Escrito por ent Seg, 31 de Outubro de :31 - Última atualização Seg, 23 de Janeiro de :47

Transcrição

1 O Homem que Devolveu a Poesia à Alma * O psicólogo Jorge Antônio Monteiro de Lima, em artigo, faz uma homenagem póstuma ao mestre JAMES HILLMAN falecido dia 27 de outubro de 2011, aos 85 anos. Um gênio cuja obra influenciou e influencia milhares de pensadores em todo mundo. Seu interesse pelas artes o levou ao ensino anual no Expressive Arts Program na Lesley College e a apresentar workshops com a coreógrafa Debra Call em "Mito e Movimento". Norte Americano fez boa parte de seus estudos na Europa especialmente na Suíça onde desenvolveu brilhante vida acadêmica cujo reflexo são mais de 20 livros publicados. Os desdobramentos e influencias da obra de Hillman vão dos estudos de Deleuse/Guatari na filosofia aos tratados de sociologia de Maffesoli, perpassando o novo cinema Inglês ou a coreógrafa Dirá Cal. Hoje os maiores pensadores da escola francesa bebem no pensamento de Hillman. Psicologia, psiquiatria, artes, sociologia, história, filosofia, ciências da religião, política, ciências sociais, estudos culturais e os problemas do cotidiano foram abordados pela obra de Hillman. 1 / 5

2 Obra que hoje influencia todas estas áreas em uma interessante retroalimentação. Trabalho este que trouxe o teor da discussão dos arquétipos e todo desdobramento de sua teoria dos "invisíveis em uma rica discussão ampliando a visão de Marcel Mauss, Aristóteles e outros pensadores. Hilman trouxe a discussão dos ritos e mitos para a psicologia que não seria mais meramente clínica, a psicologia de Hilman é social, cultural resgatando a poesia da alma ampliando os seus horizontes. Dos feitos de Hillman primeiro destaca-se sua capacidade em ampliar a obra de C.G. Jung que por sua vez ampliou a psicanálise de Freud. Ampliar uma teoria profunda com colaborações significativas é raro. Como segundo grande feito Hillman inicia o estudo dos dons humanos falando amplamente e com profundidade de vocação, penetrando em uma psicologia do destino. Assim segue sua obra aprofundando o conceito de individuação, mostrando que a auto realização depende da vocação. De uma forma sutil Hillman nos faz pensar em espiritualidade, 2 / 5

3 em uma psicologia do destino que fragmenta tempo e espaço, que desdobra a realidade no mítico e nos ritos. Em sua melhor obra: "O código do Ser" Hillman desmonta os conceitos de uma psiquiatria e psicologia voltada ao rotular patológico, ao positivísmo e materialísmo. Fragmenta em suas idéias o conceito de influencia do ambiente ou da educação mostrando a fragilidade de tal discurso. Hillman sepulta na "falácia parental" a visão de que nossos genitores são sempre os responsáveis por tudo. Por fim abre novamente uma via de ligação entre o mítico, o rito e a psique não por uma análise sociológica ou antropológica. Mostra nos o encadeamento psíquico entre o ser humano e a essência ou "espírito das coisas", versando sobre o afeto. Perdemos mais um gênio mas sua obra vai ficar nos anais da história da humanidade. Obrigado Hillman! *Analista, pesquisador em saúde mental, psicólogo e músico (62) contato@olhosalma.com.br Quem é James Hillman James Hillman foi um dos fundadores do Dallas Institute of Humanities and Culture, que focava o design urbano, educação pública e consciência cívica. Foi professor no Men's Retreats (também um retiro de cultura mista e para ambos os sexos) 3 / 5

4 nos Estados Unidos, na Irlanda e Inglaterra. Seu interesse pelas artes o levou ao ensino anual no Expressive Arts Program na Lesley College e a apresentar workshops com a coreógrafa Debra Call em "Mito e Movimento". Também realizava palestras na Associação de Arte Terapia e escrito para revistas de arte americanas e italianas. Apresentou suas idéias sobre alma, depressão e estética nos programas da BBC TV: Affair of the Heart, Kind of Blue e na série Architecture and Imagination. Foi Patrono e Apresentador na Conferência bianual Mito e Teatro em Avignon, França. Com Robert Bly e Michael Meade editou uma extensa antologia poética. James Hillman atuou também como Supervisor e Professor de Analistas junguianos em treinamento. Foi destacado no New York Times Magazine (abril de 1995) por seu papel no "retorno da alma" para a Psicologia Americana. Seu último trabalho aclamado nacionalmente, um best seller, publicado por Random House, é O Código Do Ser: Uma Busca do Caráter e da Vocação Pessoal. Aspectos pioneiros do trabalho de James Hillman refletem a variedade de áreas de suas investigações. O termo alma foi reintroduzido no discurso psicológico através de seu livro de 1964, Suicídio e Alma. Seguindo os passos de Nietzsche, Freud, Jung e Roscher, Hillman devolveu as psicopatologias às suas bases míticas. Mais adiante alargou a psicoterapia baseando sua abordagem no modelo da Renascença, pelo qual ganhou a medalha da Commune em Florença, em Os fundamentos foram esboçados em suas conferências na Yale University (publicados como ReVisioning Psychology, 1975.). Esses fundamentos incluem: personificação mais do que conceituação abstrata dos 4 / 5

5 dominantes psíquicos; um estilo mais literário que científico; uma configuração politeista da psique mais do que um self teísta unificado; foco na psicologia da cultura e do meio ambiente mais do que exclusivamente no sujeito. Existem traduções dos trabalhos do Dr. Hillman em italiano, alemão, português, japonês, sueco, húngaro, dinamarquês e espanhol. Uma completa bibliografia de seus livros, ensaios, entrevistas e apresentações está listada no livro Psicologia Arquetípica. 5 / 5