Instituto Sedes Sapientiæ. Curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana 8º Ano Curso de Supervisão com Técnicas Expressivas 5º Ano

Documentos relacionados
Docente: Dr. Carlos Amadeu Botelho Byington. Reflexões sobre a aula Introdução do Curso

As Principais diferenças entre a Psicologia Analítica e a Psicologia Simbólica Junguiana

Prefácio 1. A Conceituação da Neurologia Simbólica para Estudar a Droga-Adição

Instituto Sedes Sapientiæ Curso de Supervisão com Técnicas Expressivas 4º Ano Curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana 7º Ano

(C.G.Jung, Livro Vermelho, p.253)

Instituto Sedes Sapientiæ. Curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana 8º Ano Curso de Supervisão com Técnicas Expressivas 5º Ano

Curso de Atualização em Psicopatologia 7ª aula Decio Tenenbaum

ABORDAGEM JUNGUIANA PSICOLOGIA CURSO DE

Profa. Dra. Adriana Cristina Ferreira Caldana

Escola Secundária de Carregal do Sal

A PSICOLOGIA COMO PROFISSÃO

Psicanálise: as emoções nas organizações

Prof. Me. Renato R. Borges. facebook.com/prof. Renato.Borges -

Psicologia da Educação III. Profa. Cecília Regina Carlini Ferreira Coelho

O Livro dos Médiuns (cap. XIX item 225) Ditado de Erasto e Timóteo

Instituto Sedes Sapientiæ. Curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana 8º Ano Curso de Supervisão com Técnicas Expressivas 5º Ano

Docente: Dr. Carlos Amadeu Botelho Byington. Reflexões sobre a 8ªAula

DISCIPLINA: PSICOLOGIA METODOLOGIA - CIENCIA - PESQUISA ABORDAGEM TEÓRICA

Docente: Dr. Carlos Amadeu Botelho Byington. Reflexões sobre a Aula

Curso de Atualização em Psicopatologia 2ª aula Decio Tenenbaum

Estudo para o 9 o EEJA Estudo 5 Os processos em nós

PSICOLOGIA ANALÍTICA E NEUROCIÊNCIAS: UMA TENTATIVA DE COMUNICAÇÃO

59

Dr. Carlos Byington A FORMAÇÃO DA IDENTIDADE SEXUAL E SUAS VICISSITUDES

Núcleo 2.1 Abordagem Junguiana: fundamentos teóricos e intervenção.

A PSIQUE SEGUNDO A VISÃO DE JOANNA DE ÂNGELIS E SUAS IMPLICAÇÕES. Claudio C. Conti

Prof. Dr. Sérgio Freire

Prof. Me. Renato Borges

David Boadella, Heiden, 2004 International Institute for Biosynthesis

PSICOLOGIA B 12.º ANO

Instituto Sedes Sapientiæ Curso de Supervisão com Técnicas Expressivas 4º Ano Curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana 7º Ano

CONSCIÊNCIA E EXPRESSÃO CORPORAL

É verso único. Sem segundo. Não tem frente nem verso; nem face nem dorso. Nem manifesta nem imanifesta, está por trás de todo o manifesto.

Instituto Sedes Sapientiæ Curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana 8º Ano Curso de Supervisão com Técnicas Expressivas 5º Ano

PROF. ME RENATO BORGES. Unidade 3

Ao término desta unidade, você será capaz de:

9º ano 1º período / 2016 Equipe Biologia

RESIGNIFICANDO ARQUÉTIPOS NA ÁRVORE FAMILIAR

Formação em Arteterapia

Inteligência Artificial

Freud e a Psicanálise

Carlos Amadeu Botelho Byington

CONTRIBUIÇÃO DAS DIFERENTES TEORIAS

PEDAGOGIA. Aspecto Psicológico Brasileiro. Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem Parte 4. Professora: Nathália Bastos

NEUROMARKETING Explica

Núcleo Abordagem Junguiana: fundamentos teóricos e intervenção

Principais correntes psicológicas do Século XX. Profª Bianca Werner Psicologia

EMOÇÕES HUMANAS: UMA INTRODUÇÃO

PLANO DE APRENDIZAGEM

Sobre o Artigo. Turing, A.M (1950). Computing machinery and intelligence. Mind, 59,

UMA EDUCAÇÃO VOLTADA PARA A CONSCIENTIZAÇÃO DE SI MESMO. QUANDO SE FARÁ PRESENTE?

