CARATERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE ABÓBORA ORGÂNICA DESIDRATADA 1 PHYSICAL-CHEMICAL CHARACTERISTICS OF DEHYDRATED ORGANIC PUMPKIN

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Transcrição:

CARATERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS DE ABÓBORA ORGÂNICA DESIDRATADA 1 PHYSICAL-CHEMICAL CHARACTERISTICS OF DEHYDRATED ORGANIC PUMPKIN Carla Luara Lima Padilha 2, Eilamaria Libardoni Vieira 3, Raul Vicenzi 4 1 Pesquisa ligada ao Projeto de Pesquisa Institucional Agroindustrialização de hortaliças orgânicas cultivadas na região noroeste do RS, Grupo de Pesquisa Alimentos e Nutrição 2 Acadêmica do curso de Farmácia - UNIJUÍ, Bolsista PIBIC/CNPq, email: lu.secchi@hotmail.com 3 Docente do Departamento de Ciências da Vida da UNIJUI, email: eilamaria.vieira@unijui.edu.br 4 Docente do Departamento de Ciências da Vida da UNIJUI, Orientador, email: rvicenzi@unijui.edu.br Introdução A abóbora, uma hortaliça da família da Cucurbitaceae, se destaca por sua riqueza em substâncias antioxidantes como polifenóis, vitamina c e betacaroteno que são fundamentais para o bom funcionamento de nosso organismo (MURKOVIC; MULLEDER; NEUNTEU, 2002). Devido à sua atividade antioxidante, a abóbora tem sido atribuída ações na redução do risco de doenças cardiovasculares, degenerativas e cataratas (RAO; RAO, 2007). No entanto, apesar de seus aspectos nutritivos, ter baixo custo e de ser cultivada em muitos países, a abóbora apresenta pouca industrialização, sobretudo em países ocidentais (AZEVEDO-MELEIRO; RODRIGUEZ- AMAYA, 2007). As hortaliças in natura apresentam uma vida de prateleira curta, a qual compreende o período de tempo decorrido entre a produção e o consumo de um produto alimentício e caracteriza-se pelo nível satisfatório de qualidade. A partir da industrialização, a vida de prateleira dos produtos aumenta em virtude dos métodos de conservação aplicados no intuito de permitir seu melhor aproveitamento no seu estado natural (BARRETT et al, 2009). Em vista disso, a desidratação da abóbora é um dos processos utilizados para aumentar a vida de prateleira da mesma, e seu produto final, abóbora desidratada ou farinha de abóbora, pode ser utilizado como ingrediente em produtos como os de panificação e de confeitarias e outras preparações culinárias. As hortaliças desidratadas podem ser transformadas em condimentos alimentícios, os quais são cada vez mais utilizados pela indústria de alimentos em decorrência dos baixos custos com a embalagem, transporte, estocagem e conservação, aumentando, ainda, seu valor agregado (FRASER, P. D.; BRAMLEY, P. M, 2004). Todavia, além dos fatores desejáveis, o processamento térmico da abóbora pode provocar a perda das características sensoriais e do seu valor nutritivo (HALLIWEL, B., 1996). Assim, o tempo e a temperatura de secagem dos produtos têm fundamental influência nessas perdas nutricionais, portanto devem ser otimizados a fim de obter-se um produto final de melhor qualidade com um tempo de processamento viável ao processo. Além disso, o processo de secagem é uma das técnicas mais antigas documentadas na literatura para reduzir a atividade de água do alimento, responsável pela sua alta perecibilidade (KARATHANOS, 1999). Segundo Smith (1993), a composição química de alimentos de origem vegetal apresenta diferenças em função de fatores

