A IMPORTÂNCIA EM IDENTIFICAR A SÍNDROME DE BURNOUT NO DOCENTE VISANDO A MANUTENÇÃO DA SAÚDE E DA PROFISSÃO



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Transcrição:

A IMPORTÂNCIA EM IDENTIFICAR A SÍNDROME DE BURNOUT NO DOCENTE VISANDO A MANUTENÇÃO DA SAÚDE E DA PROFISSÃO Sandra Maria Nichi de Sá¹ Maybe Cristina Milan Lemos² RESUMO O presente artigo tem como objetivo verificar se o docente conhece a Síndrome de Burnout.A severidade da síndrome entre os profissionais do ensino coloca o magistério como uma das profissões de alto risco, porque gera alteração do humor, esgotamento físico, emocional, falto de realização pessoal no trabalho, perspectiva profissional etc. O professor em geral mostra-se a arrependido de ingressar na profissão, planejando seriamente abandonála.. A abordagem foi através de pesquisa quantitativa no formato de questionário objetivo com questões de múltipla escolha e apresentado aleatoriamente a setenta e nove docentes em algumas instituições de ensino de níveis variados na cidade de Cascavel-PR. Palavras-Chaves: Síndrome de Burnout Docente Abandono do Trabalho. The present article has as objective to verify if the teacher knows the Syndrome of Burnout. A severity of the syndrome enters the professionals of education places the teaching as one of the professions of high risk, because she generates alteration of the mood, physical, emotional exhaustion, lack of personal accomplishment in the work, professional perspective etc. The teacher in general reveals sorry it to enter the profession, being planned seriously abandoner. The boarding was through quantitative research in the format of questionnaire objective with questions of multiple choice and presented aleatorialy the seventy and nine professors in some institutions of education of levels varied in the city of Cascavel-PR Key words: Syndrome of Burnout - Teacher Abandonment of work ¹Tecnóloga em Estética e Cosmetologia, Especialista em Docência do Ensino Superior e Pós graduanda em Estética e Csmetologia pela Unipar Cascavel. Email:sandradesa@brturbo.com.br Orientadora:Maybe Cristina Milan Lemos, Especialista em Nutrição Unipar Toledo Pr. 1

INTRODUÇÃO De acordo com Ferenhof & Ferenhof (2002), a palavra Burnout tem origem inglesa e vem da junção das palavras burn que significa queima e da palavra out que significa exterior, sugerindo que a pessoa com essa síndrome sofre física e psiquicamente. A doença já havia sido descrita em 1932 pelo médico Hans Seyle, que caracteriza três níveis de estresse: o alarme, a resistência e a exaustão. A síndrome de Burnout é uma doença que se caracteriza pelo desânimo, falta de perspectiva profissional e baixo astral. Quem sofre dessa doença geralmente altera o humor constantemente, adia projetos e evita opinar sobre o trabalho. (CAMPOS, 2000). Segundo Malagris (2004), a síndrome de Burnout também significa estado de exaustão, também pode ocorrer com trabalhadores altamente motivados, que acabam se excedendo e não suportando a sobrecarga de trabalho. As três dimensões que caracterizam esta doença são: o esgotamento emocional; ocorre uma diminuição e uma perda de recursos emocionais. A despersonalização; ocorre o desencadeamento de atitudes negativas, cínicas e insensíveis para com os colegas de trabalho ou no serviço que é prestado pelo trabalhador, e a falta de realização pessoal no trabalho; que afeta o indivíduo na realização de tarefas (CODO E VASQUEZ-MENEZES, 1999). Para Domènech (1995), tanto o estresse como o burnout no ensino certamente ocorre há muito tempo entre os professores, seu reconhecimento como problema sério, com importantes implicações psicosociais, tem sido mais explícito nos últimos 20 ou 30 anos. Burnout não é um fenômeno novo, o que talvez seja novo é o desafio dessa categoria profissional em identificar e declarar o estresse e o burnout sentidos. O professor conhece muito sobre o quê e como ensinar, mas pouco sabe sobre os alunos e muito menos sobre si mesmo. Perrenound (1993), diz ser a profissão docente uma profissão impossível, na medida em que está sempre entre aquelas que trabalham com pessoas. Por esta razão, o sucesso do empreendimento educativo nunca estará assegurado. Kuenzer (2004), define o burnout como a dor de um profissional encalacrado entre o que pode fazer e o que efetivamente consegue fazer, entre o céu de possibilidades e o inferno 2