Programa do Nível Inicial

O DESENVOLVIMENTO HUMANO SOB A PERSPECTIVA DE BION E WINNICOTT

Decio Tenenbaum

O que acontece quando nossas emoções ficam guardadas no corpo

Aprendizagem e Neurodiversidade. Por André Luiz de Sousa

ANALÍTICA JUNGUIANA PSICOLOGIA CURSO DE

A Psicopatologia em Carl G. Jung: Contribuições da Psicopatologia Simbólica

Os quatro gigantes da alma: (1947)

Semana de Psicologia PUC RJ

A teoria das pulsões e a biologia. A descrição das origens da pulsão em Freud

Doença Mental??? Conceitos Fundamentais da Saúde Mental e seus fatores prédisponetes. Ou Saúde Mental???? Saúde Mental é...

Instituto Sedes Sapientiæ. Curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana 8º Ano Curso de Supervisão com Técnicas Expressivas 5º Ano

O que vem a ser identidade? O que vem a ser uma identificação?

A disciplina apresenta as principais teorias do desenvolvimento biopsicossocial infantil, com ênfase na abordagem psicanalítica.

A TRANSFORMAÇÃO AO SEU ALCANCE: Seja o comandante do seu destino Capitão de sua alma

8. Referências bibliográficas

Sigmund Freud Profª Karina Oliveira Bezerra p.456, 467 e 458

O período de latência e a cultura contemporânea

Foco da 2a semana A natureza da mente; treinar o cérebro

Capítulo 1: Alguém com os outros

COMPILADO DOS RESULTADOS DE PESQUISAS SOFRIMENTO PSÍQUICO ACADÊMICOS UNIFAL-MG 2015 / Claudia Gomes ICHL julho/2017

A EVOLUÇÃO DO ESPÍRITO E SUA ESTRUTURA PSÍQUICA. Debate em 25/06/2011

Psicologia da Educação II Pressupostos Teóricos de Vygotsky. Profa. Elisabete Martins da Fonseca

TIPOS PSICOLÓGICOS ATITUDES E FUNÇÕES

Profª Maúcha Sifuentes dos Santos

A EVOLUÇÃO e a REENCARNAÇÃO. (II)

Mental ISSN: Universidade Presidente Antônio Carlos Brasil

Relação Pastoral de Ajuda

Técnicas Expressivas & Psicologia Simbólica

PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL. Profa. Fátima Soares

Ética e Organizações EAD 791. Prof. Wilson Amorim 30/Agosto/2017 FEA USP

Palavras-chave: Carl Gustav Jung. Psicologia Analítica. Arquétipos. Persona.

INÍCIO JANEIRO 2019 LOCAL

Bárbara da Silva. Português. Aula 26 Interpretação de textos do Enem II

A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original. Albert Einstein. Olá! Prepare se para um mergulho profundo em si mesmo.

Bases winnicottianas para uma clínica da inventividade.

PRINCIPAIS CAMPOS DA PSICOPATOLOGIA. Marco Aurelio Soares Jorge

Afinal, crianças e adolescentes precisam da meditação para serem felizes?

Paradigma Simbólico. Sistemas de Informação UNISUL Aran Bey Tcholakian Morales, Dr. Eng. (Apostila 2)

Astrologia e Psicologia Analítica

Escrito por ent Seg, 31 de Outubro de :31 - Última atualização Seg, 23 de Janeiro de :47

Prova escrita de Psicologia Acesso ao Ensino Superior dos Maiores de 23 Anos 20 de Maio 2016

Sumário. Parte I VISÃO GERAL. Parte II COMUNICAÇÃO E RELAÇÃO. Introdução A medicina da pessoa...31

Alécio Vidor 1. Doutor em Filosofia - Universidade São Tomás de Aquino, Roma.

