Relatório DIVULGAÇÃO DE PARECER DO CONSELHO CONSULTIVO N.º 15/ CC /2016. N/Referência: P.º RP 1/2016 STJSR-CC Data de homologação:

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Transcrição:

DIVULGAÇÃO DE PARECER DO CONSELHO CONSULTIVO N.º 15/ CC /2016 N/Referência: P.º RP 1/2016 STJSR-CC Data de homologação: 25-02-2016 Recorrente: Maria J. e Eduardo J.. Recorrido: Conservatória do Registo Predial de Assunto: Palavras-chave: Agente de execução suscetibilidade de ser considerado como interessado não requerente a ter em conta na retificação do registo de penhora cujo registo tenha requerido. retificação, agente de execução, interessados não requerentes. Relatório 1. Está em causa, nos presentes autos, a regularidade de duas descrições pertencentes à freguesia de F., concelho de.., e, conexamente, a situação jurídica que a cada prédio, tabularmente, respeita e isto quer à luz do quadro inscritivo pressuposto, quer à luz da reconformação que desse mesmo quadro se equaciona. 1.1. A ficha 498 descreve um prédio rústico, com a área de 2470 m 2, omisso na matriz (com a menção de anteriormente ter estado inscrito sobre 2/6 de cada um dos arts. 10469 e 10470), situado em Z., F, composto de terreno e mato com oliveiras, a confrontar de norte com Francisco J., de sul com Timóteo G., de nascente com José..P e outros, e de poente com Afonso F.. Pelo lado das inscrições, a ficha não contém mais do que o registo de aquisição a favor da entidade denominada Alfa E.. Limited (doravante, Alfa ), com sede no Reino Unido, com causa na compra feita a Eduardo. J. e mulher Maria. J. (ap... de 23/09/2004). 1.2. Por sua vez, a ficha 10643 descreve um prédio urbano, com a área total de 2420 m 2 (630,25 m 2 de s. coberta e 1789,75 m 2 de s. descoberta), inscrito na matriz urbana sob o artigo 6685, situado na Estrada da F., composto de habitação de dois pisos, a confrontar de norte com serventia particular, de sul com José L, nascente com caminho público e António P., e poente com Luís. P. São dois os registos que incidem sobre estoutra ficha: o primeiro cuja efetuação, aliás, determinou a abertura da descrição respeita à penhora realizada no âmbito do processo executivo com o n.º 5519/07.0YYLSB dos Juízos de Execução de Lisboa, 3.º Juízo, 2.º Secção, com vista à cobrança da quantia exequenda de 2.175.655,98, sendo partes, como exequentes, 1) Isabel M, 2) José L e 3) a sociedade 1/7

, Fabrico de Louça, S.A,, e, como executados, 1) Eduardo J, 2) Maria. J e 3) a sociedade... Porcelanas de Portugal, SA (ap. 39.. de 07/10/2009); o segundo respeita a hipoteca legal a favor do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I.P., constituída em garantia de dívida de Eduardo... J... (ap. 26.. de 06/10/2014). 2. No dia 7/1/2015, por via de requerimento subscrito pelo advogado Alexandre F, mas em que, como requerentes, figuram Maria... J...e Eduardo.. J (sujeitos passivos dos registos em vigor nas fichas 498 e 10643), vieram estes junto da conservatória do registo predial de, nos termos do art. 120.º e seguintes do código do registo predial, requerer a retificação / anulação do registo do prédio descrito sob o n.º 10643, nos termos e com os fundamentos que sinteticamente passamos a enunciar: Que a descrição 10643, aberta na dependência de registo de penhora, corresponde a outro já anteriormente descrito; Que, com efeito, o prédio da descrição 10643, inscrito na matriz sob o artigo 6685, está sobreposto ao prédio descrição ( ) sob o n.º 498 e anteriormente inscrito na matriz predial rústica sob o n.º 10469 e 10470, em 2/6 de cada ( ) ; Que o prédio real, sobre o qual os exequentes ( ) criaram ficticiamente o outro, já havia sido vendido em data anterior á criação deste, e obviamente, em data anterior ao registo de penhora. Que, face ao exposto ( ), verifica-se que os exequentes e requerentes do registo do prédio descrito sob o n.º 10643 ( ) quiseram penhorar e penhoraram prédio que já não pertencia aos executados há vários anos e que na realidade pertence a terceiros. Que, porém, não basta pura e simplesmente anular a descrição n.º 498 para a substituir pela descrição n.º 10643, 1 pois esta leva atrás de si uma penhora convertida em definitiva na qual figuram como executados os anteriores proprietários, e que nada tem a ver com o atual proprietário ; Que, assim, parece existir uma situação que preenche os requisitos previstos no art. 120.º do código do registo predial, incorrendo na previsão do artigo 16.º b) e e) do mesmo diploma legal. Termos em que, concluindo, requerem a anulação da descrição do prédio descrito sob o n.º 10643. 2.1. O requerimento, ao qual coube a ap. 24.. da mencionada data (7/1/2015), foi instruído com documentação diversa destinada a fazer prova da matéria alegada, assim como com procuração com poderes forenses gerais 2 passada pelos requerentes a um conjunto de advogados, entre cujos nomes consta o do identificado subscritor do requerimento. 1 Queria com certeza dizer-se o contrário: anular a descrição 10.643 para substitui-la pela descrição 498. 2 Sobre a (in)suficiência da representação das partes, em processo de retificação, a coberto de procuração com poderes forenses gerais, cfr. o parecer emitido no P. R.Co. 4/2015 STJSR-CC, in www.irn.mj.pt (diretamente acessível em http://bit.ly/rco-4-2015). 2/7

