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Transcrição:

UNIJUÍ UNIVERSIDADE REGIONAL DO NOROESTE DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL ESTRESSE ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUE ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, UMA REVISÃO NARRATIVA Patrícia Roberti Orientadora: Profª Md a Eliane Raquel Rieth Benetti Enfermagem 2012 DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DA VIDA DCVida Rua do Comércio, 3000 - Bairro Universitário Caixa Postal 560 Fonte: (55) 3332-0200 - Fax: (55) 3332-9100 www.unijui.edu.br CEP 98700-000 Ijuí RS BRASIL

PATRÍCIA ROBERTI ESTRESSE ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUE ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, UMA REVISÃO NARRATIVA Trabalho de Conclusão do Curso de Pós- Graduação Lato sensu em Enfermagem em Terapia Intensiva, apresentado ao Departamento de Ciências da Vida (DCVida) da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ, como requisito parcial para obtenção do título de especialista. Orientadora: Profª Md a Eliane Raquel Rieth Benetti IJUÍ, RS 2012

3 SUMÁRIO RESUMO... 04 INTRODUÇÃO... 04 MATERIAIS E MÉTODO... 07 APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS... 08 CONSIDERAÇÕES FINAIS... 19 REFERÊNCIAS... 20

4 ESTRESSE ENTRE PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM QUE ATUAM EM UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA, UMA REVISÃO NARRATIVA 1 ROBERTI, Patrícia 2 BENETTI, Eliane Raquel Rieth 3 RESUMO Objetivo: analisar a produção científica relacionada ao estresse entre profissionais de enfermagem que atuam em Unidades de Terapia Intensiva (UTI). Materiais e Método: revisão narrativa nas bases de dados BDENF e LILACS, por meio dos descritores: unidade de terapia intensiva enfermagem e estresse psicológico. A busca bibliográfica foi realizada em junho de 2012. De 45 publicações encontradas foram incluídos no estudo 12 artigos, que foram quantificados e analisados. Resultados e Discussão: a preocupação com o estresse e o interesse por pesquisas relacionadas ao mesmo tem aumentado. A UTI é uma unidade complexa, fechada que pode ser percebida pelos profissionais que ali atuam como um ambiente permeado por estressores que alteram a dinâmica de trabalho. Considerações Finais: É importante o planejamento e execução de programas de intervenção para a gestão do estresse ocupacional, de maneira que todas as áreas operacionais se integram e envolvem todos os colaboradores. PALAVRAS-CHAVE: Estresse Psicológico; Unidade de Terapia Intensiva; Enfermagem. INTRODUÇÃO As transformações do modo de produção capitalista repercutem nos ambientes de trabalho. As novas técnicas de produção, produtos e equipamentos têm exercido influências sobre o setor de serviços, inclusive sobre as organizações de saúde. Dessa forma, como modo de produção e distribuição de riquezas, a globalização confere modificações nas condições de vida da população e nas relações de trabalho, com repercussões na saúde do trabalhador. 1 Trabalho de Conclusão do Curso de Pós- Graduação em Enfermagem em unidade de terapia intensiva, da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). 2 Enfermeira, Pós-graduanda em Enfermagem em Terapia Intensiva da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ). 3 Enfermeira, Mestranda em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Docente do curso de pós-graduação em Enfermagem em Terapia Intensiva da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (UNIJUÍ).

5 O trabalho satisfaz as necessidades humanas e, além de proporcionar meios de subsistência para o trabalhador e sua família, ele promove a inserção social e a independência financeira. Entretanto, pode ser fonte de adoecimento, quando existem estressores no ambiente de trabalho e o trabalhador não dispõe de recursos suficientes para enfrentá-los (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008; LIMA; BIANCHI, 2010). Nas instituições hospitalares, as inovações tecnológicas e exigências decorrentes das mudanças na organização do trabalho, são percebidas como condições que podem determinar alterações no comportamento do ser humano e afetar a saúde do trabalhador, na medida em que ultrapassam a capacidade de adaptação deste (JODAS; HADDAD, 2009). Com isso, algumas repercussões podem ocorrer na organização do ambiente laboral e na força de trabalho em saúde. Nesse contexto, encontram-se as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), nas quais a equipe de enfermagem se depara constantemente com situações difíceis, que envolvem o cuidado direto a pacientes graves, em situações de instabilidade hemodinâmica. Trata-se de um ambiente permeado de situações percebidas como estressoras, as quais podem interferir no bem estar dos profissionais que ali atuam. Dentre os estressores identificados em UTIs, incluem-se o ritmo acelerado de trabalho, inovações tecnológicas, poluição ambiental, luta pela sobrevivência e níveis elevados de desemprego (BENEVIDES-PEREIRA, 2002). Nesse sentido, destaca-se que a enfermagem atua em setores hospitalares considerados desgastantes, tanto pela carga de trabalho quanto pelas especificidades de tarefas e diversidade de funções desempenhadas (BATISTA; BIANCHI, 2006). Em virtude de sua importância e repercussões na saúde do trabalhador, o estresse tem despertado o interesse de vários pesquisadores nos últimos anos.