Hamanda Biologia Boas Vindas Paz na escola

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE FILOSOFIA E CIÊNCIAS HUMANAS DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA PLANO DE ENSINO. Materiais de referência

Como a análise pode permitir o encontro com o amor pleno

SIGMUND FREUD ( )

AGRUPAMENTO de ESCOLAS de SANTIAGO do CACÉM Ano Letivo 2015/2016 PLANIFICAÇÃO ANUAL. Documento(s) Orientador(es): Programa da Disciplina

Transcrição:

Instituto Sedes Sapientiæ Curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana 8º Ano Curso de Supervisão com Técnicas Expressivas 5º Ano Docente: Dr. Carlos Amadeu Botelho Byington Reflexões sobre a aula 1 09.03.2017 Introdução do Curso Caros colegas e alunos, Recebam as boas vindas para o nosso curso de Psicologia e Psicopatologia Simbólica Junguiana. Gostei muito da nossa primeira aula e aguardo suas reações e comentários para ir corrigindo o rumo durante o curso. Vocês podem mandar e-mails depois das aulas ou fazer suas observações ao vivo na aula seguinte. Registro aqui que fiquei muito feliz com o nível profissional e humano daqueles que se candidataram aos cursos. Minha intenção é ensinar, nestes cursos, a dimensão simbólica normal e patológica da psique individual e coletiva. Trata-se de um humanismo que nos percebe como seres que surgiram na evolução com cem bilhões de neurônios e dez trilhões de sinapses capazes de estudar e compreender a história grandiosa e trágica desse nosso universo. Esse desenvolvimento milagroso do nosso sistema nervoso começou com o surgimento da vida há quatro e meio bilhões de anos atrás, com as algas unicelulares que passaram a multicelulares e um dia chegaram a nós. Apresento-lhes dois gráficos importantes. O primeiro é sobre as Eras do nosso planeta. O segundo é sobre a classificação dos reinos animal, vegetal e mineral. 1

2

Identifico a psique com o Ser que abrange o subjetivo e o objetivo no universo. Faço isso, porque a vida se organizou à partir da formação das galáxias e durante bilhões de anos caminhou na direção da formação do nosso cérebro, cuja complexidade nos permite estudar e compreender a imensidão da Psique. O segundo gráfico é sobre a classificação dos seres em mineral, vegetal e animal. Trouxe para mostrar a vocês um pequeno tesouro: é um fóssil de Amonites. Tratase de um cefalópodes que viveu na água no período Devoniano (410-360 milhões de anos) e desapareceu junto com os dinossauros no final do período Cetáceo há 65 milhões de anos. 3

4

5

Ele é um animal muito interessante porque sua cabeça ia crescendo e se deslocando para a frente, deixando atrás câmaras no corpo. Ele usava essas câmaras para encher de ar e flutuar ou de água para afundar como fazem os submarinos hoje. Isso é para vocês terem uma ideia da riqueza e variedade infinita da evolução que precedeu a formação do nosso cérebro. Pierre Teilhard de Chardin (1881-1955) foi um padre jesuíta que se especializou em paleontologia para descrever a evolução. Infelizmente ele não pode publicar nem 6

