LUXAÇÃO ÚMERO-ULNAR CONGÊNITA BILATERAL REDUZIDA POR PINO TRANSARTICULAR

Documentos relacionados
ORLANDO MARCELO MARIANI¹, LEONARDO LAMARCA DE CARVALHO¹, ELAINE CRISTINA STUPAK¹, DANIEL KAN HONSHO¹, CRISTIANE DOS SANTOS HONSHO¹

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR

Gislane Vasconcelos de SOUZA 1 ; Mírley Barbosa de SOUZA 2 e Taiani Torquato DIÓGENES 1

LUXAÇÃO UNILATERAL CONGÊNITA DA PATELA EM FELINO: RELATO DE CASO

CONSERVATIVE TREATMENT OF BILATERAL GENU RECURVATUM IN SCHNAUZER BREED DOG

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0384

OSTEOSSÍNTESE FEMORAL MODIFICADA ASSOCIADA À COLOCEFALECTOMIA NO TRATAMENTO DE LUXAÇÃO COXOFEMORAL E FRATURA COMINUTIVA RELATO DE CASO

Universidade Estadual De Maringá Curso De Medicina Veterinária Coordenação Do Colegiado De Curso

Lesões Traumáticas do Membro Superior. Lesões do Ombro e Braço Lesões do Cotovelo e Antebraço Lesões do Punho e Mão

Estudo retrospectivo das fraturas em felinos atendidos no Hospital Veterinário da Universidade de Marília SP/ Brasil no Período de 2007 a 2014

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

ASSOCIAÇÃO DE FIXADOR ESQUELÉTICO EXTERNO COM PINO INTRAMEDULAR EM CONFIGURAÇÃO TIE-IN NO TRATAMENTO DE FRATURA DE ÚMERO EM CÃO RELATO DE CASO

SERVIÇOS EM ORTOPEDIA VETERINÁRIA

Anais do 38º CBA, p.1438

ARTICULAÇÕES. Luxação Coxofemoral. Luxação Coxofemoral 12/09/2016. Saída da cabeça do fêmur do acetábulo. Sinais clínicos.

UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA MONOGRAFIA

Recuperação de função neurológica após tratamento conservativo de luxação atlantoaxial em cão politraumatizado Relato de caso

Componentes 08/08/2016. Úmero Rádio. Ulna

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA DEPARTAMENTO DE MEDICINA E CIRURGIA VETERINÁRIA

1 Pós-graduandos Unesp- Jaboticabal- SP- 2 Medico veterinário autônomo 2 Prof. Dr. Unesp - Jaboticabal. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.

ARTIGO RECEBIDO: MAIO/2001 REFERÊNCIAS

Palavras-chave: fixador externo, mandíbula, osteossíntese, fraturas Keywords: external fixation, mandible, osteosynthesis, fractures

Médica Veterinária, Doutora em Ciência Veterinária pela UFRPE. Professora do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade IBGM/IBS.

RUPTURA ATRAUMÁTICA DE LIGAMENTO CRUZADO CRANIAL EM FELINO UTILIZANDO SUTURA FABELOTIBIAL PARA CORREÇÃO: RELATO DE CASO

Existem algumas enfermidades ósseas de causas desconhecidas, ou ainda, não muito bem definidas. Dentre essas, vale ressaltar:

Apostila de Cinesiologia. Cotovelo

LUXAÇÃO LATERAL CONGÊNITA DA PATELA - RELATO DE CASO

EM FELINO: RELATO DE CASO PECTUS EXCAVATUM

Médica Veterinária, Doutora em Ciência Veterinária pela UFRPE. Professora do Curso de Medicina Veterinária da Faculdade IBGM/IBS.

OSSOS DO MEMBRO SUPERIOR

SÍNDROME DO FILHOTE NADADOR - RELATO DE CASO SWIMMER PUPPY SYNDROME CASE REPORT

FRATURA DE MANDÍBULA SECUNDÁRIA À DOENÇA PERIODONTAL EM CÃO: RELATO DE CASO

Archives of Veterinary Science ISSN X

USO DE FIXADOR ESQUELÉTICO EXTERNO TIPO II NA OSTEOSSÍNTESE DE TÍBIA E FÍBULA DE CADELA

CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: MEDICINA VETERINÁRIA INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE ANHEMBI MORUMBI

Boletim Informativo Estamos disponibilizando uma matéria a respeito da Displasia do Cotovelo, importante causa

Estudo crítico do tratamento de 196 casos de fratura diafisária de rádio e ulna em cães

