Desempenho de genótipos de alface sob cultivo protegido no Vale do Alto Jequitinhonha, MG Alcinei Mistico Azevedo 1 ; Valter Carvalho de Andrade Júnior 2 ; Marcus Flávius S Dornas 1 ; Bárbara Monteiro C e Castro 4 ; Celso M de Oliveira 3 ; Carlos E Pedrosa 1 ; Gustavo Antônio M Pereira 1 ;Geraldo Aparecido Rodrigues 5. 1 Mestrando em Produção Vegetal, 2 Dr. Professor adjunto, 3 Mestre em produção vegetal, 4 Graduanda em agronomia, 5 Técnico Agrícola. Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri. Diamantina- MG, Rodovia MGT 367 - Km 583, nº 5000 - Alto da Jacuba, Telefone: +55 (38) 3532-1200 e (38) 3532-6000, alcineimistico@hotmail.com, valterjr@ufvjm.edu.br, mfsdornas@yahoo.com.br, barbaramcastro@hotmail.com,.celsodoliveira@yahoo.com.br, carlosenrrik@yahoo.com.br, gustavogamp@hotmail.com, geraldo.aparecido@ufvjm.edu.com.br. RESUMO Objetivou-se com o presente trabalho avaliar o desenvolvimento de genótipos de alface em ambiente protegido na região do Alto Vale do Jequitinhonha, MG. O experimento foi conduzido no Setor de Olericultura da UFVJM, em delineamento em blocos casualizados, com quinze tratamentos e quatro repetições, utilizando-se quinze plantas por parcela. A semeadura foi realizada em bandejas de isopor contendo 128 células. As mudas foram transplantadas para canteiros em ambiente protegido aos 42 dias após a semeadura, utilizando-se o espaçamento de 30 x 30 cm. Aos 45 dias após o transplante das mudas, foram selecionadas aleatoriamente seis plantas por parcela, a fim de avaliar a altura das plantas, número de folhas, diâmetro e circunferência da cabeça. O genótipo Romana Balão apresentou o maior valor de altura média das plantas (30,92cm), não diferindo significativamente do genótipo Black Seed Simpsom, mas sendo superior as demais cultivares avaliadas. Já para diâmetro da cabeça observou-se que o genótipo Lívia apresentou o maior valor (44,62cm), não diferindo estatisticamente dos genótipos Aurélia, Black Seed Simpsom, Regina 500, Romana Balão e Teresa. Em relação a circunferência da cabeça observou-se diferenças significativas apenas entre os genótipos Black Seed Simpson, Lívia, Regina 500 e o genótipo Romana Balão. Os genótipos Regina 500 e Vitória de Santo Antão apresentaram os maiores valores de número de folhas, 34,83 e 30,29 folhas, respectivamente. Logo, observou-se que os genótipos Aurélia, Black Seed Simpsom, Lívia, Regina 500 e Romana Balão apresentaram os melhores resultados sob cultivo em ambiente protegido no Alto Vale do Jequitinhonha, MG. S2236
Palavras-chave: Lactuca sativa L, height (30.92 cm), no significant Produção, Adaptabilidade, Casa de Vegetação. ABSTRACT Performance of genotypes of lettuce under protected cultivation in the Alto Vale do Jequitinhonha, MG The objective of this study was to evaluate the development of genotypes of lettuce under protected area in the Alto Vale do Jequitinhonha, MG. The experiment was conducted at the Department of Vegetable Crops UFVJM in a randomized block design with fifteen treatments and four replications, using fifteen plants per plot. The seeds were sown in trays containing 128 cells. The seedlings were transplanted to beds in unheated at 42 days after sowing, using a spacing of 30 x 30 cm. At 45 days after transplanting, six plants were randomly selected per plot in order to evaluate plant height, leaf number, diameter and head circumference. Genotype Romana Balão showed the highest average plant differences in the genotype Black Seed Simpson, but being superior to other cultivars. As for head diameter showed that the genotype Lívia showed the highest (44.62 cm), no statistical differences between genotypes Aurélia, Black Seed Simpson, Regina 500, Romana Balão and Teresa. In relation to head circumference was observed only significant differences between genotypes Black Seed Simpson, Lívia, Regina 500 and the genotype Romana