2.2. Na sequência do pedido, a conservatória: Efetuou em (ou a) cada uma das descrições 498 e 10643 averbamento a dizer pendente de retificação eventualmente duplicada com a descrição [498 ou 10643, consoante o caso]. Procedeu à notificação dos sujeitos que se entendeu merecerem a qualificação de interessados não requerentes para efeitos do disposto no art. 129.º código do registo predial, 3 a fim de, querendo, deduzirem oposição ao pedido; as notificações (feitas por ofícios enviados sob registo em 14/1/2015) tiveram por destinatários: 1) a sociedade Alfa (titular do registo de aquisição incidente sobre a ficha 498); 2) Ilda L., na qualidade de agente de execução e apresentante do registo de penhora incidente sobre a ficha 10643 cfr. ap. 39.. de 7/10/2009); 3) o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, IP, na qualidade de titular do registo de hipoteca legal também incidente sobre a ficha 10.643 cfr. ap. 26... de 6/10/2014). 3. No dia 22/01/2015 foi recebido na conservatória o requerimento da oposição deduzida pela notificada agente de execução, Ilda L.., e no qual, e em essência, a opoente contesta que as descrições 498 e 10643 correspondam a um mesmo prédio, como procura evidenciar fazendo o confronto dos sinais identificativos de que cada uma se compõe. Com o requerimento de oposição foram juntos vários documentos e arrolada uma testemunha, a cuja inquirição se procedeu no dia 16/6/2015. 4. No dia 23/7/2015 a sra. Conservadora oficiou os serviços de Finanças de Ourém para que se informasse sobre o estado do pedido que naqueles serviços os requerentes ali haviam formulado (paralelamente ao pedido de retificação apresentado na conservatória) no sentido de se proceder à eliminação do artigo urbano 6685. À diligência responderam os serviços de Finanças por ofício de 30/7/2015, informando, em síntese, que se indeferira totalmente o pedido de anulação do artigo 6685, e que, em vez disso, e na sequência de reformulação do pedido inicial, se decidiu averbar àquele artigo a respetiva proveniência de parte dos artigos rústicos 10469 e 10470. 5. No dia 28/10/2015 foi junta aos autos procuração com poderes forenses gerais a favor da Sra. Advogada. Lopes Cardoso, figurando como constituinte a sociedade Alfa. 6. No dia 24/11/2015 a sra. Conservadora proferiu decisão final ao abrigo do art. 130.º/6 do CRP, e na qual, atenta a prova produzida, deu por confirmada a duplicação das descrições 498 e 10643, por se tratar do mesmo prédio, decidindo assim deferir parcialmente o pedido de retificação através do cumprimento do 3 Diploma a que pertencem todas as disposições que adiante se citem, salvo indicação noutro sentido. 3/7

