Faculdade de Ciências da Universidade de Coimbra Departamento de Matemática Psicologia Educacional I Trabalho realizado por: Maria Armanda Borges Mónica Ferreira Patrícia Lourenço Dezembro 2003
Índice: Objectivos: 2 Objecto...3 1- Capitulo -Enquadramento teórico...3 1.1-Adolescência:...3 1.1.1-Definição:...3 1.1.2-Características...3 1.2-Distúrbios do Comportamento Alimentar 4 1.2.1-Anorexia e Bulimia Nervosa...4 1.2.1.1-Definição:...4 1.2.1.2-Diagnóstico:...5 1.2.1.3-Sintomas:...5 1.2.1.4-Factores predisponentes:...6 1.2.1.5-Possíveis tratamentos:...6 2-Capitulo Metodologias...7 2.1-Instrumentos Utilizados:...7 2.1-População e amostra:...7 2.3-Metodologia utilizada na recolha de dados:...8 3-Capitulo - Análise e discussão de resultados...9 3.1-Apresentação dos resultados:...9 3.2-Discussão dos resultados:...12 3.3-Conclusão:...14 4-Capitulo - Ensaio crítico do trabalho...15 Anexos...16 Bibliografia...19
Objectivos: Verificar a existência ou não de casos de distúrbios alimentares em algumas escolas secundárias de Coimbra; Na existência de casos de distúrbios alimentares nas escolas como é que eles são abordados; Verificar a incidência a nível de sexo, ano de escolaridade ( idade ); Saber se existe alguma relação entre esta doença e problemas familiares; Conhecer a relação entre as atitudes e comportamentos relacionados com distúrbios alimentares nos adolescentes; Conhecer a postura dos professores perante esses casos; Compreendermos este assunto por ser um tema bastante preocupante nos dias de hoje. 2
Objecto 1 Capitulo -Enquadramento teórico 1.1 Adolescência: 1.1.1 Definição: Período de vida entre a infância e a idade adulta. Em termos gerais, a adolescência corresponde ao período entre os 13 e os 19 anos.fase de experiências, mudanças físicas, psicólogicas e emocionais, que são avaliadas pelo próprio, que lhes atribui determinada importância, sofrendo influências do meio que o rodeia. (GASPAR 1999). A adolescência coincide com mas não é o mesmo a puberdade. A puberdade é o período do desenvolvimento regulado por hormonas em que aparecem os caracteres sexuais secundários, que assinalam o ínicio da maturidade física e sexual. 1.1.2 Características A adolescência é um período de grandes modificações que se reflectem no indivíduo e na família do adolescente. O adolescente tem de adaptar-se às alterações físicas do seu corpo e ao facto de a família e a sociedade já não esperarem dele, nem tolerarem, comportamentos infantis, que afinal poderão ainda ocorrer. Durante a adolescência, forma-se a auto-identidade do adulto, o que implica chegar à independência e à separação emocional em relação aos pais, compreender de cada um dos sexos e aprender a utilizar os crescentes impulsos agressivos. A adolescência é também um período de formação de atitudes e opiniões. Os adolescentes desejam ser independentes, mas muitos continuam a precisar do apoio emocional e financeiro dos adultos. Durante o processo de aquisição da Identidade adulta, o adolescente deixa de se definir apenas com base nos adultos da sua casa ou da sua escola, como é característico das crianças. O adolescente pode procurar outras figuras ( por exemplo, vedetas da música pop) como modelos a seguir e revoltar-se contra os padrões 3
dos pais e a família. Os adolescentes experimentam perspectivas e opiniões, integrando-se em grupos e em organizações políticas. Podem adoptar maneiras peculiares no vestir, na aparência e no comportamento. A experimentação sexual ocorre em devaneiros e na realidade, individualmente ou com companhia. A identidade sexual pode ser posta em dúvida ; pode acontecer neste período que a pessoa se aperceba pela primeira vez do que poderá ser homossexual. Algumas vezes ocorrem comportamentos homossexuais temporários durante a adolescência, sem que tal represente um verdadeiro problema. A adaptação aos impulsos sexuais pode ser influenciada pela percepção que o adolescente tiver do relacionamento dos progenitores. 