REABILITAÇÃO DE ÁREAS CENTRAIS E SÍTIOS HISTÓRICOS NO CONTEXTO DO PLANO DIRETOR DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA/RS 1 MAASS, Patrícia Arend 2 ; VIDIKIN, Alex da Silva 3. 1 Trabalho de Pesquisa _UFSM 2 Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil 3 Curso de Geografia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS, Brasil E-mail: patyarend@yahoo.com.br; alexvidikin@hotmail.com RESUMO O Plano Diretor municipal, elaborado com o intuito de promover o desenvolvimento social da cidade, é o documento que define as leis e diretrizes que nortearão o processo de tomada de decisão referente ao planejamento do espaço urbano. Considerando tal conjuntura, esse trabalho foi elaborado com o objetivo de identificar no Plano Diretor do Município de Santa Maria/RS os projetos relacionados à reabilitação de áreas centrais, bem como as alterações na legislação vinculadas aos patrimônios históricos. A partir da análise do documento, identificou-se um grande número de projetos, o que denota a preocupação do poder público referente à qualidade de vida dos cidadãos. Atualmente, grande parte dessas propostas foi revisada e está em fase de implementação. Palavras-chave: Sítios Históricos; Legislação Patrimonial; Plano Diretor. 1. INTRODUÇÃO O principal objetivo dos Planos Diretores é assegurar o desenvolvimento da função social da cidade, substituindo o atual modelo de expansão horizontal urbana, pela prática de reabilitação e contribuindo dessa forma, com a conservação do patrimônio histórico e cultural e com a melhoria das condições de vida da população. A ideia de conservação e reabilitação dos elementos da paisagem urbana conduz à discussão das políticas patrimoniais. De acordo com o Ministério das Cidades (2005), nas últimas décadas, o conceito de patrimônio tem sido amplamente discutido, a concepção do monumento histórico único passa a ser substituída pela ideia dos conjuntos arquitetônicos inteiros, como é o caso da Vila Belga no município de Santa Maria/RS, contemplada pelo Projeto Mancha Ferroviária que integra o Programa de Valorização da Identidade Urbana. 1
É no âmbito do conceito contemporâneo de patrimônio ambiental urbano, sem as limitações da visão tradicional, que deve ser pensada a preservação dos bens patrimoniais; destacando os aspectos históricos e culturais que caracterizam a paisagem urbana em sua totalidade, com o intuito de valorizar não apenas monumentos excepcionais, mas o próprio processo de formação da cidade. Os projetos de conservação devem atender a grupos de edificações históricas, à paisagem urbana e aos espaços públicos, evidenciando as relações estabelecidas entre os elementos naturais e culturais. Além de definir estratégias de conservação do patrimônio, recentemente tem-se observado a elaboração de diretrizes da política urbana voltadas à reabilitação. Assim, o caráter estático de área conservada é superado pelas propostas de desenvolvimento, de modo que a dinâmica urbana não seja restringida pela ideia de conservação. Partindo dessas considerações, o objetivo geral desse trabalho é identificar no Plano Diretor do Município de Santa Maria/RS as leis, diretrizes e projetos relacionados à reabilitação de áreas centrais e sítios históricos. Especificamente, pretende-se analisar a execução e as possíveis alterações nas propostas vinculadas aos patrimônios históricos municipais e discutir a implantação, evolução e as perspectivas da Lei Municipal de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural. 2. PATRIMÔNIO E PAISAGEM URBANA DE SANTA MARIA SEGUNDO A LEI COMPLEMENTAR 034 DE 29 DE DEZEMBRO DE 2005 A Lei Complementar 034 de 29 de dezembro de 2005 dispõe sobre a Política de Desenvolvimento Urbano e sobre o Plano Diretor de Santa Maria e está organizada em títulos, capítulos, seções e subseções. A hierarquia da Lei Complementar correspondente ao patrimônio e à paisagem urbana pode ser observada na figura 1. Título I DA POLÍTICA URBANA Capítulo IV DAS POLÍTICAS, PROGRAMAS E PROJETOS Seção V POLÍTICA DE ESTRUTURAÇÃO, USO E MOBILIDADE URBANA Subseção IV DO PATRIMÔNIO E DA PAISAGEM URBANA Figura 1. Patrimônio e Paisagem Urbana segundo a Lei Complementar 034. 2