6 Entretanto, o termo estresse foi introduzido nas ciências biológicas por Hans Selye, em 1936, o precursor da Teoria Biologicista (SELYE, 1959). Em continuidade às discussões de Selye e, dada ênfase à interação entre indivíduo e situação, Lazarus e Launier apresentaram a Teoria Interacionista, que considera a subjetividade do indivíduo como fator determinante da severidade do estressor. Nesse contexto, o estresse é considerado qualquer evento que demande do ambiente interno ou externo, que taxe ou exceda as fontes de adaptação de um individuo ou sistema social (LAZARUS; LAUNIER,1978). Assim, o estresse se caracteriza por um processo psicofisiológico em que está envolvido o estressor, a interpretação do sujeito sobre tal situação e a reação do organismo diante do mesmo (LAZARUS; FOLKMAN, 1984), Dessa forma, salienta-se que a avaliação do estressor depende do indivíduo, ou seja, de suas experiências e recursos para o seu enfrentamento. Atualmente, o estresse entre enfermeiros intensivistas é objeto de estudo de várias investigações, pois os profissionais devem estar equilibrados emocionalmente e fisicamente para atender e promover a saúde dos pacientes que requerem cuidado intensivo. Assim, o reconhecimento do estresse e dos estressores percebidos no ambiente de trabalho, bem como sua repercussão na saúde dos profissionais de enfermagem em UTI, corresponde a um dos agentes de mudança. (CALDERERO; MIASSO; CORRADI-WEBSTER, 2008). Diante do exposto, o objetivo desse estudo é analisar a produção científica relacionada ao estresse entre profissionais de enfermagem que atuam em UTI.

7 MATERIAIS E MÉTODO Trata-se de estudo de revisão narrativa de literatura (ROTHER, 2007). A busca bibliográfica foi desenvolvida no mês de junho de 2012, nas bases de dados eletrônicas Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e na Base de Dados de Enfermagem (BDENF). Foi utilizado o formulário avançado com as palavras estressores or estresse e os descritores unidade de terapia intensiva or unidades de terapia intensiva and enfermagem or equipe de enfermagem. Não foi delimitado recorte temporal para seleção pelo interesse de buscar todas as produções sobre a temática. Os critérios de inclusão foram: artigo na íntegra com disponibilidade do texto completo em suporte eletrônico, publicado em português, inglês ou espanhol. Os critérios de exclusão foram: documentos ministeriais, teses, capítulos de teses, livros, capítulos de livros, anais de congressos ou conferências e relatórios técnicos e científicos. A partir da leitura prévia dos títulos e resumos, foram selecionados os artigos, os quais contemplaram texto completo disponível em suporte eletrônico. Quando o texto completo não esteve disponível diretamente na base de dados LILACS e BDENF, foi desenvolvida a busca no portal do periódico em que o artigo foi publicado (homepage da revista), no portal CAPES na secção periódicos, ou ainda por meio do buscador Google. Para análise dos artigos na íntegra, utilizou-se a ficha de extração de dados das variáveis: ano de publicação, objetivo, abordagem metodológica (quantitativa e qualitativa), método, sujeitos, resultados e conclusões.

