O IMPACTO ECONÓMICO DA DIRETIVA 94/62/CE SOBRE EMBALAGENS E RESÍDUOS DE EMBALAGENS Rui Cunha Marques Pedro Simões Nuno Cruz Sandra Ferreira Marta Cabral 1 Fevereiro 2013
O Projeto Entidade Financiadora Banco Europeu de Investimento, Programa de Financiamento para Investigação Científica (EIBURS) Calendário Fevereiro 2011 a Fevereiro 2014 (3 anos) Instituição Proponente Instituto Superior Técnico Universidade Técnica de Lisboa (IST/UTL) Unidade de Investigação Centro de Estudos de Gestão, IST Investigador Responsável Rui Cunha Marques 2
Objetivos Diretiva 94/62/CE Promove um elevado nível de proteção ambiental enquanto assegura o funcionamento do mercado interno. aumento das taxas de reciclagem e valorização Estudar a distribuição dos custos de gestão entre os vários intervenientes na cadeia de valor; Determinar a taxa económica de retorno de proteção ambiental através de uma análise custo-benefício. 3
Casos de Estudo 4
Casos de Estudo Estação Transferência Aterro Recolha indiferenciada TMB Incineração com recuperação de energia Resíduo de embalagem Recolha seletiva Ecopontos Porta a porta Ecocentros Triagem Embalagem Centro Reciclagem 5
Casos de Estudo Metas de Reciclagem e Valorização (% em peso) Metas Valorização Reciclagem Vidro Plástico Papel/ cartão Metal Madeira Diretiva 94/62/CE (para 2001) Diretiva 2004/12/CE (para 2008) 50 a 65 25 a 45 15 15 15 15 15 60 55 a 80 60 22,5 60 50 15 Taxas reais (% em peso) Metas Bélgica França Reino Unido Alemanha Roménia Portugal Valorização (%) 95,0 65,2 65,5 94,8 40,7 66 Reciclagem (%) 78,9 55,2 61,5 70,5 33,5 61 Vidro (%) 100,0 62,7 61,3 82,2 34,7 51,8 Plástico (%) 39,5 22,5 23,7 47,3 15,5 19,1 Papel/Cartão (%) 89,1 86,9 79,7 87,7 61,6 87,8 Metal (%) 94,0 60,2 56,9 91,7 51,0 64,8 Madeira (%) 57,9 18,9 76,5 28,8 8,3 64,5 Fonte: Eurostat, 2008 6
Portugal Ponto Verde 2010 (pago pelos operadores económicos à SPV) Material de embalagem (fluxo municipal) Embalagem primária ( /t) Embalagem secundária ( /t) Embalagem terciária ( /t) Vidro 18,3 - - Papel/Cartão 86,3 35,2 7,0 Plástico 228,2 92,3 23,8 ECAL 129,4 - - Suporte financeiro em /t Aço 96,0 41,7 24,4 Alumínio 164,4 - - Madeira 15,4 14,2 9,1 Outro 260,0 260,0 260,0 Suporte financeiro 2010 (pago pela SPV às autoridades locais) Performance em kg/hab/ano Material Kg/hab/ano X1 X2 X3 P1 P2 P3 /t Vidro 14,3 24,5 40,8 35,0 48,0 60,0 Papel/Cartão 8,0 10,0 15,0 122,0 136,0 149,0 Plástico 2,1 3,6 15,3 732,0 782,0 832,0 Aço 0,4 0,7 4,1 540,0 580,0 619,0 + Suportes complementares Alumínio 0,02 0,04 0,86 689,0 914,0 1155,0 ECAL 0,3 1,8 3,0 693,0 741,0 788,0 7
França Ponto Verde 2010 (pago pelos operadores económicos à Eco-Emballages) Nível Material de embalagem (fluxo municipal) Performance (P) kg/hab/ano 1 P<= Nb 2 Nb<P<=Nh 3 Nh<P<=Np 4 P>Np Suporte financeiro (S) em /t Sp Suport e máximo Si Suporte intermédio Sb Suporte mínimo Nb Nível mínimo Nh nível alto Np Nível máximo Material Nb Nh Np Sb Si Sp Aço 1 2 7 45 62,5 80 Alumínio 0,1 0,2 1 230 280 330 Papel/cartão 4 8 18 120 200 280 ( /t) Vidro 4,5 Plástico 222,2 Papel/Cartão 152,6 Aço 28,2 Alumínio 56,6 Outros 152,6 Suporte financeiro 2010 (pago pela Eco-Emballages às autoridades locais) Plástico 1,6 3,2 8 310 575 840 Vidro 15 30 45 3 5 7 ECAL 4 8 18 60 100 140 Componente variável (por peso) + Componente fixa (unitária) 60% dos custos optimizados Venda dos materiais Autoridades locais podem vender os materiais de embalagem directamente aos recicladores 8
