XIX CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA

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Transcrição:

XIX CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA A CONTRIBUIÇÃO DO PROJETO DE EXTENSÃO PARA FORMAÇÃO INICIAL DOS ALUNOS DO CURSO NORMAL DO ISEPAM: CAPACITAÇÃO E SUBSÍDIOS LINGUÍSTICOS PARA FUTURA PRÁTICA DOCENTE Liz Daiana Tito Azeredo da Silva (UENF) lizdaiana@ig.com.br) Dhienes Charla Ferreira (UENF) dhienesch@hotmail.com) Eliana Crispim França Luquetti (UFRJ/UENF) elinafff@gmail.com) RESUMO O presente estudo teve como objetivo verificar de que forma o projeto de Extensão da UENF (Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro) intitulado A importância da linguística na formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental e a capacitação de professores para a formação de leitores na escola, contribui no processo de formação inicial de alunos do Curso Normal do ISEPAM (Instituto Superior de Educação Professor Aldo Muylaert). A execução do projeto é realizada através de oficinas, a fim de oferecer subsídios linguísticos para a formação desses futuros professores. Para isso, nos valemos de alguns teóricos que estudam as temáticas abordadas, dentre os quais destacamos: Kleiman (2000), Freire (2002), Libâneo (2003), Pimenta (2005), Geraldi (1984), Gatti (2013), Lajolo (2004) dentre outros. Além disso, analisamos a contribuição do projeto através da percepção dos alunos diante a duas oficinas oferecidas, Do bê a bá às primeiras palavras: a inserção da literatura infantil em sala de aula e, A leitura no processo de ensino e aprendizagem: literatura infantil como caminho mediador. Dessa forma, as oficinas buscaram evidenciar a necessidade de se avaliar as políticas de ensino de línguas para os futuros docentes em suas práticas pedagógicas na sala de aula. Acreditamos que este estudo pode contribuir para a construção de um saber pedagógico e somar com trabalhos e pesquisas, que auxiliem os docentes ao trabalho de ensino e aprendizagem, atrelado ao uso de metodologias inovadoras. Palavras-chave: Linguística; formação inicial; construção de saberes. 1. Contribuições para a mediação na prática pedagógica: relações entre a linguística e a pedagogia A sociedade contemporânea tem sido influenciada por rápidas modificações de desempenho comunicativo e expressivo, que se refletem diretamente no cenário educacional. Logo, se faz necessário repensar o processo formativo para acompanhar essas transformações, assim, go- Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2015. 31

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos vernos e educadores se empenham na reconstrução sobre a concepção de educadores. Nesta perspectiva, o dialogo entre a linguística e a pedagogia, visa amparar as mediações no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que, fundamentam em torno de dois pontos cruciais, são eles: uma política de língua e uma de leitura. A definição da política de língua, nada mais é do que um conjunto de procedimentos coerentes no qual se empreende o esforço de um projeto que elimine, nas propostas curriculares, principalmente as de língua materna, a oposição conflitante entre o normativismo que, via de regra, impõe o falar culto da língua em detrimento das variantes e o fenômeno variacional de base sociolinguística, que permite fluir o discurso e todas as nuances socioculturais do próprio processo social. Já uma política de leitura, pela mesma via, consiste numa metodologia precisa e necessária que institua o texto na escola numa perspectiva reflexiva. Estas são duas das prerrogativas da escola: preservar e promover as identidades de sujeitos. Essas ações favorecem no desenvolvimento da aprendizagem, principalmente nos primeiros anos do ensino fundamental, quando em tese adquire-se, fixa-se e fortalece-se o letramento e o processo de alfabetização. Desta forma, as reflexões aqui deixadas na relação entre os campos da linguística e pedagogia partem do princípio: como devo ensinar a língua e o que devo fazer para incentivar o gosto pela leitura entre os meus alunos e a mim próprio como professor? Estendendo as perguntas, teríamos ainda: o que ensinar? As normas da língua ou o seu uso em contexto? E quanto ao texto? Toda leitura vale a pena? Ainda nesse caso, operamos uma resposta que consiste em sobrevalorizar a leitura como atividade fundadora. Entendemos, pois, que essas questões são relativas à formação dos professores, especialmente para a abordagem do exercício da docência durante o processo de formação inicial, e, muitas escolas e professores que defendem as ideias tradicionais de ensino, ainda defendem o mito de que o certo é falar assim porque se escreve assim (BAGNO. 1999), razão pela qual, os alunos ainda são corrigidos pelos seus professores, por falarem, por exemplo, bunito ao invés de bonito. Pode-se dizer, que 32 Cadernos do CNLF, Vol. XIX, Nº 03 Ensino de Língua e Literatura.