8 A busca inicial resultou em 45 produções científicas, 32 foram descartadas por recorte temático, repetição nas bases de dados, incompletudes e disponibilidade on line. Assim, foram analisadas 12 publicações, que constituíram o corpus da análise. A análise dos dados deu-se a partir da análise temática, que conta com três etapas: pré-análise; exploração do material e interpretação dos resultados (MINAYO, 2004). Foi realizada a leitura flutuante dos artigos e extração de dados, a fim de possibilitar uma visão abrangente do conteúdo. A leitura integral do artigo possibilitou a transcrição dos resultados e de trechos significativos. Com o desenvolvimento da leitura exaustiva se deu a releitura dos textos, na medida em que foi elaborado duas categorias da análise. Assim, observando as convergências, divergências e semelhanças existentes sob a ótica de diferentes autores, constituiu-se a etapa de interpretação dos resultados. A partir do tratamento dos resultados obtidos, os dados quantitativos foram apresentados na forma de frequência absoluta e relativa e os dados qualitativos compuseram as categorias. Por fim, foi desenvolvida a interpretação de cada categoria. APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS Do total de 45 publicações encontradas nas bases de dados, foram incluídos no estudo 12 artigos, os quais foram quantificados e analisados. Quadro 1 - Artigos que compõem o corpus da pesquisa A1 PEREIRA, M.E.R.; BUENO, S.M.V. Lazer Um caminho para aliviar as tensões no ambiente de trabalho em UTI: uma concepção da equipe de enfermagem. Rev Lat Am Enferm. v. 5, n. 4, p. 75-83, 1997.

9 A2 CORONETTI, A. et al. O estresse da equipe de enfermagem na unidade de terapia intensiva enfermeiro como mediador. ACM arq. catarin. med. v. 35, n. 4, p. 36-43, 2006. A3 FERRAREZE, M. V. G.; FERREIRA, V.; CARVALHO, A. M. P. Percepção do estresse entre enfermeiros que atuam em Terapia Intensiva. Acta Paul Enferm. v. 19, n. 3, p. 310-15, 2006. A4 GUERRER, F. J. L.; BIANCHI, E. R. F. Caracterização do estresse nos enfermeiros de unidades de terapia intensiva. Rev. Esc. Enferm. USP. v. 42, n. 2, p. 355-362, 2008. A5 SIMÃO, A. A. G. et al. Estresse em uma UTI. Revista Nursing. v. 11, n. 125. p. 468-471, 2008. A6 BARBOSA, I. A. et al. Autopercepção de estresse em equipe de enfermagem de terapia intens Rev. min. enferm. v. 12, n. 1, p. 48-53, 2008. A7 AFECTO, M. C. P.; TEIXEIRA, M. B. Avaliação do estresse e da síndrome de burnout em enfermeiros que atuam em uma unidade de terapia intensiva: um estudo qualitativo. Online Brazilian Journal of Nursing. v. 8, n. 1, 2009. A8 GUIDO, L. A. et al. Estressores na assistência de enfermagem ao potencial doador de órgãos. Rev Lat Am Enferm. v. 17, n. 6, p. 1023-1029, 2009. A9 PRETO, V. A.; PEDRÃO, L. J. O estresse entre enfermeiros que atuam em UTI. Rev. Esc. Enferm. USP. v. 43, n. 4, p. 841-848, 2009. A10 RODRIGUES, V. M. C. P.; FERREIRA, A. S. S. Fatores geradores de estresse em enfermeiros de Unidades de Terapia Intensiva. Rev Lat Am Enferm. v. 19, n. 4, 2011. A11 SANTOS, F. D. et al. O estresse do enfermeiro nas unidades de terapia intensiva adulto: uma revisão da literatura. SMAD, Rev. eletrônica saúde mental alcool drog. v. 6, n. 1, p. 1-16, 2010. A12 SALOMÉ, G. M.; ESPÓSITO, V. H. C. Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem que trabalham em uma UTI. Revista Nursing, v. 13, n. 153, p. 92-98, 2011. Ao analisar os artigos, quanto ao ano de publicação, percebe-se que as publicações pertinentes ao tema têm aumentado nos últimos anos, conforme demonstrativo trienal: 1997-1999 (8,33%), 2000-2002 (zero), 2003-2005 (zero), 2006-2008 (41,67%) e 2009-2011 (50%). Esse resultado demonstra que a preocupação com o estresse e o interesse por pesquisas relacionadas ao mesmo tem aumentado. Ressalva-se que a ausência de publicações em alguns anos talvez se deva aos descritores pré-selecionados para este estudo, os quais possivelmente não abrangeram todas as produções. Quanto à metodologia dos estudos, observou-se que 11 (91,67%) das produções têm utilizado pesquisa de campo como metodologia de estudo e apenas uma (8,33%) refere-se à revisão bibliográfica. Das pesquisas de campo, no que se refere à abordagem do estudo, sete (63,64%) classificam-se em quantitativas e quatro (36,36%) em qualitativas. Dentre os instrumentos de coleta de dados cita-se o Inventário de Estresse em Enfermeiros (IEE) utilizado em dois estudos e o Maslach

