TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO

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Transcrição:

TRABALHO DE INVESTIGAÇÃO Evolução da população bacteriana aeróbia mesófila no leite pasteurizado quando submetido a diferentes temperaturas de armazenagem Maria Elisabete Lopes Fernandes Curso de Ciências da Nutrição da Universidade do Porto Porto 1993

índice 1 - Introdução 2 - Objectivos 3 - Material e métodos 3.1 - Matéria prima 3.1.1 -Amostragem 3.1.2 - Método de colheita da amostra 3.1.3 - Parâmetros 3.2 - Método de análise 3.2.1 - Material 3.2.2. - Meios de cultura 3.2.3 - Preparação dos meios de cultura 3.2.4 - Técnica j - Preparação da amostra

Páginas - Diluição 15.,, - Sementeira 16 - Incubação 17 3.2.5 - Leitura 18 3.2.6 - Cálculos 18 4 - Resultados 20 5 - Discussão 27 6 - Conclusões 28 Bibliografia 29

Agradecimentos Ao Prof. Dr. Freitas da Fonseca, o meu agradecimento especial por me ter facultado o Serviço de Microbiologia da Faculdade de Medicina do Porto e pelo apoio constante durante este trabalho. Ao Dr. Passos Gonçalves, grata pelo apoio, preciosa ajuda e disponibilidade dispensados durante a realização deste trabalho. A AGROS - União das Cooperativas de Produtores de Leite de Entre Douro e Minho e Trás-os-Montes, especialmente à Eng. Regina Camisão Brito e ao Eng. Oscar Brandão pela valiosa colaboração dispensada. j

1 - INTRODUÇÃO Este trabalho de investigação foi desenvolvido no Serviço-de Microbiologia da Faculdade de Medicina do Porto, sendo o leite pasteurizado o produto escolhido para análise, A decisão por este produto alimentar, foi baseada no facto de ser uni bem de "primeira necessidade" consumido pela maior parte dos portugueses, e de contribuir grandemente para uma alimentação saudável: em termos de quantidade (suficiente); em termos de qualidade (equilibrado) e em termos de custos (razoável). Nutricionalmente, o leite é o alimento que mais próximo se encontra da perfeição. Constitui uma fonte excelente de proteínas de alto valor biológico, de vitaminas do complexo B, de vitamina A, de sais minerais e oligoelementos, tendo no entanto, algumas limitações, principalmente no que se refere à quantidade de ferro e de vitamina C (D. A sua composição varia com a espécie, raça, idade e estado de saúde do animal, assim como, com as estações do ano e com a temperatura ambiente. No entanto, a constituição média, por 100g do leite de vaca completo e pasteurizado, é a seguinte: água* 88,2g; proteínas, 3,0g;i gordura, 3,0g; hidratos de carbono, 4,6g; cálcio, 126mg; ferro, 0,lmg; vitamina A, 230 TJI; vitamina BI, 54ug; vitamina B2> 138ug; vitamina PP, 0,2mg e finalmente vitamina C, l,2mg (2). Outra das razões* que me levou a optar por este alimento, é que, pela sua composição, o leite, é um potencial meio de cultura para as j bactérias, Desde o momento da recolha do leite* até ao momento de ser consumido, é susceptível de ser contaminado por microrganismos r 5

(através do próprio animal^ do manipulador e dos utensílios de recolha do leite). Os microrganismos veiculados pelo leite» apesar de não serem normalmente patogénicos - habitualmente, trata-se de uma população saprófita - alteram a composição e as características do leite, constituindo perigo. O leite proveniente de animais doentes^ pode conter microrganismos patogénicos (Mycobacterium bovis, Mycobacterium tuberculosis, Brucella abortus, Escherichia coli, Bacillus cereus, Clostridium perfringens, Coxiella burnetti, Salmonella typhi, Listeria monocytogenes, entre outros) e o seu consumo sem o devido tratamento térmico causa doença: Tuberculose, Brucelose, Febre Q, Escarlatina, Disenteria (3). Sendo assim, deve haver um grande cuidado para assegurar a isenção destes microrganismos patogénicos^ no momento do seu consumo. São efectuados alguns tratamentos térmicos ao leite, com o intuito de eliminar este tipo de população microbiana^ como por exemplo a pasteurização. Segundo as Normas Portuguesas, o " leite pasteurizado é leite de consumo directo, submetido a tratamento térmico adequado, depois do circuito de recolha^ de modo a desvitalizar a flora patogénica não esporulada e quase totalmente a flora banal, sem alteração sensível do eqtulíbrio físico e bioo t uímicoj bem como dos caracteres organolépticos' '(4). Durante a pasteurização^ os microrganismos patogénicos são destruídos, assim como, cerca de 99% das bactérias não patogénicas (5). J As condições a que o leite foi submetido durante a realização do trabalho, foram selecionadas em função das condições de

