9 Sistemas de controle jurisdicional da administração pública: contencioso administrativo e sistema da jurisdição una. 10 Controle jurisdicional da administração pública no Direito brasileiro. 11 Controle da atividade financeira do Estado: espécies e sistemas. 12 Tribunal de Contas da União (TCU), dos Estados e do Distrito Federal. 12.1 Tribunal de Contas do Estado do Pará. 12.1.1 Natureza, competência, jurisdição e organização. FABIO LUCIO
I - Introdução O constituinte originário criou diversos mecanismos de controle da atividade administrativa e, portanto, das licitações e contratos. O controle das atividades estatais é inerente ao regime republicano e ao Estado Democrático de Direito. O Controle das licitações e contratos encontrase, então, inserido num contexto amplo de controle estatal engendrado em diversas normas da Constituição Federal.
II - Controle O controle é inerente a qualquer forma de organização. Administrar compreende: planejar, organizar, dirigir e controlar. A atividade controladora pressupõe o monitoramento de determinada variável com o intuito de compará-la a determinado padrão e, a partir dos resultados, implementar as ações devidas.
III - Controle Estatal O controle estatal é direito fundamental do cidadão consagrado na Carta Magna em diversas passagens: direito de petição (art. 5º, XXXIV); direito de receber dos órgãos públicos informações de interesse geral (art. 5º, XXXIII); ação popular (art. 5º, LXXIII); direito de denunciar aos Tribunais de Contas (art. 74, 2º). O controle estatal é também realizado pelos próprios órgãos do Estado. O controle estatal desempenhado sob a forma de Controle Externo insere-se dentro do sistema de freios e contrapesos, o qual, junto com a tripartição dos poderes, a transitoriedade dos mandatos e o dever de prestar contas fundamentam o sistema republicano.
IV - Controle da Administração Pública Os paradigmas de controle encontram-se expressos em: - nível constitucional: o art. 37, caput, estabelece os princípios da legalidade, publicidade, moralidade, impessoalidade e eficiência; - nível infra-constitucional: a lei 9.784/99, por exemplo, cita, entre outros, os princípios da proporcionalidade, razoabilidade, motivação, segurança jurídica. O controle da Administração surge por diversos mecanismos: autotutela, sistema de controle interno e controle externo, o qual se divide em direto e indireto.
IV.1 - Autotutela Súmula nº 473 do STF: A Administração pode anular seus próprios atos eivados de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, por motivos de conveniência ou oportunidade respeitados os direitos adquiridos e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial. Art. 53 da Lei nº 9.784/99: A Administração deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos.
IV.1 - Autotutela Art. 54 da Lei nº 9.784/99: O direito da Administração de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé. 1 o No caso de efeitos patrimoniais contínuos, o prazo de decadência contar-se-á da percepção do primeiro pagamento. 2 o Considera-se exercício do direito de anular qualquer medida de autoridade administrativa que importe impugnação à validade do ato.
IV.1 - Autotutela A autotutela manifesta-se no controle do ato, do contrato e do procedimento administrativo, tanto no que diz respeito ao controle de legalidade quanto ao de conveniência e oportunidade. O art. 49 da Lei 8.666/93 configura exemplo de autotutela de procedimento: A autoridade competente para a aprovação do procedimento somente poderá revogar a licitação por razões de interesse público decorrente de fato superveniente devidamente comprovado, pertinente e suficiente para justificar tal conduta, devendo anulá-la por ilegalidade, de ofício ou por provocação de terceiros, mediante parecer escrito e devidamente fundamentado.
IV.1 - Autotutela O art. 78 da Lei nº 8.666/93 consigna hipóteses de controle do contrato por parte da Administração. Entre eles, o inciso XII estabelece hipótese de controle de conveniência e oportunidade: Art. 78. Constituem motivo para rescisão do contrato: XII - razões de interesse público, de alta relevância e amplo conhecimento, justificadas e determinadas pela máxima autoridade da esfera administrativa a que está subordinado o contratante e exaradas no processo administrativo a que se refere o contrato.
