Avaliação de uma intervenção nutricional convencional em atletas de luta



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Brazilian Journal of Sports Nutrition Vol. 1, No. 1, Março, 2012, 1 9 Avaliação de uma intervenção nutricional convencional em atletas de luta Carlos Eduardo Andrade Chagas 1, Sandra Maria Lima Ribeiro 2 1 Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil 2 Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil RESUMO OBJETIVOS: avaliar o estado nutricional de atletas de modalidades de luta e, a partir dessas informações, elaborar correções no planejamento alimentar e avaliar os reflexos das correções na composição corporal. MÉTODOS: para a avaliação inicial foram determinados: peso corporal, altura, dobras cutâneas (para determinação da composição corporal), diário alimentar (autopreenchido, por quatro dias não consecutivos), dados bioquímicos (uréia e creatinina plasmáticos e urinários, glicemia de jejum, colesterol total, LDL e HDL). Foi proposto um planejamento alimentar constituído basicamente pela melhor distribuição entre macronutrientes, distribuição de número de refeições a aumento da densidade de nutrientes essenciais das dietas. O planejamento alimentar proposto foi acompanhado por três meses. Após esse período, os atletas foram submetidos a uma nova avaliação antropométrica. RESULTADOS: na avaliação inicial, todas as variáveis bioquímicas encontraram-se dentro dos limites de normalidade. Por outro lado, a análise dietética dos atletas mostrou grande irregularidade, principalmente no que diz respeito a estratégias rápidas para perda de peso. A distribuição percentual entre os macronutrientes apresentou-se inadequada, com baixo consumo de carboidratos e alto consumo de gorduras. Houve inadequação na ingestão de micronutrientes como o cálcio em ambos os sexos (783,3 mg para os homens e 882,4 mg para as mulheres) e o ferro para as mulheres (13,8 mg). O percentual de gordura corporal foi de 14,7% para os homens e 28,2% para as mulheres. Após a intervenção, observou-se modificações significativas na composição corporal, com destaque para o percentual de gordura, que foi reduzido em -2,5% (p<0,05) para os homens e -1,5%(p<0,05) para as mulheres. Conclusão: pôde-se comprovar a eficiência da orientação alimentar aos atletas, o que pode ser considerado como uma estratégia saudável. Mais estudos são necessários no sentido de avaliar se, com esse tipo de intervenção, é possível evitar a prática de estratégias rápidas para perda de peso por esses atletas. Palavras-chave: hábitos alimentares, lutadores, perda de peso, composição corporal Recebido em 13 de Dezembro de 2010; aceito em 24 de Fevereiro de 2011. 2012 Associação Brasileira de Nutrição Esportiva http://www.abne.org.br 1

ABSTRACT AIM: to evaluate the nutritional status of wrestlers; - to correct the inadequate behaviors from the prescription of an eating plan; - evaluate the results of interventions on body composition. METHODS: from initial evaluation weight, height, body composition, food registers (self-related from 4 non-consecutive days, biochemical parameters (urea and creatinin, fast glucose, total cholesterol, LDL-cholesterol and HDL-cholesterol) were evaluated. After the evaluation, a nutrition prescription was directed to each athlete, based on adequate distribution among macronutrients and improved density of essential nutrients. These orientations were followed during three months. After this period, the athletes were submitted to a new anthropometric evaluation. RESULTS: according to initial results, biochemical variables were between normality ranges for all athletes. However, the diet showed to be inadequate, and the athletes reported a recurrent adoption of strategies aiming to fast weight loss. The macronutrients distribution was inappropriate, with low intake of carbohydrates and high intake of lipids. The micronutrients was below the recommendation for calcium (783.3mg