PRODUÇÃO DE ALFACE (Lactuca sativa L.) UTILIZANDO DIFERENTES DOSAGENS DE PALHA DE CARNAÚBA (Copernícia prunífera)

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1 PRODUÇÃO DE ALFACE (Lactuca sativa L.) UTILIZANDO DIFERENTES DOSAGENS DE PALHA DE CARNAÚBA (Copernícia prunífera) Antonio Jonas Cardoso Siqueira 1, Antonio Geovane de Morais Andrade 1, Rildson Melo Fontenele 2, Glêidson Bezerra de Góes 2, Francisca Luiza Simão de Souza 1 RESUMO: Os resíduos agroindustriais podem ser usados como alternativa para favorecer o menor custo no uso de fertilizantes e incrementação de matéria orgânica no solo. Com isso objetivou-se testar o desenvolvimento da cultura da alface em diferentes dosagens da palha de carnaúba. O experimento foi conduzido na FATEC Sertão Central no ano de O delineamento utilizado foi o de blocos completos casualizados com quatro repetições e cinco tratamentos, sendo 0, 2, 4, 6, 8 kg de palha de carnaúba. As variáveis analisadas foram altura de planta, número de folhas; diâmetro longitudinal; diâmetro transversal e biomassa fresca da parte aérea. Observou-se efeito significativo (p < 0,05) das diferentes dosagens de palha de carnaúba para as variáveis altura de planta, diâmetro transversal e massa fresca da parte aérea para a análise de regressão. Já para a comparação de média, todas as variáveis em estudo foram influenciadas pelas diferentes dosagens de palha de carnaúba. O uso de até seis kg de palha de carnaúba contribuiu para a produção da alface. PALAVRAS-CHAVE: altura da planta, massa fresca, matéria orgânica. PRODUCTION OF LETTUCE (Lactuca sativa L.) UTILATING DIFFERENT DOSAGES OF STRAW OF CARNAUBA (Copernicia prunífera) ABSTRACT: Organic vegetable residues that can generate alternative organic compounds are of fundamental importance for the production of vegetables. One of these is the carnauba bagana, an agroindustry residue from the carnauba straw. The objective of this work was to evaluate the development of lettuce as a function of different dosages of carnauba straw. The experiment was conducted in 2018, in the plant production sector belonging to the FATEC Sertao Central. The experimental design was a randomized complete block with five treatments and four replications. The treatments used in the experiment were: 0, 2, 4, 6, 8 kg carnauba straws. The following parameters were evaluated: plant height, number of leaves; longitudinal diameter; transverse diameter and fresh air mass. A significant effect (p < 0.05) of the different dosages of carnauba straw was observed for the variables plant height, transverse diameter and fresh shoot mass for regression analysis. For the comparison of mean, all the variables under study were influenced by the different dosages of carnauba straw. The use of up to six kg of carnauba straw contributed to the production of lettuce. KEYWORDS: fresh mass, organic matter, plant height. 1 Aluno do Curso de Tecnologia em Agronegócio, Faculdade de Tecnologia CENTEC/FATEC Sertão Central, Geraldo Bizarria de Carvalho, s/n, CEP , Quixeramobim, CE. Fone (88) ajonascardosos@gmail.com 2 Professor; Faculdade de Tecnologia CENTEC/FATEC Sertão Central, Quixeramobim, CE.