dos limites estruturais, entre a vitória e a frustração; é a síndrome de um trabalho que voltou ser trabalho, mas que ainda não deixou de ser mercadoria, ou seja, não há separação entre produto e produtor. Para Farber (1991), a severidade de burnout entre os profissionais de ensino já é atualmente, superior à dos profissionais de saúde, o que coloca o magistério como uma das profissões de alto risco. Segundo Esteve (1999), atualmente os professores devem incorporar conteúdos que nem sequer eram mencionados quando começaram a exercer esta profissão. O professor que resiste a estas mudanças, que ainda pretende manter o papel de modelo social, transmissor exclusivo de conhecimento tem maiores possibilidades de desenvolver sentimentos de mal-estar. O burnout na população de professores, parte do pressuposto de que suas causas são uma combinação de fatores individuais, organizacionais e sociais, sendo que esta interação produziria uma percepção de baixa valorização profissional. A literatura considera professores idealistas e entusiasmados com sua profissão mais vulneráveis, pois sentem que têm alguma coisa a perder e refere ainda serem os professores do sexo masculino mais vulnerável que os do sexo feminino, o que levou à suposição de que mulheres são mais flexíveis e mais abertas para lidar com as várias pressões presentes na profissão de ensino (FARBER, 1991). Segundo Farber (1991), a formação do professor enfatiza conteúdos e tecnologia, sendo deficiente a abordagem nas questões de relacionamento interpessoal, relacionamento com alunos, administradores, pais e outras situações. A falta de condições físicas e a falta de materiais para programação de suas ações junto aos alunos também foi identificada como importante fonte de desgaste profissional. O autor salienta que do ponto de vista público, a categoria sofre muitas críticas, é extremamente cobrada em seus fracassos e raramente reconhecida por seu sucesso. Para o autor, mesmo que esta seja uma tendência de todas as profissões, nenhuma categoria tem sido tão severamente avaliada e cobrada pela população em geral nas últimas duas décadas como a dos professores. As conseqüências de burnout em professores não se manifestam somente no campo pessoal-profissional, mas também trazem repercussões sobre a organização escolar e na relação com os alunos. A adoção de atitudes negativas por parte dos professores na relação com os receptores de seus serviços deflagra um processo de deterioração da qualidade da relação e de seu papel profissional. Professores com altos níveis de burnout pensam com 3

freqüência em abandonar a profissão. Esta situação ocasiona sérios transtornos no âmbito da instituição escolar e também no sistema educacional mais amplo (FARBER, 1991). Farber (1991), divide as manifestações do burnout em professores em sintomas individuais e profissionais, destacando, entretanto, que estas questões são de difíceis generalizações e descrições universais. Em geral, segundo o autor, os professores sentem-se emocional e fisicamente exaustos, estão freqüentemente irritados ansiosos, com raiva ou tristes. De acordo com Benevides & Pereira (2001), os sintomas mais freqüentemente associados ao burnout são: Psicossomáticos: enxaquecas, dores de cabeça, insônia, gastrites e úlceras; diarréias, crises de asma, palpitações, hipertensão, maior freqüência de infecções, dores musculares e/ou cervicais; alergias, suspensão do ciclo menstrual nas mulheres. Comportamentais: absenteísmo, isolamento, violência, drogadição, incapacidade de relaxar, mudanças bruscas de humor e comportamento de risco. Emocionais: impaciência, distanciamento afetivo, sentimento de solidão, sentimento de alienação, irritabilidade, ansiedade, dificuldade de concentração, sentimento de impotência; desejo de abandonar o emprego; decréscimo do rendimento de trabalho; baixa auto-estima; dúvidas de sua própria capacidade e sentimento de onipotência. Defensivos: negação das emoções, ironia, atenção seletiva, hostilidade, apatia e desconfiança. Especificamente no caso dos docentes, Reinhold (2002), observou diversas fases da síndrome de burnout: idealismo; realismo; estagnação e frustração ou quase-burnout; apatia e burnout total; fenômeno fênix. Na fase do idealismo, descrita como o momento de grande entusiasmo e energia, parece que o trabalho preenche a vida do professor. Na segunda fase, quando percebe que suas aspirações e ideais não correspondem à realidade, o professor começa a sentir frustração e percebe-se que não recompensado intensifica seu trabalho em busca de realização, mas, vem o cansaço e a desilusão, acabando o professor por se questionar quanto a sua competência. Quando o entusiasmo inicial dá lugar à fadiga crônica, é o momento da estagnação frustração, ou quase-burnout. E quando aparecem sintomas como irritabilidade, fuga dos contatos e faltas. A seguir, vem à apatia e burnout total, momento no qual o professor já experimenta desespero, auto-estima corroída e até depressão. 4