XIX CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA é um ensino totalmente artificial nas palavras de Bagno, pois a pronúncia é resultado das forças internas do idioma. Acreditamos, que munido de conhecimento teórico linguístico o professor terá a capacidade de trabalhar melhor os aspectos que atingem as escolas com relação ao certo, errado, reconhecer e valorizar a língua em toda a sua riqueza e respeitar o aluno em suas especificidades. Visto que, a escola com o passar do tempo, padronizou uma forma sistemática que privilegia em sala de aula a escrita e suas normas. Logo, para que o professor não compactue com essas falsas ideias predominantes na escola, é necessário que ele tenha os embasamentos linguísticos bem formulados. Além disso, tenha como norte a ideia formulada por Freire de que a alfabetização deve cuidar de libertar o homem de suas alienações, a que a consciência dominadora o submete, não utilizar a ideia de educação para domesticação, mas uma educação para a libertação (1987). Sendo assim, a linguística possui inúmeras contribuições que auxiliam no processo de ensino aprendizagem no que concerne a ampliação das habilidades essenciais para a construção de modo reflexivo, crítico e de criação de textos orais e escritos, bem como, gêneros e níveis de formalidades diversos conforme a circunstância social a ser utilizado. Bagno (1999) ainda salienta ainda que a escrita é uma tentativa de representação porque não existe nenhuma outra ortografia em nenhuma língua do mundo que consiga reproduzir a fala com fidelidade (BAGNO, 1999, p. 54). Entretanto, a gramática continua sendo ensinada de modo austero e rígido nas aulas de língua materna. Já Ilari ainda complementa mais especificamente que, De todas as práticas escolares, a que foi mais questionada no contexto criado pela linguística, foi a velha prática do ensino gramatical. Entre outras coisas, lembrou-se que os verdadeiros objetos linguísticos com que lidamos no do dia a dia são sempre textos, nunca sentenças isoladas, e observou-se (com razão) que as gramáticas têm muito pouco a dizer sobre esses objetos; mostrou-se que os gramáticos descrevem uma língua sem existência real; e apareceram vários livros que, desde o título, caracterizavam o ensino gramatical como uma forma de opressão ou minimizavam seu interesse pedagógico. Com base nas ideias vistas, podemos dizer que a implicação que esperamos é a de que a escola seja orientada no desenvolvimento de programas e projetos visando a discussão, planejamento e implementação de Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2015. 33

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos metodologias específicas no campo dos usos sociais da linguagem bem como à formação inicial e continuada de professores. 2. O projeto de extensão A importância da linguística na formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental e a capacitação de professores para a formação de leitores na escola O projeto de extensão aqui abordado tem como objetivo evidenciar a importância da ciência linguística na formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental, com trabalho de capacitação. São realizados encontros com os alunos do curso normal médio do ISEPAM, a fim de oferecer subsídios linguísticos para a formação desses futuros professores, que envolve aproximadamente 80 alunos. As atividades realizadas visam à capacitação docente partir das políticas de ensino de línguas, especialmente a materna. São diversos fatores que possibilitam a viabilizam a execução do projeto de extensão, como a orientação científica dos estudos de linguística, por força dos obstáculos, não se encontra plenamente estabelecida, razão pela qual entendemos que a gramática continua sendo o apoio fundamental da orientação dos programas de línguas, uma vez que se observa que a noção que se procura ter de língua é a de uma estrutura estável, acabada, disponível de maneira uniforme entre todos os falantes. Um dos problemas encontrados são as inadequações metodológicas e curriculares dos programas de formação docente. Dessa forma, as oficinas e palestras oferecidas, buscam auxiliar o processo formativo desses alunos, as abordagens seguem as relações com os campos linguísticos e pedagógicos. 3. A contribuição do projeto: análise da percepção dos alunos do curso normal do ISEPAN O projeto de extensão realizado com alunos do curso normal do ISEPAN tem como objetivo mais imediato, criar entre alunos e docentes uma dinâmica de língua e leitura na escola, uma dinâmica que retire as circunstâncias exclusivamente acadêmicas desta atividade e a levem para o cotidiano, como atividade plena de satisfação real e concreta. Durante o percurso de formação, entram em cena vários desafios para os alunos dos cursos de licenciatura, como lidar com dilemas esco- 34 Cadernos do CNLF, Vol. XIX, Nº 03 Ensino de Língua e Literatura.