2 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, diversas técnicas foram incorporadas ao cultivo de hortaliças. Dessas técnicas, destaca-se a cobertura morta ou "mulching" que é a prática pela qual se aplica, ao solo, material orgânico ou inorgânico como cobertura de superfície (Souza & Resende, 2003). A alface (Lactuca sativa L.) é considerada a hortaliça folhosa mais importante na alimentação dos brasileiros, o que assegura à cultura expressiva importância econômica (Lopes et al. 2007). A carnaubeira (Copernícia prunífera) é uma palmeira que habita as margens de rios da região nordeste e produz uma cera de alto valor econômico e social (CÂMARA SETORIAL DA CARNAÚBA, 2009). É encontrada nos Estados do Ceará, Piauí, Rio grande do Norte. Mas ainda existem carnaubais no Maranhão, Bahia (no vale do São Francisco), Pernambuco e Paraíba (CONAB, 2006). A bagana de carnaúba é o resíduo agroindustrial da palha da carnaúba, sendo gerado após extração da cera de suas folhas (Alves & Coelho, 2006). O potencial de uso de resíduos orgânicos na agricultura é alto, tendo em vista ser comum encontrar nas propriedades rurais resíduos orgânicos vegetais, que podem gerar compostos orgânicos alternativos de fundamental importância para a produção de hortaliças. Diante disso, objetivou-se com o seguinte trabalho avaliar o desenvolvimento da alface em função de diferentes dosagens da palha de carnaúba. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no ano de 2018, no setor de produção vegetal pertencente à Faculdade de Tecnologia CENTEC, campus FATEC - Sertão Central, localizado em Quixeramobim - CE. O delineamento experimental adotado foi o de blocos completos casualizados com cinco tratamentos e quatro repetições. Os blocos foram formados com 25 mudas distribuídas em fileiras, cada fileira contendo um tratamento, com espaçamento entre plantas de 30x30 cm, em cada bloco com cinco tratamentos e cada fila com cinco plantas. Foi feito um sorteio aleatório determinando a distribuição dos tratamentos em cada fileira de plantas. Os tratamentos utilizados no experimento foram: T1 (0 kg), T2 (2 kg), T3 (4 kg), T4 (6 kg) e T5 (8 kg) de palha de carnaúba. Estas mesmas proporções foram utilizadas por Nascimento et al., (2006), que em seu trabalho utilizou estas dosagens de esterco bovino na produção de alface em parcelas de 1,2 m². Cada proporção de palhada de carnaúba foi misturada com 30 litros de

3 solo, e após a mistura foram colocadas em garrafas pets para posterior transplantio das mudas. Após serem transplantadas, todo o desenvolvimento das plantas ocorreu no interior de uma estufa coberta com sombrite. Para o preparo das mudas foram utilizadas sementes da variedade Elba, compradas em uma casa agropecuária no município de Quixeramobim. As mudas foram preparadas em uma bandeja de isopor com 128 células preenchidas com substrato produzido com uma mistura de esterco bovino e areia nas proporções 75 e 25%, respectivamente, com semeadura a 1,0 cm de profundidade e com duas sementes por célula. Aos sete dias após a semeadura realizou-se um desbaste mantendo a planta mais vigorosa por célula. Após o semeio, as bandejas ficaram em casa de vegetação sendo irrigadas duas vezes por dia. Houve a germinação em 83% das células. O transplantio das mudas foi realizado 22 dias após a semeadura. Foram selecionadas as 100 melhores plantas considerando o seu tamanho e número de folhas, sendo que não houve morte de nenhuma das mudas. Utilizou-se um espaçamento de 25 cm entre plantas em cada bloco. Após o transplantio a irrigação foi realizada de forma manual, utilizando-se dois regadores de 10 litros duas vezes por dia, sendo que nos dias em que houve chuva as plantas não foram irrigadas para que não houvesse excesso de água. Trinta dias após o transplantio das alfaces foram coletados dados que foram submetidos a uma análise, utilizando o programa estatístico SISVAR. As variáveis avaliadas foram: numero de folhas (NF), altura da planta (AP), diâmetro longitudinal e transversal (DLT) e massa fresca da parte aérea (MFPA). Foi realizado analise de variância com o teste F e adotado o teste de Tukey a um nível de 5% de significância para a comparação das médias. Foi realizado, também, análise de regressão e o modelo escolhido foi de acordo com o coeficiente de determinação gerado. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados das variáveis numero de folhas (NF), altura da planta (AP), diâmetro longitudinal e transversal (DLT) e massa fresca da parte aérea (MFPA) estão apresentados na Tabela 1.