10 Burnout Inventory (MBI), a Escala Bianchi de Stress (EBS) e o Inventário de Sintomas de Stress para adultos de Lipp (ISSL) em um estudo. A Revista Latino-Americana de Enfermagem concentrou três (25%) publicações, seguida pela Revista da Escola de Enfermagem da USP (16,67%), Revista Nursing (16,67%). Com um artigo publicado cada se tem a Revista Mineira de Enfermagem, Acta Paulista de Enfermagem, Online Brazilian Journal of Nursing, Revista Arquivos Catarinenses de Medicina e a Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas. A partir dos resultados apresentados pelos estudos em análise, constituíramse duas categorias, que são: 1) Estresse X Variáveis sociodemográficas e funcionais; 2) Estressores em UTI, as quais serão discutidas a seguir. Estresse X Variáveis sociodemográficas e funcionais A partir da análise dos estudos observa-se que algumas variáveis podem estar associadas a presença ou não do estresse no ambiente de trabalho. Dentre essas, destaca-se que força de trabalho na enfermagem é, em sua maioria, representada por mulheres, variável que pode ser associada ao estresse à medida que se considera o dispêndio elevado de força muscular e gasto excessivo de energia física, necessários para mobilizar pacientes acamados ou impossibilitados temporariamente de auxiliarem em qualquer tipo de movimentação (FERRAREZE; FERREIRA; CARVALHO, 2006). Isso, pois sabe-se que a mulher pode suportar cerca da metade da carga física que o homem suporta, característica que pode levar a sintomas físicos e, consequentemente ao estresse. O fato de desenvolver múltiplas atividades, com vínculos de trabalho formais ou não, pode também gerar estresse já que essas mulheres além de trabalharem

11 fora do convívio familiar pensam em seus filhos e se preocupam com os cuidados domiciliares. No entanto, em outro estudo relacionado ao estresse de enfermeiras, mostrou que as atividades relacionadas à vida pessoal, tais como responsabilidades com a casa, com os filhos e outras atividades domésticas ao invés de estressantes, podem funcionar como suporte emocional (STACCIARINI; TRÓCCOLI, 2001). Em relação ao estado civil dos profissionais, verificou-se diferença estatisticamente significativa com a dimensão lidar com pacientes e familiares, uma vez que os enfermeiros que se encontram divorciados, ou em união de fato, percebem a dimensão lidar com pacientes e familiares como um estressor (RODRIGUES; FERREIRA, 2011). Destaca-se o tempo de atuação uma variável contraditória, pois ao mesmo tempo que profissionais maduros e com experiências anteriores de inserção no mercado de trabalho lidam de forma efetiva com situações estressoras, as atividades em UTI exigem elevado grau de agilidade, destreza física e energia, características essas mais comuns em indivíduos jovens (FERRAREZE; FERREIRA; CARVALHO, 2006). Quanto aos dados relacionados ao contexto de trabalho, os enfermeiros, em início de carreira, têm níveis de estresse maiores, bem como os enfermeiros, em regime de contrato de trabalho por tempo determinado (RODRIGUES; FERREIRA, 2011). O fato de o profissional estar preparado para atuar em setores críticos como UTI pode ser considerado um fator protetor contra o estresse, desta forma enfermeiros especialista em terapia intensiva apresentaram menor estresse quando comparados com os não especialistas (PRETO; PEDRÂO, 2009).