O capítulo IV da Política Urbana corresponde ao Anexo G do Plano Diretor, onde estão dispostos todos os projetos elaborados com o intuito de promover o desenvolvimento urbano de Santa Maria. Conforme a Lei Complementar, a Política de Proteção do Patrimônio e da Paisagem Urbana deve: I. Garantir o direito do cidadão à fruição da paisagem; II. Garantir a qualidade ambiental do espaço público; III. Favorecer a preservação do patrimônio histórico-cultural e ambiental urbano; IV. Criar instrumentos técnicos e institucionais de gestão do patrimônio e da paisagem urbana; V. Formular legislação própria de disciplinamento e ordenamento dos elementos componentes do patrimônio e da paisagem urbana; VI. Assegurar a participação da comunidade na identificação, valorização, criação, preservação, conservação e gestão dos elementos significativos do patrimônio e do espaço urbano, implantando processos que envolvam a coletividade; VII. Elaborar normas específicas de uso, ocupação e volumetria das edificações para os distintos setores da cidade, considerando a diversidade da paisagem; VIII. Instituir novos padrões de caráter informativo e indicativo de comunicação visual, estabelecendo parâmetros de dimensões, posicionamento, quantidade e interferência que evitem a poluição visual; IX. Instituir mecanismos de fiscalização sobre as intervenções no patrimônio e na paisagem urbana; X. Implementar programa de educação ambiental visando sensibilizar a população a respeito da importância da valorização do patrimônio e da paisagem urbana. Pode-se observar que as diretrizes enunciadas pela Lei Complementar são estratégias definidas pela atividade de planejamento urbano que atendem ao objetivo contido no Plano Diretor de assegurar a função social da cidade. 3. O PLANO DIRETOR DE SANTA MARIA E OS PROJETOS DE REABILITAÇÃO DE ÁREAS CENTRAIS E SÍTIOS HISTÓRICOS O Anexo G do Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental (PDDUA) dispõe as bases para políticas, programas e projetos distribuídos em quatro dimensões: regional, municipal, urbana e de gestão. O documento é composto por um conjunto de sete políticas que compreendem estratégias específicas para cada uma das dimensões. As propostas direcionadas à reabilitação de áreas centrais e sítios históricos são regulamentadas pela Política de Estruturação, Uso e Mobilidade Urbana, que tem como estratégia o manejo sustentável do espaço urbano, englobando a questão da acessibilidade à cidade. Dentre os objetivos da Política destaca-se o fortalecimento das identidades de cada espaço. 3
A Política de Estruturação, Uso e Mobilidade Urbana é implementada por meio de três programas: 1. Aumento e diversificação da acessibilidade urbana; 2. Densificação multipolar e inclusão social e 3. Valorização da identidade urbana. O Programa de valorização da identidade urbana foi elaborado com o intuito de atender não apenas ao patrimônio edilício individual e de algumas áreas de valor monumental, mas principalmente mobilizar a gestão pública e as iniciativas privadas para a melhoria da configuração da paisagem urbana, aumento dos espaços abertos públicos, bem como possibilitar uma educação patrimonial para atores sociais da cidade. Nesse contexto, a valorização da identidade urbana pode ser efetivada a partir da promoção da recuperação e manutenção dos bens patrimoniais naturais ou construídos, além de espaços públicos tais como praças e parques, áreas recreativas e de convívio, a fim de assegurar a qualidade da paisagem urbana e as relações de uso democrático. Para atender a seus objetivos, o Programa propõe os seguintes projetos: Mancha Ferroviária, Laboratório de desenvolvimento de áreas patrimoniais, Rede de micro espaços abertos e Passeios Públicos. Os projetos de reabilitação de áreas centrais e sítios históricos propostos pelo PDDUA de Santa Maria estão esquematizados na figura 2, que apresenta a organização da Política de Estruturação, Uso e Mobilidade Urbana. Política Programa Projetos Mancha Ferroviária Política de Estruturação, Uso e Mobilidade Urbana Programa de Valorização de Identidade Urbana Laboratórios de Desenvolvimento de Áreas Patrimoniais Rede de Micro Espaços Abertos Passeios Públicos Figura 2. Projetos de reabilitação de áreas centrais e sítios históricos de acordo com a Política de Estruturação, Uso e Mobilidade Urbana. 4