Lesões ortopédicas do posterior em pequenos animais

Boletim Informativo Estamos disponibilizando a segunda parte da matéria a respeito da Displasia do Cotovelo,

DOENÇAS ORTOPÉDICAS DE ETIOLOGIA TRAUMÁTICA DO SISTEMA LOCOMOTOR DE CÃES: CASOS ( )

ARS VETERINARIA, Jaboticabal, SP, v.33, n.2, , ISSN

Ossos e Articulações dos Membros Superiores

Ciência Veterinária UniFil, v. 1, n. 2, abr./jun USO DA RADIOGRAFIA NO AUXÍLIO DO DIAGNÓSTICO DE DISPLASIA DO COTOVELO EM CÃES

Luxação coxofemoral traumática em cães e gatos: estudo retrospectivo ( )

NEVES, Camila de Castro. MANISCALCO, Cíntia Lúcia. CANOLA, Julio Carlos. JIMENEZ, Karla Negrão. SAGULA, Alex Luiz

MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA. EDITAL Nº 035/PRPGP/UFSM, de 20 de junho de 2011

OSTEOCONDROSE DE OSSO TALO

Imaginologia Por radiografias. Profº Claudio Souza

Anais do 38º CBA, p.0882

ARTROLOGIA DO ESQUELETO APENDICULAR SUPERIOR

FRATURA DE PELVE E COMPLICAÇÕES EM GATOS DOMÉSTICOS PELVIC FRACTURE AND COMPLICATIONS IN DOMESTIC CATS

Cotovelo - Antebraço. Cotovelo - Antebraço Cinesiologia. Renato Almeida

Anatomia do Membro Superior

Extensão Universitária em Ortopedia Veterinária

TÉCNICA CIRÚRGICA FIXADORES EXTERNOS GRANDE E MÉDIO.

PALAVRAS-CHAVE: Fratura-luxação de Monteggia; Classificação de Bado; Complicações.

Tipo Documental DiretrizAssistencial Título Documento Fraturas do cotovelo na criança

IMPLANTAÇÃO DE EXOPRÓTESE FIXA EM TÍBIA DE FELINO: RELATO DE CASO

(22) Data do Depósito: 24/10/2014. (43) Data da Publicação: 24/05/2016 (RPI 2368)

Sumário RESUMO INTRODUÇÃO MATERIAIS E MÉTODOS RESULTADOS CONCLUSÃO E DISCUSSÃO... 17

Baumer. Líder no Brasil. Forte no mundo.

Afecções ortopédicas dos membros pélvicos em cães: estudo retrospectivo

Radiologia do Esqueleto Apendicular Fraturas e complicações


Utilização dos subprodutos da fresagem do osso subcondral em substituição ao enxerto autólogo esponjoso em artrodeses de carpo de cães

REPOSIÇÃO CIRÚRGICA DAS FRATURAS DO COLO DO RADIO EM CREANÇAS

SISTEMA ÓSSEO OSSOS OSSOS 04/05/2017 RADIOGRAFIA ESTRUTURA OSSO LONGO

PAGANELA, J.C. 1 ; DOS SANTOS, C.A. 1 ; PAZ, C. 1 ;AMARAL, L.A. 2 ; VELHO, J. 2 ; NOGUEIRA,C.E.W. 3 INTRODUÇÃO

Tratamento de Displasia Coxofemoral Com Uso de Medicamento Homeopático

STADO DE MATO GROSSO CONSÓRCIO INTERMUNICIPAL DE SAÚDE DA REGIÃO DO VALE DO PEIXOTO

INSTABILIDADE ATLANTOAXIAL CONGÊNITA EM CANINO DA RAÇA POODLE 1

PROGRAMA DE COMPONENTES CURRICULARES

TRAUMATOLOGIA DOS MEMBROS SUPERIORES

Anais do 38º CBA, p.1751

CORREÇÃO DE RÁDIO CURVO POR TÉCNICA DE OSTECTOMIA EM CUNHA E OSTEOSSÍNTESE COM PLACA E PARAFUSOS: RELATO DE CASO

Data da conclusão do laudo.:16/10/2018

ANTONIO MATERA Professor Livre-Docente. da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da. Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP

REPARO TECIDUAL COM PLASMA RICO EM PLAQUETAS (PRP) -Emprego no tecido ósseo-relato de caso

Palavras-chave: Cardiologia. Cães. Alterações congênitas Keywords: Cardiology. Dogs. Congenital changes

Gerais. Recebido: 25 de Janeiro de 2018; Revisado: 11 de março de 2018.