1.2 Distúrbios do Comportamento Alimentar 1.2.1 Anorexia e Bulimia Nervosa 1.2.1.1 Definição: Podem ser causados por carência ou excesso de um ou mais nutrientes ou pela presença de toxinas nos alimentos. Esta carência pode levar a certas doenças como a anorexia e a Bulimia. Anorexia é uma palavra grega an que significa sem e orexis que significa desejo, ou seja, sem desejo. Caracteriza-se por um medo intenso de engordar e uma forte necessidade de autocontrole em relação à comida. Inicia-se sempre por uma dieta, numa tentativa de perder alguns quilos, mas rapidamente o que era controlável passa a controlar a própria pessoa. A palavra Bulimia tem origem grega cujo significado é fome de boi, ou seja, grande fome devoradora. A doença caracteriza-se por episódios de excessos alimentares, seguidos de vómitos provocados. 4
1.2.1.2 Diagnóstico: A anorexia nervosa e a bulimia são doenças em que a paciente quer ser magra mas considera-se mais gorda do que realmente é enquanto que todas as outras pessoas a consideram extremamente magra. Uma jovem com anorexia nervosa cada vez come menos, ao contrário de uma jovem com Bulimia que não resiste à vontade de comer e devorar, literalmente, a comida que lhe aparece à frente acabando por provocar o vómito numa tentativa desesperada de se livrar de uma gordura que muito simplesmente não existe. 1.2.1.3 Sintomas: Anorexia Bulimia Recusa voluntária dos alimentos com muitas calorias Perda de peso notável Uso de laxantes e diuréticos Vertigens e dor de cabeça Disfunções biológicas -desequilíbrios das hormonas sexuais - Amenorreia Muita fome Verifica-se um abuso de drogas e de álcool. Isolamento social Maior irritabilidade Osteoporose Grande ingestão de alimentos seguidos de vómitos Armazenar alimentos e vómitos em diferentes partes da casa Consumo abusivo de água, café, leite e bebidas light Pânico de engordar Sensação constante de culpa e facilidade em culpar os outros Sensação de inutilidade e vazio Cara inchada e hipertrofia das glândulas Desidratação Fraquezas e câimbras 5
Alterações dentais Pele seca e escamada Enfarte e morte (casos mais graves) Pessoa sente-se angustiada e impotente por não controlar o seu comportamento levando mesmo ao suicídio Anemia Enjoos Batidas irregulares do coração 1.2.1.4 Factores predisponentes: Diminuição da auto-estima Preocupação excessiva com o peso Insatisfação com a imagem corporal Bom comportamento e bom desempenho escolar Timidez Isolamento Dificuldades em estabelecer relações afectivas Perfeccionismo Família super-protectora Ênfase da cultura da magreza 1.2.1.5 Possíveis tratamentos: Anorexia Internamento hospitalar Psicoterapia com terapia familiar Programas de gratificação -1kg a mais mais visitas Apoio a medicamentos ( sedativos e antidepressivos ) Bulimia Vigilância e regularização dos hábitos alimentares Psicoterapia Utilização de antidepressivos e sedativos Por vezes é necessário o internamento 6
2 Capitulo - Metodologias 2.1 Instrumentos Utilizados: Para a realização deste trabalho elaboraram-se inquéritos para serem dados a responder pelos professores das escolas a estudar. 2.2 População e amostra: O nosso estudo realizou-se em duas escolas secundárias de Coimbra,a escola secundária de Jaime Cortesão e a escola secundária Infanta Dona Maria. A nossa amostra foi de 30 professores sendo 25 do sexo feminino e 5 do sexo masculino com idades compreendidas entre os 24 anos e os 60 anos. Feminino Masculino 7
2.3 Metodologia utilizada na recolha de dados: A elaboração do inquérito decorreu durante as aulas de psicologia educacional. O passo seguinte foi dirigimo-nos às respectivas escolas pedindo autorização para a execução dos inquéritos, quando esta foi concedida dirigimo-nos aos professores, apresentando os objectivos do trabalho e entregando-lhes os inquéritos para eles procederem ao seu preenchimento. Após os inquéritos realizados, elaboramos as dados estatísticos e tirámos as respectivas conclusões. 8