XIX CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA lares que as literaturas estudadas não abordaram vivenciar na realidade de uma sala de aula e enfrentamentos de aprendizagem dos alunos; essas questões são sempre discutidas pelos licenciandos no processo de formação. Além dos confrontos pessoais da escolha certa da profissão. Nesta perspectiva, as oficinas ofertadas buscam sempre subsidiar as possíveis lacunas do processo formativo, a cada final dos encontros é aplicado um questionário, a fim de saber a percepção dos alunos perante o que foi passado, e também, da necessidade dos alunos em temas para as próximas oficinas. Tomamos como base para a realização deste trabalho, duas oficinas, ambas abordaram de que forma a leitura deve ser explorada e suas estratégias pedagógicas. As palestras levaram a reflexão de que um dos problemas que surgem nos anos iniciais do ensino fundamental é quando a leitura é pouco estimulada, empobrecida, retirada somente dos livros didáticos, apresentando-se pouco atrativa, escolhida de forma aleatória. E também, que os educadores são os principais agentes da formação de leitores. Para exemplificação, trazemos aqui, os relatos, extraídos de um dos questionários abordaram durante as oficinas intituladas, Do bê a bá as primeiras palavras: a inserção da literatura infantil em sala de aula e A leitura no processo de ensino e aprendizagem: literatura infantil como caminho mediador. Assim, as percepções dos alunos em relação às oficinas foram: G. S / 19 anos Me ajudou para melhor aprendizagem na minha formação, me ensinou melhor o que é o RCNEI, adorei a oficina, e me ensinou também que devemos ensinar sim os bebês a aprender a usar os livros. M. de A. G /17 anos A oficina me ajudou a como trabalhar melhor com a educação infantil, a importância da leitura na vida de todas as crianças, a experiência de criar dedoches e recrear uma história foi muito boa. M. T. C / 16 anos Contribui para desenvolver e ampliar nosso conhecimento de uma forma de aprendizagem significativa, havendo o link da teoria com a prática. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2015. 35

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos Assim, através dessa breve apreciação dos relatórios, evidenciamos que a sensibilidade dos alunos e a compreensão na busca de caminhos norteadores para esse direcionamento. Vimos que a oficina estimulou a reflexão da necessidade de se desenvolver novas ações metodológicas como forma de dinamizar o processo de ensino superando a pedagogia tradicionalista ainda presentes na sala de aula e, consequentemente, minimizar o fracasso escolar, principalmente, no estimo a formação de leitores. Para melhor entender como os alunos do curso normal percebem as contribuições do projeto de extensão em seu próprio processo formativo, elaboramos um questionário especifico, estruturado em onze perguntas discursivas a cerca da oficina A leitura no processo de ensino e aprendizagem: literatura infantil como caminho mediador. A amostra foi de 22 (vinte e dois) alunos do 3º (terceiro) período curso normais do ISEPAN. Nessa amostra, vimos que 21 (vinte e um) eram do sexo feminino e 01 (um) do masculino, com faixa etária de idade entre 17 (dezessete) a 21 (vinte um) anos. Referente a atuação profissional, vimos que 4 (quatro) já atuam na educação infantil, 7 (sete) não tiveram contato ainda e 11 (onze) só tiveram contato através da disciplina estágio ofertada pelo curso. Outra análise relevante, foi se os alunos possuíam algum conhecimento prévio sobre o tema, a maioria respondeu que sim, através da disciplina educação infantil, e, apenas 1 (um) não respondeu. Na questão 7 (sete), foi indagado: Como você classifica seu processo de formação? Atende suas expectativas? As respostas obtidas, foi que Sim, atende, bom. Os alunos apontaram também que existe uma defasagem de professores em algumas disciplinas. Referente à segunda questão extraída do questionário, foi perguntado: A oficina favoreceu de alguma forma em seu aprendizado?" Todos foram unânimes, respondendo que Sim. E expuseram que a oficina proporcionou a ampliação e o fortalecimento do aprendizado, visando à prática da leitura em seus nos futuros alunos. E também apontaram que fez refletir sobre a concepção da importância da formação de leitores desde a educação infantil. 36 Cadernos do CNLF, Vol. XIX, Nº 03 Ensino de Língua e Literatura.