Pode perder o sentido do trabalho e até da vida. Nesse momento surge o desejo de abandonar o trabalho. A fase denominada fenômeno Fênix, segundo Reinhold (2002), significa renascer das cinzas e nem sempre ocorre. Representa o abandono do trabalho, mesmo antes da recuperação. Muitos o fazem, enquanto outros se limitam à ansiedade pela chegada da aposentadoria, feriados e finais de semana. Contudo, há os que encontram, nesse momento, mecanismos de enfrentamento que podem ajudar a crescer com burnout (MALAGRIS, 2004). Farber (1991), afirma que, nos aspectos profissionais, o professor pode apresentar prejuízos em seu planejamento de aula, tornando-se este menos freqüente e cuidadoso. Apresenta perda de entusiasmo e criatividade, sentindo menos simpatia pelos alunos e menos otimismo quanto à avaliação de seu futuro. Pode também se sentir facilmente frustrado pelos problemas ocorridos em sala de aula ou pela falta de progresso de seus alunos, desenvolvendo um grande distanciamento com relação a estes. Sentimentos de hostilidade em relação a administradores e familiares de seus alunos também são freqüentes, bem como o desenvolvimento de visão depreciativa com relação à profissão. Moura (2000) atribui como as dez maiores fontes de esgotamento para docentes: a) desmotivação dos alunos; b) comportamento indisciplinado dos alunos; c) falta de oportunidades de ascensão na carreira profissional; d) baixos salários; e) más condições de trabalho (falta de equipamentos e instalações adequadas); f) turmas excessivamente grandes; g)pressões de grupo e prazos; h) baixo reconhecimento e pouco prestígio social da profissão; i) conflitos com colegas e superiores; j) rápidas mudanças nas exigências de adaptação dos currículos. O objetivo geral desta pesquisa é apresentar a Síndrome de Burnout aos docentes para identificar se os mesmos têm conhecimento da patologia, se são portadores de alguns ou todos os sintomas relacionados se desejaram abandonar a profissão e se procuraram ajuda de um especialista. MATERIAIS E MÉTODOS A abordagem foi através de pesquisa quantitativa no formato de questionário objetivo de múltipla escolha (ANEXO), apresentado aleatoriamente a setenta e nove docentes 5

independente de sexo, idade, da área de atuação e do tempo que exerce a profissão em algumas instituições de ensino de níveis variados na cidade de Cascavel-PR. RESULTADOS E DISCUSSÕES Para a realização deste trabalho foram entregues 79 questionários a docentes da cidade de Cascavel, sendo que deste total, trinta e três responderam. França (1987), alerta que o início do burnout é insidioso, traiçoeiro. Ele se instala silenciosa e progressivamente e assim, ocorre uma sensação de mal-estar indefinido, físico ou mental, sintomas esses que são atribuídos pela pessoa ao excesso de trabalho que estão realizando, não de dando conta que estão adoecendo. A pesquisa demonstra que 100% dos entrevistados apontam um dos sintomas associados à doença. Burnout não é um fenômeno novo. Há mais de vinte anos, já encontramos relatos enfocando uma preocupação (FRANÇA, 1987).Na pesquisa foi constatado que 51% dos entrevistados desconheciam a doença. Segundo Benevides & Pereira (2002), a maioria dos autores concordam que o burnout se dá em função de uma tentativa de enfrentamento ao estresse. Para ele a síndrome de burnout vai além do estresse, sendo encarada como uma reação ao estresse crônico. Devido a grande exaustão que sentem percebem que nada mais podem oferecer aos demais em decorrência do desgaste físico e mental. Dos entrevistados, 96% concordam que o estresse crônico leva ao Burnout. A indisciplina, o desinteresse dos alunos em relação à aprendizagem como potencial desencadeador de estresse crônico no docente, é apontado por 100% dos entrevistados, indo de encontro da citação de Moura (2000) que as atribui entre as dez maiores fontes de esgotamento para docentes, ressalta ainda que tais problemas não são desconhecidos, além de a própria mídia constantemente informar e alertar sobre esta realidade. Para Benevides & Pereira (2002), níveis elevados de burnout faz com que indivíduos fique contando as horas para o dia de trabalho terminar, pensam freqüentemente nas próximas férias e se utilizam inúmeros atestados médicos para aliviar o estresse e tensão. A maioria dos entrevistados 85% respondeu que esperavam ansiosamente pelo término do dia de trabalho. 6