for the men and 882.4mg for the women), and iron (13.8mg for women). The percentage of body fat was 14.7% for men and 28.2% for the women. After the dietetic intervention, it was possible to identify significant modifications in the body composition, mainly regarding body fat percentage, which was -2,5% (p<0,05) reduced in men and -1,5%(p<0,05) reduced in women. CONCLUSION: it was possible to confirm the importance of nutritional counseling, aiming to improve the healthy food choices. Also, more studies are needed in order to identify if this kind of counseling is capable of avoiding the adoption of unhealthy strategies to lose weight. Key-words: eating behavior, wrestlers, weight loss, body composition. Introdução Uma dieta balanceada é fundamental para a adequação da composição corporal e para o melhor rendimento em todas as modalidades esportivas. Em lutas, sabe-se que o peso corpóreo é fator determinante para a classificação dos atletas em competições 1 Apesar das advertências de órgãos como o American College of Sports Medicine 1 um número considerável de atletas adota condutas questionáveis para perda ponderal rápida. As estratégias geralmente consistem em restrição energética severa ou ainda em tentativas de redução da água corporal, com ingestão de diuréticos, longa exposição a ambientes quentes utilizando roupas plásticas, indução de vômitos, ou mesmo uso de supressores de apetite. Estudos demonstram que a prática dessas estratégias podem prejudicar o rendimento durante as lutas 1 1. KRAMER et al 1, investigaram lutadores universitários que perderam 6% do peso corporal em uma semana. Durante um campeonato, a potência dos membros inferiores e a força dos membros superiores foram gradativamente reduzidas, além de terem sido observadas elevações significativas nas concentrações de testosterona, cortisol, e lactato após cada luta. Esses efeitos combinados com o estresse provocado pela competição foram refletidos no rendimento. Em estudo conduzido por CHOMA ; SFORZO e KELLER 1, foi associado o impacto das estratégias para perda ponderal rápida na função cognitiva de lutadores. O grupo controle manteve a dieta habitual, enquanto o grupo experimental lançou mão dessas estratégias. Neste último grupo, os resultados de dois testes de memória foram prejudicados. Estes atletas também apresentaram volemia e glicemia diminuídas. Muitas vezes, restrições dietéticas severas são praticadas por períodos de tempo relativamente grandes. STEEN & MCKINNEY 1, estudando os hábitos alimentares de lutadores, mostraram que 37% desses atletas não alcançavam a recomendação energética e 15% apresentavam um baixo consumo de proteínas. Descreve-se que dietas mal planejadas podem ser responsáveis por alterações da composição corporal e dos lipídeos plasmáticos, pela diminuição da resistência imunológica, e até por comprometimento renal. Nesse sentido, GUNDERSON e MCINTOSH 1, detectaram maior prevalência de sobrepeso, obesidade e cardiopatias nos período de destreinamento em ex-lutadores que tinham o hábito de adotar estratégias severas para perda de peso. 2

Desta forma, o processo de perda de peso deve acontecer de uma forma lenta e ajustada às características individuais. SCHWARZKOPF & JENSEN 1, estudaram um grupo de lutadores que recebeu um plano alimentar com 60% de carboidratos e 1g de proteína por Kg de peso corporal, juntamente com uma restrição energética igual ou maior que 1200 Kcal/dia, com o intuito de alcançar o peso alvo no período de seis semanas. O grupo que recebeu orientação perdeu 2,7kg (0,4kg de massa magra) enquanto o grupo controle reduziu apenas 0,6kg (0,6kg de massa magra), o que demonstra a importância de uma orientação alimentar adequada. Com base nesses dados, pode-se inferir que, principalmente em longo prazo, estratégias inadequadas de perda de peso corporal podem diminuir o rendimento e trazer prejuízos à saúde. Desta forma, o presente estudo teve como objetivos: -avaliar alguns aspectos do estado nutricional de atletas de diferentes modalidades de luta; -propor correções alimentares a partir dessa avaliação e; - investigar os resultados dessas correções sobre a variação na composição corporal. Métodos Indivíduos do estudo Foram acompanhados sete atletas de judô e seis atletas de jiu-jitsu, de ambos os sexos (sete homens e seis mulheres), com idade entre 18 e 24 anos, na cidade de Santos- SP. Na época do estudo (2003), todos os avaliados participavam de competições e praticavam esse tipo de atividade por pelo menos duas horas diárias. O tempo médio de treinamento diário foi de 3,5h. Os avaliados foram informados sobre os objetivos e a metodologia do trabalho, e todos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido para a participação no estudo, seguindo a Declaração de Helsinki. Anamnese geral Todos os participantes responderam a um questionário contendo dados gerais sobre estado de saúde, condições sócioeconômicas e conhecimentos básicos sobre alimentação e nutrição. Além disso, foi permitido ao atleta dissertar a respeito de estratégias para redução de peso corporal. Composição corporal A gordura corporal foi avaliada a partir da medida da espessura do tecido adiposo subcutâneo em regiões específicas do corpo, com auxílio de um adipômetro tipo compasso de Lange. Foram medidas as dobras cutâneas das regiões: coxa, suprailíaca, subescapular, abdominal e tricipital, com o posterior uso das equações propostas por JACKSON & POLLOCK 1 1 para o cálculo da densidade corporal. Para a conversão da densidade corporal em porcentagem de gordura, foi adotada a proposta de SIRI 1. A partir desses dados, foram calculados o peso da gordura e o peso da massa magra. Dados Bioquímicos O sangue foi coletado após um período de 8 horas de jejum e repouso, no início da manhã. No dia anterior à coleta do mesmo, os atletas procederam à da urina de 24 horas. A partir desses materiais biológicos, foram dosados: uréia e creatinina plasmáticos e urinários (colorimetria); glicemia, colesterol sérico total e suas frações (LDL-colesterol, HDL-colesterol, VLDL-colesterol) e triacilgliceróis. (método enzimático Doles e Labtes e a partir da equação de Friedwald). Dados alimentares Os indivíduos preencheram, após as devidas orientações, quatro diários alimentares em dias não consecutivos, incluindo um dia do final de semana. Os dados dietéticos foram calculados utilizandose o software Diet-pró versão 3.0. Para comparação com a ingestão energética, o gasto diário deste foi estimado a partir da fórmula proposta por CUNNINGHAN 1 e o fator atividade proposto foi de sete para o tempo de treinamento do indivíduo 1. Os valores dos macronutrientes e micronutrientes foram comparados com os padrões estabelecidos pela DRIs 1. INTERVENÇÃO ALIMENTAR 3

Resultados A Tabela 1 apresenta os cálculos nutricionais de acordo com a média dos quatro dias dos diários alimentares. Para melhor visualização das adequações, são também apresentados na Tabela os valores das estimativas de gasto energético e os valores de referência de consumo, de acordo com as DRIs 14. Como principais constatações, para ambos os sexos a ingestão energética foi inferior às estimativas, o consumo de carboidratos foi próximo ao limite inferior aceitável, e o consumo de lipídeos foi próximo ao superior aceitável. O consumo de cálcio também foi baixo para ambos os sexos, e o de ferro foi baixo nas mulheres. O consumo de vitaminas do complexo B apresentou-se baixo para ambos os sexos. Ainda, foi constatado um consumo elevado de alimentos considerados de baixa densidade em micronutrientes (açúcar simples, farinhas brancas - dados não mostrados na Tabela). Tabela 1. Ingestão de macro e micronutrientes de acordo com os diários alimentares preenchidos pelos atletas (média desvio padrão). Nutriente Masculino Feminino Ingestão Referência 1,2 Ingestão Referência 1,2 Calorias (Kcal) 3083 1427 3754 270 1 2055 995 3297 355 1 Carboidratos (% VET) 3 47,4 5,7 45-65 54,2 3,2 45-65 Proteínas (%VET) 3 17,4 3,5 10-35 16,9 3,5 10-35 Gorduras (%VET) 3 35,1 5,9 20-35 28,8 1,3 20-35 Cálcio (mg) 783,3 303,4 1000 882,4 460,1 1000 Ferro (mg) 16,5 3,9 8 13,8 6,2 18 Vitamina C (mg) 149,7 103,1 90 274,2 161,9 75 Folato ( g) 18,2 10,2 400 10,7 12,3 400 Tiamina (mg) 0,5 0,3 1,2 0,3 0,1 1,1 Riboflavina (mg) 0,8 0,4 1,3 0,5 0,3 1,1 Piridoxina (mg) 0,5 0,3 1,3 0,2 0,1 1,3 FONTE: Atletas de Judô e Jiu-Jitsu, Santos, 2001. 