Roménia Ponto Verde 2010 (pago pelos operadores económicos à Eco-Rom Ambalaje) Material de embalagem ( /t) Vidro 16,29 PET 21,47 Plástico 11,68 Papel/Cartão 13,27 Aço 10,27 Alumínio 10,27 Madeira 10,53 Suporte financeiro 2010 (pago pela Eco-Rom Ambalaje aos operadores de gestão) Venda dos materiais 2010 (operadores de gestão vendem directamente aos recicladores) Material de embalagem ( /t) Material de embalagem Preço médio ( /t) Vidro 23,89 PET 32,40 Plástico 15,39 Papel/Cartão 13,67 Aço 13,88 Alumínio 13,89 Madeira 10,60 Vidro 6,9 PET 333,5 Plástico 253,0 Papel/Cartão 126,5 Aço 218,5 Alumínio 977,5 Madeira 29,9 9
Alemanha Ponto Verde 2010 (pago pelos operadores económicos às Duales Systems Deutschland GmbH) Material de embalagem ( /t) Vidro 74 Papel/Cartão 175 Estanho 272 Alumínio, outros metais 733 Plástico 1.296 ECAL 752 Outros compósitos 1.014 Materials naturais 102 Material de embalagem ( /t) Operadores económicos têm de pagar uma taxa para fixar o símbolo ponto verde Vidro 1,00 Papel/Cartão 3,00 Plástico 17,00 Compósitos 13,00 Estanho 5,00 Alumínio 13,00 10
Reino Unido Objetivos Nacionais de Reciclagem e Valorização Ano Valorização (%) Reciclagem mínima (%) Objectivos de reciclagem por material (%) Papel Vidro Alumínio Aço Plástico Madeira 2010 74 29 69,5 81 40 69 29 22 2011 74 29 69,5 81 40 71 32 22 2012 74 29 69,5 81 40 71 32 22 Preço Médio das Notas de Valorização de Embalagens (PRN) 2010 Material de embalagem ( /t) Papel/Cartão 3,80 Plástico 5,00 Vidro 23,29 Aço 21,82 Alumínio 16,10 Madeira 1,20 11
Bélgica Ponto Verde 2010 (pago pelos operadores económicos à Fost Plus) Material de embalagem ( /t) Vidro 18,40 Papel/Cartão 17,60 Aço 37,60 Alumínio 137,90 PET 199,40 HDPE 199,40 ECAL 272,80 Outros materiais de embalagem: + Venda de materiais Cobrem a totalidade dos custos Com valor energético 313,50 Sem valor energético 441,70 Suporte financeiro 2010 (pago pela Fost Plus às autoridades locais) Material de embalagem Contribuição média ( /t) Recolha vidro 49,33 Recolha papel/cartão 52,95 Recolha PMD 199,79 + Suportes complementares Triagem PMD 168,71 12
METODOLOGIA
Análise Custo-Benefício Análise económica Análise ambiental Custos Benefícios Análise do ciclo de vida Valoração monetária 14
Análise Económica Custo de oportunidade (com o desvio do circuito da recolha indiferenciada, tratamento e destino final) Subsídios de investimento afectos às atividades de recolha seletiva e triagem Outros proveitos operacionais (venda de madeira e papel/cartão não embalagem) % de grau de recuperação de custos (GRC) % de margem de cobertura financeira de custos (MCF) Remuneração capital (próprio e alheio) empregue no financiamento dos ativos fixos afetos às atividades de recolha seletiva e triagem Amortizações dos ativos fixos afetos às atividades de recolha seletiva e triagem Proveitos da retoma dos materiais (contrapartidas pagas pelas entidades gestoras) Custos de exploração incorridos com as atividades de recolha seletiva e triagem Benefícios Custos 15
Análise Económica Variáveis Portugal França Roménia Bélgica Reino Unido Custo unitário da recolha indiferenciada 49 /t 85 /t 12 /t 60 /t 99 /t Custo unitário do tratamento (aterro, incineração, etc.) 54 /t 96 /t 15 /t 101 /t 101 /t Eficiência de triagem: Vidro 95% 99% 90% 100% 90-99,5% Papel/cartão 93% 95% 45% 100% 90-99,5% Outras embalagens 63% 76-80% 45% 84,1% 90-99,5% 16