IV.2 - Sistema de Controle Interno Possui âmbito de atuação mais restrita em relação à autotutela. De acordo com o art. 74 da CF compete ao sistema de controle interno, em relação aos atos de gestão orçamentária, financeira e patrimonial: - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; institucional. - apoiar o controle externo no exercício de sua missão
IV.2 - Sistema de Controle Interno Art. 74. Os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário manterão, de forma integrada, sistema de controle interno com a finalidade de: I - avaliar o cumprimento das metas previstas no plano plurianual, a execução dos programas de governo e dos orçamentos da União; II - comprovar a legalidade e avaliar os resultados, quanto à eficácia e eficiência, da gestão orçamentária, financeira e patrimonial nos órgãos e entidades da administração federal, bem como da aplicação de recursos públicos por entidades de direito privado; III - exercer o controle das operações de crédito, avais e garantias, bem como dos direitos e haveres da União; IV - apoiar o controle externo no exercício de sua missão institucional. 1º Os responsáveis pelo controle interno, ao tomarem conhecimento de qualquer irregularidade ou ilegalidade, dela darão ciência ao Tribunal de Contas da União, sob pena de responsabilidade solidária. 2º Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato é parte legítima para, na forma da lei, denunciar irregularidades ou ilegalidades perante o Tribunal de Contas da União.
IV.2 - Sistema de Controle Interno A importância do controle interno foi ressaltada por meio do Decreto nº 4.304/2002, o qual instituiu a Controladoria-Geral da União, órgão central incumbido da orientação normativa e da supervisão técnica dos órgãos que compõem o sistema. O Controlador-Geral da União, é de notar, possui o status de Ministro.
IV.2 - Sistema de Controle Interno Não há hierarquia entre os sistemas de controle externo e interno. Há complementariedade. O controle externo exercido com o auxílio do TCU, em virtude do aparato jurídico que o cerca, resulta em controle mais contundente (por exemplo, pode-se aplicar multas) em relação ao sistema de controle interno. No entanto, o controle interno possui a vantagem de inserir-se na intimidade do órgão.
IV.3 - Controle Administrativo Externo A Administração Pública que compreende os órgãos que desempenham função administrativa nos três poderes da República sujeita-se ao controle do Judiciário, Ministério Público, Legislativo e da sociedade civil. Abordaremos neste trabalho o controle externo exercido pelo Legislativo.
Formas tradicionais de contratação IV.3.1 - Controle Externo Exercido pelo Legislativo O Poder legislativo exerce dois tipos de controle em relação à Administração Pública: - Controle Parlamentar Direto; - Controle Parlamentar exercido com auxílio do Tribunal de Contas da União (indireto).
IV.3.1.1 - Controle Parlamentar Direto A CF disciplina o Controle Parlamentar Direto. O art. 49 estabelecer ser competência exclusiva do Congresso Nacional: V - sustar os atos normativos do Poder Executivo que exorbitem do poder regulamentar ou dos limites de delegação legislativa X - fiscalizar e controlar, diretamente, ou por qualquer de suas Casas, os atos do Poder Executivo, incluídos os da administração direta
IV.3.1.1 - Controle Parlamentar Direto O art. 50 da CF estabelece que: A Câmara dos Deputados e o Senado Federal, ou qualquer de suas Comissões, poderão convocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares de órgãos diretamente subordinados à Presidência da República para prestarem, pessoalmente, informações sobre assunto previamente determinado, importando crime de responsabilidade a ausência sem justificação adequada..
IV.3.1.1 - Controle Parlamentar Direto Não se pode esquecer das comissões parlamentares de inquérito (CPI s). De acordo com o parágrafo 3º do art. 58 da CF 1988, as comissões terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, serão criadas mediante requerimento de 1/3 da casa legislativa correspondente para apuração de fato determinado por prazo certo. As conclusões de seus trabalhos serão, se for o caso, encaminhadas ao Ministério Público para adoção das providências cabíveis.
IV.3.1.2 - Controle Parlamentar Indireto O O controle parlamentar indireto é realizado pelo Congresso Nacional com o auxílio do Tribunal de Contas da União. Sua disciplina fundamental é dada pelos artigos 70 a 75 da Constituição Federal. Ao longo do art. 71 da Constituição Federal, verifica-se que o TCU desempenha diversas funções: a) fiscalizadora: realiza auditorias e inspeções; b) consultiva: emite parecer prévio sobre as contas do Presidente da República e de Governadores de Territórios (se houver), além de responder a consultas; consultiva, fiscalizadora, informativa, judicante.