1- Estimativa da necessidade energética, de acordo com Cunningan (ref. 12) e fator atividade de acordo com OMS (ref. 13); 2- de acordo com as referências de consumo DRIs (ref. 14); 3- VET = Valor energético total. As Tabelas 2 e 3 apresentam os valores das análises bioquímicas do plasma e da urina dos atletas. Não foram encontrados, em nenhum dos avaliados, valores considerados fora dos limites de normalidade. Tabela 2. Uréia e creatinina plasmáticas e urinárias dos atletas, anteriormente à intervenção (média desvio padrão). Variável Masculino Feminino Uréia plasmática (mg/dl) a 35,9 8,1 32,0 4,4 Uréia urinária (mg/dl) b 30,2 9,9 19,0 7,2 Creatinina plasmática (mg/dl) c 1,2 0,2 1,0 0,2 Creatinina urinária (mg/dl d 1,4 0,2 1,2 0,2 a-normalidade= 10 a 50 mg/dl; b- normalidade= 15 a 30 mg/dl; c-normalidade= 0,6 a 1,4 mg/dl; d- normalidade= 0,9 a 1,5 mg/dl. FONTE: Atletas de Judô e Jiu-Jitsu, Santos, 2001. 4

Tabela 3. Concentrações de colesterol total, HDL-colesterol, LDL-colesterol, VLDL-colesterol, triacilglicerois e glicemia de jejum, anteriormente à intervenção (média desvio padrão). Masculino Feminino Colesterol total (mg/dl) a 165,6 24,3 181,0 21,9 HDL-colesterol (mg/dl) b 39,2 7,6 43,6 10,3 LDL-colesterol (mg/dl) c 109,3 25,7 122,2 16,6 VLDL-colesterol (mg/dl) d 17,3 3,7 15,1 3,1 Triacilglicerois (mg/dl) e 86,4 18,3 75,4 15,4 Glicemia (mg/dl) 87,0 6,1 84,0 3,2 a-normalidade = 2 a 19 anos: Desejável - <170mg/dL; Limítrofe - 170 a 199mg/dL; Elevado - >200mg/dL; Acima de 20 anos: Desejável - <200mg/dL; Limítrofe - 200 a 239mg/dL; Elevado - >240mg/dL; b- normalidade =Homens risco padrão - 35 a 55mg/dL; Mulheres risco padrão - 45 a 65mg/dL; Homens nível favorável - >55mg/dL; Mulheres nível favorável - >65mg/dL; Homens nível de risco - <35mg/dL; Mulheres nível de risco - <45mg/dL; c- normalidade =Desejável - <130mg/dL; Intermediário - 130 a 159mg/dL; Alto risco - >160mg/dL; d- normalidade =Desejável - <30mg/dL; Moderado - 30 a 40mg/dL; Alto risco - >40mg/dL; e- normalidade = <10 anos: Desejavel - <100mg/dL; Elevado - >100mg/dL; 10 a 19 anos: Desejavel - <130mg/dL; Elevado - >130mg/dL; >20 anos: Desejavel - <200mg/dL; Elevado - >200mg/dL. FONTE: Atletas de Judô e Jiu-Jitsu, Santos, 2001. A composição corporal dos atletas, anteriormente e posteriormente ao programa, está descrita na Tabela 4. Cabe destacar que, nas anamneses aplicadas, os valores relativos ao percentual de gordura foram a principal queixa dos atletas de ambos os sexos, que em sua totalidade referiram a necessidade de baixar esse percentual para poderem lutar em suas categorias específicas. Ao final do programa, foi possível observar uma redução significativa na gordura corporal em ambos os sexos, e a manutenção da massa corporal magra. Tabela 4. Avaliação antropométrica final dos indivíduos estudados (média respectivas variações ( ) em relação aos valores iniciais desvio padrão) e suas Variáveis avaliadas Masculino Feminino Peso corporal inicial, Kg 68,9 6,3 62,0 8,9 Peso corporal final, Kg 69,0 4,5 62,9 8,2 * Variação do peso corporal ( ), Kg +0,1 +0,9 Peso inicial da gordura corporal, Kg 10,3 4,4 17,7 4,2 Peso final da gordura corporal, kg 8,4 4,0* 17,0 3,4 * Variação do peso da gordura ( ), Kg -1,9-0,7 Peso inicial da massa magra, Kg 58,6 4,6 44,3 5,0 Peso final da massa magra, Kg 60,6 2,1 46,0 5,1 Variação do peso da massa magra ( ), Kg +2,6 +1,7 % de gordura inicial 14,7 5,1 28,2 3,1 % de gordura corporal final 12,0 4,8 * 26,7 2,7 * Variação ( ) na % de gordura corporal -2,7-1,5 * p < 0,05. Diferença em relação aos valores iniciais, de acordo com o teste-t pareado Fonte: atletas de Judô e Jiu-Jitsu, Santos, 2001 5

