SABERES ADQUIRIDOS NO PIBID (PROGRAMA INSTUCIONAL DE BOLSA INICIAÇÃO À DOCÊNCIA) PARA O SUCESSO PROFISSIONAL. TayaraCrystina P. Benigno, UERN; tayara_bbg@hotmail.com Emerson Carlos da Silva, UERN; emersoncarlos90@hotmail.com Rubson Gomes M. Ramos, UERN; rubson.ramos28@hotmail.com RESUMO Este trabalho tem como objetivo relatar nossas experiências enquanto bolsistas do PIBID (Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a docência), onde através das tarefas realizadas na escola, na qual desempenhávamos nossas atividades, percebemos a importância das disciplinas didático-pedagógicas: Sociologia da educação, Didática entre outras, no curso de licenciatura em Matemática. Também ampliamos o conhecimento em relação à utilização de materiais como recursos pedagógicos e desenvolvemos a prática da investigação matemática, onde nossos trabalhos buscam desenvolver pesquisas e projetos que dêem conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento da nossa futura função. PALAVRAS-CHAVES: Ensino de matemática; Laboratório de ensino de matemática (LEM); Licenciatura em matemática. CONSIDERAÇÕES INICIAIS Nós somos alunos de licenciatura em Matemática, cujo objetivo do curso é a formação de professores de matemática como profissionais de transformação da realidade da educação brasileira, comprometidos com a busca de propostas inovadoras para os problemas existentes em nossas escolas, principalmente as da rede pública. No entanto os motivos pelo qual iniciamos o curso era aprender a matemática pura, bem diferente do objetivo principal do curso, que busca principalmente a formação de professores. Embora fossemos conscientes que ambas as disciplinas específicas e didático-pedagógicas do curso são fundamentais para adquirirmos uma boa formação docente, nosso desempenho no grupo das disciplinas didático-pedagógicas era baixo, pois não víamos utilidades nas mesmas, mas quando iniciamos os trabalhos nas escolas sentimos a importância de estudos
na área da Sociologia que procura a dinâmica amigável entre diferentes grupos de pessoas, a Didática que ensina a ética e a moral de um professor entre outras, sendo essas disciplinas pedagógicas que nos serviram de apoio em nossas relações com o alunado, assim no campo de atuação percebemos que um professor de matemática não é formado apenas por cálculos, na verdade há um vínculo de saberes que precisam ser adquiridos pelos profissionais da educação, pois um bom educador precisa, além do conhecimento específico de sua área, compreender os processos de ensino-aprendizagem, possuir uma postura crítica, contribuir para o desenvolvimento de novas formas de ensino, criar e avaliar projetos de ensino de matemática. Um bom educador de matemática necessita saber matemática e sua didática, Shulman (1986) afirma que saber Matemática para ser Matemático, não é a mesma coisa que saber Matemática para ser professor de Matemática, o professor deve ter domínio das metodologias de ensino da matemática. Para construir o perfil do educar de matemática é necessário que durante a formação, os futuros educadores investiguem os processos de ensino-aprendizagem e um pouco de sua história, o processo evolutivo da educação matemática, inovações nas práticas pedagógicas, como se constrói o conhecimento matemático e quais os desafios que podemos enfrentar dentro do contexto que estamos inseridos. O ingresso no PIBID (programa institucional de bolsa de iniciação á docência) foi essencial para mudar nossa postura diante das disciplinas didático-pedagógicas e estimular nossos estudos de pesquisas que contribuirão para nossa formação como professores de matemática. As nossas primeiras atividades no projeto foram de leitura como as do Projeto Político Pedagógico do curso e da escola, também os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN e PCNEM), estes contribuíram para adquirimos novos saberes, passamos a compreender melhor como se dá o processo de ensino-aprendizagem de matemática. Após adquirirmos um pouco mais de embasamento teórico começamos a realizar tarefas no Centro de Ensino Integrado Professor Eliseu Viana onde desenvolvíamos nossas atividades: acompanhar os alunos esclarecendo suas dúvidas, construir um laboratório de ensino de matemática para facilitar o aprendizado dos alunos desta escola (ainda não concluímos estamos em fase de construção), realizamos uma pesquisa interdisciplinar com os alunos do ensino médio desta escola, para termos uma noção de suas maiores