PROGRAMA DE RESIDÊNCIA MÉDICA EM ORTOPEDIA E TRAUMATOLOGIA PROJETO PEDAGÓGICO

Lesões Traumáticas da Cintura Escapular. Prof. Reinaldo Hashimoto

RELAÇÃO ENTRE AS DIMENSÕES DO CORAÇÃO, A MORFOMETRIA TORÁCICA E AS ONDAS DO ECG EM CÃES

Anatomia Radiológica (MMSS) Prof.: Gustavo Martins Pires

MEDICINA VETERINÁRIA LUXAÇÃO DE PATELA EM CÃO: CLÍNICA E TERAPÊUTICA PATELLAR LUXATION IN A DOG: CLINICAL AND THERAPEUTIC CONSIDERATIONS

ESTUDO COMPARATIVO DE OSSOS AUTÓGENO E XENÓGENO EM RÁDIO DE CÃES ASPECTOS CLÍNICOS E RADIOGRÁFICOS

Programa de Especialização em Reconstrução e. Alongamento Ósseo - ASAMI (R4)

CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS

PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO E EDUCAÇÃO CONTINUADA ORTOCURSO JOELHO CURSO PREPARATÓRIO PARA O TEOT 30 de Abril de 2016

PROGRAMA DE INTEGRAÇÃO E EDUCAÇÃO CONTINUADA ORTOCURSO JOELHO CURSO PREPARATÓRIO PARA O TEOT 30 de Abril de 2016

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ HOSPITAL DE CLÍNICAS CURITIBA

PULS. Placa Radio Distal. Sistema de Placas para o Rádio Distal com ângulo fixo

Procedimento x Procedimento Compativel

Uso de placa bloqueada na Osteossíntese de Rádio e Ulna: relato de caso. Raquel Baroni. Universidade Metodista de São Paulo

Imobilização de fraturas femorais em gatos usando pino intramedular conectado ou não ao fixador esquelético externo

Programa para Seleção Clínica Cirúrgica e Obstetrícia de Pequenos Animais

ARTROPLASTIA EXCISIONAL PELO ACESSO DORSO-CAUDAL EM CÃO COM LUXAÇÃO COXOFEMORAL TRAUMÁTICA; RELATO DE CASO

Princípios do tratamento das fraturas

RELATO DE CASO: USO DA OXITETRACICLINA NO TRATAMENTO DE POTRO COM CONTRATURA CONGÊNITA DOS TENDÕES FLEXORES

15/03/2016 ESQUELETO APENDICULAR OSTEOLOGIA DO ESQUELETO APENDICULAR MEMBRO TORÁCICO. Constituído por ossos dos membros torácico e pélvico

Transcrição:

LUXAÇÃO ÚMERO-ULNAR CONGÊNITA BILATERAL REDUZIDA POR PINO TRANSARTICULAR Jeniffer Gabriela Figueroa CORIS 1, Luciane dos Reis MESQUITA 2, Sheila Canevese RAHAL 3, Washington Takashi KANO 4, Maria Jaqueline MAMPRIM 5, Maíra Sales CASTILHO 6 1 Aluna do Programa de Aprendizagem e Treinamento, Universidade Estadual Paulista Campus Botucatu. coris.jenny@gmail.com 2 Professora substituta cirurgia veterinária, Universidade Estadual Paulista Campus Botucatu 3 Professora titular docente Universidade Estadual Paulista Campus Botucatu. 4 Doutorando em Biotecnologia Animal, Universidade Estadual Paulista Campus Botucatu. 5 Professora Adjunta, Diagnóstico por Imagem, Universidade Estadual Paulista Campus Botucatu 6 Mestranda em Biotecnologia Animal, Universidade Estadual Paulista Campus Botucatu. Resumo Objetiva-se descrever a evolução cirúrgica de um caso de luxação de cotovelo congênita do tipo II bilateral. O diagnóstico se deu por meio de anamnese, histórico, exame ortopédico e confirmado pelo exame de imagem radiográfica. Optou-se pelo tratamento cirúrgico, utilizando pino transarticular e ao final do tratamento o paciente recuperou de forma satisfatória a deambulação. Palavras-chave: luxação de cotovelo, hereditariedade, pinscher, fio de Kirschner. Keys words: elbow luxation, heredity, pinscher, Kirschner wire Revisão da Literatura A luxação congênita do cotovelo é resultante de má-formação da articulação úmero-rádio-ulnar, a qual resulta em rotação lateral da ulna proximal (SCHULZ, 2008). Esta afecção é considerada como uma das principais causas não traumáticas de claudicação de membro torácico em cães recém-nascidos (MCDONELL, 2004; VALASTRO et al., 2005; PIERMATTEI e FLO, 2009). A etiologia é desconhecida, porém, sugere-se que seja hereditária (BINGEL e RISER, 1977). São descritos três tipos de luxação de cotovelo: tipo I (úmero-radial), tipo II (úmero-ulnar) e tipo III (associação da úmero-radial e úmero-ulnar) (MCDONELL, 2004). A luxação úmero-ulnar afeta principalmente raças pequenas, como Pinscher, Pug, Chihuahua, Bulldog Inglês, Pastor de Shetland, Pequinês, Cocker Spaniel, ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0583