3 Capitulo - Análise e discussão de resultados 3.1 Apresentação dos resultados: De seguida apresentamos os nossos resultados provenientes dos inquéritos já apresentados. 1-Nesta escola já se deparou com algum caso de anorexia ou bulimia? Sim-13% Não-87% 0,9 0,8 0,7 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 0,1 0 Sim Não % de casos de distúrbios alimentares nas escolas 9
2-E noutra escola? Sim- 17% Não-83% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% sim nao % de casos de distúrbios alimentares noutras escolas 3-Se sim, como é que o caso foi resolvido? Acompanhamento psiquiátrico - 4 casos Detctado pelos familiares - 1 caso O professor sugeriu consulta adequada 1 caso 1 aluna entrou em coma O professor encaminhou o caso para o director de turma e depois foi encaminhada para o psicólogo da escola Como os pais não aceitavam a doença da filha foi um tio que ficou responsável pelo caso Um caso ainda não está resolvido Não sabe 2 casos 10
4-Qual era a idade? 12,50% 12,50% [13-14[ [15-16[ [16-17[ 25% 37,50% [17-18[ 13% [18-19[ 5- Qual era o sexo? Feminino-87,5% Masculino-12.5% 90,00% 80,00% 70,00% 60,00% 50,00% sexo 40,00% 30,00% 20,00% 10,00% 0,00% Feminino Masculino 11
6- Como é que o caso foi abordado? Alerta partiu de amigos Alerta por parte dos pais 2 casos Alerta por parte de outro familiar Sequência de uma tentativa de suícidio Pelo director de turma Está a ser abordado pelos pais, professores e psicóloga da escola 7- Pensa que se pode relacionar estes casos com problemas familiares ou outros? 6 casos dizem que sim, que se relacionam com problemas familiares os restantes pensam que se relacionam com outros problemas tais como: -problemas socias -problemasem relação às transformações físicas que nem sempre são bem recebidas(aceitação da imagem corporal -problemas de integração/ afirmação -problemas amorosos 3.2 Discussão dos resultados: Numa abordagem geral, um dos factores que se apresenta como limitativo prende-se com o número reduzido de elementos da amostra, pois este é constituído por 30 pessoas de apenas duas escolas (escola secundária Jaime Cortesão e escola secundária Infanta Dona Maria). Não aplicamos os questionários a um número mais alargado de professores pelo facto do tempo disponível para a sua realizar ser bastante limitado, bem como devido às dificuldades em obter permissão das escolas atempadamente, para realizar o estudo e nos deslocarmos até às mesmas. 12
O questionário apresenta vantagens devido à sua natureza impessoal, apresentação utilizada e manutenção do anonimato, que permite a livre expressão de opiniões, assegurando, assim, a fidelidade e a facilidade nas comparações entre os sujeitos. No entanto, a consciência dos sujeitos que participam numa investigação cientifica e em consequência de qual modificam o seu comportamento, sendo de evidenciar que as pessoas que sabem de distúrbios alimentares demonstram alguma relutância em revelar o que sabem. A nossa amostra foi constituída por 30 professores das escolas já referidas, sendo 25 do sexo feminino e 5 do sexo masculino, com idades compreendidas entre os 24 e os 60 anos. Verificamos que a maioria dos casos de distúrbios alimentares eram raparigas ( 7 ) com especial incidência em idades compreendidas entre os 17 e os 18 anos. Relativamente ao objectivo Verificar a existência, ou não, de casos de distúrbios alimentares em algumas escolas secundárias de Coimbra verificamos que a maioria ( 87% ) dos professores nos respondeu que não existiam casos nas escolas. Dos poucos casos que os professores admitem terem existido, alguns deles foram abordados através do alerta dos amigos do doente, pela família, pela professora falando com a aluna sobre a sua alimentação, falando-lhe de outros casos e da sua própria vivência e apresentando-lhe alguns livros e