Quase unanimidade, ou seja, 96% dos entrevistados concordam com os apontamentos de Malach & Leiter (1999), onde afirmam que quando o ambiente de trabalho favorece o aparecimento de burnout, observa-se maior rotatividade de funcionários dentro das empresas, absenteísmo, queda de qualidade e produtividade, incremento de licenças por problemas de saúde, baixa moral dos trabalhadores, e o desligamento psicológico. Moura (2000), afirma que com a divisão social do trabalho, separando o trabalho manual do trabalho intelectual, os professores foram diferenciados em relação aos outros trabalhadores. A sociedade desvaloriza o trabalhador que utiliza sua intelectualidade como ferramenta principal de trabalho daqueles que usam como recurso o trabalho físico. Nesta questão 75% dos entrevistados relataram terem sido abordados com pergunta do tipo Você trabalha ou só da aula?. Segundo Malasch (1982), deduz que professores com mais idade, apresentam menor risco de incidência de bournout, porque parecem já ter desenvolvido a decisão de permanecer na carreira, demonstrando menos preocupação com os estressores ou com os sintomas pessoais relacionados ao estresse, ao contrário dos professores com menos de quarenta anos que apresentam maior risco de incidência, provavelmente devido às expectativas irrealistas em relação à profissão. Sobre a procura por médico para alívio dos sintomas, pode - se observar que se deu segundo a dedução de Malasch (1982), ou seja, nos docentes com menos de quarenta anos de idade 85% procuraram atendimento médico ao necessitarem, ao contrário da minoria 15% dos professores na faixa-etária dos quarenta e um aos sessenta e três anos que não procuraram ajuda médica porque que se adaptaram aos estressores e não se preocupam com os sintomas pessoais, ou seja, aprenderam a lidar com a demanda do trabalho. CONCLUSÃO È interessante (pedido dos professores entrevistados) difundir palestras, mini-curso, sobre a síndrome, para que os professores ainda no exercício de suas funções possam identificá-la, visto que não é tema popular e não faz parte da roda de conversa informal. A prevenção é importante, porque a patologia é insidiosa e vai se instalando aos poucos e quando o professor se dá conta já se encontra afetada tanto a sua saúde física como mental. A Síndrome afeta o docente justamente o sentido do trabalho, instalando sentimento 7

de impotência, consumindo energia vital e levando a completa alienação, e é justamente nesse período que o docente fantasia, planeja o abandono ou a troca da profissão. O Burnout é um fenômeno complexo, afeta a realização de uma classe que possue expectativas em atingir metas irrealistas, que pretende não somente ensinar seus alunos, mas também contribuir na formação de um cidadão que vive numa sociedade capitalista onde quem pode mais, tem chance de tornar-se um cidadão respeitável e os que são excluídos tem nos professores uma mão orientadora que pretende guiá-los para o caminho do bem e da realização pessoal. Por essa sobrecarga, o professor sofre na realização do trabalho, por almejar dar o melhor de si, torna-se vítima de uma doença e ao chegar no limite do sofrimento não tem forças para resgatar a saúde e manter o trabalho que adotou por amor. Alguns docentes hesitaram em responder a pesquisa. Alegaram falta de tempo devido à correria no dia-a dia que a profissão exige em termos de cumprimento de horário, preparação das aulas e também pela dificuldade em conciliar a rotina de cuidados pessoais e familiares. REFERÊNCIAS BENEVIDES - PEREIRA A.M.T. Burnout: quando o trabalho ameaça o bem-estar do trabalhador.são Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. BENEVIDES-PEREIRA, A.M.T. A saúde mental de profissionais de saúde mental: uma investigação da personalidade de psicólogos. Maringá, Eduem, 2001BENEVIDES- PEREIRA, A.M.T. Burnout: O processo de adoecer pelo trabalho. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002. CAMPOS, S. Burnout, a nova doença do trabalho. Disponível em: www.kimpress.com.br. Acesso em: 26 de junho de 2003. CODO, W. & VASQUEZ MENEZES, I. O que é burnout? Em W. CODO (org), Educação: carinho e trabalho.rio de Janeiro: Vozes, 1999. DOMÉNECH, B.D. Introduccion al síndrome burnout em profesores y maestros y su abordaje terapêutico. Psicologia Educativa, 1995. ESTEVE, J. M. O mal-estar docente: a sala de aula e a saúde dos professores. São Paulo: EDUSC, 1999. 8