Discussão O presente estudo avaliou alguns aspectos do estado nutricional de lutadores de judô e jiujitsu, sugerindo e avaliando as correções alimentares necessárias. O intuito maior foi demonstrar que, na maioria das vezes, intervenções convencionais apresentam resultados positivos, sem o uso de suplementos, medicamentos ou estratégias muitas vezes questionáveis. Embora as variáveis bioquímicas tenham se apresentado nos limites da normalidade, é importante lembrar que as conseqüências de um padrão alimentar inadequado podem se manifestar no longo prazo, até mesmo nos períodos de destreinamento. Como se pode observar, na distribuição entre macronutrientes, o grupo inicialmente apresentou valores próximos ao limite superior no percentual na ingestão de gorduras e, conseqüentemente, baixo percentual na ingestão de proteínas e carboidratos. Esses resultados vão de acordo com outros estudos que apontam a má escolha de alimentos por esta população 6. As diferentes modalidades de luta utilizam como fonte de energia predominantemente os sistemas anaeróbios: ATP-CP e glicogênio muscular 1 1, o que justifica a necessidade de se manter elevada a ingestão de carboidratos. Cabe destacar também, que os campeonatos dessas modalidades geralmente consistem em lutas sucessivas, o que torna evidente a utilização do glicogênio muscular, além da contribuição significativa do metabolismo aeróbio. O baixo consumo de carboidratos também pode aumentar o risco de acidose metabólica pelo desvio dos ácidos graxos para a formação de corpos cetônicos 16 e pela perda de massa muscular 3. Embora os dados analisados de uréia e creatinina no plasma e na urina não apontem algum indício de alteração no metabolismo de proteínas no presente estudo, deve-se estar atento para a constante mobilização das proteínas para fins energéticos que geralmente ocorre em conseqüência de dietas com baixa quantidade de carboidratos. No grupo estudado, a ingestão energética mostrou-se diminuída comparativamente às estimativas. O informe técnico da OMS 13 sobre necessidades de energia e proteínas discute exaustivamente essa questão, destacando a grande capacidade de adaptação a diferentes ingestões energéticas. Assim, procurou-se, na intervenção alimentar, manter a ingestão energética dos avaliados, salvo casos em que a composição corporal estivesse fora da normalidade, ou ainda quando os atletas referiram algum sintoma de deficiência energética. Os atletas estudados apresentaram alta ingestão de lipídios em suas dietas habituais. Uma grande participação dos lipídios no fornecimento energético está associada ao aparecimento de uma série de doenças como diabetes, obesidade e alguns tipos de câncer. A alta ingestão de gordura pode também dificultar o processo de perda de peso. É classicamente descrito que o corpo humano transforma facilmente esse excesso de energia em tecido adiposo, comparado ao mesmo conteúdo calórico oriundo de carboidratos ou proteínas 3. Não foram encontradas concentrações elevadas de colesterol total e de suas frações LDL e VLDL, nem alterações significativas na glicemia de jejum. Entretanto, observou-se nas mulheres uma concentração diminuída de HDL-colesterol. Este dado é relevante, uma vez que é conhecido o papel do HDL na prevenção dos efeitos deletérios de outras lipoproteínas oxidadas. Um dos pontos preocupantes com relação ao acompanhamento de atletas, é que os efeitos prejudiciais de condutas inadequadas possivelmente só venham a se manifestar mais drasticamente depois de encerrada a vida esportiva do mesmo, ou seja, no período de destreinamento 1. Neste sentido, GUNDERSON e MCINTOSH 7, relacionaram o desenvolvimento em ex-lutadores de sobrepeso e obesidade, associados à morbi-mortalidade. Valores de HDL- colesterol menores do que 35mg/dL para homens e 45mg/dL para mulheres aumentam significativamente o risco de doenças coronarianas 1. 6