artigos sobre o assunto, falando com a aluna, pais e psicóloga, pelo director de turma e na sequência de uma tentativa de suicídio. Alguns destes casos foram resolvidos com acompanhamento psiquiátrico (4 casos), no seio familiar (2), internamento (1), psicólogo da escola (1), acompanhamento nos H.U.C. e dois dos casos os professores não sabem como foram resolvidos e um ainda não está resolvido. Verificamos que a maioria dos casos de jovens com distúrbios alimentares estão relacionados com problemas familiares (6 dos casos), no entanto podem também estar relacionados com problemas de afirmação (1), problemas na aceitação da imagem corporal (1), problemas sociais (1), problemas a nível amoroso(1), e problemas de integração(1). 13
3.3 Conclusão: Os distúrbios alimentares são uma realidade que provoca alterações profundas a quem os vivência, para além de, a longo prazo, serem responsáveis por um grande conjunto de doenças, tanto a nível físico como a nível psicológico, impeditivos de uma vida saudável. A partir dos dados que obtivemos conclui-se que a maior parte dos casos referidos pelos professores são jovens do sexo feminino sendo conhecidos 7 casos enquanto que do sexo masculino foi evidenciado um único caso. As idades com maior incidência de casos é entre os 17e os 18 anos. Um dos objectivos deste trabalho seria compreender se existia alguma relação entre a doença e problemas familiares. A maior parte dos professores respondeu que sim embora seja difícil obter uma certeza, já que na maioria das vezes se desconhecia a razão. Pretendíamos saber como é que normalmente são resolvidos casos de anorexia e bulimia nas escolas e podemos dizer que as escolas estão muito mal preparadas na resolução deste tipo de problemas : a maioria respondeu que o problema não foi tratado directamente pela escola, só um professor respondeu que a aluna foi encaminhada para a psicóloga da escola. Considerando que a realização dos estudos desta índole é fundamental para que a implementação da prevenção dos distúrbios alimentares, bem como de todas as alterações que existem no comportamento alimentar, seja cada vez mais divulgada nas escolas a fim de dar a perceber à pessoa os riscos que corre, é igualmente importante que o professor tenha alguma formação a este nível, mais que não seja ter informação de como tentar encaminhar o caso. 14
4 Capitulo - Ensaio crítico do trabalho A amostra que usamos no nosso trabalho é sem dúvida uma amostra não representativa. Não aplicámos os inquéritos a um número mais alargado de jovens pelo facto do tempo disponível para a sua realização ser limitado, bem como devido à dificuldade em obter permissão de mais escolas atempadamente, para realizar o estudo e nos deslocarmos até às mesmas. Outro facto de não termos obtido resultados esperados fez com que alguns dos nossos objectivos não fossem alcançados, mesmo acontece com os métodos. Não foi possível realizar a entrevista com o psicólogo já que a resposta obtida nos inquéritos acerca do encaminhamento dos casos de anorexia e Bulimia para o psicólogo foi apenas de um professor, contudo o caso evidenciado tinha ocorrido numa outra escola. Por fim achamos que este trabalho foi bastante interessante uma vez que trata de uma realidade desconhecida para nós e que nos deu bastante satisfação a realizá-lo. 15
Bibliografia: BYRNE, Katherine Anorexia e Bulimia: Um Guia para Pais e Educadores. 1.ª ed. S. João do Estoril: Principia, Publicações universitárias e científicas, 2001 (Maio). ISBN 972-8500-44-0. GASPAR, Nuno Miguel Soares Estudo da Imagem Corporal na Adolescência. Coimbra: Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, 1999., Rosa Maria - Anorexia e Bulimia. Amadora: Editora McGraw- Hill de Portugal, Lda. Copyright 200. ISBN 972-773-123-6. STWART, Anne Distúrbios Alimentares na Adolescência, in Update. Lisboa. N.º140 (15.02.2001), p. 60-66.
Inquérito realizado aos professores