Cultivo de Alface e Rúcula em Substrato Pó de Coco Seco e Irrigado com Solução Nutritiva com Diferentes Concentrações.

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1 Cultivo de Alface e Rúcula em Substrato Pó de Coco Seco e Irrigado com Solução Nutritiva com Diferentes Concentrações. Francisco Reinaldo Rodrigues Leal 1 ; Fred Carvalho Bezerra 2 ; Ismail Soares 1 ; Cícero Pereira Cordão Terceiro Neto 1 ; José Vagner Silva 1 Dept. de Solos do CCA da Universidade Federal do Ceará, , Fortaleza, CE 2- Embrapa Agroindústria Tropical, CP 3761, , Fortaleza, CE, fred@cnpat.embrapa.br RESUMO O estudo teve como objetivo a avaliar o efeito de uma solução nutritiva com seis diferentes condutividades elétricas (CE) sobre a produção de alface e rúcula cultivados em substrato pó de coco seco. Aos 60 dias para alface e aos 30 dias para a rúcula foram avaliadas as variáveis matéria fresca e seca da parte aérea e número de folhas (NF). O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizados com 6 tratamentos e 5 repetições. As CEs de 1,3 a 1,9 dsm -1 foram as que apresentaram os melhores resultados. Palavras-chaves: Lactuca sativa, Eruca sativa, hidroponia, condutividade elétrica ABSTRACT The present work aimed to test the effect of a nutritive solution with six different eletric condutivities (CE) on the grown of lettuce and eruca. The plants were grown In plastic pot (6 L) containing dry coir dust as substrate. Sixty days after sown for lettuce and 30 days for eruca were evalueted the fresh and dry matter of shoots and the number of leaves. The plants grown in nutritive solutions with CEs from 1,3 to 1,9 dsm-1showed the best results. Keywords: Lactuca sativa, Eruca sativa, hidroponic, eletric conductivity No Brasil, os produtos hortícolas vem ocupando já há algum tempo um destaque cada vez mais amplo na lista dos produtos alimentícios prioritários das famílias. Essas culturas ainda são cultivadas normalmente em canteiros a céu aberto, sujeitas às intempéries, o que pode diminuir significativamente o seu potencial produtivo. A hidroponia é uma alternativa que pode ser usada em substituição ao cultivo tradicional. Essa técnica proporciona redução dos riscos, aumento de produtividade e melhoria da qualidade das plantas (Junqueira, 1997; Resh, 1992). Na hidroponia, os nutrientes são 1

2 fornecidos às plantas na forma de solução nutritiva, a qual deve apresentar uma condutividade elétrica capaz de proporcionar o bom desenvolvimento das plantas (Schmidt et al., 2000). A produção de alface e rúcula, visa principalmente, a obtenção de massa verde, dessa maneira essas culturas respondem principalmente ao fornecimento de nitrogênio (Garcia et al.,1982). Esse trabalho teve como objetivo avaliar a produção de alface e rúcula em cultivo hidropônico irrigado com solução nutritiva com diferentes condutividades elétricas. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação no Departamento de Solos do Centro de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Ceará. Nesse trabalho foram utilizadas a variedade de alface Verônica e de rúcula a variedade Cultivada. O substrato utilizado foi o pó de coco seco o qual foi irrigado com solução nutritiva com diferentes CEs. Foram preparadas soluções estoque de macro e micronutrientes adaptada por Soares (2002). Para o preparo das soluções nutritivas utilizadas na irrigação das plantas, foram diluídos, em 50 litros de água, determinadas quantidades de solução estoque para atingir as condutividades elétricas (CE) de 1,0; 1,3; 1,6; 1,9; 2,2 e 2,5 ds m -1, que correspondem aos tratamentos. As concentrações dos nutrientes em cada solução nutritiva são apresentadas abaixo: Tab. 1. Condutividade elétrica e concentração de nutrientes da solução nutritiva. Condutividade Elétrica (ds m- 1 ) Nutrientes 1,0 1,3 1,6 1,9 2,2 2,5...mmol L N-NH4 0,54 0,73 0,96 1,22 1,45 1,74 N-NH3 4,75 6,46 8,45 10,75 12,76 15,31 P 0,46 0,63 0,82 1,05 1,25 1,5 K 2,53 3,44 4,5 5,74 6,8 8,16 Ca 2,17 2,96 3,87 4,94 5,85 7,02 Mg 0,71 0,97 1,27 1,62 1,92 2,31 S 0,74 1,01 1,32 1,68 1,99 2,39... mol L Fe 45,69 45,69 45,69 45,69 45,69 45,69 B 16,2 16,2 16,2 16,2 16,2 16,2 Mn 5,91 5,91 5,91 5,91 5,91 5,91 Zn 0,86 0,86 0,86 0,86 0,86 0,86 Cu 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 Mo 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 0,20 Para a alface, foram produzidas mudas em bandejas com 126 células (40ml/célula) e posteriormente transplantadas para vaso de 6 litros, onde cada vaso continha 2 plantas. A