3.1. Projeto Mancha Ferroviária Localiza-se na área central do Município de Santa Maria, compreendendo cerca de quarenta quadras, bem como o entorno imediato. Além de prever o resgate da identidade urbana da zona central da cidade, pretende preservar a área e a cultura ferroviária. Essa proposta deverá subsidiar o projeto Laboratório de Desenvolvimento de Áreas Patrimoniais com todas as informações acumuladas pelos trabalhos desenvolvidos no Programa de Preservação e Revitalização da Mancha Ferroviária de Santa Maria, que iniciou suas atividades no ano de 2001 envolvendo a Prefeitura Municipal e a Universidade Federal de Santa Maria. Os subprojetos que contemplam a área da Mancha Ferroviária são: (1) Plano de requalificação da Avenida Rio Branco; (2) Parque Municipal Ferroviário; (3) Centro Ferroviário de Cultura antiga estação; (4) Intervenção na Vila Belga; (5) Casa Rio Branco; (6) Casa de Cultura de Santa Maria; (7) Museu Treze de Maio (museu afro-brasileiro); (8) Tombamento a nível Federal da Mancha Ferroviária. Todos esses subprojetos têm como metas: definir diretrizes para a preservação e revitalização da área; dialogar e trabalhar em conjunto com a sociedade civil organizada; propor usos diversificados para as diferentes áreas; manter o caráter físico-ambiental, a escala, as tipologias e as paisagens dominantes; promover melhorias e novas áreas de uso público e evitar impactos ambientais. 3.2. Projeto Laboratório de Desenvolvimento de Áreas Patrimoniais Esse projeto prevê a formação de grupos de trabalho e parcerias com diferentes universidades por meio de atividades de pesquisa e extensão e o fortalecimento do poder público local no sentido de contratação de um corpo técnico especializado em patrimônio nas áreas de arquitetura e história. O laboratório deve estar integrado com o subprojeto Casa Rio Branco do Programa de Preservação e Revitalização da Mancha Ferroviária de Santa Maria. Os possíveis impedimentos para a execução dessa proposta podem ser o desconhecimento e pouca valorização do patrimônio local (natural e construído); a desvalorização dos espaços públicos; o desconhecimento da importância do patrimônio histórico e cultural; a cultura da demolição e da descaracterização da arquitetura mais antiga e a falta de uma política de incentivos à manutenção dos bens patrimoniais. 5
3.3. Projeto Rede de Micro Espaços Abertos Apresenta como principal objetivo a orientação para a implantação de novas áreas verdes em parcelamentos do solo com o intuito de dar continuidade e qualidade ambiental a esses espaços, promovendo a integração com áreas verdes já existentes na malha urbana. Os conflitos que impõe obstáculos a execução do projeto são a pouca valorização dos espaços públicos; a constante apropriação desses espaços por particulares e pelo comércio informal; as invasões das áreas verdes municipais; o uso inadequado, vandalismo e depredação dos parques e praças; a falta de manutenção por parte do poder público e a falta de planejamento e critérios quanto à localização dos espaços públicos nos projetos de loteamentos aprovados. 3.4. Projeto Passeios Públicos O Projeto Passeios Públicos tem como finalidade a valorização, recuperação e manutenção dos espaços públicos (praças e parques, áreas recreativas e de convívio) para promover a paisagem urbana, as relações de uso democrático e a humanização das questões ambientais no contexto espacial e temporal da cidade. Para que sejam alcançadas essas metas, está prevista a elaboração de uma lei onde os passeios, de responsabilidade do proprietário, deverão ser construídos com padrões próprios para cada zona, mantendo assim a continuidade e a conservação para permitir o trajeto dos transeuntes com segurança e harmonia. Os possíveis impasses para sua execução são: a pouca valorização dos espaços de mobilidade pública; a constante apropriação dos passeios públicos por particulares e pelo comércio informal; a falta de manutenção por parte do proprietário; a atual descaracterização; confusão e desorientação quanto à instalação de mobiliário urbano e a falta de critérios quanto à inserção de publicidade. 3.5. Discussões sobre a execução e as alterações nos projetos de reabilitação de áreas centrais e sítios históricos do Plano Diretor de Santa Maria O Plano Diretor não é um documento estático, isto é, a inclusão de leis, diretrizes e políticas, bem como a elaboração de programas e projetos estão em contínua transformação. As alterações no Plano Diretor ocorrem a partir da necessidade de adequação à realidade da sociedade. Além disso, a execução das propostas dependerá do comprometimento da prefeitura e da continuidade dos projetos iniciados anteriormente. 6