12 Os resultados podem estar relacionados ao fato de que os trabalhadores com pouco tempo de atuação em UTI, ainda não se sentem desgastados pelo ambiente de trabalho. Além disso, sabe-se que muitos indivíduos, mesmo na pressão excessiva no ambiente de trabalho conseguem ter controle sobre as situações vividas e adequar-se a elas, ou seja, se enquadram no quadrante alta demanda e alto controle da Job Stress Scale (SIMÃO et al, 2008). A rotatividade de turno pode ser considerada também um estressor à medida que pode afetar a eficiência do trabalhador, sua saúde física e psicológica, seu bemestar, sua família e vida social, pelo fato do estresse modificar os ritmos biológicos, levando à dificuldade e lentidão de sincronização desses ritmos, devido às modificações do ciclo sono-vigília, que induzem ao estado de desgaste nesse trabalhador (FERRAREZE; FERREIRA; CARVALHO, 2006). Os profissionais de enfermagem que trabalham por turnos têm níveis de estresse mais elevados e percebem como estressores a falta de tempo e recursos insuficientes para completar tarefas (RODRIGUES; FERREIRA, 2011). Outro fator agravante nas atividades desses profissionais é o trabalho em turnos e a jornada dupla, que ocasionam cansaço excessivo e, consequentemente, maior probabilidade de negligenciar determinadas condutas que podem comprometer a qualidade da assistência prestada. A jornada de trabalho, em regime de plantão, subtrai o tempo livre do enfermeiro e dificulta o convívio social, principalmente no que diz respeito à interação com seus familiares, atividades sociais, lazer, entre outras, e que seria estratégia simples e viável para minimizar o estresse (SANTOS et al, 2010).. A carga de trabalho se encontra associada ao estresse, isto é, quanto maior é a carga de trabalho mais elevados os níveis de estresse, resultados que apoiam os resultados obtidos por outros investigadores. A maior valorização outorgada à carga

13 de trabalho pode se prender ao tipo de cuidados prestados ao paciente com elevado grau de dependência e, sobretudo, à lotação das UTIs. Muitas vezes existe dupla jornada, fator esse que os expõe por mais tempo nos locais de trabalho e, consequentemente, aos fatores que são possíveis estressores, levando ao aparecimento de sintomas sugestivos que podem desencadear estresse como irritabilidade, cansaço, desatenção (SANTOS et al, 2010). Em relação ao relacionamento interpessoal, verificou-se que quanto pior a relação interpessoal mais elevados são os níveis de estresse, sendo essa relação estatisticamente significativa. Como na UTI se tornam frequentes as situações de urgência, com ritmo de trabalho intenso, desgastante e com a presença constante de patologias graves, a dor e o sofrimento do paciente hospitalizado podem sobrecarregar emocional e afetivamente o profissional que atua por longos períodos nessa unidade. Dessa forma profissionais que realizam horas extras ou tem dupla jornada de trabalho podem estar predispostos ao estresse (FERRAREZE; FERREIRA; CARVALHO, 2006). Nesse contexto, o trabalho em equipe, realização de cursos de aperfeiçoamento, realizar pausa nas atividades diárias, atividades física e de recreação ao longo do trabalho, compartilhar as responsabilidades, são estratégias que ajudam a descontrair, criando um espaço de reflexão sobre as tarefas diárias com os demais profissionais, evitando assim estressores citados anteriormente. Estressores em Unidades de Terapia Intensiva A UTI, embora seja o local ideal para atendimento aos pacientes graves agudos recuperáveis, parece ser um ambiente agressivo, tenso e traumatizante.

14 Frente a isso, é grande a probabilidade de que os profissionais de enfermagem estejam submetidos aos variados fatores associados ao estresse (SANTOS et al, 2010). O ambiente de trabalho em UTI é consideravelmente estressante, pois as atividades desenvolvidas exigem alto grau de responsabilidade e qualificação, com desgaste emocional intenso (FERRAREZE; FERREIRA; CARVALHO, 2006). É possível que, por essa unidade estar localizada num serviço de atendimento emergencial, a tensão se mostre aumentada. No que diz respeito à relação existente entre a interferência de ruído nas atividades e o índice de estresse, estudo verificou que o ruído leva a níveis de estresse mais elevados, no entanto, as diferenças não são estatisticamente significativas, sendo certo que, também, os enfermeiros com nível de estresse mais elevado podem ter maior sensibilidade ao ruído (RODRIGUES; FERREIRA, 2011). No que se refere à relação entre estrutura física e níveis de estresse, observou-se que os enfermeiros que trabalham numa estrutura física inadequada têm níveis de estresse mais elevados, o que permite dizer que existe associação entre estresse e a percepção de estrutura física precária (RODRIGUES; FERREIRA, 2011). Em consonância com outros estudos, conclui-se que os enfermeiros que trabalham em condições citado anteriormente, têm níveis de estresse mais elevados, onde estão englobados a falta de espaço e o ruído provocado pelos aparelhos existentes numa UTI (RODRIGUES; FERREIRA, 2011). Ainda, estudos revelam que as relações interpessoais representam um estressor para enfermeiros. Dessa forma, as relações interpessoais no trabalho constituem-se em aspecto importante para se atentar na gestão do estresse nos enfermeiros (RODRIGUES; FERREIRA, 2011).

