Diferentes quantidades de jitirana em cobertura como adubo verde na produtividade de rúcula.

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1 LINHARES, PCF; PEREIRA, MFS; SILVA, ML; OLIVEIRA, BS; HENRIQUES, PSA; BEZERRA, AKH; SILVA, SGA Horticultura Brasileira 28: S2956-S2960. Diferentes quantidades de jitirana em cobertura como adubo verde na produtividade de rúcula. Paulo Cesar Ferreira Linhares¹; Maria Francisca Soares Pereira; Maiele Leandro da Silva¹; Bruna Solano de Oliveira 1 ; Gabrielly Paula de Sousa Azevedo Henriques 1 ; Anne Katherine de Holanda Bezerra 1 ; Shamyra G. de A. e Silva 1 ; Suzi Helena de Santana 1 ¹UFERSA Universidade Federal Rural do Semiárido, Km 47 da BR 110 Bairro Presidente Costa e Silva CEP: C. postal 137 RESUMO O experimento foi conduzido na horta do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), Mossoró-RN, com o objetivo de avaliar o desempenho produtivo de rúcula em função de diferentes quantidades de jitirana em cobertura como adubos verdes. Empregou-se o delineamento inteiramente casualizado com sete tratamentos e quatro repetições, totalizando 28 unidades experimentais. Os tratamentos foram constituídos por: T (ausência de 1 adubação); T (10,8g de jitirana seca em 2 cobertura); T (21,6g de jitirana seca em 3 cobertura); T (32,4g de jitirana seca em 4 cobertura); T (43,2g de jitirana seca em 5 cobertura); T (54,0g de jitirana seca em 6 cobertura) e T (216g de esterco bovino). 7 As características avaliadas foram: altura de planta, número de folhas, massa da matéria verde e massa da matéria seca. O maior desempenho produtivo de rúcula foi obtido na quantidade de 43,2 g de jitirana seca em cobertura. Os tratamentos adicionais obtiveram uma produtividade menor aos tratamentos utilizando jitirana seca em cobertura. Palavras-chave: Eruca sativa L. Merremia aegyptia L. Adubação verde. ABSTRACT Different amounts of coverage in scarlet starglory as green manure on yield of rocket. The experiment was carried out in the garden of the Department of Plant Sciences, Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) Mossoró-RN, in order to evaluate the performance of rocket with different amounts of coverage in scarlet starglory as green manure. We applied the experimental design with seven treatments and four replications, totaling 28 experimental units. The treatments were evaluated: T1 (no fertilizer), T2 (10.8 g dry scarlet starglory in coverage), T3 (21.6 g dry scarlet starglory coverage) and T4 (32.4 g dry scarlet starglory in coverage), T5 (43.2 g dry scarlet starglory in coverage), T6 (54.0 g dry scarlet starglory coverage) and T7 (216g of cattle manure). The characteristics evaluated were: plant height, leaf number, weight of fresh and dry mass. The most productive performance of the rocket was obtained in the amount of 43.2 g of dry scarlet starglory coverage. Additional treatments had a lower productivity treatments using scarlet starglory dry dressing. Keywords: Eruca sativa. Merremia aegyptia. green manure. Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2956

2 A rúcula (Eruca sativa L.) é uma olerícola pouco explorada no que diz respeito ao consumo, quando comparada a outras hortaliças como alface, coentro, cenoura entre outras. Porém muitos estudos têm sido realizados na produção orgânica desta cultura nas regiões semi-áridos, demonstrado resultados satisfatórios. A agricultura orgânica é um sistema de produção que exclui o uso de compostos sintéticos: fertilizantes, pesticidas, reguladores de crescimento e aditivos para a alimentação animal Sempre que possível, os sistemas de agricultura orgânica empregam rotação de culturas, estercos animais, adubação verde, cultivo mecânico, rochas ricas em minerais e controle biológicos de pragas (ESTADOS UNIDOS,1995). As fontes de matéria orgânicas mais utilizadas são o esterco bovino, cama de matrizes de aves, composto à base de restos vegetais e resíduos vegetais. Varias espécies espontâneas da caatinga como jitirana (Merremia aegyptia L.), mata-pasto (Senna uniflora L.) e flor-de-seda (Calatropis procera (Aiton) W.T. Aiton) tem sido estudas com a finalidade de promover a melhoria das condições químicas, físicas e biológicas do solo, aumentar o teor de matéria orgânica, proporcionando a maior disponibilidade de nutrientes, aumentar capacidade de troca de cátions efetiva e diminuir os teores de alumínio (Linhares et al. 2008, Linhares et al. 2009a,), que para Calegari et al. (1993) a adubação verde tem proporcionando todos esses benefícios para o solo. Linhares et al. (2009a) avaliando diferentes tempo de decomposição da flor-de-seda incorporada ao solo na cultura da rúcula obteve resultados satisfatório observando que o tempo de 15 dias foi o que proporcionou os melhores rendimento na cultura, pela baixa relação C/N do adubo verde incorporado (25/1),em que os nutrientes foram rapidamente mineralizados. Adubação em cobertura promove diminuição na temperatura do solo e ocasiona mineralização mais lenta da matéria orgânica sendo considerada uma prática simples e eficiente no controle de erosão e no armazenamento de água, (CALEGARI et al., 1993). Diante do exposto este trabalho tem como objetivo avaliar a produtividade de rúcula adubada sob diferentes quantidades de jitirana em cobertura. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no período de dezembro a janeiro de 2010, na casa de vegetação da área experimental da horta, do Departamento de Ciências Vegetais da Universidade Federal Rural do Semi-Árido (UFERSA), situada no Município de Mossoró-RN de coordenadas geográficas 5 o 11' de latitude sul, 37 o 20' de longitude W. Gr., com 18 m de altitude, com uma temperatura média anual em torno de 27,5 C, umidade relativa de 68,9%, nebulosidade média anual de 4,4 décimos e precipitação média anual de 673,9 mm, com clima quente e seco, localizada na região semi-árida do nordeste brasileiro (CARMO FILHO et al., 1991). Empregou-se o delineamento inteiramente casualizado com sete tratamentos e quatro repetições, totalizando 28 unidades experimentais. Utilizou-se vasos com capacidade de 5,4 dm -3. Os tratamentos foram constituídos por: T seca em cobertura); T 3 (21,6g de jitirana seca em cobertura); T 4 Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S (ausência de adubação); T (10,8g de jitirana 2 (32,4g de jitirana seca em

