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Transcrição:

Desalinhamentos Cambiais não são Ficção Aluisio de Lima-Campos COB, ABCI Institute Professor Adjunto, American University Washington College of Law

IMF Estimates of Exchange Rate Misalignments (2012) Pilot External Sector Report

% to the equilibrium Exchange Rate Misalignments (2011 - FGV) 40% Estimated Exchange Rate Misalignments - Selected Years Methodologies: Fundamentals analysis - Net Foreign Asset Approach - cointegration techniques using either Shin, Engle-Granger or Johansen estimatior 30% 20% 10% 0% -10% -20% -30% -40% 2000 2005 2010 2011-50% Índia - Johansen Finland - Shin China - Johansen Ireland - Johansen France - Johansen Mexico-Johansen Japan - Johansen United States - Johansen Germany - Johansen Portugal - Johansen Italy - EG Sweeden - Johansen Netherlands - Johansen Denmark - Shin Spain - Johansen Greece - Johansen United Kindgon - Johansen Uruguay - Johansen Australia - EG Brazil - Johansen

Peterson Institute of International Economics FEER (Cline e Williamson) A fundamental equilibrium exchange rate (FEER) é definida como a taxa de câmbio que se espera ser indefinidamente sustentável com base nas políticas vigentes. Trata-se, portanto, segundo o PIIE, da taxa de câmbio que se espera gere superavit ou deficit na conta corrente da balança de pagamentos, compatível com o fluxo de capital no cíclo, baixo a premissa de que o país busca equilíbrio interno da melhor forma possível e não restringe o comércio por razões de balança de pagamentos.

O que produz o modelo FEER? Este modelo do PIIE estima qual seria a taxa de câmbio ideal do dólar em cada país e a compara com a taxa de câmbio vigente. A base dólar utilizada, obviamente, implica não haver desalinhamento na moeda norteamericana.

Exchange Rate Misalignments (2011 - Bhalla)

Os desalinhamentos são um problema? A partir da eliminação do padrão ouro e a introdução do câmbio flutuante no início dos anos 70, desalinhamentos passaram a ser lugar comum na medida em que o valor das moedas varia em função do mercado e outros fatores. Nem todos tipos de desalinhamento são considerados ruins/distorcivos do ponto de vista econômico.

Temporário e Persistente Temporário: É o desalinhamento não muito significativo, resultante de flutuações temporárias de mercado ou de intervenções para correções de desequilibrios econômicos. Persistente: Inclui o que chamo de subsídio predatório. Trata-se do desalinhamento significativo, de prazo mais longo, que não se explica pelos fundamentos econômicos do país, mas apenas pela manipulação para geração de superavits => maior vantagem comparativa para as exportações e maior nível de proteção para as importações.

Abaixo com os Manipuladores O desalinhamento predatório de um país tem efeitos nocivos sobre seus parceiros comerciais: - aumenta a penetração de seus produtos em outros mercados; - aumenta a proteção de seu mercado, enquanto reduz a proteção de seus parceiros; - viola compromissos assumidos na OMC

Exchange Rate Manipulators (Gagnon) Table 1. Foreign Exchange Reserves of Currency Aggressors, 2011 Country billions of percent of GDP US dollars Advanced Countries Denmark 78 24 Hong Kong 286 118 Israel 73 30 Japan 1225 21 Korea* 335 30 Norway* 547 113 Singapore** 560 216 Switzerland 272 43 Taiwan 386 83 Latin America Bolivia 10 39 Developing Asia China* 3262 45 Malaysia 129 46 Philippines 66 31 Thailand 166 48 Sub-Saharan Africa Angola 28 28 Middle East and North Africa Algeria 181 95 Kuwait* 235 133 Libya 97 264 Qatar* 101 58 Saudi Arabia 527 91 U. A. E.* 779 216 Eastern Europe and Former Soviet Union Azerbaijan* 33 53 Kazakhstan* 64 36 Russia 443 24 *Includes 2010 estimated foreign assets of sovereign wealth funds. **Gross financial assets of Government of Singapore (may include some domestic assets). Sources: IMF International Financial Statistics; Edwin Truman, Sovereign Wealth Funds: Is Asia Different? (2011); Singapore Ministry of Finance; and Central Bank of the Republic of China (Taiwan).

O Remédio Se o impacto negativo dos desalinhamentos predatórios tem causa exógena o remédio deve ser acordado multilateralmente => OMC/FMI? É possível esse acordo? Creio que sim, mas no LONGO prazo. O Brasil, no entanto, não alcançará esse objetivo sózinho. O remédio deve incluir opção cirúrgica, não deve ser unicamente horizontal.

O que se faz enquanto isso? Defesa comercial => Direitos compensatórios Alegar subsídio proibido, acionar domesticamente e implementar DC Se os países afetados quiserem podem contestar no OSC/OMC, mas terão ônus da prova Os efeitos restritivos sobre os parceiros manipuladores começam com o início do processo e podem perdurar pelo tempo necessário para que cessem com a manipulação predatória ou cedam a um acordo (essa tática não é nova) Casos de defesa comercial juntamente com coalizões pontuais com parceiros de peso podem ajudar a criar a pressão necessária para viabilizar uma solução multilateral