dificuldades no ensino de matemática e tentarmos contorná-los. O contato com os alunos melhorou nossa postura didática e despertou um maior interesse na nossa formação como educador. CONSTRUINDO o EMBASAMENTO TEÓRICO Fomos privilegiados, pois ganhamos esta oportunidade de crescimento intelectual já no 3º período do curso de Matemática, período este que nossos pensamentos ainda estavam imaturos, não tendo a noção e não sabendo aproveitar o enorme acervo de conhecimento que estão ao nosso alcance no ensino superior, mas essa proposta do PIBID veio a alavancar o nosso crescimento intelectual e nossas opiniões críticas a respeito do ensinoaprendizagem, pois este programa nos proporcionou ferramentas teóricas e ao mesmo tempo, meios para colocarmos em prática os conhecimentos adquiridos com as nossas leituras. Assim adquirimos experiência e novos métodos para uma formação mais completa em todos os sentidos. No início deste projeto, ficamos contidos em reuniões no laboratório de matemática do nosso curso na universidade junto a nossos professores, onde em tais encontros tínhamos por metas os estudos de conteúdos programados por nossos professores e desta forma estruturando um caminho com bastante embasamento teórico para nossas atuações na escola onde atuaríamos, pois como dito antes, ao terceiro período de curso ainda éramos bastante inexperientes para lidarmos com o dinamismo dessas instituições, carecendo assim de mais conhecimento das normas técnicas e os modos de se portar de um profissional da educação que estão por trás destas estruturas, e assim o fizemos, a partir deste ponto começamos a elaborar os estudos e a organizar seminários que eram apresentados na medida em que íamos estudando os vários tópicos dos conteúdos programados, expondo o que íamos absorvendo durante os estudos e desta forma nos preparando para lidarmos com o público, o que é essencial para a nossa profissão, recebemos críticas na maioria das vezes construtivas dos nossos coordenadores justamente na análise de nossas apresentações, cremos que essas críticas foram de suma importância, desmistificando os vários receios que tínhamos no envolvimento com o público, o que não poderia acontecer principalmente no meio em que estamos nos engajando, em que o modo de se expressar talvez faça toda a diferença no entendimento dos nossos ouvintes, sendo
esse momento de bastante crescimento para nós que estávamos iniciando o meio acadêmico. Primeiramente abordamos a análise das Diretrizes Curriculares Nacionais, onde realizamos leituras destes instrumentos, fixando os perfis dos formandos e os pontos cruciais como a formação, a preparação para enfrentar os desafios e a visão dos profissionais da educação perante a sociedade, as competências, quais as capacidades a serem desenvolvidas, a estrutura do curso, os conteúdos curriculares tanto a parte do bacharelado como a da licenciatura, com enfoque nas suas diferenças, tentando ter sempre um olhar crítico a respeito destes ideais, levantando subsídios para as nossas discussões de propostas para o curso de licenciatura em Matemática, também produzimos resumos destes materiais para posterior socialização com os demais companheiros bolsistas, pondo fim as controvérsias e dificuldades de todos os integrantes do grupo PIBID de matemática a respeito desses estudos, facilitando com esses métodos a visão dos referenciais para a formação dos professores de matemática da educação básica, possibilitando assim a disponibilidade do diálogo e a formação de opiniões dos profissionais que devemos nos tornar. Após os estudos relacionados às diretrizes abordamos os estudos sobre o Projeto Político Pedagógico (PPP) do curso de licenciatura em Matemática da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), realizamos varias leituras desses materiais, estudando a historia do curso, sua organização pedagógica, como se constrói as competências profissionais, compreendendo o papel social da escola, o domínio dos conteúdos a serem socializados entre os alunos, a organização curricular como as atividades científicas e culturais, os estágios, a matriz curricular, entre outros, sendo esses conteúdos analisados nos mesmos paradigmas adotados anteriormente com as diretrizes, sendo uma análise minuciosa, pois tínhamos que dominar essas ferramentas de trabalho no nosso dia a dia na escola. Seguimos após o PPP com os estudos dos PCNEN e PCNEN+( Orientações Curriculares para o Ensino Médio Ciências da Natureza, Matemática e Suas Tecnologias) em suas mais variadas faces de direcionamento, seguindo sempre com os mesmos métodos de análises dos demais estudos. Sendo este um dos momentos de maior aprendizado para nós e de grande importância para um profissional que busque a excelência no que se dispõe a fazer.