15 Ainda destaca-se que a sobrecarga de tarefas pode gerar falhas, os conflitos de funções levam à insatisfação nas relações de trabalho e a desvalorização profissional pode levar à desmotivação ou até mesmo ao abandono da atividade laboral, ocasionando o absenteísmo e o presenteísmo (SANTOS et al, 2010). Estudo descreveu como principais estressores em UTI, o relacionamento interpessoal, a carência de equipamentos necessários para a assistência, o barulho intenso caracterizado pelos sons de alarme dos aparelhos e até mesmo pelas conversas e circulação da equipe de saúde (GUIDO et al, 2009). O relacionamento interpessoal é considerado um importante estressor, associado à falta de cooperação, à comunicação deficiente e ao tratamento desigual dos funcionários, interferindo diretamente na assistência e na satisfação pessoal. Como o convívio e a relação com o outro no ambiente de trabalho da enfermagem é algo natural e necessário, sobretudo por se tratar de trabalho em equipe, seria oportuno que esses profissionais tivessem espaço para discussão de estratégias que permitissem conhecimento de si e dos outros (GUIDO et al, 2009). Outro estressor pontuado foi a preocupação com a manutenção de equipamentos necessários à assistência ao paciente. Esses resultados foram semelhantes aos encontrados entre enfermeiros de centro cirúrgico e recuperação anestésica que avaliaram, de modo individual e subjetivo, as atividades relacionadas ao serviço de manutenção como as de maior estresse (GUIDO, 2003). Alguns autores associam estresse às condições de trabalho, consideram o número de funcionários para o trabalho, materiais e equipamentos em quantidade e qualidade adequadas, como indispensáveis para que a assistência seja prestada da melhor forma possível. Este fato ocorre, devido as consequências das variáveis que intervêm neste processo, tais como: ambiente fechado, com iluminação artificial;

16 ruído interno contínuo e intermitente; inter-relacionamento constante entre as mesmas pessoas da equipe, durante todo o turno, bem como, a exigência excessiva de segurança, respeito e responsabilidade para o paciente, em sofrimento, dor e com morte iminente, para a garantia da qualidade da assistência (PEREIRA; BUENO, 1997). Destaca-se que os alarmes dos monitores, respiradores, bombas de infusão e outros faz-se necessário, pois sinalizam quando algo não responde como esperado, alertando para problemas. No entanto, o barulho e o tumulto causado pelos profissionais são desnecessários, com prejuízo tanto para o sono e repouso dos pacientes quanto para os próprios membros da equipe (GUIDO et al, 2009). A organização do trabalho hospitalar, as características próprias de um ambiente que lida com a dor, com o sofrimento e com a morte exigem dos profissionais da saúde permanente controle de suas emoções e sentimentos. Além dessas características, os múltiplos níveis de autoridade, a heterogeneidade de pessoal e a interdependência de atividades podem propiciar o surgimento de conflitos e desencadear manifestações de estresse (GUIDO et al, 2009). Os trabalhadores de enfermagem estão continuamente aprisionados a uma ambiguidade de papeis que, de forma direta ou indireta, contribui para uma maior exposição às experiências de estresse no trabalho. Os conflitos com o setor administrativo, incluindo a sobrecarga de trabalho, as dificuldades de relacionamento entre equipe medica e de enfermagem, a exposição a ambientes de riscos, a interação próxima com o sofrimento do paciente e os conflitos entre a vida pessoal e a organização de trabalho podem ser percebidos como estressores do ambiente de trabalho (BIANCHI, 2000).