Balão. Genotypes Regina 500 and Vitória de Santo Antão showed the highest number of leaves, 34.83 and 30.29 leaves, respectively. Soon, it was observed that the genotypes Aurélia, Black Seed Simpsom, Lívia, Regina 500 and Romana Balão showed the best results under protected cultivation in the Alto Vale do Jequitinhonha, MG. Keywords: Lactuca sativa L, Production, Adaptability, Greenhouse. INTRODUÇÃO A alface (Lactuca sativa L) é uma planta herbácea, de estrutura delicada com pequeno caule, no qual se prendem as folhas. Tradicionalmente são cultivadas nos meses que se concentram as estações de outono inverno, com temperaturas amenas ou baixas, permitindo o seu desenvolvimento vegetativo (FILGUEIRA, 2008). S2237
Esta cultura é considerada a hortaliça folhosa mais importante do mundo, sendo consumida nas mais diversas nações, culturas e classes sociais. Com a especialização crescente do cultivo da alface e o aumento em seu consumo, têm sido exigidos do produtor, qualidade, quantidade e variedade de cultivares. Assim, essa cultura vem apresentando um crescimento na escala de produção (SEDIYAMA et al., 2007). No entanto, segundo Figueiredo et al. (2002), a cultura da alface não conta com uma rede de ensaios de competições de cultivares que envolva locais, épocas e anos de plantio diversificados. Essa deficiência leva o produtor a utilizar cultivares recomendadas pelas empresas produtoras de sementes. No entanto essas cultivares podem não se adaptar a uma ampla faixa de ambientes, sendo altamente prejudicial ao produtor dessa hortaliça. Dentre os diversos fatores ambientais que afetam o crescimento e desenvolvimento da alface em diferentes regiões estão a temperatura, o fotoperíodo e a altitude do local de cultivo, o que torna necessária a realização de testes de cultivares para o ambiente de plantio. Neste contexto, segundo Tosta et al. (2009), a carência de estudos sobre as diferentes condições edafoclimáticas para o cultivo de alface no Brasil, faz necessário detectar quais os grupos e cultivares são mais adaptadas para cada região. Logo, este trabalho objetivou avaliar o desempenho agronômico de 15 genótipos de alface quanto à sua adaptabilidade e desenvolvimento sob cultivo protegido no Alto Vale do Jequitinhonha, MG. MATERIAIS E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Setor de Olericultura, localizado no Campus JK da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri UFVJM em Diamantina, MG. A altitude é de 1387 m e coordenadas 18º12'01''S e 43º34'20''W. O solo é classificado como Neossolo Quartzarênico Órtico típico. A semeadura das cultivares de alface (Lactuca sativa L.) foi realizada no dia 16 de abril de 2010 em bandejas de isopor contendo 128 células, em substrato comercial Plantmax Hortaliças, acondicionadas em ambiente protegido, sob sombrite com 50% de insolação, realizando-se irrigações diárias. Após 10 dias foi realizado o desbaste das mudas ficando apenas as mais vigorosas. No dia 28 de maio de 2010, as mudas foram transplantadas para canteiros com largura aproximada de 1,20 m e 0,30 m de altura em ambiente protegido com cobertura em S2238
polietileno transparente, utilizando-se espaçamento de 0,30 x 0,30 m. O preparo da área para o plantio foi realizado 22 dias antes do transplantio por uma aração e uma gradagem, formando-se os canteiros manualmente com enxada. As adubações de plantio, cobertura e os demais tratos culturais foram realizados de acordo com as recomendações para a cultura (Filgueira, 2008). A irrigação foi feita por microaspersão, seguindo o turno de rega conforme o recomendado pelo mesmo autor. Os tratamentos constituíram-se de 15 genótipos de alface, sendo eles do tipo americana (Ironwood, 08Y472 (Perovana), Winslow e Teresa), lisa (Regina 500, Branca Boston, Quatro Estações, Vitória de Santo Antão, Atração e Lívia), crespa (Grand Rapids, Black Seed Simpson e Lollo Rossa), romana (Romana Balão) e repolhuda manteiga ( Aurélia). Como testemunhas foram utilizadas as cultivares comerciais Regina 500 e Grand Rapids. O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao caso, com os 15 tratamentos e quatro repetições, com 15 plantas por parcela. Aos 45 dias após a implantação do experimento todas as plantas apresentaram o padrão comercial. Logo, foram selecionadas seis plantas por parcela a fim de avaliar o diâmetro médio da cabeça (calculado a partir da média de duas medições em direções perpendiculares e expresso em cm), circunferência (medida por fita métrica graduada no perímetro delimitado pelos bordos das folhas e expresso em cm), altura das plantas (medida com régua graduada do colo da planta à folha mais alta, resultados expressos em cm) e número de folhas (avaliado através de contagem). Para a análise estatística, os dados referentes ao número de folhas foram transformados em raiz quadrada de x, mas na tabela, para melhor visualização dos resultados, são apresentados os dados não transformados. As médias obtidas foram submetidas à análise de variância e comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade utilizando o software Sisvar versão 5.1 (FERREIRA, 2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Foram observadas diferenças significativas pelo teste F para todas as características avaliadas. As testemunhas comerciais Regina 500 e Grand Rapids não apresentaram diferenças significativas entre si para todas as características avaliadas, exceto para número de folhas, em que a cultivar Regina 500 mostrou-se superior à Grand Rapids. A altura das plantas variou de 19,02 a 30,92 cm, com média de 23,33 cm. A cultivar Romana Balão com altura de 30,92 cm e a cv Black Seed Simpson, com altura de 28,64 S2239
cm não diferiram significativamente entre si, porém ambas mostraram-se superiores às demais, inclusive às testemunhas comerciais Grand Rapids (25,07 cm) e Regina 500 (24,27 cm). Bezerra Neto et al. (2005), encontraram resultados semelhantes trabalhando com alface sob cultivo protegido em diferentes condições de sombreamento, obtendo alturas que variaram de 24,40 a 26,02 cm. Para o diâmetro da cabeça observou-se que o genótipo Lívia apresentou o maior valor (44,62cm), não diferindo estatisticamente dos genótipos Aurélia, Black Seed Simpsom, Regina 500, Romana Balão e Teresa. Para a circunferência da cabeça observou-se diferenças significativas apenas entre os genótipos Black Seed Simpson, Lívia, Regina 500 e o genótipo Romana Balão. Os valores médios encontrados para diâmetro e circunferência da cabeça no presente trabalho foram de 35,19 e 93,38 cm, respectivamente. Os valores para diâmetro de cabeça foram semelhantes aos encontrados por Brasil et al. (2007), que trabalharam com a cultivar Regina em ambiente protegido, encontrando valor médio de 31,92 cm. Por outro lado, estes valores foram superiores aos encontrados por Saldanha et al. (2005) que encontraram 16,85 cm para o diâmetro de cabeça da mesma cultivar Regina 500, em cultivo a campo aberto em Mossoró. Isto indica que o cultivo protegido proporcionou um melhor desempenho para esta cultivar, ou que a expressão do genótipo foi muito influenciada pelo ambiente em Mossoró. Entre as características avaliadas, segundo Oliveira et al. (2004), o número de folhas é uma das mais importantes e está intimamente associado à temperatura do ambiente de cultivo e ao fotoperíodo. Este parâmetro foi o mais discrepante entre todas as avaliações, com valores variando entre 13,75 a 34,84 folhas por planta. Apenas os genótipos Lívia e Vitória de Santo Antão apresentaram valores para número de folhas similares a testemunha comercial Regina 500. Em geral, os genótipos avaliados apresentaram número médio de folhas igual ou maior que a testemunha comercial Grand Rapids. Radin et al. (2004) também observaram diferenças no número de folhas entre as cultivares Regina e Verônica, tanto em ambiente protegido quanto no cultivo em campo aberto. De acordo com os parâmetros avaliados observou-se que os genótipos Aurélia (repolhuda manteiga), Black Seed Simpsom (crespa), Lívia, Regina 500 (lisa) e Romana S2240