UTILIZANDO O APRENDIZADO TEÓRICO NA PRÁTICA Ao término desses estudos que realizamos, fomos orientados a iniciar nossas atividades na escola, atuando principalmente junto ao nível médio, para que isso ocorresse surgiu à necessidade de se conhecer de perto a vivência em sala de aula, a relação entre o professor e o aluno e como acontecem às atividades pedagógicas, foi desenvolvido um trabalho que oportunizasse ampliar a visão do dia-a-dia dos discentes, dando-lhes oportunidade de expor suas insatisfações, desejos e sugestões, verificar os principais problemas enfrentados pelos mesmos no ciclo de aprendizagem de matemática, bem como buscar melhorias neste processo. Para isso, foi realizada uma pesquisa interdisciplinar, utilizando a técnica de Grupos Focais, entre a área de Ciências Naturais e Matemática, contemplada nas OCN (Orientações curriculares nacionais). Esta pesquisa teve a finalidade de caracterizar por meio de uma entrevista semi estruturada a atuação dos discentes do Centro de Educação Integrada Professor Eliseu Viana em sala de aula, compreender suas dificuldades, coletar informações e saber suas propostas para a melhoria do ensinoaprendizagem destas disciplinas, bem como avaliar a qualidade do ensino lecionado. Nessa pesquisa percebemos a dificuldade de abstração dos alunos de um modo geral quando se trata da disciplina Matemática, mostrando-nos o quanto é importante buscarmos uma formação de um professor inovador, com novas ferramentas de ensino que tenham como objetivo disponibilizar condições que favoreçam os usuários no processo de ensino e aprendizagem. Para que isso aconteça é necessário que os professores possuam um bom conhecimento destas ferramentas e busque uma formação constante das novas didáticas de ensino e aprendizagem matemática. Segundo Paulo Freire no seu livro Pedagogia da Autonomia (1996), ensinar exige pesquisa, respeito aos saberes dos educando, comprometimento, bom senso, consciência do inacabado. Sobre orientação do nosso supervisor ministramos aulas para o ensino médio da referida escola, a fim de vivenciar a realidade da sala de aula e pôr em prática nosso conhecimento matemático pedagógico, nessas aulas levamos alguns materiais manipuláveis relacionados ao assunto ministrado: Ábacos para mostrarmos como se constrói as quatro operações, Sólidos geométricos onde os alunos tiveram a percepção concreta de como se dá as medições de áreas, volumes, entre outros, incentivando também
os alunos a nos ajudarem na construção do laboratório que iríamos implementar na escola, percebemos o quanto foi importante nossos estudos métodológicos de ensinoaprendizagem nessas aulas práticas, com ambiente diferente do que os alunos costumavam vivenciar, visualizamos a curiosidade e consequentemente o interesse do aluno. Além disso, nessas aulas, os alunos têm a oportunidade de interagir com as montagens de instrumentos específicos que normalmente eles não têm contato em um ambiente com um caráter mais informal do que o ambiente da sala de aula (BORGES, 2002). Essas tarefas foram fundamentais para reforçar o objetivo do nosso projeto, que é construir o Laboratório de Ensino de Matemática (LEM) na escola. Este laboratório servirá como uma ferramenta de ensino-aprendizagem de matemática. Em outras palavras, a compreensão efetiva dos processos de aprendizagens é reforçada pelo provérbio chinês se ouço, esqueço; se vejo, lembro; se faço, compreendo. (Lorenzato, 2006 ). O trabalho com o LEM pode oferecer, um dos caminhos possíveis para enriquecer a prática docente e, além disso, proporcionar mais um auxílio aos desafios enfrentados no cotidiano dos professores da escola pública, desafios estes que tornam visíveis tanto as limitações em sua formação docente quanto à necessidade de aperfeiçoamento do ensino de matemática com inovações e adaptações na sua estratégia de ensino. Para isso, é preciso que nós como futuros docentes tenhamos coragem, ousadia e sobretudo, comprometimento em buscar permanentemente sentido para o que estamos fazendo. PARA CONCLUIR Como futuros professores, iniciando no mundo da docência, temos percebido a necessidade de mudanças nos métodos tradicionais de ensino da matemática para fazer frente aos desafios enfrentados pelo ensino nas escolas públicas. Devemos ressaltar que um LEM, na nossa concepção, não é uma sala de depósito de materiais manipuláveis, mas um espaço onde o conceito matemático pode ser trabalhado em uma abordagem tanto experimental quanto dedutiva, de forma a produzir situações significativas para o aluno. Nosso projeto de construção do LEM veio confirmar a nossa hipótese de que é importante que os alunos de licenciatura em Matemática tenham oportunidades de problematizar e trabalhar com materiais manipuláveis em uma sala especialmente projetada para esse fim. Como futuros professores, este é um momento propício para a problematização de suas
concepções prévias, para que possam ocorrer novas reflexões em sua futura prática docente. Percebemos a necessidade de possuirmos características de futuros docentes pesquisadores, pois um educador não pode parar no tempo, deve sim está sempre interagindo com novos saberes e métodos de ensino, buscando desenvolver pesquisas e projetos que deem conhecimentos fundamentais para o desenvolvimento da nossa futura função. REFERÊNCIAS BORGES, A.T. Novos rumos para o laboratório escolar de ciências. Caderno Brasileiro de Ensino de Física, v.19, n. 3, p.291-313, dez. 2002 BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: Ministério da Educação. 2000 FREIRE, P. Pedagogia da Automação: saberes necessários a prática educativa. São Paulo. 25ª Ed. Paz e Terra, 1996. 54 p. LORENZATO, S. (org). O laboratório de ensino de matemática na formação de professores. Campinas, SP: Autores Associados, 2006. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS- Ensino Médio - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. PROJETO POLÍTICO PEDAGÓGICO do curso de licenciatura em matemática da Universidade do estado do Rio Grande do Norte. SHULMAN, L. S. Those who understand: Knowledge Growlh. In: Teaching Educational Researcher, v. 15, n. 2, p. 4-14, 1986.