Análise Económica Variáveis Valor Observações Vida útil dos ativos fixos 9,6 Custo dos capitais próprios 6,0 Peso dos capitais próprios 19 Taxa marginal IRC - Custo da dívida 4,6 Valor estimado, considerando os ativos e as suas amortizações. Este valor foi ponderado pelos resíduos recolhidos seletivamente. Este valor considera um prémio de não-risco (3%) e risco (3%, em relação aos títulos do Tesouro Alemães). Valor definido tendo em conta o peso que os capitais próprios têm na estrutura de financiamento da concessionária (i.e. em relação aos passivos). Este valor foi ponderado pelos resíduos recolhidos seletivamente. Valor variável entre os casos de estudo (ver EIMPack 2011c e EIMPack 2012a,c). Valor estimado, considerando os juros médios pagos pelos empréstimos das concessionárias. Este valor foi ponderado pelos resíduos recolhidos seletivamente. 17
RESULTADOS E CONCLUSÕES
Resultados Suportes complementares 19
Reino Unido Sistema de recolha - Kerbside 11 ALs, 1.032.922 hab. (cerca de 2% da população) Sistema de recolha - Two streams co-mingled 12 ALs, 1.198.131 hab. (cerca de 2% da população) Sistem de recolha - Single stream co-mingled 7 ALs, 922.540 hab. (cerca de 2% da população) /t recolhida /t recolhida /t recolhida 20
Conclusões Sustentabilidade dos sistemas de reciclagem dependem da abordagem (económica ou financeira) considerada; A participação da indústria (agentes económicos) na recuperação dos custos varia substancialmente entre os Casos de Estudo; Os sistemas Alemão e Belga garantem que a indústria cobre 100% dos custos de reciclagem, mas No caso Alemão é muito difícil estimar os custos do serviço dado que se baseia num mercado de concorrência; As autoridades locais devem ser eficientes de forma a reduzir os custos do serviço (garantir que a indústria cobre um custo e não um preço ); A participação dos cidadãos é importante para a eficiência e eficácia dos sistemas de reciclagem principalmente na Roménia. 21
Objetivos Diretiva 94/62/CE Promove um elevado nível de proteção ambiental enquanto assegura o funcionamento do mercado interno. aumento das taxas de reciclagem e valorização Estudar a distribuição dos custos de gestão entre os vários intervenientes na cadeia de valor; Determinar a taxa económica de retorno de proteção ambiental através de uma análise custo-benefício. 22
ANÁLISE CICLO DE VIDA
Análise Ciclo de Vida (ACV) É uma técnica usada para avaliar os impactes ambientais associados a um produto, serviço ou processo ISO 14040:2006 descreve os princípios e a estrutura de um ACV incluindo as seguintes etapas: Definição do objetivo e âmbito Definição do Objetivo e Âmbito da ACV; Análise do inventário de ciclo de vida; Análise do Inventário Interpretação Aplicação Direta Avaliação do impacto de ciclo de cida (AICV); Análise dos impactes. Análise dos impactes 24
Análise Ciclo de Vida (ACV) ACV Produto vs ACV RSU Matéria-prima Produção Deposição final/reciclagem Utilização Recolha de resíduos 25
Análise Ciclo de Vida (ACV) ACV - RSU - Softwares Atualmente existem cerca de 50 softwares de Análise de Ciclo de Vida disponíveis na Europa. Exemplo: Simapro and GaBi Software ACV País EASEWASTE EPIC/CSR IWM2 ORWARE WISARD WRATE FENIX Dinamarca Canada UK Sweden UK UK Península Ibérica Especificidade 26