Outro importante argumento que justificou a necessidade de intervenção alimentar nos indivíduos analisados foi a baixa ingestão de micronutrientes. Os desvios de consumo de micronutrientes foram todos diretamente relacionados a um baixo consumo de frutas, verduras, legumes e cereais integrais (dados não apresentados em tabela, mas que encontram-se em posse dos autores). Importantes para vários processos do metabolismo energético, as vitaminas do complexo B apresentaram-se diminuídas em relação às recomendações estabelecidas 14. A deficiência dessas vitaminas, além do risco aumentado de doenças, pode levar a maiores dificuldades na adequação na composição corporal uma vez que as mesmas participam como cofatores fundamentais para os processos de oxidação de carboidratos, lipídios, e proteínas. A deficiência de tiamina pode levar o indivíduo ao desenvolvimento de anorexia. A baixa ingestão de folato, além de também estar relacionada ao desenvolvimento de anorexia, aumenta o risco de anemia, perda de peso, diarreias, glossites, e alterações dermatológicas 1. O único mineral encontrado cuja ingestão encontrou-se abaixo das DRIs 14 em ambos os sexos foi o cálcio. A adequação na ingestão de cálcio é fundamental para garantir a eficiência dos processos de contração muscular e, dado o risco aumentado de osteoporose entre mulheres, nestas a deficiência é fator de especial atenção. O consumo de ferro por parte das mulheres foi menor do que o recomendado, porém encontrase bem acima da Necessidade Média Estimada (EAR), que é de 8,1mg. O Institute of Medicine 14 utilizou um modelo fatorial para determinar a EAR. Em mulheres no período pré-menopausa, além das perdas basais, esse modelo incluiu as perdas menstruais 1. Os atletas estudados receberam cardápios individualizados, respeitando os hábitos alimentares conhecidos por meio de inquérito alimentar. Esse cardápio continha um mínimo de seis refeições diárias e a seguinte distribuição percentual em relação ao total energético da dieta: 60% de carboidratos, 20% de proteínas, e 20% de gorduras. Cabe destacar que, após a intervenção alimentar, um relato comum dos indivíduos estudados foi a falsa impressão de que estavam ingerindo uma quantidade excessiva de calorias devido ao maior fracionamento da dieta proposta no estudo. Eles temiam que a inclusão de pequenos lanches poderia aumentar o peso corporal, uma vez que estavam acostumados a se alimentarem no máximo três vezes ao dia. Entretanto, após a introdução desse novo hábito, todos relataram melhor rendimento nos treinos (melhora referida pelos atletas), o que foi um fator positivo para a continuidade da adesão ao tratamento. Os resultados da avaliação antropométrica final mostraram que um planejamento alimentar adequado pode trazer resultados benéficos, desmistificando a ideia de que os atletas lutadores necessitam, toda vez que precisam adequar o seu peso corporal, tomar atitudes drásticas e arriscadas. Além da diminuição da porcentagem de gordura corporal, outro resultado relevante foi o aumento, embora não significativo estatisticamente, da massa magra e do peso corporal. O percentual de proteínas nas dietas do presente estudo ficou em 20% do conteúdo energético total. Mourrier et al1, desenvolveram um estudo com lutadores, que foram distribuídos em cinco grupos (normocalórica controle, hipocalórica controle, hipocalórica hiperproteica, hipocalórica hipoproteica, e hipocalórica com alto teor de aminoácidos de cadeia ramificada). Comparando o trabalho de MOURRIER et al 21 com o presente estudo, podemos destacar com ponto comum a distribuição percentual dos macronutrientes. Embora os autores citados tenham realizado uma restrição energética, os parâmetros de avaliação indicaram manutenção das proteínas corporais no grupo com dieta hipocalórica com alto teor de aminoácidos de cadeia ramificada. Esse fato fortalece o argumento de que com um teor de 20% do total energético da dieta colabora para a manutenção da massa muscular. 7

