Políticas de integração para mobilidade urbana em cidades coordenadas por diferente modais Wagner Colombini Martins 20/09/2013
A gestão pública brasileira é marcada pela atuação setorial, com graves dificuldades em promover estratégias integradas em suas ações, especialmente no meio urbano Por que, em geral, as políticas públicas têm caráter setorial e não são tratadas de forma integrada e intersetoriais? PLANO DIRETOR Plano Plurianual (PPA) Plano de Metas Plano Diretor Transportes e Mobilidade Plano de Habitação Plano de Meio ambiente Plano de Saneamento Plano de Drenagem E como fica a Política de Mobilidade?
Tal dificuldade na integração da concepção das políticas urbanas gera problemas para a mobilidade dos habitantes das cidades, que tornam-se ambientes com acessibilidade deficiente Mas o que é Mobilidade e Acessibilidade?
Acessibilidade é a possibilidade e facilidade de se atingir determinado destino desejado, sendo um atributo de pontos do território, relativo à facilidade de se chegar até eles pelos diversos modos de transporte ACESSIBILIDADE Destacam-se dois níveis de ACESSIBILIDADE: Macroacessibilidade Relacionada à facilidade de acesso a pontos distantes do território por meio de conexões estruturais Microacessibilidade, Depende de condições locais de acesso aos sistemas Facilidade de se chegar a determinado destino. É um atributo dos lugares. Acessibilidade Universal Conceito utilizado para caracterizar projetos e adequações do ambiente construído para pessoas com deficiência (ABNT NBR 9050)
Por outro lado, Mobilidade é um atributo dos usuários do sistema de transportes, e mede a movimentação dos indivíduos no território de acordo com o número de viagens que realiza MOBILIDADE MOBILIDADE: Uma pessoa tem maior ou menor mobilidade de acordo com o número de viagens que faz no seu dia a dia: de casa ao trabalho, da escola ao parque, da fazenda à igreja etc. Mede os deslocamentos do indivíduo no território. É um atributo das pessoas. MOBILIDADE URBANA Está relacionada à quantidade e qualidade das viagens do conjunto da população residente em uma cidade INDICE DE MOBILIDADE URBANA Expressa o número de viagens por dia que um indivíduo realiza, podendo ser agrupado por condições socioeconômicas ou por unidades territoriais
Na Política Nacional de Mobilidade Urbana de 2012, a mobilidade urbana vai além dos serviços de transporte, e inclui a relação entre os deslocamentos de pessoas e bens com o meio urbano Matriz da Política Nacional de Mobilidade Urbana: Estatuto da Cidade (lei 10.257/01) Lei 12.587 de 03/01/2012 FUNDAMENTOS da Lei de Mobilidade Urbana Formulação e execução de uma política nacional de mobilidade urbana, em um contexto de Estado democrático e baseado em cooperação federativa É um instrumento de desenvolvimento urbano e de promoção do bem-estar social Política mais ampla que não engloba tão somente os serviços de transporte urbano Mobilidade urbana vai além de ser um conjunto de serviços estanques e desarticulados Destaque da relação dos deslocamentos das pessoas e bens com o meio urbano
A Lei 12.587 de 03/01/2012 compreende que a Mobilidade é instrumento de desenvolvimento urbano e de promoção do bem-estar social, em um contexto democrático de gestão pública A rede de transportes define a estruturação e o desenvolvimento do território urbano Subúrbio Ferroviário em Salvador Linhas de Bonde em São Paulo Ponto de ônibus em Brasília Subúrbio Rovoviário em Los Angeles
Entre os princípios da Lei de Mobilidade estão a acessibilidade universal, o desenvolvimento sustentável, a equidade no acesso ao transporte e no uso do espaço de circulação PRINCÍPIOS da Lei de Mobilidade Urbana Acessibilidade universal Desenvolvimento sustentável Equidade no acesso ao transporte coletivo Transparência e participação no planejamento, controle e avaliação da política de Mobilidade Segurança nos deslocamentos Equidade no uso do espaço público e circulação, vias e logradouros Justa distribuição dos benefícios e ônus decorrentes do uso dos diferentes meios e serviços
A Lei indica a prioridade dos transportes não motorizados e do transporte coletivo, e destaca a necessária integração da política de mobilidade com a de controle e uso do solo urbano PRINCÍPIOS da Lei de Mobilidade Urbana Prioridade dos meios de transportes não motorizados sobre os motorizados e dos serviços de transporte público coletivo sobre o transporte individual motorizado Integração da política de mobilidade com a de controle e uso do solo Alargamento de calçada com ciclovia San Francisco Faixa exclusiva de ônibus - São Paulo Adensamento junto a eixos de transporte - Curitiba