Yorkshire Terrier, Boston Terrier e Poodle (CAMPBELL, 1969; MILTON et al., 1979; DENNY, 1993), sendo os machos mais afetados (MILTON e MONTGOMERY, 1987). O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico. O tratamento clinico consiste em estabilizar a articulação com talas ou bandagens, sendo indicado apenas para cães que apresentem alterações ósseas e de tecido mole discreta. No entanto, o tratamento clinico não impedem a progressão da doença (SCHULZ, 2008). O tratamento cirúrgico é mais indicado, tendo como objetivo o retorno da função do membro e não a completa reconstrução articular (MILTON et al., 1979). Pode-se utilizar redução fechada ou aberta. Como método fechado, tem se utilizado pino transarticular. Na redução aberta, utiliza-se técnicas como a transposição e fixação do olécrano, imbricação medial e suturas suportes, fixação transarticular e reconstrução da fossa articular e troclear (WITHROW, 1977; MILTON, 1979; MONTGOMERY e FINN, 1993). A artrodese é indicada quando a degeneração articular se encontra em um grau avançado ou nos casos em que a cirurgia não obteve sucesso (MILTON e MONTGOMERY, 1987; PIERMATTEI e FLO, 1997). O objetivo do presente relato é descrever um caso de luxação congênita de cotovelo bilateral e a evolução do caso após tratamento cirúrgico. Descrição do caso Foi atendido no Hospital Veterinário uma cadela da raça Pinscher com 49 dias de idade, pesando 0,5 Kg, com histórico de dificuldade locomotora observada pelos proprietários em torno dos 15 dias de vida do animal. O paciente encontravase com todos os parâmetros vitais dentro dos valores de referência para a espécie canina, assim como o hemograma. Ao exame ortopédico, o animal locomovia-se apoiando sobre os cotovelos de ambos os membros torácicos. À palpação, notavase o deslocamento lateral da ulna em ambos os membros torácicos, sendo essa redutível apenas no lado direito. O exame radiográfico em projeções mediolateral e craniocaudal permitiram o diagnóstico definitivo da luxação bilateral úmero-ulnar. O tratamento consistiu na redução da luxação e estabilização por meio de um pino transarticular, o qual foi inserido por meio de perfuração do aspecto caudal do olécrano. O exame radiográfico do pós-operatório imediato demonstrou redução articular com o pino inserido na diáfise umeral no lado direito e no côndilo umeral do lado esquerdo. Aos 14 dias de pós-operatório, retirou-se o fio do lado direito e no lado esquerdo foi necessária nova intervenção devido à reluxação, constatada aos ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0584

sete dias de pós-operatório. Após mais 14 dias houve a recuperação do membro que houve a complicação, sendo retirado o fio de Kirchner. Ambos os membros torácicos permaneceram com tala durante o período em que o pino transarticular estava presente e após a retirada do mesmo por mais duas semanas. A deambulação do animal foi recuperada de forma satisfatória com apoio sobre coxins palmares e digitais. Discussão A luxação congênita do cotovelo acomete principalmente raças pequenas e jovens (RAHAL et al., 2000; MCDONELL, 2004). Assim como o encontrado na literatura, a raça acometida neste caso era de pequeno porte, um pinscher, com menos de dois meses de idade. A etiologia é desconhecida, podendo ser resultante de uma hipoplasia e remodelamento da tróclea e da incisura troclear; da hipoplasia do côndilo medial do úmero com alongamento do ligamento do ligamento colateral medial e da cápsula articular; pode estar relacionado com a hiperplasia do côndilo lateral do úmero e com a contratura da cápsula articular lateral e do ligamento colateral lateral; contratura e deslocamento dos múscuios tríceps; e alterações degenerativas da cartilagem articular (SCHULZ, 2008). São conhecidos três tipos de luxações congênitas (RAHAL et al., 2000). No presente caso, o paciente possui luxação congênita de cotovelo tipo II (úmero-ulnar), sendo pouco comum e com possível predisposição genética. No entanto, o cão foi o único a apresentar a afecção de uma ninhada de 4 filhotes. O diagnóstico da afecção se dá por meio do histórico, exame ortopédico e radiográfico. Sendo o exame radiográfico imprescindível para confirmar a presença de luxação e diferenciá-la de outras doenças do desenvolvimento, como fechamento prematuro da linha fisária distal da ulna e a ectodactilia (MCDONELL, 2004; WEBSTER et al., 2012). Neste caso, optou-se pela redução aberta de ambos os cotovelos, e a estabilização por meio de um pino transarticular. Acredita-se que esta técnica seja uma boa opção de tratamento por ser menos invasiva e com menor tempo de recuperação pós-operatória quando comparada às técnicas que envolvem osteotomia (PIERMATTEI, 2009). Além disso, optou-se por realizar o procedimento cirúrgico em ambos os cotovelos no mesmo tempo, pois segundo Milton et al.(1979) ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0585