XIX CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA A terceira pergunta foi em ênfase a relação teoria e prática, se esta acontece nas disciplinas ofertadas pelo curso. Dessa maneira, as informações obtidas formam que, 13 (treze) responderem que sim, que existe interação entre a teoria e a prática, principalmente nas disciplinas práticas pedagógicas e estágios. Contrapondo esses dados, vimos que 8 (oito) responderam, que Não existe relação entre teoria e prática, deixando a cargo apenas para algumas disciplinas especificas, prevalecendo a teoria. E estes apontaram que nas disciplinas não incentivam praticas de leituras. As respostas obtidas confirmam como é importante o desenvolvimento de projetos de valorização da formação do professor que possibilita a integração dos estudos teóricos com as verdadeiras necessidades da realidade escolar, pois é mediante o processo de reflexão sobre sua prática dentro da realidade escolar que o futuro professor vai construir uma proposta pedagógica voltada paras as reais necessidades do contexto escolar. 4. Conclusão Este artigo buscou apresentar as contribuições da linguística para a formação de futuros professores que atuarão no primeiro segmento do ensino fundamental. E para isto, apresentamos uma análise da percepção desses futuros profissionais diante de oficinas que trabalham os conceitos fundamentos da teoria linguística e da mediação pedagógica. A formação docente é um tema de constantes pesquisas em função dos enfrentamentos no processo de ensino em nossa sociedade. No processo formativo, a preocupação com as licenciaturas é no âmbito das estruturas institucionais e aos seus currículos e conteúdos, reputando ao professor e à sua formação a responsabilidade sobre o desempenho pedagógico, diante dos dilemas encarados no sistema educativo. Dessa forma, o estudo visou à contemplação do projeto de extensão intitulado A importância da linguística na formação de professores dos anos iniciais do ensino fundamental e a capacitação de professores para a formação de leitores na escola, executado através de oficinas de capacitação, visando contribuir no processo de formação inicial de alunos do curso normal do ISEPAN. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2015. 37

Círculo Fluminense de Estudos Filológicos e Linguísticos REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAGNO, Marcos. Dramática da língua portuguesa. Tradição gramatical, mídia e exclusão social. 2. ed. São Paulo: Loyola, 2000.. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 1999. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e linguística. São Paulo: Scipione, 1989. FIORIN, José Luiz. Linguagem e ideologia. 6. ed. São Paulo: Ática, 1998. FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987. GERALDI, João Wanderley. Linguagem e ensino: exercícios de militância e divulgação. Campinas: ALB/Mercado das Letras, 1996. LIMA, Maria Cecília de. Conscientização de alunos(as) sobre o preconceito linguístico. In: SILVA, Denise Elena Garcia da; VIEIRA, Josênia Antunes (Orgs.). Análise do discurso: percursos teóricos e metodológicos. Brasília: UnB, Oficina Editorial do Instituto de Letras; Editora Plano, 2002. LUFT, Celso Pedro. Língua e liberdade: por uma nova concepção da língua materna e seu ensino. Porto Alegre: L&PM, 1985. MOURA, Sérgio Arruda de et al. Políticas linguísticas na escola: extensão no ISEPAM. 9ª Mostra de Iniciação Científica, 4ª Mostra de Pós- Graduação e 2ª Mostra de Extensão. Campos dos Goytacazes: UENF, 2004.. Técnica e linguagem. Jornal Educação e Cultura, p. 13, jul./ago. 1977. VIGOTSKI, L. S. Pensamento e linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2000.. Língua e sociedade. Língua escrita e falada: a noção de erro e acerto na língua nossa de cada dia nos itens expressividade, comunicabilidade e flexibilidade. Search, ano 5, n. 4, p.5, maio/1999. 38 Cadernos do CNLF, Vol. XIX, Nº 03 Ensino de Língua e Literatura.