3 rúcula foi semeada diretamente nos vasos, deixando-se 25 plantas após o desbaste. A irrigação foi feita uma vez por dia com solução nutritiva, porém, a cada quatro dias os vasos eram irrigados apenas com água. O alface foi colhido aos 60 dias após a semeadura, quando foram avaliadas número de folhas (NF), produção de matéria fesca (MFPA) e seca (MSPA) da parte aérea. Para a rúcula foram avaliados o número de folhas e produção de matéria fresca (MFPA) e seca (MSPA) da parte aérea quando as plantas completaram 30 dias após a semeadura direta no vaso. O delineamento experimental adotado foi o de blocos inteiramente casualizados, com seis tratamentos, referentes as CEs das soluções nutritivas, com cinco repetições. RESULTADOS E DISCUSSÃO O número do folhas (NF) para a alface não apresentou diferença significativa entre as condutividades elétricas da solução nutritiva (Tab.2). Fernandes et al. (2002) trabalhando também com alface cultivado em hidroponia, encontrou valores muito superiores aos encontrados nesse trabalho. Tab.2- Número de folhas (NF), matéria fresca (MFPA) e seca (MSPA) da parte aérea de alface hidropônico em função da CE da solução nutritiva. Fortaleza, CE NF MFPA MSPA ds m -1...g/planta... 1,0 10,3 a 78,80 bc 4,35 ab 1,3 10,5 a 105,04 ab 5,54 a 1,6 11,4 a 91,94 ab 4,77 ab 1,9 12,8 a 110,87 a 5,49 a 2,2 10,3 a 53,46 c 4,50 ab 2,5 10,7 a 86,50 ab 3,45 b CV% 12,91 18,64 17,94 Médias seguidas da mesma letra na coluna são estatisticamente iguais ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tuckey. A produção de matéria fresca da parte aérea das plantas (MFPA) de alface apresentou o maior valor (110,87g) quando as mesmas foram irrigadas com solução nutritiva de CE 1,9 dsm - 1 (Tab.2). Os menores valores para essa variável foram obtidos para soluções nutritivas com CE 1,0 (78,80 g ) e 2,2 ds m -1 (53,46 g), sendo essas estatisticamente diferentes das demais. A produção de matéria seca da parte aérea (MSPA) das plantas apresentou a mesma tendência

