Enrico Grimaldi, BTG Pactual: Transcrição da Teleconferência Boa tarde a todos. Minha pergunta, na realidade eu queria explorar um pouco esse cenário de etanol. Como você bem falou na apresentação, e como nós vimos nos últimos dois resultados, boa parte do seu volume de etanol, mais de 60% vai ficar realmente para o 2S. Dito isso, como você também já antecipou boa parte da sua venda de açúcar de açúcar para o 1S, o etanol será o grande suporte dos resultados no 3T e 4T. Dito isso, se você puder discutir um pouco conosco, o que vocês estão vendo para preço e para cenário de etanol nesse 2S? Nós sabemos que nesse último trimestre o preço foi um pouco pressionado. E que estratégia a São Martinho estaria trabalhando para otimizar essa situação, talvez aumentando um pouco de exportação, buscando novos mercados ou algo do tipo? Se você puder discutir isso um pouco, eu agradeceria. Boa tarde, Enrico. Na verdade, o cenário de preços para o 2S vai depender muito de se vai acontecer o aumento do preço da gasolina na bomba ou não. Imaginando que não aconteça, que é o cenário mais pessimista, nós imaginamos que o preço ficará onde está no mercado doméstico. Não deve ter grandes variações. O cenário para exportar o etanol hoje é muito próximo; se você contabiliza todo o frete de pegar o etanol saindo da usina até o porto, embarcar e entregar nos Estados Unidos, que é o maior mercado, a diferença não é tão grande. Então, fora uma ou outra oportunidade que possa a vir aparecer, que obviamente a área comercial está trabalhando sempre olhando todas as oportunidades que gerem um pouco mais de retorno, nós imaginamos que não deva ser superior do que 20% desse volume de etanol que vá para o exterior, até menos que isso. A maioria ficará efetivamente no mercado doméstico. A grande questão, apesar de que quando você compara a margem do etanol no semestre ela está pior que a margem do açúcar, o que vai acontecer é que a moagem depois de setembro será uma moagem em que eu vou produzir mais etanol. Se você comparar quanto eu produzi de açúcar e quanto eu produzi de etanol até setembro, você vai perceber que eu produzi aproximadamente 70% do volume de açúcar, e produzi 63%, 62% do volume de etanol. Ou seja, na margem, o que será produzido de setembro até o final da safra a mais será o etanol. Se haverá mais produção de etanol na margem, significa que esse produto terá uma maior diluição de custo fixo, então o custo de produção dele, quando você olhar no contábil, estará um pouco menor. Se você combinar preço estável de etanol, se você olhar o meu estoque de passagem e o que terá de disponível para venda, você vai perceber que grande parte dele é anidro. Anidro hoje opera com prêmio de 13% acima do hidratado, o que também ajuda muito na minha margem. 1
Acho que tudo isso deve nos garantir uma margem da ordem de 40%, pelo menos no 3T. Enrico Grimaldi: Está ótimo, muito claro. Obrigado. Vicente Falanga, Santander: Boa tarde, Felipe. Eu tenho duas perguntas. Primeiro, você teve um aumento grande na depreciação nesse trimestre em relação ao último. Esse aumento foi em função do quê? Foi a alocação contábil mesmo por causa da produção maior, ou teve alguma coisa de trato? Essa é a primeira pergunta. A segunda pergunta é se vocês já conseguem visualizar alguma coisa para a safra que vem em termos de produção de açúcar, mix etanol-açúcar, esse tipo de coisa. Obrigado. Boa tarde. O volume de depreciação, quando você compara trimestre contra trimestre, ele aumenta consideravelmente porque eu estou tendo mais vendas. O volume de vendas, salvo engano, e até equivalente também, sobe quase 30% trimestre contra trimestre, então o volume de depreciação também aumenta consideravelmente. Eu deprecio quando eu vendo. Foi alocação contábil mesmo. É a alocação contábil da venda, não tem nada a ver com produção. Eu vou acabar a minha produção em dezembro. Supondo que eu venda pouco no 3T e venda muito no 4T, eu tenho zero de produção no 4T e terei muita depreciação, porque a depreciação fica bookada no ativo em estoque e é lançada contabilmente no DRE quando eu vendo o produto. A segunda pergunta, em relação à safra que vem, o que aconteceu neste ano foi uma coisa muito interessante. Com as chuvas no mês de maio e junho, que foram muito fortes, aumentou muito a produtividade do canavial. Para você ter uma ideia, a Usina São Martinho deve fechar com uma produtividade da ordem de 94 toneladas/hm², é uma produtividade muito boa. Tudo bem que 70% das terras que são A e B, um solo que responde muito rápido à melhora climática, mas está em uma produtividade alta. Nós colocamos no guidance 12 milhões de toneladas, mas devemos moer mais; mas como a ATR será um pouco pior, estamos mantendo o volume de produção. 2
Para a próxima safra ainda é cedo para falar, porque você sabe que 70% da massa da cana cresce entre novembro, dezembro e março. Mas imaginando que tenha uma condição climática normal, a São Martinho, dados os investimentos em plantio etc., esperamos crescer da ordem de 5% a 10% no volume de moagem na próxima safra, isso excluindo o ramp up da Boa Vista, que vai sair de 2,5 milhões para 4 milhões de toneladas. Então, você tem o ramp up, que é o crescimento orgânico dos investimentos que eu estou fazendo, mais de 5% a 10% por conta da melhor produtividade e investimento em canavial, em aumento de área mesmo que fizemos agora para moer mais cana na São Martinho no ano que vem. Obrigado, Felipe. Se você me permite mais uma pergunta, alguma aproximação do Governo, alguma novidade quanto a potencialmente reduzir o PIS/COFINS de R$0,12? Não, nenhuma novidade. OK. Obrigado. Bruno, Bradesco