No caso do Plano Diretor de Santa Maria, houve algumas alterações nos projetos anunciados no documento original de 2005. O Projeto Mancha Ferroviária, por exemplo, foi substituído pelo Reviva Centro, cujos objetivos são semelhantes e contemplam a mesma área, que inclui a Gare, a Vila Belga e a Avenida Rio Branco. As propostas de revitalização da Avenida Rio Branco e da Vila Belga podem ser visualizadas nas figuras 3 e 4. As imagens foram cedidas pela Diretoria de Planejamento do Escritório da Cidade. Figuras 3 e 4. Proposta de revitalização da Avenida Rio Branco e Vila Belga O Laboratório de Áreas Patrimoniais, segundo informações do Escritório da Cidade não foi implementado. O Projeto Passeios Públicos, por sua vez, foi substituído pelo Programa Caminhe Legal, cujo objetivo geral é a padronização e o disciplinamento dos passeios públicos. Os objetivos específicos incluem tornar os passeios acessíveis, eliminado obstáculos e barreiras; assegurar conforto ao pedestre; facilitar a manutenção; qualificar a paisagem urbana; promover a valorização turística da cidade e garantir a arborização e permeabilidade dos passeios públicos. Finalmente, quanto à Rede de Micro Espaços Abertos, alguns projetos estão sendo elaborados tais como o incremento da Rua Dr. Bozzano enquadrado na proposta de alargamento dos passeios e arborização, como pode ser observado na figura 5. Figura 5. Proposta de incremento da Rua Dr. Bozzano. 7
Contemplando ainda a Rede de Micro Espaços Abertos, também estão sendo propostas a revitalização da Praça Elias Salim Farret e do Parque Itaimbé (figuras 6 e 7). Figura 6. Proposta de revitalização da Praça Farret. Figura 7. Parque Itaimbé. 4. IMPLEMENTAÇÃO E DISCUSSÕES DA LEI MUNICIPAL DE PROTEÇÃO DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DO MUNICÍPIO DE SANTA MARIA A primeira Lei Municipal de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria foi aprovada em 25 de maio de 1982 pelo prefeito Getúlio Mário Zanchi (Lei Municipal nº 2255/82). No decorrer dos anos, devido à necessidade de adequação à realidade das condições do patrimônio municipal, a Lei sofreu algumas alterações em suas disposições e no dia 24 de setembro de 1996 foi aprovada sua reformulação. Atualmente, está em vigor a Lei Municipal nº 3999/96, aprovada pelo então presidente da Câmara Municipal de Vereadores José Luiz Coden. Dentre as principais alterações legais em relação aos instrumentos de Proteção do Patrimônio de Santa Maria pode-se destacar: 1º: O Artigo 1º descreve o Patrimônio Histórico e Cultural do Município como o conjunto de bens móveis e imóveis existentes em seu território e inclui as condições necessárias para a efetivação do tombamento de um bem de interesse público, tais como: a) Sua vinculação a fatos pretéritos memoráveis ou fatos atuais significativos; b) Seu valor arqueológico, artístico, bibliográfico, etnográfico ou folclórico; c) Sua relação com a vida e a paisagem do Município. 2º: A Lei de 1982 atribuía à Secretaria Municipal de Educação e Cultura (SMEC), a competência para proceder ao tombamento provisório. De acordo com a nova legislação, o tombamento passa a ser atribuição do Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria (COMPHIC SM). 8