disposto no art. 86.º, o que, no caso, se traduzirá na eliminação da descrição 498 e reprodução dos registos nela em vigor para a ficha da descrição 10643, por esta descrição ser a mais atualizada. Decidiu no entanto ser de indeferir o pedido de anulação dos registos de penhora e de hipoteca legal, uma vez que, pelas razões que aduziu, os mesmos não padecem de qualquer vício suscetível de retificação no âmbito do processo regulado nos arts. 120.º e ss., nem, em boa verdade, fora desse âmbito; e que, em qualquer caso, ainda que existisse nulidade por violação do trato sucessivo, ela teria que ser judicialmente declarada, conforme o disposto no art. 17.º/1 CRP. 4 7. Da decisão, para efeitos de interposição de recurso hierárquico ou impugnação judicial nos termos do art. 131.º, foram notificados a Alfa, a advogada Lopes Cardoso (esta na qualidade de mandatária da Alfa ), Eduardo... J... e Maria. J.., o advogado Alexandre F... (este, na qualidade de mandatário dos requerentes Eduardo e Maria J, por carta registada em 25/11/2015), Ilda L.. (na qualidade de agente de execução e apresentante do registo de penhora incidente sobre a descrição 10643), e o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social (mais concretamente, a respetiva Secção de Processo Executivo de Leiria. A notificação fez-se por cartas registadas em 25/11/2015 a que teve o advogado Alexandre F... por destinatário, e em 24/11/2015 todas as outras. 8. Inconformados, vieram os requerentes Maria. J. e Eduardo... J..., representados pelo advogado Alexandre F..., interpor o presente recurso hierárquico (ap.. do dia 9/12/2015), cuja petição aqui se dá por integralmente reproduzida e na qual, em síntese, se desenvolve a seguinte argumentação: Que com a decisão de constatação da duplicação de descrições, a eliminação da descrição 498 e a consequente reprodução da inscrição de aquisição a favor da Alfa na descrição 10643, mantendo-se a validade e o caráter definitivo das inscrições referentes à penhora e à hipoteca legal gerou-se uma evidente incongruência nos registos lavrados, pois apesar do prédio estar inscrito a favor da Alfa desde 23-09-2004, sobre o mesmo incide uma penhora registada a 7-10-2009 e uma hipoteca legal registada a 6-10-2014 cujos sujeitos passivos são os anteriores proprietários. Que, na prática, a adquirente [Alfa] do prédio desde 2004 vê-se confrontada com uma penhora e uma hipoteca legal, muito posteriores à sua aquisição, com as quais nada tem a ver, circunstancialismo que será suficiente, só por si, para invalidar a penhora e a hipoteca legal. Que a assim não se entender, a posição mais adequada face à anulação da descrição 498 e à constatação de que o prédio é da propriedade de sujeito diferente do sujeito passivo da penhora e da hipoteca, deveria ter sido ordenada a recusa dos mesmos, ou, no limite, a aposição de caráter provisório a ambos os 4 Como se vê pelo teor da decisão, a sra. Conservadora configurou o objeto do processo como integrando os pedidos de retificação dos registos de penhora e de hipoteca legal. Ora, se assim entendeu, teria sido coerente impor-se-ia que às respetivas inscrições averbasse a pendência da retificação (cfr. art. 126.º/1). 4/7

registos, visto que, considerada a anterioridade da aquisição do prédio a favor da Alfa, os registos de penhora e de hipoteca legal teriam de passar, automaticamente, a registos provisórios. Que, com efeito, quanto ao registo de penhora, ele deveria ter sido considerado como provisório por dúvidas e por natureza, nos termos do art. 70.º e do art. 92.º, n.º 2, alínea a) do CRP, e, quanto ao registo de hipoteca legal, nem sequer o seu caráter provisório se afigura possível face ao princípio do trato sucessivo previsto nos n.ºs 1 e n.º 4 do art. 34.º do CRP, devendo em qualquer caso, e no limite, ser considerado como provisório por dúvidas nos termos do art. 70.º do CRP. O requerimento encerra com a formulação de dois pedidos: a) a título principal, o de que sejam anulados os registos de penhora ap 39 de 2009-10-07 e de hipoteca legal inscrita pela ap 26... de 2014-10- 06 que incidem sobre a descrição 10643 ; b) a título subsidiário, o de que os identificados registos sejam recusados, ou, se assim não se entender, lavrados por dúvidas. 9. Da interposição do recurso, para efeitos de impugnação dos seus fundamentos, nos termos do artigo 131.º-A, n.º 1, foram notificados (por cartas registadas em 11/12/2015), nas mesmas apontadas qualidades, a advogada. Lopes Cardoso, a agente de execução Ilda L e o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social. 5 ***** Pronúncia Como se notou (cfr. ponto 2.2 do relatório ), a sra. Conservadora, recebido e analisado o requerimento de retificação, e entendendo não ser caso nem de imediato deferimento (cfr. arts. 124.º e 125.º), nem de liminar indeferimento, cuidou de promover a notificação dos interessados não requerentes para efeitos de dedução de oposição, nos termos do disposto no artigo 129.º. Cremos, porém, que não andou bem na determinação de tais sujeitos. Assim, quanto à sociedade Alfa, temos as maiores dúvidas de que tivesse que ser, como foi, notificada, porquanto não somos capazes de entrever em que termos pode a sua posição tabular (o registo de aquisição em vigor sobre a descrição 498) resultar afetada em consequência da procedência da retificação. E também a notificação realizada na pessoa da agente de execução Ilda L radica a nosso ver num equívoco. Na verdade, em linha com o entendimento firmado no parecer emitido no P. C.P. 40/2007 DSJ-CT 6, 5 Ainda no mesmo dia 11/12/2015 foi o mandatário dos recorrentes notificado para fazer o pagamento do emolumento devido pela interposição, mas a quantia que se lhe indicou, e que efetivamente pagaria 300,00, não era aquela, de valor inferior, que já ao tempo se mostrava legalmente devida, e que se cifra em 175,00 (cfr. art. 27.º/5.1. do Regulamento Emolumentar dos R. e do Notariado, após a alteração do DL n.º 201/2015, de 17-9). 6 Disponível em www.irn.mj.pt (diretamente acessível em http://bit.ly/cp40-2007). 5/7

