ANÁLISE DAS EXPORTAÇÕES MATO-GROSSENSES / 2007 1- Balança Comercial Mato Grosso continua tendo superávit na Balança Comercial registrando em 2007 um expressivo saldo de US$ 4,38 bilhões valor que representa 10,9% do saldo da balança comercial do país, o que é bem representativo, sendo 11,5% maior do que o saldo estadual de US$ 3,93 bilhões de 2006, mesmo com o desempenho surpreendente das importações que tiveram aumento de 83% no período, bem acima do índice de 32% das compras externas do país. As exportações que somaram US$ 5,13 bilhões são 18,4% maiores do que o valor de US$ 4,38 bilhões de 2006, um bom índice de retomada de crescimento, se comparado com o resultado de apenas 4,4% de 2006 e com a taxa anual de 16,6% do país, no mesmo período. Em dezembro de 2007, as exportações mensais foram de US$ 389,57 milhões, 54,4% maiores do que em 2006 e 14,3% menores do que em novembro deste ano. O Estado continua ocupando a 10ª. posição no ranking nacional, mas representando apenas 3,2% das vendas externas do país ainda respondendo por 53% das exportações da região Centro Oeste, que tiveram em 2007 crescimento maior de 29,3%, alavancadas por Goiás e Mato Grosso do Sul, com taxas anuais de 52% e 29% respectivamente. A União Européia e a Ásia foram os principais destinos de nossas exportações respondendo por 49% e 28% do total, respectivamente. A China, com 15% individualmente, é o nosso maior cliente, seguido da Holanda com 14% e da Espanha com 10% mas, tanto a China, quanto a Holanda, em 2007 registraram queda de valor, se comparado 2006, por conta da redução 31% no volume exportado de soja grão, no mesmo período, o principal produto comercializado para aqueles países. Nas importações que continuaram em ritmo bem forte em relação a 2006, prevalecem os insumos agropecuários que respondem por praticamente 80% do valor das compras externas, complementadas por máquinas e equipamentos, além do gás natural da Bolívia, que mesmo com as dificuldades de suprimento aumentaram em 14% no período. Os nossos principais fornecedores externos foram, pela ordem, a Rússia com 22% do valor importado, a China com 12%, o Canadá com 10%, seguidos de diversos outros com menores participações, tais como a Argentina, a Alemanha, os Estados Unidos e outros. É importante registrar o avanço da China que respondia por apenas 4% das importações estaduais em 2006
As perdas cambiais continuaram existindo pela valorização de 16,9% do Real frente ao dólar em 2007 e podem ser estimadas em R$ 1,9 bilhão, valor bastante expressivo e significativo, que mostra bem o efeito negativo do câmbio valorizado para as nossas exportações. O valor acumulado das vendas externas em nossa moeda seria de R$ 11,03 bilhões com o dólar de dezembro de 2006 e não de apenas R$ 9,13 bilhões como foi em 2007, isto devido à cotação média de US$ = R$ 2,15 em dezembro /2006 e de US$ = R$ 1,78 em dezembro/2007. 2 Exportações dos Principais Produtos 2.1 COMPLEXO SOJA A evolução das exportações estaduais do complexo soja em 2007 em relação a 2006 pode ser assim visualizada: Tabela 01 Mato Grosso Análise das Exportações do Complexo Soja 2007/2006 SOJA 2.911.932-3.102.979 - -6,2 - - Grãos 1.889.223 6.822.137 2.263.292 9.920.599-16,5-31,2 21,4 Farelo 725.846 2.988.781 604.109 2.987.735 20,2 0,0 20,1 Óleo 291.525 389.702 231.345 453.419 26,0-14,1 46,6 Lecitina 5.338 6.672 4.233 5.172 26,1 29,0-2,3 Fonte: FIEMT/CIN/Assessoria econômica dados elaborados As exportações do complexo soja totalizaram US$ 2,91 bilhões registrando queda de 6,2% em relação a 2006 e respondendo por 57% do valor das exportações estaduais, perdendo participação, dado que no mesmo período de 2006 representavam 72%. O valor total exportado de soja-grão foi de US$ 1,89 bilhão contra US$ 2,26 bilhões em 2006, uma redução de 16,5% resultante da queda ainda maior de 31,2% no volume físico exportado, mesmo com o aumento de 21,4% no preço externo do produto, no período considerado. A queda nas exportações de soja sinaliza um cenário de maior esmagamento do grão para a produção de farelo e de óleo de soja para atender o crescimento da demanda interna, relacionada com a produção de biodiesel e ração animal para aves e suínos, principalmente. Tal resultado vem se confirmando como uma tendência e as vendas de soja-grão no ano passado representam 37% do valor das exportações, caindo 15 pontos percentuais em relação ao ano passado, quando respondia por 52% do total exportado.