3 cobertura); T (43,2g de jitirana seca em cobertura); T (54,0g de jitirana seca em cobertura) 5 6 e T (216g de esterco bovino). Com base na aérea do vaso os tratamentos corresponderam 7 a 0; 4; 8; 12; 16; 20 e 80t ha -1 na base seca respectivamente. A jitirana utilizada no experimento foi colhida em área experimental da UFERSA. A planta foi triturada em máquina forrageira convencional, obtendo-se partículas de 2,0 a 3,0 cm, que apresentava as seguintes características químicas: 11,0% de matéria seca; 2,6% de N; 0,17% de P; 1,2% Ca; 1,4% K, com produção de fitomassa verde de 3,5kg m -2. Os vasos foram colocados sobre bancadas de madeira em uma estufa com cobertura de polietileno com arejamento lateral. A jitirana foi adicionada na superfície do solo conforme os tratamentos acima mencionados. O esterco bovino foi adicionado na superfície do solo e misturado com todo o volume do vaso. Durante a condução do experimento foram efetuadas regas diárias, corrigindo sempre o teor de umidade do solo. Deixou-se o adubo (jitirana) reagir com o solo por trinta e cinco dias conforme determinado por Linhares et al. (2009) e após esse período, fez-se o plantio da rúcula. Para enchimento dos vasos, com volume de 5,4 dm -3, foi utilizado solo coletado em área próxima ao experimento, classificado como arenoso, cuja análise química, procedida de acordo com a metodologia preconizada pela Embrapa (1999), apresentou os seguintes resultados na camada arável de 0-20 cm (Tabela 1). Em cada vaso, foram abertas três covas e plantadas em média quatro a cinco sementes de rúcula por cova. Sete dias após a semeadura (DAS) foi realizado o desbaste, permitindo o desenvolvimento de uma planta por cova, totalizando três plantas por vaso. Aos 35 DAS, foram coletadas as plantas e transferidas para o laboratório de Pós-colheita do Departamento de Ciências Vegetais, para a determinação das características de crescimento. As características avaliadas foram: altura de planta (determinada em uma amostra de doze plantas por tratamento, a partir do nível do solo até a extremidade das folhas mais altas, expressa em cm planta -1 ), número de folhas (determinado na mesma amostra de doze plantas, contando-se o número de folhas por planta, expresso em termos de média parcela), massa da matéria verde (determinada da mesma amostra anterior, a partir do peso em balança de precisão de quatro casas decimais expressa em g parcela -1 ) e massa da matéria seca (determinada da mesma amostra anterior, o peso seco em estufa com circulação forçada de ar a 70 o C até atingir peso constante, expressa em g parcela -1 ). Para análise estatística dos dados foi realizada a análise de variância, utilizando-se o software SISVAR 3.01 (FERREIRA, 2000), onde foi aplicado o teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade para contrastes das médias. Quando houve significância para as doses de jitirana, foi feita análise de regressão, definindo o melhor ajuste para as características avaliadas através de modelos de regressão pelo programa TABLE CURVE v 5.01 (JANDEL SCIENTIFIC, 1991). RESULTADOS E DISCUSSÃO Observa-se efeitos significativos para as características altura de plantas, rendimento de massa fresca e seca de rúcula, no entanto para o número de folhas não houve efeito significativo (Figuras 1A, 1B, 1C e 1D). Um comportamento quadrático foi observado para altura de plantas de rúcula em função das quantidades de jitirana em Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2958