4 da observada para a MFPA. Resultados de outros autores (Schmidt et al, 2000) mostram valores bem acima dos encontrados no presente trabalho. Isso pode estar relacionado às altas temperaturas verificadas durante a condução do experimento, com mínima de 30 o C e máxima de 40,5 o C. Segundo Ribeiro e colaboradores (1992), a alface é uma cultura bastante influenciada pela temperatura, que deve estar entre 7 o C e 24 C para que a mesma possa se desenvolver adequadamente. Esse efeito das altas temperatura sobre a alface hidropônica cultivada na nossa região, tem sido observado com freqüência nas principais áreas de produção, onde o desenvolvimento da cultura é bastante inferior ao observado em regiões de clima mais ameno. Para a rúcula, o número de folhas(nf) não apresentou diferença significativa entre os tratamentos (Tab.3). Porém, o maior valor (161,0) para essa variável foi observado em plantas irrigadas com solução nutritiva com CE 1,6 ds -1. Tab.3- Número de folhas (NF), matéria fresca (MFPA) e seca (MSPA) da parte aérea de 25 plantas de rúcula hidropônica em função da CE da solução nutritiva. Fortaleza, CE NF PFPA PSPA ds m -1...g/vaso ,4 a 161,18 c 13,28 b 1,3 160,2 a 280,44 b 19,48 a 1,6 161,0 a 318,67 ab 21,52 a 1,9 157,0 a 358,53 a 21,69 a 2,2 157,2 a 325,28 ab 20,55 a 2,5 157,6 a 350,34 a 23,10 a CV% 11,85 11,49 15,63 Médias seguidas da mesma letra na coluna são estatisticamente iguais ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tuckey. A melhor média para PFPA (358,53 g) na rúcula (Tab.3) foi obtido na CE 1,9 ds m -1, sendo que a mesma diferiu significativamente das CEs 1,0 (161,18 g) e 1,3 ds m -1 (280,44 g). No entanto, para PSPA (Tab.3), a melhor média (23,10 g) foi observada na CE 2,5 ds m -1, diferindo significativamente apenas da CE 1,0 ds m -1 a qual apresentou a menor média (13,28 g). Granjeiro e colaboradores (2003) trabalhando com rúcula em sistema hidropônico encontraram como maior média para peso seco o valor de 26,63 g, sendo portanto, superior a melhor média observada no presente trabalho. Os baixos valores encontrados no presente trabalho, tanto para alface como para rúcula, em comparação com outros trabalhos, podem estar relacionados com as altas temperaturas

5 verificadas no local de condução dos experimentos, que de alguma forma interferiu negativamente no desenvolvimento das plantas, além disso, as condutividades elétricas das soluções nutritivas usadas em cultivo hidropônico podem variar de acordo com as condições climática (Costa et al, 2001.), sendo, portanto, necessário se fazer um ajuste dessas soluções baseado nas condições de temperaturas elevadas. LITERATURA CITADA COSTA, P.C; DIDONE, E. B.; SESSO, P. M.; CAÑIZARES, K.A.L.; GOTO, R. Condutividade elétrica da solução nutritiva e produção de alface em hidroponia. Scientia Agricola, Piracicaba, v. 58, n.3, p , jul/set FERNADES, A. A.; MARTINEZ, H. E. P.; PEREIRA, P. R. G.; FONSECA, M. C. M.;. Produtividade, acúmulo de nitrato e estado nutricional de cultivares de alface, em hidroponia, em função de fontes de nutrientes. Horticultura Brasileria, Brasília, v. 20, n. 2, jun GARCIA, L. L. C.; HAAG, H. P.; MINAMI, K.; SARRUGE, J. R. Nutrição mineral de hortaliças. XLIX. Concentração e acúmulo de micronutrientes em alface (Lactuta sativa L.) cv. Brasil 48 e Clause s Aurélia. Anais da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, Piracicaba, 39: , GRANJEIRO, L. C.; COSTA, C. C.; CECÍLIO FILHO, A. B.; GRILLI, G. V. G.; COELHO, R. L.; BERGAMIN, L. G. Produção de rúcula em hidroponia com diferentes concentrações de cobre. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 21, n. 1, jan-mar., JUNQUEIRA, A. M. R.; LIMA, J. A.; PEIXOTO, J. R. Hidroponia: cultivo sem solo. Brasília: UnB, Curso de Extensão da Faculdade de Agronomia e Medicina Veterinária, p. RESH, H. M. Cultivos hidropônicos. 2º ed. Madrid: Ediciones Mundi Prensa. 318 p, RIBEIRO, L. G.; RODRIGUES, C.; EDSON FILHO, F. Avaliação de cultivares de alface no plantio de primavera-verão em Alegre-ES. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 10, n. 1, p. 41, SCHMIDT, D.; SANTOS, O. S.; FAGAN, E. B.; LONDERO, F. A. A.; Eficiência de soluções hidropônicas em cultivo de alface. Horticultura Brasileira, Brasília, v. 18, suplemento julho, SOARES, I. Alface: Cultivo hidropônico. Fortaleza: UFC, p. (Série Didática, 7).