estamos firmemente convictos de que, por causa do registo de penhora em vigor, o estatuto de interessado, para efeitos das notificações a fazer nos termos dos arts. 129.º/1, 127.º/4 e 131.º-A/1, se encontra reservado ao(s) sujeito(s) que nesse registo figurem como exequente(s), uma vez que é a consistência da respetiva posição inscrita que pode resultar afetada pelo resultado retificativo. Que o mesmo é dizer que não pode com semelhante estatuto ser contemplado o agente de execução que tenha intervindo como apresentante do respetivo pedido de registo, só por isso que foi apresentante, nem tão pouco o agente de execução que na ação executiva a que a penhora pertence esteja em funções, quando porventura já não seja o mesmo. Não é apenas que não tenha o agente de execução nenhum interesse próprio a defender (além, porventura, dum eventual interesse moral); é também, e talvez sobretudo, que não pode ele para o efeito ser tomado como representante do(s) exequente(s) detentor(es) do interesse que importa tutelar. 7-8 Ora, se ao agente de execução Ilda L não cabe reconhecer o estatuto de interessado não requerente, seja como titular de interesse próprio, seja como representante dos interessados verdadeiros, temos necessariamente que concluir que se omitiu a notificação de tais interessados: da Isabel M, do José L. e da sociedade.., Fabrico de Louça, S.A,. Que consequências tirar duma tal omissão? Segundo cremos, a referida notificação tem valor análogo ao da citação em processo civil (cfr. art. 219.º/1, in fine, CPC), devendo por conseguinte aplicar-se o correspondente regime (cfr. art. 120.º). Porque o ato foi completamente omitido (cfr. art. 188.º/1-a CPC), e porque o vício que uma tal omissão consubstancia é de conhecimento oficioso (cfr. art. 196.º CPC), o nosso entendimento é assim o de que terá que anular-se todo o processado posterior às notificações omitidas (cfr. art. 187.º/a CPC). Em conformidade, o Conselho propõe que o processo baixe à conservatória recorrida a fim de aí se efetuarem as notificações omitidas, 9 seguindo-se os termos normais do processo. 10 7 Sobre a natureza e o estatuto jurídicos do agente de execução, cfr. RUI PINTO, Notas ao Código de Processo Civil, 1.ª ed., 2014, p. 491, onde se lê que o exigente regime de imparcialidade e independência do agente de execução é incompatível nega com a frequente qualificação da relação entre exequente e agente como sendo de mandato, e que, pelo contrário, um tal regime apenas se justifica por o agente de execução ter a natureza de um oficial público (pelas funções administrativas que cumpre) que é auxiliar da justiça (não um auxiliar do juiz) exercendo jus imperii em nome do Estado, seja na direção do processo, seja na realização de atos materiais de realização coativa da prestação. 8 Parece-nos no entanto de elementar bom senso que ao processo de execução se comunique a pendência do processo de retificação, maxime quando neste se equacione, como seu direto ou indireto resultado, a neutralização (no limite, a extinção, pelo cancelamento) dos efeitos do registo de penhora. 9 Sendo que se nos afigura avisado que na elaboração do texto dos ofícios dirigidos aos exequentes se deixe bem expresso o entendimento (da sra. Conservadora, e que sufragamos) de que o requerimento de retificação apresentado incorpora a pretensão de cancelamento do registo de penhora. 6/7

Parecer aprovado em sessão do Conselho Consultivo de 25 de fevereiro de 2016. António Manuel Fernandes Lopes, relatora, Blandina Maria da Silva Soares, Luís Manuel Nunes Martins. Este parecer foi homologado pelo Senhor Presidente do Conselho Diretivo, em 25.02.2016. 10 O que quer dizer e para que sobre o alcance da proposta não haja qualquer dúvida que o processo retorna a essa fase precisa. Haverá, portanto, no momento próprio, que proferir nova decisão final, e que realizar as subsequentes notificações. Quanto ao emolumento cobrado pela interposição do presente recurso, ele deverá ser restituído. 7/7