florestais no valor de R$ 80 milhões. O apoio do BNDES à parte florestal dos projetos se restringiu à formação/expansão/manejo de florestas e somou R$ 16 milhões. Os desembolsos do Banco para o setor, no período analisado, atingiram R$ 403 milhões, equivalentes a US$ 263 milhões, viabilizando projetos de empresas produtoras de aglomerado, MDF e chapas de fibra (Gráfico 5). Gráfico 5 Desembolsos do BNDES para as Indústrias de Painéis de Madeira Reconstituída 120 Em R$milhões 80 40 0 1997 1998 1999 2000 2001 Fonte: BNDES 7. Perspectivas Nos últimos anos, a estabilidade econômica, o avanço tecnológico e o escasseamento de florestas, impulsionaram a indústria de painéis, que hoje está em pé de igualdade com suas congêneres no mundo. PRODUTOS FLORESTAIS 12

Observou-se, durante toda a década de 90, o avanço do aglomerado na indústria moveleira, deslocando o uso de madeira maciça e dos painéis compensados e laminados. Mais leve e de melhor usinagem, a adequação do maquinário, tanto da indústria de painéis quanto da indústria moveleira, permitiu a fabricação de móveis de aglomerado sofisticados e de boa qualidade. Na segunda metade da década de 90, com o início da produção interna de MDF, a indústria moveleira passou a contar com mais uma opção de matéria-prima, adequada, principalmente, aos móveis de categoria superior. O bom trabalho de marketing realizado pelos produtores de MDF painel de alta densidade e resistência, com características industriais similares às da madeira maciça levou à uma boa aceitação do produto e ajudou a consolidar uma melhor imagem do móvel de painel junto ao consumidor final. A indústria moveleira passou, então, a optar entre o uso de madeira maciça e o dos diversos tipos de painéis, de madeira sólida ou reconstituída, de acordo com a destinação final de seus produtos, preço de oferta e adequação de suas fábricas. Resumidamente, conforme identificado pelo Fórum de Competitividade da Cadeia Produtiva de Madeira e Móveis, a indústria moveleira utiliza as diversas matérias-primas da seguinte forma: AGLOMERADO: tampos de mesas, laterais de portas e de armários, racks, divisórias, laterais de estantes; MADEIRA SERRADA: tampos de mesas, frontal e lateral de balcões, assento e estrutura de cadeiras, estruturas de camas, molduras, pés de mesa, estrutura de sofás, laterais de gavetas, embalagem, pés de cama, pés de racks, estrados, acabamento de móveis; COMPENSADO: fundos de gavetas, armários, roupeiros, tampos de mesas, laterais de móveis, braços de sofás, fundos de armários, prateleiras; MEDIUM DENSITY FIBERBOARD (MDF): componentes frontais, internos e laterais de móveis, fundos de gavetas, estantes, tampos de mesas, racks; e CHAPA DE FIBRA DURA (HARDBOARD): fundos de gavetas, de armários e de racks, tampos de móveis, móveis infantis e divisórias. PRODUTOS FLORESTAIS 13

Além do aglomerado e do MDF, outros dois painéis serão introduzidos mais expressivamente no mercado brasileiro neste e nos próximos anos: o OSB (oriented strand fiberboard) e o HDF (high density fiberboard), ambos mais voltados para a indústria da construção civil e de embalagens. A primeira planta industrial para a produção de OSB no Brasil foi concluída no final de 2001 e tem capacidade estimada em 200 mil m 3 para o ano de 2002. A produção de HDF terá início em 2003, com a entrada em operação de uma nova planta, sendo a produção e o consumo desse painel ainda baixos. O crescimento da produção de OSB e de HDF afetará, principalmente, a demanda interna de chapas de fibra e de compensados e laminados. Tendo em vista que o mercado de OSB é ainda incipiente, o mesmo não é considerado na presente análise setorial, assim como o HDF, cuja produção ainda não se iniciou. Quanto às chapas de fibra, as mesmas representam, apenas, 17% da capacidade instalada para a produção de painéis reconstituídos no Brasil. Nesse contexto, para efeitos deste trabalho, os painéis de maior relevância são o aglomerado e o MDF, cujos mercados já estão em processo de consolidação. A demanda desses dois produtos está fortemente associada à indústria moveleira, que responde por cerca de 90% do consumo. Cabe, portanto, uma análise um pouco mais aprofundada do comportamento do setor produtor de móveis no Brasil. 7.1. Indústria Brasileira de Móveis Existem sete pólos principais de produção de móveis (Tabela 8) e alguns outros considerados emergentes espalhados por diferentes estados como Minas Gerais (Uberaba e Uberlândia), Ceará (Fortaleza), e Pernambuco (Recife), entre outros. PRODUTOS FLORESTAIS 14