armazenagem a que este produto pode ser sujeito no dia-a-dia dos portugueses. Hoje em dia, o frigorífico tem um papel enorme na vida dàs famílias, pois sem ele, não se conseguia manter o valor nutritivo dos alimentos* entre a aquisição destes no comércio até ao momento do seu consumo. No entanto, não é invulgar acontecer que o leite, após ter sido adquirido permaneça muitas horas à temperatura ambiente (por exemplo, dentro do porta-bagagens do automóvel )> tempo suficiente para haver crescimento da população microbiana. Para além disso, existem pessoas que, por diversas razões, não possuem meios de refrigeração, e consequentemente armazenam os produtos alimentares facilmente perecíveis à temperatura ambiente. J

2 - OBJECTIVOS Foi objectivo deste trabalho de investigação, avaliar a evolução da população bacteriana do leite pasteurizado, quando submetido a várias temperaturas de armazenagem, e não verificar se a qualidade microbiológica do leite se encontra ou não dentro dos limites de aceitação fixados, j

3 - MATERIAL E MÉTODOS 3,1 - Matéria prima 3.1.1 - Amostragem Foram, analisados 50 pacotes de leite pasteurizado, cedidos gentilmente pela AGROS. O leite foi empacotado em embalagens de saco plástico, originais de 200 ml, especialmente adaptadas para o efeito, evitando assim desperdício de produto. Tendo assistido ao processo de fabrico deste leite, pude constatar que todas as amostras saíram directamente da linha de produção em curso. 3.1.2 - Método de colheita da amostra O transporte das amostras desde a AGROS até ao Serviço de Microbiologia, foi feito em malas térmicas refrigeradas, por intermédio de sacos de gelo, estabilizando assim, a população bacteriana inicial. Após a sua chegada ao laboratório, retirarani-se do lote transportado 5 amostras de leite. Estas foram submetidas a análise microbiológica com o fim de verificar qual a população bacteriana à saída da fábrica ( dia "0" ). As restantes foram divididas em 3 lotes e imediatamente armazenadas nos locais pretendidos para o estudo: 15 amostras foram J

colocadas no frigorífico à temperatura de 4 C, 15 na estufa a 30 C e 15 à "temperatura ambiente". Figura 1 - Amostras de leite armazenadas no frigorífico a 4 C. CS Figura 2 - Amostras de leite armazenadas na estufa de 30 C

Figura 3 - Amostras de leite armazenadas à "temperatura ambiente". 3.1.3 - Parâmetros O parâmetro estudado foi a evolução da população bacteriana aeróbia mesófila. A contagem destes microrganismos constitui um dos mais úteis indicadores do estado microbiológico dos alimentos. Contagens elevadas destes^ reflectem frequentemente condições incorrectas de armazenagem em termos de tempo/temperatura, assim como de condições higio-sanitárias insatisfatórias (6). A escolha deste parâmetro, também se deve ao facto desta análise ser um dos critérios utilizados no controlo microbiológico na indústria agro-alimentar. j II

3.2 - Método de análise 3.2.1 -Material Uma das dificuldades sentidas durante a execução deste trabalho, foi a necessidade de muito material de laboratório (especialmente de placas, pipetas e balões de Erlenmeyer ), o que obrigou a lavagens e esterilizações repetidas e recuperações do material que se ia utilizando. material: Na realização deste trabalho, foi necessário o seguinte - Raças de Petri, com 12 cm de diâmetro, de vidro - Pipetas de 1 e de 5ml, graduadas, de escoamento total - Balões de Erlenmeyer com 200 cm 3 - Banho Maria, regulado para 45-50 C - Estufa de 30 ± 1 a C - Frigorífico, regulado para 4 C - Contador de colónias - Termómetro de registo de temperatura máxima e mínima J