3º: Também é especificada na nova Lei a composição do Conselho Municipal do Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria e quais os Livros de Tombo que o Conselho manterá. 4º: Compete ao Conselho Municipal de Patrimônio Histórico e Cultural de Santa a fiscalização e proteção do bem tombado. 5º: Na lei de 1996 são adicionados os artigos 23 e 24 da seção 1, que trata da compensação pela redução da faculdade de construir, além das penalidades por infrações, presentes nos artigos 25, 26 e 27 que punem todo indivíduo que colocar em risco o patrimônio tombado. 4.1. Análise da proposta de Lei do Patrimônio Cultural do município de Santa Maria - RS de março de 2010 Com a finalidade de aperfeiçoar e complementar o conjunto de leis anteriores referentes ao patrimônio histórico de Santa Maria surge uma nova proposta de lei trazendo ideias inovadoras como, por exemplo, a criação da Política Municipal de Educação Patrimonial. Essa inovação reflete mudanças no pensamento da sociedade em uma época em que se valoriza a construção de bases sólidas para a coletividade. A inclusão da ideia de Educação Patrimonial representa de fato, a principal alteração verificada nessa nova proposta de lei em relação às leis anteriores. O objetivo da Educação Patrimonial, tanto de maneira formal quanto informal, é fazer com que a população seja sensibilizada sobre a importância de preservar as memórias do município de Santa Maria e, nesse sentido, agir na proteção e no cuidado conjunto, contribuindo e facilitando o trabalho dos órgãos públicos municipais designados para exercer essa função. É possível observar uma evolução na maneira do poder público pensar e agir ao criar novas leis como, por exemplo, a ideia de que proteger um patrimônio histórico não deve ser uma tarefa isolada dos órgãos responsáveis. A elaboração de leis deve contar com a participação dos principais interessados na proteção patrimonial, que são de fato, todos os cidadãos, de modo a desenvolver uma consciência coletiva. Somente assim, será possível ter a certeza de que as leis contemplarão os interesses da sociedade em geral. Por fim, destaca-se como ponto igualmente relevante nessa proposta de lei, a criação de novos órgãos públicos atuantes nos processos de conservação, preservação, restauração e requalificação do patrimônio construído. Nesse caso, pode-se citar a criação do Escritório da Cidade implementada pela Lei Municipal n 4.875 que, a partir de então, passa a representar o Município de Santa Maria - RS como Órgão Técnico Municipal competente para tratar dos assuntos relativos ao patrimônio construído do município. 9
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS A adoção de um novo conceito de patrimônio reflete as preocupações da sociedade com a preservação dos vínculos históricos, paisagísticos e artísticos que determinam as relações culturais e caracterizam as configurações espaciais do município de Santa Maria. Tendo em vista que as necessidades sociais são dinâmicas, a legislação deve ser elaborada de forma a contemplar a realidade, daí a importância da reformulação das leis. Em Santa Maria, o Plano Diretor foi elaborado no ano de 2005 abrangendo um conjunto de leis, diretrizes gerais, bem como programas e projetos com o intuito de orientar as ações de planejamento de modo a promover a efetivação do desenvolvimento do município. Em relação às propostas destinadas à conservação, revitalização e proteção das áreas centrais e sítios históricos, o Plano Diretor abrange inúmeros projetos, o que denota uma grande atenção do poder público referente à qualidade do espaço urbano. Atualmente, grande parte dos projetos foi revisada e está em fase de implementação. A Lei Municipal de 2005 que dispõe sobre a Política de Desenvolvimento Urbano e sobre o Plano Diretor serviu de subsídio para a proposta da nova Lei de Proteção do Patrimônio Histórico e Cultural de Santa Maria, uma vez que elencou uma série de diretrizes necessárias para a elaboração de uma lei que contemple efetivamente a proteção do patrimônio. Dessa forma, o poder público municipal busca, a partir da formulação do novo projeto de lei e da inclusão de órgãos municipais competentes, aliado a uma educação patrimonial da população, criar uma integração, a fim de que as ideias discutidas durante longos anos não fiquem restritas ao papel, tampouco sejam impostas de maneira autoritária. 6. REFERÊNCIAS Câmara Municipal de Vereadores de Santa Maria. http://www.camara-sm.rs.gov.br > acesso em 06 de junho de 2011. Ministério das Cidades. Plano Diretor Participativo. Guia para a elaboração pelos municípios e cidadãos, Brasília: Ministério das Cidades, CONFEA, 2005. Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano Ambiental PDDUA, Santa Maria, RS, 2005. SANTA MARIA, Lei Municipal nº 2255/82. SANTA MARIA, Lei Municipal nº 3999/96. SANTA MARIA, Lei Complementar nº 034 de 29 de dezembro de 2005. 10