CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL. Aula Ministrada pelo Prof. Durval Salge Júnior (Aula 21/09/2017). Manifestação de vontade / Proposta e aceitação / extinção dos contratos. No mundo dos contratos o silêncio importa anuência, nos termos do artigo 111 do Código Civil. Art. 111. O silêncio importa anuência, quando as circunstâncias ou os usos o autorizarem, e não for necessária a declaração de vontade expressa. Cuidado com notificação extra judicial, deve ser respondida sob pena de aplicação do artigo 111 CC. No Direito Civil, especialmente nos negócios jurídicos, a parte deve evitar o silêncio quando for interpelada. Segundo a lei o efeito do silêncio será a concordância quanto à interpelação enviada. Normalmente tais interpelações têm por objetivo extrair previamente confissões, bem como saber antecipadamente quais são os fundamentos e documentos que o interpelado possui. A partir destes documentos e informações a parte interpelante poderá redirecionar seus argumentos com maior poder de fogo. Recomenda-se que as respostas sejam no seguinte teor: Exemplo de Contra Notificação: Acusamos o recebimento de sua notificação (interpelação) datada de, cujos dizeres merecem nossa mais especial atenção. Acerca da referida notificação, vimos informar que a mesma não tem qualquer procedência. Atenciosamente. 1
Formação dos Contratos (Fase de puntuação) O contrato torna-se perfeito e acabado, no momento em que a proposta encontra a aceitação. A proposta obriga o proponente, uma vez feita a proposta está só poderá se modificada se a parte contraria não aceitar a proposta original. PRELIMINAR MINUTA Assinatura Execução CONTRATO DEFINITIVO Proposta encontra aceitação/ contrato esta perfeito/ este momento já produz efeitos jurídicos Fase de elaboração da promessa de contrato ou contrato definitivo Contrato definitivo ou promessa Assinado "Pacta sunt servanda" Para Maria Helena Diniz a proposta constitui ato jurídico unilateral, pelo qual o proponente convida o aceitante a contratar, apresentado desde logo os termos em que se propõe a fazê-lo. A proposta obriga o proponente, para assegurar a estabilidade das relações jurídicas. A aceitação consiste na vontade concordante do aceitante, feita dentro do prazo e envolvendo a adesão integral a proposta recebida. Se ainda não recebeu dá para aditar a proposta. Se o outro lado mudar a proposta comporta nova aceitação. Art. 431. A aceitação fora do prazo, com adições, restrições, ou modificações, importará nova proposta. 2
Minuta é a fase de elaboração conjunta da promessa e do contrato definitivo (bilateral, sinalagmático e paritário). Por força do artigo 434 o contrato torna-se perfeito e acabado no momento em que a proposta encontra a aceitação. Caso haja por parte dos postulantes qualquer movimentação para execução do contrato já perfeito, no caso da outra parte abandonar, por mero capricho, as negociações preliminarmente, deverá indenizar a outra parte, no caso desta ter experimentado danos em decorrência deste abandono. Art. 434. Os contratos entre ausentes tornam-se perfeitos desde que a aceitação é expedida, exceto: (Grifo nosso) I - no caso do artigo antecedente; II - se o proponente se houver comprometido a esperar resposta; III - se ela não chegar no prazo convencionado. Uma forma de evadir-se da proposta é informar que pode revogar a proposta a qualquer momento unilateralmente. Teoria do interesse contratual negativo (Rudolf Von Ihering). Ao se contrapor ao mero capricho, sustenta Rudolf Von Ihering caso exista um fundamento muito potente para abandonar não haverá o nascimento da obrigação de reparar. Esta teoria é chamada de interesse contratual negativo. Consiste na reposição da parte lesada ao estado anterior à celebração do contrato, como se o contrato jamais tivesse existido. Cabe perdas e danos e danos materiais se a parte lesada tiver incorrido em despesas que não teria assumido se pudesse prever que o contrato não seria concluído. Exemplo da Teoria do interesse contratual negativo, quando a proposta acha uma aceitação contrato está perfeito e produz efeitos, negativo quando acontece algo imprevisível que afete o negócio, como, por exemplo, na propriedade objeto do negócio ocorre um crime nas véspera da assinatura do 3
contrato. Esta teoria pode ser usada como argumento em Ação Declaratória para anular uma proposta. Da para alegar a teoria do interesse contratual negativo na fase Preliminar e até a minuta, já na promessa alegar vício (erro, dolo, coação, estado de perigo e a lesão, fraude contra credores e a simulação). Extinção dos contratos. A extinção do contrato consiste no momento que o contrato chega ao fim, ou seja, quando incide algum fator que acarreta o término da relação contratual. Distrato a forma mais difícil de extinguir um contrato, por quanto neste caso é necessário à vontade de todos os envolvidos no contrato primitivo para que a extinção do contrato possa surtir efeitos. O distrato deve obedecer o mesmo formato do contrato original art. 472. Art. 472. O distrato faz-se pela mesma forma exigida para o contrato. Resolução neste caso a extinção do contrato estará relacionada ao inadimplemento de qualquer dos contratantes. Normalmente quando ocorre o inadimplemento haverá apenas a mora. E se houver cláusula penal, mais conhecida como multa, exposição da multa. Mais, se as partes contrataram que o inadimplemento causará também a extinção, assim se ultimará a avença. Cliente que tem por tendência a ser inadimplente o contrato dele não deve constar a cláusula resolutiva. A cláusula resolutiva é expressa e independe da aceitação da outra parte. Exemplo de cláusula resolutória: este contrato estará extinto de pleno direito, pelo inadimplemento das obrigações ora contratados. Art. 474. A cláusula resolutiva expressa opera de pleno direito; a tácita depende de interpelação judicial. 4
Resilição Modo de extinção do contrato pela renúncia unilateral de qualquer dos contratantes. Normalmente não se costuma fundamentar essa posição de que a parte não tem mais interesse na continuidade da relação jurídica. Quem tiver interesse em manter o negócio coloca o parágrafo único do artigo 473 no contrato. Art. 473. A resilição unilateral, nos casos em que a lei expressa ou implicitamente o permita, opera mediante denúncia notificada à outra parte. (Grifo nosso). Parágrafo único. Se, porém, dada a natureza do contrato, uma das partes houver feito investimentos consideráveis para a sua execução, a denúncia unilateral só produzirá efeito depois de transcorrido prazo compatível com a natureza e o vulto dos investimentos. Cuidado que na resilição tem a notificação, denúncia expressa. Pode sair o momento que quiser, basta a notificação, o advogado diligente define no contrato como será a notificação, por exemplo, por carta registrada. Cuidado ao colocar em contrato cláusula de resilição por motivo justo, pois, motivo justo pode ser para um e não ser para o outro, cabendo interpretação judicial. Como fazer cláusula resilitória: qualquer das partes que tiver interesse em por fim ao presente contrato, notificará a outra, com antecedência de / / (normalmente 30 dias), por carta registrada (AR). Bons Estudos!!! Prof.ª. Adriana Aparecida Duarte. 5