uma linha do que escreveu em vida, pois seu pensamento seguia a Teoria da Evolução, de Darwin, considerada heresia pelo Santo Ofício e ameaçada de excomunhão. Após sua morte, sua irmã publicou sua obra e hoje sua criatividade é um banquete cultural para quem dela se alimenta. Na sua descrição da evolução, Chardin conceituou o processo de humanização do cosmos. Ele não separa a matéria inanimada da animada, mas, ao contrário, estabelece uma continuidade da criação do universo até a formação da complexidade do nosso sistema nervoso e da nossa consciência. Defino a Psique como o Self (Jung), o Atman (Hinduísmo), o Tao (Taoismo), o Zen (Zen Budismo) ou Deus, nas religiões. É da diferenciação desse Ser infinito e eterno, que surge o ser humano, a consciência e o Ego, que a gerencia. Durante as trinta e três aulas do nosso curso, veremos que nossa consciência tem um gerente, descrito por Freud como o Ego, que é formado por nossas relações primárias e que pode estar na Consciência ou na Sombra. É o Ego que exerce a inteligência, que lhe é proporcionada pelo nosso Self, descrito por Jung como a totalidade da Psique. A matéria viva nasce e se desenvolve coordenada pela proteína DNA no núcleo das células. O DNA das células corresponde ao Arquétipo Central do Self que coordena todo o desenvolvimento psicológico. Na Psicologia Simbólica Junguiana, esse processo é representado por três gráficos, que estão nos meus livros e estarão conosco em todas as aulas. Dentro do Self, distinguimos, na humanização, a polaridade mente-corpo, que é da maior importância. A mente e o corpo interagem durante toda a vida dentro do Self. As funções corporais registram as sensações (físicas e emocionais), que são coordenadas pelo Arquétipo Central e formam a mente, a Consciência e o Ego. Essas representações atuam sobre o corpo dentro de uma relação dialética (biofeedback) de múltiplo retorno durante toda a vida. A formação e transformação permanente dessas representações, que chamamos símbolos e funções estruturantes, são o centro da atividade psíquica consciente e inconsciente, que chamaremos de elaboração simbólica. Por isso, é muito importante não confundirmos a mente, o corpo, o Ego, a Consciência, o inconsciente e os arquétipos com o Self, pois todos atuam dentro dele coordenados pelo Arquétipo Central durante a diferenciação da Psique. 7

Para acompanhar o curso, vocês precisam ler e entender três livros: Psicologia Simbólica Junguiana. A viagem de humanização do cosmos em busca da iluminação; A Viagem do Ser em Busca da Eternidade e do Infinito. As sete etapas arquetípicas da vida pela Psicologia Simbólica Junguiana e Psicopatologia Simbólica Junguiana, que será publicado em abril. No final do meu curso de Medicina, fui fazer análise devido a problemas pessoais. Apaixonei-me por Freud e estudei a sua obra durante quatro anos. No final dessa análise, fui estudar Jung com a Dra. Nise da Silveira, que acabara de voltar de Zurique. Depois de ler o volume nove das Obras Completas de Jung, intitulado Os Arquétipos do Inconsciente Coletivo, decidi ir para Zurique e fazer a formação em Psicologia Analítica, pois Jung se tornara minha segunda paixão. Quando voltei ao Brasil e fundei com outros colegas de São Paulo e do Rio de Janeiro a Sociedade Brasileira de Psicologia Analítica, filiada à Sociedade Internacional de Psicologia Analítica, para formar analistas junguianos, já estava convencido que a Psicanálise e a Psicologia Analítica eram complementares. Minha tese de formatura em Zurique foi Autenticidade como Dualidade na Unidade. Nela, comecei a buscar a relação dialética dos opostos como a verdade psíquica, que mais tarde nomeei Arquétipo da Alteridade. Não há dúvida que a discordância sobre a natureza da libido, sexual para Freud e energia psíquica para Jung, contribuiu para separá-los, mas, a meu ver, foi o lado emocional que impediu a reunião das suas obras. Vejam, no meu site, minha palestra Freud e Jung, o que a Emoção não Permitiu Reunir. (www.carlosbyington.com.br) A Psicanálise descreveu a formação do Ego pelas relações primárias (o perverso polimorfo e o Complexo de Édipo) e a Psicologia Analítica concebeu o processo de individuação na segunda metade da vida. Jung não sabia que o Ego é formado pelos arquétipos e, por isso, alegava que Freud havia descrito o inconsciente pessoal e ele, a partir dos arquétipos, o inconsciente coletivo. No entanto, nas décadas de 1940 e 1950, Michael Fordham, em Londres, Jolande Jacobi em Zurique e Erich Neumann em Tel-Aviv descobriram que o Ego é formado pelos arquétipos desde o início da vida. Assim sendo, caiu a barreira entre o pessoal e o arquetípico, e entre a psicanálise e a psicologia analítica, mostrando que tudo é pessoal e arquetípico. Querendo reunir as obras de Freud e de Jung, ou seja, a formação do Ego e o processo de individuação, busquei um conceito que reunisse o Ego e o Arquétipo 8

