Maria Isabel Castelão Silva, Vice-presidente da Comissão de Normalização Contabilística



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Transcrição:

Conclusões Painel 1 A perspectiva da CNC Maria Isabel Castelão Silva, Vice-presidente da Comissão de Normalização Contabilística Foi dada nota sobre os principais trabalhos da CNC em 2010, particularizando os projectos relacionados com o apoio à aplicação, melhoria e actualização do SNC e com o acompanhamento dos desenvolvimentos das normas internacionais de contabilidade ao nível do IASB e, em particular, ao nível da UE. Destacaram-se as seguintes acções: Lançamento do observatório do SNC Criação, no site, de página dedicada a perguntas frequentes relacionadas com a adopção do SNC Identificação dos principais aspectos/matérias que têm sido colocadas à CNC quanto à aplicação do SNC Emissão de opiniões/comentários e resposta a questionários, para o EFRAG, relativamente a assuntos ligados ao processo de endosso das NIC emitidas pelo IASB Celebração de protocolo de cooperação com a CNC de Cabo Verde Por fim, uma referência aos projectos especiais: o Preparação de um projecto de normalização contabilística para as entidades do sector não lucrativo o Preparação de um projecto de normalização para as microentidades, na sequência da publicação da Lei 35/2010 Relativamente ao projecto sobre entidades do sector não lucrativo foi-nos dado nota: Da forma como o projecto nasceu e da constituição do grupo de trabalho Dos trabalhos preparatórios, envolvendo não só o estudo/consulta de publicações nacionais e internacionais sobre a matéria, bem como reuniões com entidades do

sector e com a CNCAP e a análise de contributos recebidos para o desenho do modelo De seguida enunciaram-se os principais aspectos relativos à configuração do modelo, aos seus instrumentos contabilísticos e à forma legal de os instituir Destacaram-se os aspectos fundamentais que, por confronto com o SNC e atendendo à especial natureza deste tipo de entidades, foram objecto de reflexão e alteração, designadamente: o As noções de controlo e de presunção de controlo, de benefícios económicos, as definições de alguns elementos das demonstrações financeiras o O regime simplificado em base caixa o A vertente de controlo orçamental o A redominação de algumas contas e classes do CC Relativamente ao projecto sobre microentidades foi-nos dado nota: Da forma como a CNC interpretou a Lei 35/2010 e, consequentemente, enformou o projecto que submeteu ao Governo O projecto constitui uma base de relato autónoma do SNC, ou seja, a normalização contabilística para microentidades não estar compreendida no SNC Sem embargo, e porque a comunicabilidade vertical o aconselhava, foram acolhidos os conceitos e definições de aceitação generalizada constantes do SNC Sendo embora um corpo autónomo, procurou-se dar-lhe uma estruturação normativa e legal semelhante à do SNC Enunciaram-se as simplificações introduzidas ao nível do CC, das DF, em particular no anexo, e das normas contabilísticas (simplificação e/ou eliminação de alguns critérios de reconhecimento e bases de mensuração) Pedro Aleixo Dias, Representante da Comissão de Normalização Contabilística, responsável pelo Observatório SNC 2010 Relativamente à aplicação do SNC, foi particularmente sugestivo o que o Dr. Aleixo Dias nos trouxe sobre o Observatório do SNC. Como aspectos a sintetizar/salientar decorrentes da análise das respostas ao questionário elencamos os seguintes: 66% das entidades aplicam o regime geral do SNC (sendo 38% as grandes (3%) e médias empresas (35%) e 28% as pequenas e micro)

O questionário foi preenchido maioritariamente por TOC (65%) Relativamente a cada um dos itens destinados a apreender a forma como a transição para o SNC foi assumida, o panorama parece altamente positivo, com 70% no conjunto dos indicadores o 1. Gestão: Existem na entidade capacidades para gerir o processo de transição para o SNC? >> 91% sim o 2. Áreas de Impacto: Foram identificadas as principais áreas de impacto da transição e efectuada uma análise de custos vs benefícios? 73% sim o 3. Plano de Transição: Foi definido um plano de transição detalhado e? 72% sim o 4. Envolvimento da Organização:.? 67% sim o 5. Processos Internos: O plano de transição está construído de forma a estabelecer processos sustentáveis? 79% sim o 6. Intervenção de Especialistas Externos: Foi avaliada a necessidade de intervenção e uso de especialistas externos no processo de transição.? 67% NÃO o 7. Políticas Contabilísticas: Foi efectuada a avaliação das políticas contabilísticas alternativas vs.? 69% sim o 8. Diferenças POC vs SNC: Foi efectuada a avaliação das diferenças entre o POC e o SNC ao..? 82% sim o 9. Estratégia de Comunicação: Existe uma estratégia efectiva de comunicação do processo de transição e seus impactos.? 61% sim o 10. Formação: Está criado um processo efectivo para a transferência de conhecimentos,? 58% sim o 11. Informação para as Demonstrações Financeiras: Estão adaptados à entidade os modelos de demonstrações financeiras, incluindo o anexo, e.? 72% sim o 12. Balanço de Abertura e Comparativos: Foi já preparado o balanço de abertura e as reconciliações necessárias entre o POC e as NCRF s ou NCRF- PE? 75% sim