associados ao cultivo e ao ambiente, como local de plantio, adubação, ocorrência de pragas, diferenças climáticas, período de colheita, idade e características genéticas da planta, entre outros. De acordo com o exposto, este trabalho teve por objetivo avaliar a qualidade química e nutricional de abóbora de origem orgânica e sua desidratação em diferentes temperaturas. Metodologia O experimento foi realizado nos laboratórios de Processamento e Análise de Alimentos da UNIJUI, em Ijuí-RS. Foi utilizado a abóbora menina brasileira cultivada em sistema orgânico em Santo Ângelo-RS. Ao chegar no laboratório as abóboras foram lavadas em água clorada, as cascas e as sementes foram removidas manualmente e a polpa foi cortada em fatias com tamanho de 2 x 2 cm e espessura de 2mm. Para a desidratação da abóbora utilizou-se uma estufa com circulação e renovação do ar em temperaturas de 50, 60 e 70 C. Em intervalos prédeterminados (0, 120, 240 e 360 minutos) foram retiradas amostras e pesadas para determinação da umidade e do teor de sólidos solúveis totais (ºBrix) no produto para avaliação da cinética de secagem. Depois de secas, as abóboras foram embaladas em sacos plástico, os quais foram selados e colocados em refrigeração a 5ºC até o momento das análises. Após a secagem, a amostra foi triturada em liquidificador para obtenção de um produto menor para melhor verificação nas análises. Para a avaliação da qualidade foram realizadas análises físico-químicas de umidade, resíduo mineral, proteínas, gordura total, açúcares redutores, sólidos solúveis totais, ph e acidez total titulável seguindo as metodologias do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008). Para análise de cor utilizou-se colorímetro Minolta CR-410, com leitura no espaço CIELab, que mede os parâmetros cromáticos L*, a * e b * (CIE, 1986). Com os valores de a e b*. Também forma calculados os parâmetros de Croma e Tonalidade (ºHue), através dos seguintes cálculos: Croma = ( )² + ( )² e ºHue = a. A concentração de polifenóis totais foi determinada pelo método colorimétrico de Folin-Ciocalteau adaptado por Silva et al. (2007), os resultados foram expressos em mg EAG 100g -1 de fruto, de acordo com curva padrão de ácido gálico. A atividade antioxidante foi analisada pelo método DPPH de acordo com Brand-Williams (1995) e os resultados foram expressos µmol de TEAC g -1 de amostra, de acordo com curva padrão de TROLOX. O teor de ácido ascórbico foi determinado pelo método de Tilmanns, conforme metodologia do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008) com os resultados expressos em mg 100 g -1.

Figura 01 Teores de umidade de abóboras solúveis totais (ºBrix) de abóboras durante a desidratação em diferentes temperaturas. diferentes temperaturas Figura 02 Teores de sólidos durante a desidratação em Diferentemente da umidade, na medida que prossegue o processo de secagem ocorre aumento do teor de sólidos solúveis totais (SST) no produto, o que é esperado. Conforme figura 02 pode-se observar que aumento do teor de SST é proporcional ao tempo de secagem e da mesma forma que o comportamento da umidade, em temperatura de secagem de 70ºC o produto final apresenta um valor mais alto em menores tempos, concluindo o processo com teores próximos a 70ºBrix. Na Tabela 01 estão apresentados alguns parâmetros físico-químicos de abobora in natura e após o processo de desidratação. Tabela 1. Valores encontrados para parâmetros físico-químicos de umidade, cinzas, proteínas, gorduras totais açúcares redutores e sacarose de abóboras in natura e desidratadas em diferentes temperaturas. Resultados expressos em g 100g -1. Nota-se que o fruto in natura apresenta valores de cinzas discordantes daqueles apresentados na literatura, sendo que o valor de 7,8% é superior aqueles citados por TACO (2011) e Junior et al, com 0,4% e 2,19%, respectivamente. Para o fruto desidratado os valotes encontrados também são superiores aqueles citados por Kalluf (2006) com 12,02% e Shigueoka et al. (2015) com 12,12%. Assim, foi possível observar um valor significativo para cinzas de amostra de abóbora natural e submetidas a desidratação, podendo ser explicado pela variedade de abóbora usada nos experimentos e também pelas condições de cultivo da mesma. Os valores de proteínas encontrados para fruto in natura são similares aqueles citados na tabela TACO (2011) que é de 0,6%. Pode-se observar a temperatura de secagem de 60ºC foi a que resultou em valores mais alto para este parâmetro. Kalluf (2006) encontrou valores 0,2% de proteínas para abóbora desidratada, valor este muito inferior aos encontrados nessa pesquisa. Em relação aos valores de gordura foi