Tabela 8 Brasil: Pólos Moveleiros Pólos UF Produtos Mercados Arapongas PR Móveis residencias populares MI e ME Bento Gonçalves RS Móveis retilíneos e torneados MI e ME Linhares ES Móveis residenciais MI Mirassol/Votuporanga SP Móveis retilíneos e torneados MI São Paulo SP Móveis residenciais/escritório MI São Bento do Sul SC Móveis residenciais/escritório MI e ME Ubá MG Móveis residenciais madeira/aço MI Fonte: BNDES; MI= mercado interno; ME= mercado externo. Esses pólos são formados por micro, pequenas e médias empresas, de origem familiar e de padrão tecnológico desigual. As empresas fabricantes de móveis de painéis, em geral, possuem máquinas e equipamentos atualizados, mas o mesmo não acontece com as fabricantes de móveis de madeira maciça. A maior parte da produção está voltada para o mercado interno, devendo-se destacar, contudo, um esforço no sentido de aumentar as exportações. Dada a falta de integração entre a indústria e o consumidor e o pequeno porte das empresas, o setor moveleiro tem pouca influência sobre o comportamento da demanda final. O fabricante, em geral, preocupa-se fundamentalmente com o processo de produção e viabiliza suas vendas através de atacadistas ou grandes lojas multimarcas, não promovendo seus produtos junto ao consumidor final. Apenas alguns grandes fabricantes mostram orientação para a fixação de marca, estabelecendo pontos de venda específicos para suas marcas, aliados a serviços especializados de montagem e prestação de assistência técnica. Apesar de situados em pólos, os moveleiros, em geral, não se organizam para obter maior poder de influência junto aos consumidores e aos fornecedores de matérias-primas. A indústria de painéis tem se beneficiado dessa relação pulverizada com o setor produtor de móveis, conseguindo escoar a expansão de sua produção de aglomerado e de novos produtos, como o MDF, sem dificuldades. A oferta de painéis, pode-se dizer, tem puxado as inovações e adequações na indústria moveleira, tendo sido fundamental, nesse processo, a proximidade da indústria dos diversos pólos. PRODUTOS FLORESTAIS 15

As plantas de produção de aglomerado e de MDF estão estrategicamente localizadas para abastecer os pólos, garantindo o mercado para as empresas, dado o elevado custo do frete. O ajuste da produção ao consumo tem se dado via preços. Tal tendência pode ser observada na Figura 1, que ilustra a localização dos pólos moveleiros e das fábricas de aglomerado, MDF e chapas de fibra. Observa-se que os pólos de São Paulo (SP), Mirassol/Votuporanga (SP), São Bento do Sul (SC) e Bento Gonçalves (RS) possuem unidades produtivas de painéis de madeira em suas proximidades. As cidades de Curitiba e Uberaba, apesar de não constituírem pólos produtores de móveis, oferecem logística adequada de fornecimento de painéis, principalmente para os estados de São Paulo e Paraná. Figura 1 Localização dos Pólos Moveleiros e das Fábricas de Painéis de Madeira PRODUTOS FLORESTAIS 16