3.2,2 - Meios de cultura O meio de cultura utilizado foi o Plate Count Agar (RCA.).*** A composição deste meio, conforme o rótulo da própria embalagem da "Difco Laboratories", é a seguinte: Bacto tryptone Bacto yeast extract Bacto dextrose (glucose) Bacto agar 5g 2,5g lg 15g Diluente Laboratories" a 1%. Como solução diluente utilizou-se "Bacto peptona" da "Difco 3.2.3 - Preparação dos meios fabricante. Os meios foram preparados seguindo as instruções do j

3.2,4 - Técnica - Preparação da amostra >- Em cada um dos 5 dias de duração deste trabalho, foram retiradas 3 amostras de leite de cada local de armazenagem. Todos os pacotes foram abertos com os devidos cuidados de assepcia. Figura 4 - Preparação da amostra, abertura dos pacotesde leite. 1*1

- Diluição Fizeram-se diluições decimais sucessivas até se obter as diluições pretendidas. As diluições utilizadas neste trabalho foram escolhidas em função de um ensaio piloto, propositadamente efectuado na semana anterior. Diluição 9ml de água peptonada 1:10 lml / \ lml de leite lml lml lml lml lml \J \J u 1:100 1:1000 1:10000 1:100000 1:1000000 1:10000000 Figura 5 - Esquema seguido na obtenção das diluições pretendidas. 15

It Figura 6 - Uma das fases da diluição. - Sementeira A sementeira foi feita por shake, retirando 1,0 ml das diluições a analisar, para um tubo de ensaio contendo 10 ml de Hate Count Agar, devidamente fundido e mantido à temperatura de 45-50 C. Depois de bem homogeneizado, verteu-se para placa de Petri.

Figura T - Barúio - Maria regulado para 45-50 C, mantendo o P.CA. fundido. - Incubação As placas de Petri foram incubadas em aerobiose, numa estufa de 30 ± 1 C, na "posição de incubação", durante 72 + 3 horas. Figura 8 - Estufa de incubação regulada para 30 ± 1 C. )}

3.2.6 - Leitura Após 72 ± 3 horas de incubação, procedeu-se à leitura da's colónias, utilizando o contador de colónias electrónico. Figura 9 - Contagem das colónias. 3.2.7 - Cálculos Os resultados finais foram obtidos multiplicando o número de colónias contadas pelo factor de diluição. Exemplo: Placa 1: diluição 1/100 50 colónias Placa 2: diluição 1/100 200 colónias Placa 3: diluição 1/100 50 colónias

Cálculo: 50 + 200 + 50 = 300 300 * 3 = 75 (média encontrada) 75 x 100 = 7 500 Resultado: 7,5 x 10 3 u.f.c./ml (unidades formadoras de colónias) IS

4-RESULTADOS 1>U CONTAGEM DA POPULAÇÃO BACTERIANA À SAÍDA DA FABRICA (DIA "O") Bactérias Aeróbias Mesófílas 248,5 u.f.c./ml EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO BACTERIANA AERÓBIA MESÓFHA NO LEITE PASTEURIZADO ARMAZENADO NO FRIGORÍFICO ( 4 C ) Temperatura ( C ) Tempo ( dias ) Microrganismos Aeróbios Mesófilos após incubação a 80 ± 1 C ( u.f.c./ml ) 1 1800 2 440 000 4 C 3 233 300 4 5 667 000 5 > 300 000 000

ï\ T IR 3 ** S «s I s o»8 S. I- o 55 o s S I M -- M à 1 O H l - I H H r H r - I Q Õ O + + + + + + + + + 8S' H

EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO BACTERIANA AEROBIA MESOFUA NO LEITE PASTEURIZADO ARMAZENADO À TEMPERATURA AMBIENTE ( 15-18 C ) Temperatura ( C) Tempo ( dias ) Microrganismos Aeróbios Mesófilos após incubação a 30 ± 1 C ( u.f.c./ml ) 1 5 600 Min. 15 C Max. 18 C 2 290 300 000 3 520 000 000 4 40 660 000 000 5 2 153 000 000 000