BBI: Felipe, obrigado por pegar a minha pergunta. O meu call caiu, e teve alguns pedaços que eu não consegui ouvir direito. A minha pergunta é mais genérica, envolvendo Santa Cruz e aquisições em geral. Nós vimos discutindo que a safra seguinte deve ser boa, que potencialmente você deve ter uma sobra de cana e a maior parte para etanol, e isso pode pressionar um pouco o preço. Eu queria entender como ficaria o setor para aquisições no ano seguinte, visto uma potencial pressão de preços em etanol. Vocês acham que pode ser algum trigger para consolidação ou não? Bruno, na verdade, eu discordo um pouco de você que o aumento de produção de etanol no ano que vem será um trigger para queda de preço. A grande sinalização é que o Governo colocará o anidro para 25%. Colocando o anidro para 25%, estamos falando de uma demanda de 2 bilhões a 3 bilhões de litros de etanol a mais. Se fizermos a minha conta de chegada, que a safra seja um pouco mais extensa, e aumente-se também um pouco a produção de açúcar, o volume de 2 bilhões a 3 bilhões é o que terá de demanda, que será um pouco de aumento da oferta. Eu não imagino que o fato de ter uma safra boa no ano que vem seja um problema do ponto de vista de preço etanol, porque estamos efetivamente aguardando que a mistura aumente para 25%. Esse é um ponto. 3
Em relação a M&A, eu acho que a situação das empresas vá melhorar na margem no ano que vem. Porque por mais que tenha pressão de preços, se você vai para o ano que vem com um canavial melhor, seu custo fixo é mais diluído, você consegue uma melhor margem, tanto de açúcar como de etanol, então é melhor. Mas vai depender muito de preço de açúcar. O preço de açúcar a US$19, como está hoje, se algumas empresas não fixaram, demoraram muito para fixar o preço, então pode ser que tenha problema. Mas M&A, do lado da São Martinho, estamos muito focados em tentar comprar alguma empresa que faça sentido do ponto de vista de sinergia. Você citou a Santa Cruz, e ela é realmente hoje a prioridade da nossa análise interna, obviamente para comparar a companhia, mas aí depende de um acordo entre a São Martinho e a parte vendedora. Tudo isso tem que ser olhado à luz das oportunidades do mercado, na vida tudo é relativo, nada é absoluto, mas eu diria que não é por conta de qualquer pressão de preço etc. que pode aumentar muito o M&A. Eu acho que do jeito que estão hoje preços, já estamos pressionados o suficiente. Se tivesse que acontecer muito deal por conta de preço baixo, eu acho que aconteceria mais neste ano que no próximo ano. É mais uma questão do comprador e do vendedor não chegando a um acordo. Bruno: Só dando continuidade, você acha que a alavancagem das empresas no setor está bem esticada, ou está razoavelmente dentro do controle? Eu não tenho muita informação, são poucas as empresas que são abertas e divulgam balanço. Tem alguns casos que estão com uma alavancagem razoável. Nós temos que lembrar aqui que todo mundo olha muito o indicador dívida líquida/ebitda, no caso a São Martinho está em 2,1x etc., mas esse é um indicador que no meu financeiro, o gerencial, nós olhamos fluxo de caixa operacional/dívida, que é bem diferente. Nós temos um CAPEX decorrente de plantio, tratos culturais e etc. que você não pode parar de fazer, porque se você para, você tem um problema nas próximas safras. E a conta é a mesma para qualquer outra empresa do setor. A alavancagem efetivamente está um pouco alta; naturalmente, quando você fica com um preço de um produto fixado nos últimos seis, sete anos, como foi o caso do preço do etanol, e seu custo de produção aumentando por conta de pressão salarial etc., sua margem vai comprimindo e metade da sua produção é etanol. Mas essa é a realidade do setor, e vamos ver o que acontece. Estamos no bottom, acho que só tem upside daqui para frente, do ponto de vista de macro para o etanol, especificamente dizendo. 4
Bruno: Transcrição da Teleconferência Está ótimo. Perfeito, Felipe. Obrigado. Operadora: Encerramos neste momento a sessão de perguntas e respostas. Gostaria de devolver a palavra ao Sr. Felipe Vicchiato para as considerações finais. Obrigado pela participação na conferência. A São Martinho está bem feliz com os resultados desse trimestre especificamente. Acho que conseguimos reverter dois trimestres de resultados de margem EBITA que estavam abaixo de 40%, que é a nossa meta aqui. Com esse trimestre, já conseguimos romper os 40% no acumulado dos 6M, e vamos trabalhar para continuar entregando resultado para vocês. Qualquer dúvida, o time de RI está à disposição. Obrigado, e até a próxima. Operadora: A teleconferência da São Martinho está encerrada. Agradecemos a participação de todos e tenham uma boa tarde. Este documento é uma transcrição produzida pela MZ. A MZ faz o possível para garantir a qualidade (atual, precisa e completa) da transcrição. Entretanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais falhas, já que o texto depende da qualidade do áudio e da clareza discursiva dos palestrantes. Portanto, a MZ não se responsabiliza por eventuais danos ou prejuízos que possam surgir com o uso, acesso, segurança, manutenção, distribuição e/ou transmissão desta transcrição. Este documento é uma transcrição simples e não reflete nenhuma opinião de investimento da MZ. Todo o conteúdo deste documento é de responsabilidade total e exclusiva da empresa que realizou o evento transcrito pela MZ. Por favor, consulte o website de Relações com Investidor (e/ou institucional) da respectiva companhia para mais condições e termos importantes e específicos relacionados ao uso desta transcrição. 5