Painel 2 A perspectiva dos preparadores Domingues de Azevedo, Bastonário da Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas O Senhor Bastonário da OTOC focalizou a sua intervenção nos seguintes pontos: Fiabilidade da informação contabilistica a qual tem de assentar num processo repartido entre os profissionais e os que gerem os negócios (empresários); esse é o binomio fundamental para a fiabilidade da informação e passa pelo conhecimento profundo do negócio. Que meios e metodos tem os TOC para sensibilizar os empresários da necessidade de informação? A fiabilidade interessa sobretudo aos empresários, sobretudo quando têm de contraditar a administração fiscal, quando têm de recorrer ao crédito, etc. Os profissionais responderam muito positivamente à mudança conceptual que o SNC introduziu. Algum receio com a proliferação de modelos contabilisticos (RG, RPE e Micro) A CNC deve ter compreensão quanto à aplicação do SNC. Papel dos TOC para sensibilizar os empresários para a importêancia da contabilidade. Há que clarificar dúvidas sobre os efeitos de transição para o SNC. António Saraiva, Presidente da CIP - Confederação Empresarial de Portugal Na perspectiva dos preparadores o Presidente da CIP focou: que a transição POC/SNC tem custos, mas que podem ser vistos como investimento de assinalável retorno na medida em que assume um caracter de modernidade e de maior compreensibilidade, comparabilidade, transparência e realismo face aos mercados No 1º fecho de contas em SNC há que acautelar o impacto decorrente das diferenças importantes em indicadores fundamentais => O que deverá levar as empresas a definir uma estratégia de comunicação a accionistas, financiadores, administração pública que identifique e explique essas diferenças Uma questão que constitui preocupação prende-se com o facto de ainda não estarem definidos certos aspectos relativos à prestação de informação fiscal a alteração dos limites relativos a pequenas entidades suscita algumas interrogações quanto à forma prática de implementar tal alteração a meio de um exercicio em que já se estava a utilizar o regime geral do SNC identica interrogação existe quanto à aplicação da Lei 35/2010 sobre as microentidades. Ainda em 2010 ou só para as contas de 2011? quanto à simplificação das exigências para as empresas, quer no caso das microentidades quer no caso das PME relativamente às quais o IASB emitiu uma norma simplificadora. Concorda-se com a simplificação mas sem esquecer que esta deve ser feita com critério e com qualidade técnica. nos aspectos de simplificação ainda uma nota para aquelas situações em que se possa estar perante uma entidade abaixo dos limites, mas que assume especial

relevância, por, por exemplo, se tratar de uma SA, de uma SGPS, casos em que não se deveriam contornar as exigências de informação financeira. Painel 3 A perspectiva dos utilizadores João Durão, Subdirector Geral da Direcção Geral dos Impostos O Dr. João Durão iniciou a sua apresentação abordando a relação entre a contabilidade e a fiscalidade, salientando a dependência parcial de acordo com o artigo 17.º do CIRC e afirmando que o casamento/dependência entre a fiscalidade e a contabilidade resulta da conveniência. Salientou que os actuais conceitos contabilísticos não são precisos sendo complexos para os fiscalistas, uma vez que a fiscalidade implica certeza jurídica. No que respeita às principais implicações fiscais do SNC, o Dr. João Durão transmitiu que a declaração Modelo 22 terá um agravamento de 30% no número de linhas do quadro 07, sendo que este agravamento apenas parcialmente se deve ao SNC. Relativamente aos sistemas de informação foi salientado o tratamento informático dado ao Anexo através de informação normalizada, sendo que a IES contará com quadros específicos. Nesta matéria foi transmitida a perspectiva da vizinha Espanha. Quanto ao dossier fiscal foi transmitida a ideia de que este deverá passar a conter mais informação. De seguida o Dr. João Durão questionou se haveriam alternativas a esta solução e se poderia ter sido feito um maior esforço de aproximação. No seu entender a resposta à primeira questão é que não existem alternativas há uma dependência parcial e no que se refere à segunda questão poderiam ter sido de facto feitos esforços de aproximação nomeadamente no que se refere à aproximação do SNC à realidade nacional e no que se refere à questão da fiscalidade com menos divergências face à contabilidade. José Rodrigues de Jesus, Representante da AICEP, Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal O Dr. José Rodrigues de Jesus iniciou a sua apresentação explicando os objectivos da AICEP, salientando o papel da organização enquanto intermediário na utilização do QREN e na atribuição de benefícios fiscais e o papel da sociedade de capital de risco. De seguida foi referida a importância do SNC para a AICEP, tendo sido indicada a questão da contabilização dos subsídios ao investimento em capital próprio e o seu impacto ao nível dos rácios, como exemplificativa da dependência das novas regras contabilísticas. Foram ainda mencionadas a problemática dos intangíveis e das despesas de investigação. Foi destacado o papel da AICEP enquanto consumidor de contas, salientando que a AICEP é um facilitador das tarefas dos investidores. Foi dada nota da importância das contas das empresas face às decisões da AICEP e da necessidade de adequação da terminologia dos diplomas legais, que deverá efectuar-se gradualmente. Para terminar o Dr. José Rodrigues de Jesus apresentou a avaliação dos impactos nas demonstrações financeiras resultantes da transição para o SNC.