IO s o k4 «I o oo c T~Í «1 Vi 48 d s *0»J5 «? K d 5 T s ^ o»h «pq 0 H»8 - 'S 0 & (S "H tí tí o ^ ss v 0 í. ti o S 0 T «d 5 o-»«-> S 0 ÍJ 5 * CO 02 l C «í < «l «l r H O O 0 0 N r-4r-lihrhr-lrhqqo + + + + + + + + + r - I H H H H r - l H r - i H j 23

2h EVOLUÇÃO DA POPULAÇÃO BACTERIANA AERÓBIA MESÓFLLA NO LEITE PASTEURIZADO ARMAZENADO NA ESTUFA DE 30 C Temperatura ( C ) Tempo ( dias ) Microrganismos Aeróbios Mesófilos após incubação a 30 ± 1 C (u.f.c./ml) 1 2 333 000 2 5 967 000 000 30 C 3 68 670 000 000 4 > 30 000 000 000 000 i r 5 > 300 000 000 000 000

25 IC fi o S»* la ^ s +i «a si cc K5 S 1 2 s c «"d.s3 o * 1 o o- s o KJ <f «M H H H lh r-l l-t + + + + -fc O 00 N???? S S JUX/'OJ'XX

2 2» 1 y 00 CO til S M o 4 53 4) O "O oi s 2É>

5 - DISCUSSÃO I _ Como era de esperar, verifiquei que, o crescimento microbiano do leite submetido à temperatura de 4 C, ao longo dos 5 dias de estudo, foi inferior ao obtido para as outras temperaturas. Isto deve-se ao facto das bactérias que constituem a população normal do leite, retardarem o seu crescimento, quando este produto é colocado no frio. Por esta razão, estas temperaturas são frequentemente recomendadas para a armazenagem de géneros alimentares facilmente perecíveis, como o leite. Em relação à contagem das Bactérias Aeróbias Mesófilas no leite mantido à temperatura ambiente (que oscilou entre 15-18 C durante a semana de trabalhos), houve uma evolução mais marcada, do primeiro para o segundo dia e a partir do terceiro dia. É importante salientar o facto daquelas pessoas que deixam o leite sujeito à temperatura ambiente, contribuindo para o aumento da sua população bacteriana. Nas contagens do leite mantido a 30 C, verifiea-se que o número de unidades formadoras de colónias, aumenta com extrema rapidez ao longo dos dias. J 2Î

6 - CONCLUSÕES.lu Com a realização deste trabalho, pude concluir quê" a população Bacteriana Aeróbia Mesófila do leite pasteurizado, aumentou ao longo dos dias. Quanto mais elevada foi a temperatura de armazenagem, mais rápido foi o crescimento das bactérias. Estes resultados demonstram que o leite pasteurizado deve ser conservado a baixas temperaturas, caso contrário, degrada-se rapidamente. Apesar do período de durabilidade máxima deste produto ser de cinco dias, enquanto conservado no frio, não posso afirmar que o leite não pode ser ingerido dentro deste prazo, dado que, com o tratamento térmico a que é submetido na pasteurização, a maioria dos microrganismos patogénicos são destruídos. Além disso, devido ao número reduzido de amostras analisadas por dia (devido à indisponibilidade de material), não posso fazer comparação com dados conhecidos. j

Bibliografia: 1 - Ferreira Gonçalves FA., Nutrição Humana, Fundação Calouste Gulbenkian, 1983. 2 - Ferreira Gonçalves FA., Tabela da Composição dos Alimentos Portugueses, Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (Lisboa e Porto), 1985. 3 - Bourgeois C.M., Mescle J. F.,Zucca J., Microbiologie Alimentaire, Aspect microbiologique de la sécurité et de la qualité alimentaires, tome 1. 4 - Norma Portuguesa n^ 574 de 1974. 5 - Brock Thomas D., Brock Katherine M., Ward David M., Basic Microbiology with Applications, 3 â edição, 1986. I r 6 - Harrigan W.F. e Park, R.W.A. Making safe food: A management guide for microbiological Quality. Editora Academic Press, 1991. f J