4 cobertura, onde uma altura máxima de 16,5 cm foi observada na quantidade de 43,2 g vaso. Observou-se um aumento na ordem de 3,5 cm entre as quantidades de 10,8 g a 43,2 g, observando um ponto de máximo, com conseqüente diminuição de valor até a quantidade mais elevada testada (53,0 g) (Figura 1A). Este resultado se deve a presença de maior quantidade de matéria orgânica no solo, consequentemente maior retenção de água no mesmo, disponibilizando nutrientes essenciais ao desempenho da rúcula. O valor observado foi inferior ao obtidos por Linhares et al. (2009a) de 17,68 cm avaliando a velocidade de decomposição da flor-de-seda na cultura da rúcula. Lima et al. (2008) estudando a cultura de rúcula adubada com jitirana e esterco bovino encontraram 22,80 cm de altura quando adubada com jitirana. Em relação aos tratamentos adicionais pode-se observar que o esterco bovino obteve uma altura média de plantas de 13 cm e o solo desprovido de adubo de 9,25 cm, valores estes inferiores aos dos tratamentos utilizando jitirana em cobertura (Tabela 2). Para o número de folhas de rúcula não foi possível ajustar nenhuma equação de regressão em função das quantidades de jitirana em cobertura. Um valor médio de 7 folhas por plantas foi registrado em função das quantidades de jitirana em cobertura (Figura 1B). O número de folhas encontrado neste trabalho difere aos obtidos por Linhares et al. (2009b) avaliando a produção de rúcula em função os diferentes tempos de decomposição da malva veludo, encontraram uma valor máximo de 18,1 folhas planta - ¹. Um comportamento quadrático foi observado para o rendimento de massa fresca de rúcula em função das quantidades de jitirana em cobertura, um rendimento máximo de 30,9 g na quantidade de 21,6 g de jitirana em cobertura (Figura 1C). Em relação ao rendimento de massa seca de rúcula foi observado um efeito quadrático em função das quantidades de jitirana em cobertura, com maior rendimento de massa seca de 1,84 g na quantidade de 43,2 g de jitirana (Figura 1D). Um rendimento de massa seca na ordem de 0,67 g entre as quantidades de 10,8 g a 43,2 g de jitirana em cobertura. Para os tratamentos adicionais pode-se observar um rendimento médio de massa seca de 1,07 e 0,49 g para as adubações com esterco bovino e solo desprovido de adubo, respectivamente. Os valores encontrados dos tratamentos adicionais foram inferiores aos tratamentos utilizando jitirana em cobertura como adubação verde. REFERÊNCIAS CALEGARI, A.; MONDARDO, A.; BULISANI, E. A.; COSTA, M. B. B.; MIYASAKA, S.; AMADO, T. J. C. Aspectos gerais da adubação verde. In: COSTA, M. B. B. (Coord). Adubação verde no sul do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: Assessoria e Serviços a Projetos em Agricultura Alternativa p ESTADOS UNIDOS. Departament of Agriculture. Relatório e recomendações sobre a agricultura orgânica. Brasília: SEPALN/CNPq, p LIMA, GK L.; LINHARES, PCF.; BEZERRA NETO, F.; PAIVA APM.; MARACAJÁ, PB. Uso de jitirana incorporada à adubação com esterco bovino na cultura da rúcula cv. Folha Larga. Revista Caatinga, Mossoró, v. 21, n. 4, p , out./dez., Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2959

5 LINHARES, P. C. F.; LEITE DE LIMA, G. K.; MADALENA. J. A. da S.; MARACAJÁ, P. B.; FERNANDES, P. L. de O. Adição de jitirana ao solo no desempenho de rúcula cv. Folha Larga. Revista Caatinga, Mossoró, v. 21, n. 5, p.89-94, dezembro, LINHARES, PCF.; SILVA, ML.; BORGONHA W; MARACAJÁ, PB.; MADALENA. JA. da S. Velocidade de decomposição da flor-de-seda no desempenho agronômico da rúcula cv. Cultivada. Revista Verde, Mossoró, v. 4, n. 2, p , abr./jun. 2009a. LINHARES, PCF.; SILVA, ML.; PEREIRA, MFS.; MADALENA. JA. da S.; MARACAJÁ, PB. Produção da rúcula em função de diferentes tempos de Decomposição da malva veludo. Revista Caatinga, v.22, n2, p 50-54, abril/junho 2009b. Tabela 1. Caracterização química do solo utilizado no experimento. UFERSA, Mossoró, ph C/N MO P N K + Ca 2+ Mg 2+ Na + g kg -1 g kg -1 mg dm -3 g kg -1 Cmol dm -3 c 7,7 5,10 3,02 100,29 0,34 0,16 3,40 1,00 0,18 Figura 1. Altura de plantas, número de folhas e rendimento de massa fresca e seca de rúcula em diferentes quantidades de jitirana como adubação verde na produtividade de rúcula. UFERSA, Mossoró, Hortic. bras., v. 28, n. 2 (Suplemento - CD Rom), julho 2010 S2960