Os resultados encontrados apoiam estratégias de perda de peso em longo prazo, como o projeto Wisconsin de peso mínimo 1. Essa iniciativa propunha um grande esquema de educação alimentar que focou principalmente nutrição básica, a relação entre a nutrição e a performance, e métodos apropriados para perda de peso. Isso foi conseguido por meio de panfletos explicativos distribuídos aos atletas e técnicos, e treinamento com nutricionistas. Os autores destacaram a importância desse processo de educação tanto dos atletas quanto de treinadores em adotarem essas práticas de perda de peso saudáveis, melhorando não só o desempenho, mas também a saúde como um todo. O processo de educação nutricional, a qualquer seguimento populacional, deve ocorrer de forma lenta, e a partir do consumo alimentar do próprio indivíduo. Assim, o presente estudo procurou corrigir a distribuição de macronutrientes e a densidade de micronutrientes. Com isso, após a reavaliação, foi discutida com cada indivíduo a continuidade do plano alimentar. Como conclusão, a orientação alimentar mostrou-se eficaz para a adequação da composição corporal em atletas lutadores. Pressupõe-se que um período maior de aplicação do plano alimentar pudesse trazer resultados ainda melhores. Essa estratégia seria importante não somente na perda de peso corporal, mas também na otimização da distribuição entre tecido adiposo e tecido magro. Mais estudos são necessários no sentido de avaliar se, com esse tipo de intervenção, é possível evitar a prática de estratégias rápidas para perda de peso por esses atletas. Agradecimentos Os autores agradecem a todos os atletas que colaboraram com o estudo e especial à judoca Fabiana Norberg e ao mestre de jiu-jitsu Elcio de Figueiredo. Ao acadêmico Elton Damin e ao Prof. Cezar Azevedo, da UNISANTOS, pelo auxílio durante as avaliações. Ao Professor Rubens Siqueira, da Faculdade de Farmácia e Bioquímica da UNISANTOS, pela realização dos exames bioquímicos e ao Instituto de Pesquisas Científicas (IPECI) pelo auxílio financeiro e pela bolsa de estudo concedida. Referências bibliográficas 1. OPPLIGER, R. et al. ACSM Position Stand: Weight Loss in Wrestlers. Medicine & Science in Sports & Exercise, 1996; 28(10): 135-138. 2. APPLEGATE, L. A mania das dietas e a utilização de suplementos na prática esportiva. Sports Science Exchange. 1996 (4): 1-5. 3. MCARDLE, W. D. K.; KATCH, F. I.; VICTOR, L. Fisiologia do exercício: Energia, nutrição e desempenho humano. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. 4. KRAEMER, W. J. et al. Physiological and performance responses to tournament wrestling. Med. Sci. Sports. Exerc, 2001; 33(8): 1367-1378. 5. CHOMA, C. W.; SFORZO, G. A,; KELLER, B. A. Impact of rapid weight loss on cognitive function in collegiate wrestlers. Med. Sci. Sports Exerc. 1998; 30 (4): 746-9. 6. STEEZN, S. N.; MCKINNEY, S. Nutrition assessment of college wrestlers. Phys. Sportsmed, 14: 100-116, 1986. 7. GUNDERSON, H. K.; MCINTOSH, M. K. An increased incidence of overweight, obesity, and indicators of chronic disease among ex-collegiate wrestlers. J. Am. Diet. Assoc. 1990; 90:121-126. 8. SCHWARZKOPF, R.; JENSEN, D. The effects of dietary control on making weight in collegiate wrestlers. Med. Sci. Sports Exerc. 1987; 19(2): S69. 9. JACKSON, A. S.; POLLOCK, M. L. Generalized equations for predicting body density of men. Br.J.Nutr. 1978; 40: 497-504. 10. JACKSON, A. S.; POLLOCK, M. L.; WARD, A. Generalized equations for predicting body density of women. Med. Sci. Sports Exerc. 1980; 12:175-182. 11. SIRI, W. E. Body composition from fluid space and density. IN: Brozek J; Hanschel A (eds.): Techniques for measuring body composition. Washington DC. National Academy of Science, 1961. 8

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