Balão (romana) foram os que apresentaram os melhores resultados sob cultivo em ambiente protegido no Alto Vale do Jequitinhonha, MG. AGRADECIMENTOS À FAPEMIG, ao CNPq e à CAPES pela concessão de bolsas de estudos e recursos para o desenvolvimento do projeto. REFERÊNCIAS BEZERRA NETO, F.; ROCHA, R.C.C.; NEGREIROS, M.Z.; ROCHA, R.H.; QUEIROGA, R.C.F.2005. Produtividade de alface em função de condições de sombreamento e temperatura e luminosidade elevadas. Horticultura Brasileira, Brasília, v.23, n.2, p.189-192. BRASIL, M. V.; VITTI, M. R.; MORSELLI, T. B. G. A. 2007. Efeito da adubação orgânica em alface cultivada em ambiente protegido. Resumos do II Congresso Brasileiro de Agroecologia. Revista Brasileira de Agroecologia, v.2, n.1. FERREIRA, D. F. 2000. Análise estatística por meio do SISVAR (Sistema para Análise de Variância) para Windows versão 5.1. In: Reunião anual da região brasileira da Sociedade Internacional de Biometria, 45., 2000, São Carlos. Anais. São Carlos: UFSCar. p. 255-258. FILGUEIRA, F.A.R.2008. Manual de Olericultura, SãoPaulo. 357 p. FIGUEIREDO, E.B.de.; MALHEIROS, E.B.; BRAZ, L.T. 2002. Avaliação de cultivares de alface em túnel baixo de cultivo forçado, na região de Jaboticabal-SP. Horticultura Brasileira, v. 20, n. 2. OLIVEIRA, A.C.B.; SEDIYAMA, M.A.N.; PEDROSA, M.W.; GARCIA, N.C.P.; GARCIA, S.L.R. 2004. Divergência genética e descarte de variáveis em alface cultivada sob sistema hidropônico. Acta Scientiarum: agronomy, Maringá, v.26, n.2, p.211-217 RADIN, B.; REISSER JUNIOR, C.; MATZENAUER, R. 2004. Crescimento de cultivares de alface conduzidas em estufa e a campo. Horticultura Brasileira, Brasília, v.22, n.2, p.178-181. S2241
SALDANHA, T. R. F. C.; NEGREIROS, M. Z.; BEZERRA NETO, F.; GUIMARÃES, R. A. S. 2005. Cultivares de alface crespa em sistemas solteiro e consorciado com cenoura. Rev. CAATINGA, Mossoró, v.18, n.3, p.176-184. SEDIYAMA, M.A.N.; RIBEIRO, J.M.O.; PEDROSA, M.W. Alface. In: PAULA JÚNIOR, T.J. de; VENZON, M.2007. 101 Culturas: manual de tecnologias agrícolas. p.53-62. TOSTA M. S.; BORGES F. S. P.; REIS L.L.; TOSTA J. S.; MENDONÇA V.; TOSTA A. P. F. 2009. Avaliação de quatro variedades de alface paracultivo de outono em Cassilândia-MS. Agropecuária Científica no Semi-Árido, v.05, 30-35. S2242
Tabela 1: Valores médios para altura de plantas (Alt), diâmetro da cabeça (DI), circunferência da cabeça (CI) e número de folhas( Mean values of time (Alt), diameter (DI), circumference (CI), and leaf number).diamantina, UFVJM, 2010. Cultivar Alt (cm) DI (cm) CI (cm) Número folhas 08Y472 (Perovana) 22,40 cdefg 34,33 b 91,25 ab 13,71 g Aurélia 23,71 cdef 35,90 ab 89,58 ab 25,08 bc Atração 19,02 g 31,18 b 85,67 ab 18,63 ef Black Seed Simpson 28,64 ab 38,14 ab 105,60 a 19,71 de Branca Boston 21,71 defg 33,91 b 91,08 ab 18,71 de Grand Rapids 25,07 bcd 33,01 b 93,88 ab 17,46 efg Ironwood 20,33 fg 33,03 b 88,08 ab 14,17 g Lívia 26,24 bc 44,62 a 103,98 a 28,92 abc Lollo Rossa 24,54 cde 33,24 b 91,13 ab 19,58 de Quatro Estações 19,27 g 32,33 b 89,38 ab 24,08 cd Regina 500 24,27 cdef 35,68 ab 103,38 a 34,83 a Romana Balão 30,92 a 37,29 ab 82,58 b 26,17 bc Teresa 22,27 cdefg 37,05 ab 89,75 ab 15,04 fg Vitória de S. Antão 21,02 efg 34,42 b 100,35 ab 30,29 ab Winslow 20,52 efg 33,65 b 94,96 ab 13,75 g Média 23.33 35.19 93.38 21.34 CV (%) 23.33 11.07 8.54 4.68 * significativo a 5% pelo teste F. Médias seguidas da mesma letra minúscula na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey a 5 % de probabilidade (significant at 5% by F test Means followed by same letter in column do not differ by Tukey test at 5% probability). S2243