Central. Fui encontrá-lo no símbolo e, por isso, chamei minha obra de Psicologia Simbólica. Denominei-a Junguiana porque ela inclui o processo de individuação que Jung descreveu e viveu. Símbolo vem do grego symbolon, sin quer dizer junto e ballein, que dá origem à palavra ballet, que significa lançar. Symballein significa lançar junto, que, no nosso caso, representa a relação permanente do Ego com o Arquétipo Central, do subjetivo e do objetivo e do consciente com o inconsciente. É isso que faz a Yoga, que significa união. O Ego se relaciona com o Arquétipo Central por intermédio do símbolo, pelo. processo de elaboração simbólica. Dentro desta teoria, tudo na Psique é símbolo. Seus óculos, seu sapato, seu pai, sua mãe, sua casa, seu corpo, seus amigos, sua profissão, suas emoções, sua família, seu país, o céu e a terra, a vida e a morte. Absolutamente tudo! Os cem bilhões de neurônios e os 10 trilhões de sinapses, se relacionam pelos significados simbólicos das coisas. Em sua concepção do cérebro triuno, Paul MacLean descreveu o funcionamento do cérebro a partir de três estruturas que formaram nosso cérebro, durante a evolução. A primeira é o cérebro reptiliano que herdou as estruturas instintivas, como a respiração, a digestão, a circulação, a sexualidade... A segunda é o cérebro límbico, que expressa nossa dimensão emocional. Finalmente, a terceira é o neocortex, presente nas circunvoluções cerebrais que expressam nosso pensamento racional. Todas as três estruturas formam e operam o nosso cérebro, por intermédio dos símbolos e funções estruturantes. MacLean o chamou de triuno, ou seja, três em um. Todas as coisas são entidades e todas as entidades são símbolos. Os símbolos não funcionam sozinhos, pois são as funções que lhe dão significados. Os pés são símbolos, mas é o caminhar que lhes dá seu significado. Os pulmões dão símbolos, mas é a respiração que lhe dá o seu significado. A relação das funções com os símbolos forma o processo de elaboração simbólica. Ele é coordenado pelos arquétipos que operam à volta do Arquétipo Central e produzem significados para dar conhecimento e inteligência ao Ego. Isso os torna símbolos e funções estruturantes da Consciência. Os símbolos e funções estruturantes reúnem o Ego e o Arquétipo Central e todas as polaridades do Self como morte-vida, razão-emoção, mente-corpo, saúde-doença, homem-mulher, criança-adulto, aluno-professor e tudo mais. 9

O sistema nervoso é sempre simbólico. Os neurônios participam da elaboração simbólica e quando os significados formam o Ego, os neurônios enviam esses significados para o hipocampo que registra a memória. O sistema nervoso se interessa pelos significados que mais afetam o Ser. Quando o conhecimento é unilateral, como, por exemplo, a matéria do vestibular que é aprendida sem elaboração emocional somente para fazer uma prova, o hipocampo registra esse conhecimento superficialmente e logo o descarta, porque não o considera importante para a vida. Quando a elaboração simbólica é feita dentro da vivência e os seus significados mostram sua importância na vida, o hipocampo os registra com significado VIP e elas não são mais esquecidas. Por isso, a Pedagogia Simbólica Junguiana é exercida privilegiando as vivências simbólicas que motivam os alunos e os levam a perceber a importância do que aprendem. Para isso, o professor precisa ensinar dentro da empatia ( em = interno e patia = pathos que quer dizer emoção, paixão, sofrimento e fascinação). A empatia professor-aluno ou terapeuta-paciente ocorre dentro da transferência, que eu procurarei ilustrar e exercer durante o curso. Freud enfatizou a transferência patológica que é a projeção da patologia do paciente no terapeuta, enquanto que Jung enfatizou a transferência normal que favorece a relação pedagógica ou terapêutica dentro do consciente normal no processo de individuação. Vejam no meu site (www.carlosbyington.com.br), o artigo sobre o Quatérnio Transferencial, que descreve a relação dessas duas transferências na educação e na terapia. Até aqui o desenvolvimento psicológico, em função da relação dos cem bilhões de neurônios está muito complexo, mas harmônico. No entanto, a vida, como sabemos, é tudo, menos harmonia. Heráclito de Éfeso, por exemplo, (535 A.C. a 475 A.C.) ensinava que a vida é conflito. Junto com a teoria de desenvolvimento das fases oral, anal, fálica e genital da libido, Freud descobriu a fixação. Devido ao sofrimento, muitas vezes, o Ego e o Self não aguentam continuar a elaboração simbólica e o processo de elaboração de determinados símbolos e funções estruturantes estaciona. O símbolo fixado forma a Sombra e as funções estruturantes fixadas se tornam defesas. O Arquétipo Central continua lançando mão dos símbolos e funções fixados, pois eles fazem parte da Psique, mas eles agora são expressos na Sombra, de maneira deformada como defesas que 10