Apesar da estreita ligação entre a indústria de painéis e a indústria de móveis, o crescimento de ambas não tem ocorrido no mesmo ritmo. Nos últimos três anos, o faturamento do setor de móveis aumentou mais de 30%, na esteira da elevação do PIB per capita e da redução da taxa média de juros praticada pelo comércio (Tabela 9). Tabela 9 Brasil: Evolução do Faturamento do Setor Moveleiro PIB per Juros Médios Faturamento Anos capita ¹ do Comércio Setor Móveis R$/hab % a. m. R$bilhões 1999 5.740 8,35 7,3 2000 6.387 7,19 8,8 2001 6.873 6,81 9,7 ¹ Fonte: IBGE; preços correntes. No caso dos painéis, houve expansão da produção e do consumo de aglomerado e de MDF, acompanhada, contudo, de queda dos preços. O faturamento em dólares da indústria, entre 1999 e 2001 cresceu 13%, enquanto a produção se expandiu 24% (Gráfico 6). Gráfico 6 Brasil: Faturamento e Produção Anual da Indústria de Painéis de Madeira Reconstituída 900 3.500 US$ milhões 800 700 600 500 400 300 200 100 3.000 2.500 2.000 1.500 1.000 500 Mil m³ 0 0 94 95 96 97 98 99 00 01 Fonte: Abipa. Faturamento Produção PRODUTOS FLORESTAIS 17

A série histórica de produção e de faturamento de painéis de madeira no Brasil demonstra, ainda, o impacto do início da produção interna de MDF: em 1998, primeiro ano de produção de MDF, o faturamento da indústria brasileira de painéis, em dólares, caiu 19%, em relação a 1997. Em 1999, em razão da desvalorização cambial e da retração econômica que se seguiu, essa receita sofreu queda igual. O ano de 2000 representa uma recuperação expressiva, com crescimento de 48% em relação ao período anterior, mas não sustentada, uma vez que o faturamento em dólares volta ao patamar de US$ 564 milhões em 2001, ou seja, um decréscimo de 20% em relação a 2000. O início da produção interna de MDF provocou um deslocamento da demanda de aglomerado, com impacto sobre os preços de ambos. Atualmente, verifica-se que o mercado ainda não encontrou seu ponto de equilíbrio, uma vez que a produção de MDF continua crescendo. Esse quadro de intensa competição e de queda de preços entre os fabricantes de painéis de aglomerados e de MDF acirrou-se em 2001, com a entrada em operação de duas novas plantas de produção de MDF, no Paraná, com capacidade total de 500 mil m 3, ou seja, um acréscimo de 46,3% sobre a produção nacional verificada em 2000. De acordo com informações da ABIPA Associação Brasileira da Indústria de Painéis de Madeira, em abril de 2002, os preços do MDF não revestido de espessura grossa, no mercado interno, era de R$ 400 por m 3. O aglomerado sem revestimento tinha preço de R$ 245 por m 3, ou seja, uma relação MDF/aglomerado de 1,6. Na Europa, no mesmo mês, essa relação era de 2,2, indicando os baixos preços de MDF praticados no momento no Brasil. O mercado de painéis, contudo, tende a se consolidar e a indústria fabricante deverá fortalecer seu relacionamento com os consumidores em razão de: i) escasseamento da madeira maciça, tornando os painéis de madeira reconstituída a matéria-prima mais importante da indústria moveleira; ii) gradual conquista de mercado externo, através de exportações de MDF e de móveis de painéis; e iii) avanço da utilização de painéis de madeira reconstituída em outros setores industriais, como construção civil e embalagens. A indústria fabricante de painéis de madeira tem trabalhado, ainda, com outras formas de relacionamento com seus consumidores, buscando a fidelização. É possível observar a negociação de pacotes oferecendo um mix de produtos, variando PRODUTOS FLORESTAIS 18

tipos de painéis (no caso das empresas que fabricam aglomerado e MDF), espessuras e revestimentos, que atendam às necessidades específicas do cliente. Essa nova forma de comercialização pode vir a representar um diferencial importante no posicionamento das indústrias no mercado, favorecendo aquelas com maior gama de produtos. Uma outra iniciativa interessante refere-se às parcerias com a indústria moveleira objetivando o aumento das exportações de móveis de painéis. Nesse caso, pode-se citar o projeto da Duratex, divulgado na imprensa no primeiro semestre de 2002, de firmar parcerias com fábricas de móveis, fornecendo matéria-prima e assistência técnica para a fabricação de mobiliário para a exportação. Os móveis seriam exportados com a marca DURATEX. 7.2. Projeção da Oferta e da Demanda Brasileiras de Painéis A estimativa da demanda brasileira de painéis de madeira reconstituída considerada neste trabalho, para o período 2002/2005, contempla uma taxa média anual de crescimento de 10% para o aglomerado e de 17% para o MDF. Quanto à oferta, foram considerados os acréscimos de capacidade provenientes de projetos de otimização de fábricas de aglomerado e de novos projetos de implantação de HDF e MDF (Tabela 10). Observe-se que a linha de produção de HDF, atualmente em construção, poderá ser ajustada para a produção de MDF, sendo, portanto, considerada conjuntamente na posição da oferta. O OSB não é considerado na projeção por não haver informações sobre seu mercado, extremamente incipiente no Brasil. Cabe informar, todavia, que a capacidade de produção desse painel em 2002 está estimada em 200 mil m 3. PRODUTOS FLORESTAIS 19