A Lei de Mobilidade destaca a importância da diversidade e da complementaridade entre meios e serviços de transporte que estruturem o território, com redução e mitigação de seus custos PRINCÍPIOS da Lei de Mobilidade Urbana A complementaridade e diversidade entre meios e serviços (intermodalidade) A mitigação dos custos ambientais, sociais e econômicos dos deslocamentos de pessoas e bens O incentivo ao desenvolvimento tecnológico e ao uso de energias renováveis e não poluentes A priorização de projetos de transporte coletivo estruturadores do território
Para fomentar a complementariedade dos modos de transporte é importante planejar uma rede hierarquizada e eficiente de serviços coletivos, com atenção aos custos para o usuário PRINCÍPIOS da Intermodalidade Integração tarifária Modicidade dos custos financeiros para o usuário e redução de seus custos temporais Organização de sistema tronco-alimentado, com serviços capilares adequados às demandas locais (tanto na alimentação dos troncais quanto na distribuição dos usuários) Cuidados projetuais com a microacessibilidade entre modos, garantindo ambiente seguro e confortável para a integração intermodal
Intermodalidade deve incluir os modos individuais (Park & Ride) e transporte não motorizado (bom acesso ao pedestre e bicicletários), como modos alimentadores dos sistemas troncais de transporte coletivo PRINCÍPIOS da Intermodalidade Inclusão do modo motorizado individual na integração (Park & Ride) Inclusão do modo não motorizado por bicicletas como alimentador de sistemas troncais
Na hierarquização do transporte público, os modos sobre trilhos são opções para sistemas de alta e média capacidade, de acordo com a demanda e o contexto urbano em que serão inseridos METRÔ: Transporte sobre trilhos, de alta capacidade, pode transportar até 80 mil pessoas por hora por sentido. No Brasil, o maior sistema de metrô é o de São Paulo, que transporta em média 3,7 milhões de pessoas por dia, chegando a cerca de 60 mil passageiros por hora em cada sentido. TREM: Os trens de subúrbio têm capacidade de transportar em média 50 mil pessoas por hora por sentido. O sistema paulistano, operado pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), tem cerca de 2,3 milhões de passageiros todos os dias. VEÍCULO LEVE SOBRE TRILHOS (VLT): Modalidade de transporte sobre trilhos de média capacidade com tração elétrica ou a diesel, transportando até 15 mil pessoas por hora por sentido.
Os modos sobre pneus oferecem soluções de alta e média capacidade na configuração da rede integrada de transportes coletivos, com implantação rápida e flexibilidade operacional MONOTRILHO: Veículos que rodam sobre pneus em vigas elevadas que transportam até 15 mil passageiros por hora em cada sentido. BUS RAPID TRANSIT (BRT): Sistema sobre pneus, de alta e média capacidade, utiliza corredores segregados com pista à esquerda e estações no canteiro central, ônibus articulados. Possuem, geralmente, capacidade para transportar de 15 mil a 25 mil pessoas por hora por sentido, podendo chegar a mais de 40 mil, como é o caso do Transmilenio, em Bogotá ÔNIBUS: Sistema de transporte público urbano mais disseminado no Brasil, tem capacidade de transportar cerca de 6 mil pessoas por hora por sentido
O instrumento fundamental para a implantação da Política de Mobilidade Urbana é o Plano de Mobilidade, exigido para municípios com mais de 20 mil habitantes Plano de mobilidade urbana PlanMob Os municípios com mais de 20 mil habitantes estão obrigados à implantação de um PlanMob; os que não o fizerem no prazo máximo de 3 anos da vigência da Lei portanto até janeiro de 2015 estarão impedidos de receber verbas federais destinadas à mobilidade urbana.
A Lei indica os temas que devem ser priorizados no PlanMob, tais como gestão de demanda de automóveis, atenção ao pedestre e ao ciclista, transporte de carga, qualificação e priorização do transporte coletivo Priorização dos seguintes temas Gestão da demanda de automóveis Qualificação do sistema de ônibus convencional Política tarifária Atenção ao pedestre Atenção aos ciclistas Prioridade dos modais não motorizados e Transportes Públicos Transporte de carga urbana Participação social
17 Em resumo, um Plano de Mobilidade tem a missão de organizar a disputa pelo espaço que dá suporte aos deslocamentos urbanos, de modo a garantir a equidade no acesso à cidade 60 passageiros e 1 ônibus 60 ciclistas e suas bicicletas 60 motoristas e seus carros (que nem cabem na foto)
OBRIGADO!