Análise Ciclo de Vida (ACV) Operações de gestão de RSU Energia Energia térmica Aterro Energia Elétrica Recolha Indiferenciada Incineração Cinzas Utilização ou deposição Compostagem Aço Reciclagem Recolha RSU Reciclagem Aluminio Reciclagem Recolha Seletiva Triagem Reciclagem 27
Valorização Ambiental Externalidades Custos das emissões ar, terra e água Custos (impacto negativo) Custos relacionados consumo de recursos naturais Custos associados com a proximidade das instalações Benefícios (impacto positivo) Custos evitados na produção de energia Custos evitados com a recuperação de materiais 28
Valorização Ambiental Externalidades Valor monetário $ Métodos Transferência de benefícios Valores genéricos Métodos de AICV EPS2000 ExternE Ecotax02 Ecovalue08 29
CASO DE ESTUDO - PORTUGAL
Portugal Ano = 2010 23 SMAUTs - Continente 4 SMAUTs - Ilhas Aterros = 42 Incineradoras = 3 31
Portugal Inventário de emissões Recolha de dados Impactes ambientais Valorização ambiental Custos e Benefícios( ) 32
Portugal BENEFÍCIOS (externalidades) /ton CUSTOS (externalidades) Benefícios Custos 33
RESULTADOS DO PROJETO
Resultados Académicos Apresentações Várias apresentações em congressos e encontros internacionais Teses e dissertações Pedro Simões, Tese de doutoramento intitulada "Measuring Performance of Urban Waste Services: Influence of Operational Environment, Regulation and Privatisation" - Completa. Ana Raminhos, Dissertação de Mestrado intitulada "O Custo da Reciclagem de Embalagens" - Completa. Sandra Ferreira, Tese de Doutoramento intitulada "Determining the Willingness to Pay for Environmental Services" em curso. Ações de divulgação da actividade científica EIMPack Workshop 1 -The financial flows in the recycling of packaging waste: The case of Portugal (4 de Novembro de 2011) 1 st International EIMPack Congress Recycling of Packaging Waste: Considering all the Costs and all the Benefits (29 e 30 de Novembro de 2012) 35
Resultados Académicos Relatórios científicos First Annual Report on the Progress of the Programme; Recycling of Packaging Waste Literature Review; Comparing the Recycling Systems of Portugal, France, Germany, Romania and the UK; Case-specific reports from Belgium, France, Germany, Portugal, Romania & the United Kingdom: dois relatórios (Report 0 - Framework and Evolution of the Packaging Sector & Report 1 - Case Study); Life-cycle Assessment Literature Review (brevemente disponível). Artigos em revistas científicas Marques, RC., Cruz, NF., Carvalho, P. (2012). Assessing and Exploring (in)efficiency in Portuguese Recycling Systems Using Non-parametric Methods. Resources Conservation & Recycling 67, 34-43. Cruz, NF., Marques, RC., Simões, P. (2012). Economic Cost Recovery in the Recycling of Packaging Waste: The Case of Portugal. Journal of Cleaner Production 37, 8-18. Cruz, NF., Marques, RC. (2011). O Sistema da Reciclagem em Portugal. (Submetido, em revisão). Cruz, NF., Ferreira, S., Cabral, M., Simões, P., Marques, RC. (2012). Comparing the Financial Flows in the Recycling of Packaging Waste in Europe. (Submetido, em revisão). Cabral, M., Ferreira, S., Simões, P., Cruz, NF., Marques, RC. (2012). Financial Flows in the Recycling of Packaging Waste: The Case of France. (Submetido, em revisão). 36
Obrigada pela atenção! Marta Cabral Pereira marta.cabral@ist.utl.pt Sandra Faria Ferreira sandrafariaferreira@ist.utl.pt http://eimpack.ist.utl.pt