possível observar que a amostra com menor teor foi a submetida a maior temperatura (50ºC), mas de maneira geral os valores das abóboras desidratadas não diferem muito da amostra in natura. Abóbora in natura apresentaram um teor 3,02% de açucares redutores e o maior valor encontrado nos frutos desidratados, foi naqueles processados em temperatura de 70ºC, com 28,45%. A importância dessa classe de açúcares nos alimentos é que é eles são principais responsáveis pela doçura do produto, e também participam como reagentes de reações químicas, muitas vezes indesejáveis, como a caramelização e a reação de Maillard, as quais conferem ao produto coloração escura. Em relação a acidez, percebese que seus valores aumentaram proporcionalmente conforme o aumento da temperatura da secagem, segundo Tabela 2 abaixo, embora a abóbora não seja um vegetal considerado ácido. Segundo trabalho realizado por Junior et al a acidez da abóbora é de 0,10%. Enquanto Paula et al. (2009) encontrou acidez titulável de 0,7%. Tabela 2. Valores encontrados para ph e acidez total titulável em abóboras in natura e desidratadas em diferentes temperaturas. Em relação a coloração percebe-se pela tabela 3, que os valores de L* são maiores enquanto o ângulo ºHue diminui nos produtos processados em relação ao produto in natura, demonstrando serem mais claros e terem uma tonalidade mais acentuada. Carvalho (2014) encontrados os seguintes parâmetros sobre a polpa da abóbora in natura: L* 56,69, a* 16,63, b* 69,70 e ºHue 76,58, sendo que as diferenças apresentadas se devem, provavelmente, pelas diferenças varietais e de cultivo. Tabela 3. Valores encontrados para parâmetros cromáticos (L*a * b *, Croma e ºHue) de abóbora in natura e desidratada em diferentes temperaturas. Através dos dados apresentados na tabela 4 é possível perceber que a amostra natural de abóbora apresentava 56,27 mg de polifenóis para cada 100g e o produto desidratado, com temperatura de 70ºC, apresentou 333,15 mg 100g, sendo superior aos produtos desidratados com as demais temperaturas testadas, ficando de claro, assim, que há uma retenção de polifenóis nos produtos desidratados, o que é considerado positivo, dada a importância nutricionais destes compostos. Em relação aos teores de ácido ascórbico, a amostra in natura tinha 74,43 mg 100g -1 e os produtos desidratados apresentaram valores que variaram de 103,71 a 164,04 mg 100 g -1, e a temperatura de secagem de 70 ºC foi a que reteve mais ácido ascórbico. Esses resultados para ácido ascórbico foram diferentes do relatado na literatura, uma vez que ele sensível à degradação e tende a diminuir durante o processamento e estocagem (SANTANGELO, S. B., 2006). Tabela 4. Valores encontrados para Atividade antioxidante, Polifenóis Totais e Ácido ascórbico em abóboras in natura e desidratadas em diferentes temperaturas.

Também conforme os dados apresentados na Tabela 4, a amostra in natura apresenta de percentual de inibição de radicais livres de 63,75% e o produto desidratado em temperatura de 70ºC, apresentou percentual de inibição de 91,5%, sendo superior aos produtos desidratados na demais temperaturas. Desse modo, é perceptível o aumento da atividade antioxidante conforme o aumento da temperatura em que a amostra foi submetida durante a secagem e também fica claro que a atividade antioxidante do produto é influenciada diretamente pelos teores de polifenóis e de ácido ascórbico. Conclusão A temperatura de secagem de 70º foi mais eficaz na retenção de compostos bioativos e compostos nutricionais na desidratação de abóbora. Assim, a abóbora desidratada pode ser utilizada como snacks e no processo para utilização de demais produtos alimentícios, como tempero para as especiarias, tornando-se um condimento especial nutritivo. Além disso, também é possível a obtenção de uma farinha de abóbora para o preparo de pães e bolos, por exemplo. Referências AZEVEDO-MELEIRO, C. H.; RODRIGUEZ-AMAYA, D. B. Qualitative and quantitative differences in carotenoid composition among Cucurbita moschata, Cucurbita maxima, and Cucurbita pepo. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 55, n. 10, p. 4027 4033, 2007. CARVALHO, S. M. Produção de polpa de abóbora em pó pelo processo de secagem em leito de espuma. Dissertação Pós-Graduação. Viçosa, Minas Gerais. 2014. CIE International Comission on Illumination. CIE L*a*b* Color Scale. 15.2 ed., 1986. Disponível em Acesso em 07 de Janeiro de 2006. FRASER, P. D.; BRAMLEY, P. M. The biosynthesis and nutritional uses of carotenoids. Progress in Lipid Research, v. 43, n. 3, p. 228 265, 2004. HALLIWEL, B. Antioxidants in human health and disease. Annual Review of Nutrition. v. 16, p. 33-50, 1996. INSTITUTO ADOLFO LUTZ. Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz. v. 1: Mé- todos químicos e físicos para análise de alimentos, 3. ed. São Paulo: IMESP, 1985. p. 2526. JUNIOR, B. N. Avaliação Físico-química e sensorial de abóbora e moranga cristalizadas pelo processo de açucaramento lento. KALLUF, H. V. Desidratação de polpa de abóbora (Cucurbita moschata) e seus teores em betacaroteno. Dissertação de Mestrado. Curitiba. 2006. KARATHANOS, V. T. Determination of water content of dried fruits by drying kinetics. Journal of Food Engineering, v. 39, n. 4, p. 337-344, 1999. MURKOVIC, M.; MÜLLEDER, U.; NEUNTEU, H. Carotenoid content in diferente varieties of pumpkins. Journal of Food Composition and Analysis., v. 15, n. 6, p. 633-638, 2002. PAULA, N. R. F. de et al. Qualidade de produtos minimamente processados e comercializados em gôndolas de supermercados nas cidades de Lavras MG, Brasília e

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