Tabela 10 Brasil: Projeção da Oferta e da Demanda de Painéis de Madeira Reconstituída Em mil m³ Ano Real Estimativas 2001 2002 2003 2004 2005 Demanda.Aglomerado 1.871 1.950 2.184 2.446 2.740.MDF / HDF 629 755 876 1.016 1.178.Chapa de Fibra ¹ 534 540 540 540 540 Oferta ² Aglomerado.Capacidade 2.350 2.350 2.350 2.550 2.550.Produção 1.833 1.950 2.184 2.446 2.740.Taxa de utilização (%) 78 83 93 96 107.MDF / HDF.Capacidade 698 1.080 1.340 1.500 1.500.Produção 609 755 876 1.016 1.178.Taxa de utilização (%) 87 70 65 68 79.Chapa de Fibra.Capacidade 610 610 610 610 610.Produção 534 540 540 540 540.Taxa de Utilização (%) 88 89 89 89 89 Fonte: BNDES; ¹ Inclui exportação; ² Não foi considerado o painel tipo OSB. O quadro acima demonstra que há uma sobrecapacidade na indústria fabricante de painéis aglomerados e de MDF. Estima-se que, com as taxas de crescimento projetadas, a sobrecapacidade de aglomerado seria absorvida já em 2004/2005, enquanto que os produtores de MDF necessitariam voltar-se para a busca de novos nichos de mercado como exportação e construção civil, por exemplo. Cabe destacar que as projeções acima não levam em consideração a oferta proveniente de empresas fabricantes de painéis localizadas no MERCOSUL. Com a forte retração econômica da Argentina, torna-se prudente considerar que existem três plantas de MDF naquele país, com capacidade de produção anual de 570 mil m 3 e um consumo interno anual estimado em 125 mil m 3. Especificamente, a Arauco, com capacidade de 270 mil m³ por ano, localiza-se a 100 km de Foz do Iguaçu e deve buscar clientes no Brasil. PRODUTOS FLORESTAIS 20

Nesse contexto, é imperioso que a indústria brasileira de painéis de madeira reconstituída se organize para conquistar rapidamente novos mercados, no Brasil e no exterior. A exportação direta de painéis, principalmente do MDF, e o apoio à exportação de móveis são os caminhos mais naturais. As exportações brasileiras de móveis vêm evoluindo favoravelmente, passando de US$ 366 milhões para US$ 484 milhões, entre 1997 e 2001, respectivamente. Parte desse progresso já é uma resposta à política governamental traçada em 1998 para esse segmento e consubstanciada no Promóvel Programa Brasileiro de Incremento à Exportação de Móveis (Gráfico 7). Estima-se que os móveis de painéis tenham respondido por apenas 20% do valor total das vendas externas de móveis no período, havendo, portanto, espaço para crescimento. Gráfico 7 Brasil: Taxa de Variação Anual das Exportações de Móveis 30 20 Em % 10 0 1997 1998 1999 2000 2001-10 Fonte: Abimóvel. Quanto à construção civil, no restante do mundo o MDF é largamente utilizado para a fabricação de portas, esquadrias, rodapés, etc. No Brasil, a construção representa apenas 5% do consumo de MDF, atualmente. Estima-se que esse percentual possa chegar a 30%. De acordo com o exposto, conclui-se que o mercado de painéis de madeira reconstituída ainda está em processo de consolidação. A aquisição de novas tecnologias, a introdução de novos produtos e o rápido aumento da produção, provocaram um desalinhamento nos preços relativos e uma sobrecapacidade momentânea. O ajuste ocorrerá com o amadurecimento da demanda, a conquista de novos nichos de mercado e provável movimento de concentração de produtores. PRODUTOS FLORESTAIS 21