4 Tabela 1. Altura de planta, número de folhas, diâmetro longitudinal, diâmetro transversal e massa fresca da parte aérea da cultura da alface adubado com diferentes dosagens de palha de carnaúba (DC) Variáveis Dosagens de carnauba (kg) CV R 2 P Altura de planta (cm) 1 17,61 b 16,58 c 17,13 b 18,22 a 16,86 b 8,98 - NS Número de folhas (cm) 2 8,75 ab 8,75 ab 9,10 b 9,75 a 9,90 a 8,93 0,93 0,0001 Diâmetro longitudinal (cm) 3 30,85 b 27,73 d 30,43 b 31,30 a 29,80 c 11,10 - NS Diâmetro transversal (cm) 4 31,28 a 27,33 c 30,57 b 31,18 a 30,20 b 9,87 0,10 0,0003 Massa fresca da parte aérea (g) 5 85 b 75 c 88,75 b 97,5 a 86,25 b 8,51 0,25 0,0107 NS = Não significativo; 1 Ỹ = 17,28; 2 Ŷ = 8,68 + 0,08DC + 0,10DC 2 ; 3 Ỹ = 30,02; 4 Ŷ = 30,24 0,39DC + 0,06DC 2 ; 5 Ŷ = 80,43 + 2,32DC 0,13DC 2. Observou-se efeito significativo (p < 0,05) das diferentes dosagens de palha de carnaúba para as variáveis altura de planta, diâmetro transversal e massa fresca da parte aérea para a análise de regressão. Já para a comparação de média, todas as variáveis em estudo foram influenciadas pelas diferentes dosagens de palha de carnaúba. Este mesmo efeito ocorreu no trabalho de Nogueira et al. (2015) trabalhando com a palha de carnaúba como condicionador físico do solo no rendimento da cenoura. De acordo com estes mesmos autores, esse incremento se deve provavelmente a capacidade da palha de carnaúba em promover condições físicas favoráveis ao solo, como: melhoria da estrutura do solo, retenção de umidade, resultando em condições biológicas adequadas para o desenvolvimento da cenoura. A dose de seis kg mostrou diferença significativa em todas as variáveis analisadas, proporcionando maior desenvolvimento das variáveis analisadas. A utilização de quatro kg mostrou desenvolvimento mediano e a dose de dois kg mostrou os menores valores. O maior rendimento de massa fresca da parte aérea foi de 97,5 por m 2 utilizado 6,0 kg. CONCLUSÕES O uso de até seis kg de palha de carnaúba contribuiu para a produção da alface. REFERÊNCIAS ALVES, M.O.; COELHO, J.D. Tecnologia e relações sociais de produção no extrativismo da carnaúba no nordeste brasileiro. In: CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA E SOCIOLOGIA RURAL, (SOBER). 2006, Fortaleza. Anais... Fortaleza: p. CÂMARA SETORIAL DA CARNAÚBA. A carnaúba: preservação e sustentabilidade. Câmara Setorial da Carnaúba, p. Disponível em: < Acesso em: 23 mar

5 CONAB. Cenário sobre o pó e a cera de carnaúba. Conjuntura mensal. Período, novembro LOPES, J.L.W.; BOARO, C.S.F.; PERES, M.R.; GUIMARÃES, V.F. Crescimento de mudas de alface em diferentes substratos. Biotemas, Florianópolis, v.20, n.4, p.19-25, Disponível em; < >. Acesso em: 23 mar NASCIMENTO, I.L.S.; MEDEIROS, D.C.; LOPES, W.A.R.; GÓIS, S.B.; TOMAZ, H.V.Q.; CALLEGARI, R.A.; SILVA, J.C.V. Produção de alface em função de diferentes dosagens de esterco bovino. UFERSA Universidade Federal Rural do Semi-Árido, NOGUEIRA, D.L.; LINHARES, P.C.F.; SILVA, R.I.G.; NEVES. A.M.; NOHUEIRA, G.S.L.R.N.; MARACAJÁ, P.B.; MEDEIROS, A.C.E.; Uso exclusivo da palha de carnaúba como condicionador físico do solo no rendimento da cenoura. Informativo Técnico do Semiárido, Pombal - PB, v.9, n 2, p 64-69, SOUZA, J.L.; RESENDE, P. Manual de horticultura orgânica. Viçosa: Aprenda Fácil, p.