formarão os quadros psicopatológicos e as disfunções do Ser, que considero um sinônimo do Mal. O problema do Bem e do Mal, dentro da dimensão Ética, sempre foi e continua sendo difícil de ser compreendido e explicado. Podemos dizer que ele é o maior problema do funcionamento psicológico e da vida e, por isso, sua formulação é tão difícil. Trata-se de explicar como é que cem bilhões de neurônios, que trabalham em conjunto para construir a conduta inteligente, podem atuar destrutivamente contra a vida individual e cultural. O problema se torna ainda mais difícil e paradoxal, quando percebemos que, junto com as maravilhas criadas pela inteligência, que consideramos o Bem e que ultrapassam a criatividade de todas as demais espécies, está o Mal em nós que é a maior destrutividade e crueldade que a vida praticou na terra, desde o início da criação. Freud criou o conceito de instinto de morte para explicar a destrutividade. Contudo, ele não me parece plausível, pelo fato de não ter relação dinâmica com a vida. Para que existisse um instinto de morte para destruir a vida, teríamos que admitir uma esquizofrenia biológica, que não existe em qualquer organismo vivo. Para explicarmos psicodinamicamente a destrutividade humana, de maneira coerente, sem a criação artificial e inverossímil de um instinto de morte, precisamos conceber algo que faça parte do funcionamento normal da vida. A Psicologia Simbólica Junguiana aborda o Bem e o Mal com dois argumentos que se entrelaçam e se tornam um só. O primeiro é que nossa inteligência tão genial para a prática do Bem, exatamente devido à sua grandiosidade também é genial para a prática do Mal. Esse é o grande paradoxo da ética humana. O segundo argumento, que ratifica o primeiro, e ao mesmo tempo resolve logicamente o seu paradoxo é que é a fixação do Bem que forma o Mal. O maior dos poetas disse que nada é bom ou mau, pois é o pensamento que os faz (Nothing is either good or bad, but thinking makes it so. Shakespeare, Hamlet). Os símbolos e as funções estruturantes normais e patológicos são os mesmos. O que os faz tão terrivelmente antagônicos é a dor que paralisa e deforma o processo de individuação e cria as fixações, as defesas e a Sombra. Dentro desta perspectiva, a Sombra é o crime no Direito, é o pecado na Teologia, é o sintoma na Medicina, na Psicologia e na Psiquiatria, é o aprendizado das deformações humanas, pela imitação, é a exploração de um ser humano por outro na socioeconomia (a mais 11

valia de Marx), é a exaustão e a destruição do meio ambiente na Ecologia, e é o Mal na Filosofia. Desta maneira, nosso curso incluirá o estudo de muitos símbolos e funções estruturantes, no desenvolvimento normal e na patologia, sempre percebendo sua elaboração dentro também da função ética, ou seja, entre o Bem e o Mal. Assim sendo, o Ministério da Saúde e o Ministério de Educação são irmãos gêmeos. As profissões médicas cuidam das doenças, mas são os educadores que percebem o início da doença e podem contribuir para sua profilaxia. A fixação da elaboração simbólica como marco divisório entre o desenvolvimento normal e patológico torna a vida um drama marcado pelo sofrimento que transcorre entre o Bem e o Mal. Somente tendo isso em mente podemos participar permanente e eticamente dos processos de humanização e de individuação, como seres que a eles pertencem. Boa semana a todos e até quinta-feira, Byington Um pedido em especial: Aqueles que ainda não enviaram a foto que pedi, por favor, o façam com a brevidade possível. 12