em casos de luxação bilateral, em que ambos os membros foram operados no mesmo tempo cirúrgico apresentaram melhores resultados do que os realizados em dias diferentes, uma vez que durante o pós-operatório o animal tende a poupar o membro operado, prejudicando a recuperação do mesmo e quando se opta pela cirurgia bilateral concomitante força-se o animal a utilizar ambos os membros operados de forma precoce, favorecendo assim a recuperação. Complicações podem ocorrer após o uso desta técnica, sendo especialmente associadas ao grau da alteração e o tempo de presença da lesão. Uma outra possível causa é a forma de aplicação do pino. Quando o pino é inserido dentro da diáfise umeral, a chance de reluxação é menor, como observado no presente caso (RAHAL et al., 2000). Conclusão A abordagem cirúrgica com a utilização de um fio de Kirscher transarticular foi o suficiente para o retorno funcional dos membros com luxação de cotovelo congênita. Referências BINGEL SA, RISER WH. Congenital elbow luxations in the dog. J Small Anim Pract. v.18, p.445-456, 1977. CAMPBELL JR. Nonfracture injuries to the canine elbow. J Am Vet Med Assoc. v.155, n.5, p.735-744, 1969. DENNY HR. A Guide to Canine and Feline Orthopaedic Surgery. 3rd ed. London: Blackwell, 1993: p.237-238. MCDONELL, H.L. Unilateral congenital elbow luxation in a Cavalier King Charles Spaniel. Can Vet J. v.45 p.941 943, 2004. MILTON JL, HOME RD, BARTELS JE, HENDERSON RA. Congenital elbow luxation in the dog. J Am Vet Med Assoc. v.175, n.6, p.572-582, 1979. MILTON JL, MONTGOMERY RD. Congenital elbow dislocations. Vet Clin North Am Small Anim Pract. v.17, n.4, p.873-888, 1987. MONTGOMERY RD, FINN S. What is your diagnosis? Am Vet Med Assoc. v.203, n.11, p.1535-1536, 1993. PIERMATTEI DL, FLO GL. Handbook of small animal orthopedics and fracture repair. 3rd ed. Philadelphia: WB Saunders, 1997, p.293-296. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0586

PIERMATTEI, D.L.; FLO, G.L.; DECAMP, E.C.; Ortopedia e tratamento de fraturas de pequenos animais. 4.ed. Barueri: Manole, 2009, p. 369-382. RAHAL, S.C.; DE BIASI, F.; VULCANO, L.C.; NETO, F.J.T. Reduction of humeroulnar congenital elbow luxation in 8 dogs by using the transarticular pin. The Canadian Veterinary Journal, v. 41, p. 849-853, 2000. SCHULZ, K. Afecções articulares. In: FOSSUM, T.W. Cirurgia de pequenos animais. 3.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Cap. 33, p.1143-1315. VALASTRO, C.; BELLO, A.; CROVACE, A. Congenital elbow subluxation in a cat. Veterinary Radiology & Ultrasound, Bari, v. 46, n. 1, p. 63-64, 2005. WEBSTER, N.; ALLAN G.; LAMPEN, G.; MUNRO, Z. Radiographic features of presumed congenital subluxation of the radio head in three Newfoundland littermates. Journal of Small Animal Practice, v. 53, p. 365-366, 2012. WITHROW SJ. Management of a congenital elbow luxation by temporary transarticular pinning. Vet Med Small Animal Clin, v.72, n.10, p.1597-1602, 1977. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0587