Os outros produtos farelo, óleo de soja e lecitina registraram aumentos expressivos no faturamento por conta da elevação nas cotações internacionais de 20% no farelo e de 47% no óleo, compensando a redução no volume físico exportado de 14% no caso do óleo e também a pequena redução no preço da lecitina, que mesmo assim, registrou aumento de 29% no volume físico exportado. A queda nas exportações de soja em 2007 confirma o cenário de maior esmagamento do grão em 2007, para a produção de farelo e de óleo de soja para atender o crescimento da demanda interna, relacionada com a produção de biodiesel e ração animal para aves e suínos, principalmente, agregando maior valor a produção estadual. 2.2 - CARNES As exportações estaduais de carnes se destacaram em 2007, com crescimento de 27% no faturamento acumulado até dezembro, comparado com o mesmo período de 2006, mantendo a 2ª. posição na pauta de exportações estaduais. A carne bovina lidera em valor exportado, atingindo a marca expressiva de US$ 627 milhões de faturamento e quantum físico de 228 mil toneladas, com aumentos de 16% e 13% respectivamente, como mostra a tabela 2 seguinte. Tabela 02 Mato Grosso Análise das Exportações de Carnes 2007/2006 CARNES 797.955-628.231-27,0 - - Bovina 626.988 228.340 538.545 202.011 16,4 Aves 118.719 87.175 65.950 60.239 80,0 Suína 52.249 25.414 23.736 11.725 120,1 13,0 3,0 44,7 24,4 116,8 1,6 As vendas externas de carnes de aves registraram aumentos ainda mais expressivos de 80% no faturamento por conta do aumento de 44,7% no volume físico e também aumento de preço de 24% em relação a 2006. A carne suína confirmou sua recuperação, com um forte aumento de 120% em valor e 117% em volume, mesmo com o pequeno aumento de 1,6% no preço internacional do produto. Como comentamos anteriormente, o crescente destaque do complexo carnes na pauta de exportações estaduais representa o reconhecimento da qualidade do produto mato-grossense no mercado externo e, mostra bem a tendência de se transformar proteína vegetal soja e milho em proteína animal carnes com agregação expressiva de valor, que vem se consolidando no modelo econômico estadual.
2.3 MADEIRA A evolução das exportações estaduais de produtos do segmento industrial de base florestal no ano passado pode ser assim visualizada: Tabela 03 Mato Grosso Análise das Exportações de Madeira 2007/2006 Janeiro a Novembro PRODUTOS US$ 1.000 m3 US$ 1.000 m3 US$ m3 Preço MADEIRA 245.911-195.224-26,0 - - Bruta 3.673 13.863 536 2.888 585,4 380,1 42,8 Serrada 135.433 205.885 122.439 202.491 10,6 1,7 8,8 Perfilada/Compensada 99.911 115.732 69.129 94.778 44,5 22,1 18,4 Objetos 5.734 6.489 2.651 3.256 116,3 99,3 8,5 Móveis 1.160 1.186 469 516 147,1 129,8 7,6 Obs Coeficiente técnico de conversão = 1 m3 = 800 kg e Assessoria Econômica. Houve um expressivo aumento de 26% no valor total exportado dos produtos do segmento 4º lugar no ranking fortemente concentrado em madeira serrada e perfilada/compensada que respondem por 99% do total exportado e que evoluíram positivamente, no período, especialmente nos perfilados e compensados com taxas de crescimento de 44,5% em valor e 22% em volume físico, dado o aumento de 18 % no preço internacional. 2.4 OUTROS PRODUTOS A evolução das exportações estaduais dos outros produtos da nossa pauta no ano passado pode ser assim visualizada: Tabela 04 Mato Grosso Análise das Exportações de Outros Produtos 2007 /2006 MILHO 662.886 3.710.637 50.513 429.634 1.212,3 763,7 51,9 AÇÚCAR 14.149 48.952 29.982 87.414-52,8-44,0-15,7 ALGODÃO 292.221 243.700 184.337 165.565 58,5 47,2 7,7 COURO 76.092 17.632 72.967 24.485 4,3-28,0 44,8 DIAMANTES(kg) 10.219 37 3.668 8 178,6 362,5-39,8 OURO (kg) 73.166 3.385 39.367 1.999 85,9 69,3 9,8 SULFETO DE COBRE (t) 9.734 5.541-0 TOTAL 1.138.466 380.835 198,9
O valor das exportações totais desse grupo de produtos, também importantes no comércio exterior do Estado, foram de US$ 1,14 bilhão em 2007, havendo um expressivo aumento de 199% em seu montante em relação ao ano anterior. O milho foi o grande destaque de 2007 e registrou aumento de 1.212% no valor exportado e de 764% em volume, superando 3,7 milhões de toneladas, aproveitando o expressivo aumento de 52% da cotação internacional do produto e a janela de oportunidade do uso do milho americano para a produção de etanol. O algodão registrou crescimento de 58,5% nas vendas em valor e 47% em volume aproveitando o aumento de preço de 7,7% no período. No caso do couro, houve uma pequena recuperação no valor das vendas mais ainda registra queda expressiva de 28% no volume físico embarcado, apesar do aumento de 44,8% na cotação internacional do produto, por conta da defasagem cambial. As exportações de ouro, diamante e do estreante sulfeto de cobre, podem ser consideradas também como destaques evoluindo muito em relação a 2006. A composição da pauta de exportações de nosso Estado, em 2007 comparada com 2006 pode ser assim visualizada: Tabela 05 Mato Grosso Análise das Exportações - 2007 / 2006 Em US$ 1.000 FOB ANÁLISE 2007 2006 2007 / 2006 PRODUTOS Part % Part % Variação COMPLEXO SOJA 57 72-15 COMPLEXO CARNES 16 14 2 MILHO 13 1 12 MADEIRA 5 5 0 sub-total 91 92-1 OUTROS PRODUTOS 9 8 1 TOTAL GERAL 100 100 0 A tabela mostra que a nossa pauta continuou em 2007, bastante concentrada em commodities do agro negócio, onde apenas quatro produtos responderam por 91% das exportações. Podemos observar ainda que o complexo soja vem perdendo participação, respondendo por 57% do valor total exportado contra 72% em 2006, uma expressiva queda de 15 pontos percentuais. Por outro lado, as vendas externas de carnes e principalmente de milho, novo componente de nossa balança comercial, ganharam posições e já respondem por 14% do valor total exportado. Cuiabá MT, 22 de Janeiro de 2008 Carlos Vitor Timo Ribeiro Assessor econômico da FIEMT