FARBER, B. A. Crisis in education. Stress and burnout in the American teacher. São Francisco: Jossey Bass 1991. FERENHOF, I. A; FERENHOF, E.A. Burnout em Professores. Revista Científica Avaliação e Mudanças, Centro Universitário Nove de Julho, v.4, 2002. FRANÇA, H. H. A síndrome de burnout. RBM-Revista Brasileira de Medicina, edição nº 44 1987. KUENZER, A. Z. Trabalho, Educação e Saúde, Vol.II, Rio de Janeiro, 2004. MALAGRIS, L.E.N. Burnout: o profissional em chamas. In: NUNES SOBRINHO, F. DE P; NASSALA, I Pedagogia Institucional: fatores humanos nas organizações..rio de Janeiro: ZIT Editores, 2004. MALASCH, C.;Jackson, S. E., The measurement of experienciend burnout.journal of Occupational behavior, 1981. MALASCH, C; LEITER M. P. Trabalho: fonte de prazer ou desgaste? Guia para vencer o estresse na empresa. Campinas, SP: Papirus, 1999. MOURA, E.P.G. Esgotamento profissional (burnout) ou sofrimento psíquico no trabalho: o caso dos professores da rede de ensino particular. In: Sarriera, Jorge Castellá. Psicologia comunitária: estudos atuais. Porto Alegre: Sulina 2000. PERRENOUND, P. Práticas pedagógicas, profissão docente e formação: perspectivas sociológicas. Lisboa: D.Quixote, 1993. REINHOLD, H. H. In: LIPP, M.E.N. O stress do professor. Campinas: Papirus, 2002. 9

QUESTIONÁRIO 1. Nome: 2.Idade: 3.Profissão: 4.Sexo: F ( ) M ( ) 5. Tempo de atuação no magistério: 6. Você já ouviu falar sobre a Síndrome de Burnout? Sim ( ) Não ( ) 7.Você acha que é portador (a) da Síndrome de Burnout? Sim ( ) Não ( ) 8. Relacionar se é portador (a) de um ou mais sintomas associados à patologia como: Hipertensão ( ) Tristeza( ) Insônia ( ) Úlcera ( ) Dores de Cabeça ( ) Alcoolismo ( ) Medicamentos ( ) Gastrite ( ) Dores Musculares ( ) Enxaquecas ( ) 9. Procurou ajuda médica ao sentir a sua saúde prejudicada? Sim ( ) Não ( ) 10. Dentre as abordagens relacionadas abaixo, qual ou quais foram prescritas pelo médico? 10

Medicamento ( ) Exercício Físico ( ) Repouso/ Descanso ( ) Psicoterapia ( ) Lazer ( ) Relaxamento ( ) 11. O stress crônico e a carga horária excessiva na sua opinião pode deflagrar a Síndrome de Burnout? Sim ( ) não ( ) 12. O ambiente de trabalho pode contribuir para a Síndrome de Burnout? Sim ( ) Não 13 Já se sentiu ansiosa (o), para findar o quanto antes um dia de trabalho? Sim ( ) Não ( ) 14. Você sentiu-se discriminado (a), ou rotulado (a) no período em que esteve em crise, por não produzir como de fato deveria ou gostaria? Sim ( ) Não ( ) 15. A mídia deve cumprir o seu papel social abordando o assunto com clareza, no intuito de alertar o docente quanto a Síndrome de Burnout pode ser prejudicial? Sim ( ) Não ( ) 16.Em decorrência da divisão do trabalho manual/intelectual, você já foi questionado se trabalha ou se apenas dá aula? Sim ( ) Não ( )17.Já sentiu desejo de abandonar a profissão? Sim ( ) Não ( ) 17. Sentiu desejo, ou fantasiou abandonar a profissão? Sim ( ) Não ( ) 11