Painel 4 Os novos desafios Leonor Ferreira, Representante da Fundação Calouste Gulbenkian A Dra. Leonor Ferreira iniciou a sua apresentação dando conta da escassez de informação na área das fundações (quem são, quantos são, em que áreas actuam, etc). Salientou a ideia de que as Fundações devem servir a comunidade, servindo-se dos subsídios e dos donativos angariados. No que respeita ao enquadramento legal das Fundações foi salientado o controlo exercido pelo Conselho Fiscal (Fundações Privadas) ou pelo Tribunal de Contas e pela IGF (Fundações Públicas). De seguida apresentou um estudo feito com base em 25 Fundações, para o período de 2006, 2007 e 2008 salientando a dificuldade encontrada na obtenção de informação. Analisando o investimento das Fundações, e excluindo a Fundação Calouste Gulbenkian, conclui-se que não são grandes entidades. Relativamente às normas contabilísticas adoptadas, a maioria utilizava o POC, algumas o POCIPSS e a Fundação Calouste Gulbenkian adopta as IAS/IFRS, salientando-se que as demonstrações financeiras apresentadas pelas Fundações apresentam algumas adaptações na terminologia. Foi ainda salientado que quem assina as contas é maioritariamente o TOC e que a maioria (cerca de 2/3) tem ROC. As principais conclusões deste estudo apontam para falta de informação nas Fundações, o que justifica a padronização e normalização da informação financeira, para além de que deverá haver mais e melhor informação com vista à obtenção de mais transparência. Foi ainda salientado que a correlação rendimento/gasto não é linear nas Fundações. A proposta do Centro Português de Fundações apontava para a adaptação terminológica, alertava para a preocupação com a dimensão das entidades e para a necessidade de aproximação entre a IES e o SNC. Os contributos do Centro Português de Fundações foram em parte acolhidos no projecto de diploma. Não obstante o projecto preparado pelo Grupo de Trabalho, a Dra. Leonor Ferreira deixou algumas sugestões finais nomeadamente no que se refere à dispensa de comparativos para pequenas entidades, à exigência de TOC/ROC, à possibilidade de antecipar o sistema e à formação/adaptação informática necessária. Paulo Batista Santos, Representante da Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia da República O Dr. Paulo Batista Santos iniciou a sua intervenção salientando o papel da CNC na criação do POC e sua revisão e na emissão das Directrizes Contabilísticas. De seguida referiu o ajustamento efectuado na CNC, a criação do SNC e a revogação do POC. Deu, de seguida, conta da necessidade de avaliar o grau de implementação do SNC, mas também o aumento dos custos administrativos das empresas resultantes de tal implementação. Referiu de seguida a recente actividade legislativa com a aprovação da Lei n.º 20/2010, de 23 de Agosto que alarga o conceito de pequena entidade para efeitos do SNC e da Lei n.º 35/2010, de 2 de Setembro que visa a simplificação das normas e informações

contabilísticas para microentidades. Ambos os diplomas visam a redução dos encargos administrativos destas entidades. De seguida, o Dr. Paulo Batista Santos referiu a orientação europeia sobre simplificação e redução de encargos para as empresas salientando que nunca esteve em causa no espírito do legislador a dispensa de TOC e de demonstrações fiscais. Foi ainda referido que a consulta a entidades externas, a análise da legislação na Europa e a colaboração técnica foram essenciais para o texto final da Lei n.º 35/2010, de 2 de Setembro. O Dr. Paulo Batista Santos alertou para o facto de que se o Governo não regulamentou a Lei da Assembleia, a própria Assembleia da Republica fará o regime para as microentidades. De seguida, o Dr. Paulo Batista Santos levantou a questão se a norma PE responde às necessidades das PME concluindo que a norma deve responder às necessidades de gestão das empresas e à normalização contabilística. No que se refere à questão de um sistema mais simplificado para microentidades foi apresentada como exemplo a Lei do Supersimples aprovada no Brasil que assenta num regime fiscal simplificado e relativamente a ajustamentos prioritários foram dadas notas da necessidade de adaptação do SNC para PE face à IFRS-PME, da carga burocrática existente através do SAFT, IES e relatório único e ainda da versão final relativamente à questão da certificação por ROC da dedução (reporte) dos prejuízos fiscais. Foi dada grande ênfase à necessidade de redução de custos administrativos e redução de custos de contexto e como notas finais foram mencionadas a necessidade de consolidar missões e atribuições da CNC, a questão de outras associações profissionais serem representadas na CNC (nomeadamente a APOTEC e APPC) e a questão de saber se as ordens profissionais respondem às exigências dos seus profissionais (referindo algumas duvidas no que respeita à OTOC). Como conclusão da sua apresentação o Dr. Paulo Batista Santos deixou um louvor ao trabalho da CNC e do Professor Rogério Fernandes Ferreira.