17 Atuar em UTI pode ser estressante e ocasionar fadiga pelo seu ritmo excessivo, por lidar com a vida e com a morte continuamente, por questões éticas nas quais cabem decisões frequentes e difíceis pelo ambiente fechado, pelo alto grau de exigência dos demais profissionais de saúde, dos próprios pacientes e de seus familiares. O ambiente fechado da UTI é uma característica que merece destaque, uma vez que a equipe fica limitada ao relacionamento cotidiano, o que exige preparo psicológico e afinidade com o tipo de trabalho realizado. Se o trabalho de enfermagem em si constitui um importante estressor resultante da interação de fatores ligados ao sono, a cronobiologia, a psicologia e as relações sociais, a sobrecarga de trabalho tende a precipitar desajustes do comportamento desses profissionais (BARBOSA et al, 2008). Em relação ao ambiente físico emergiram os fatores iluminação e ventilação inadequadas; barulho excessivo; escassez de recursos e materiais, como estressores (CORONETTI et al, 2006). Sabe-se que o barulho proveniente dos equipamentos como os monitores, respiradores e bombas de infusão são necessários, pois quando alarmam, geralmente significam problemas, porém, o tumulto provocado pelos profissionais é desnecessário, além de interferir no sono e descanso do paciente. A escassez de materiais emerge como um dos maiores problemas no trabalho. A carência de material implica na necessidade pela sua busca e na perda de tempo que poderia ser destinado à assistência. O fato de buscar condições para realizar o trabalho aliado à situação de nem sempre encontrá-las, emergem sentimentos de irritação e cansaço do profissional (CORONETTI et al, 2006).

18 Em relação ao relacionamento entre os profissionais, surgem como estressores, a falta de cooperação, comunicação deficiente e privilégios. Constatouse que a falta de um bom relacionamento interfere diretamente na assistência prestada e na satisfação no trabalho. Outras estressores podem estar relacionados à comunicação deficiente, a utilização de mecanismos de defesas inadequados como à impaciência e a não realização do trabalho em equipe, a falta de cooperação espontânea, a sobrecarga de trabalho para alguns elementos da equipe e a falta de continuidade das ações iniciadas (CORONETTI et al, 2006). Quanto ao excesso de trabalho a falta de pessoal, a sobrecarga de tarefas e a pouca experiência profissional, o excesso de atividades, decorrentes da insuficiência de pessoal e de material, inviabiliza a realização de muitas atividades, tornando, além de angustiante, praticamente impossível à realização de um trabalho de qualidade. Além desses, a demora no atendimento pelo serviço de apoio, a necessidade de maior habilidade e a demora da prescrição médica podem ser percebidos como estressores pelos profissionais de UTI. A falta de experiência no cuidado e, em particular no cuidado ao paciente grave, predispõe esse profissional ao desgaste físico e emocional e, pode também ocasionar uma sobrecarrega de trabalho para aqueles profissionais que já possuem maior experiência profissional (CORONETTI et al, 2006). A UTI, devido às suas características, necessita de alguns serviços básicos e essenciais para apoiá-la, como laboratório clínico, radiologia, farmácia, entre outros. Esses serviços devem ser mantidos em condições adequadas, a fim de viabilizar uma operação segura e rápida. A não eficácia e rapidez no atendimento desses serviços às necessidades do paciente da UTI, causa na equipe sentimentos de angústia, irritação e desânimo e, o estresse (CORONETTI et al, 2006).

19 A exposição prolongada e contínua ao estresse pode desenvolver um processo insidioso de desgaste. Durante o dia-a-dia de trabalho em UTI, os profissionais de enfermagem vivenciam condições percebidas como estressoras, que os colocam em risco potencial para desenvolverem a Síndrome de Burnout, que por sua vez, pode ocasionar uma assistência de enfermagem prejudicada. (SALOMÉ; ESPÓSITO, 2011). CONSIDERAÇÕES FINAIS Algumas características dos profissionais que atuam em UTI podem ser determinantes para a ocorrência de estresse. Dessa forma fica patente que há necessidade de se instrumentalizar cada vez mais os profissionais de enfermagem para que a avaliação do estressor seja feita com base nos mecanismos de enfrentamento, possibilitando a menor ocorrência de estresse para o indivíduo. O estresse pode ter repercussões em nível individual, social e organizacional, que se apresentam do absenteísmo, taxa de rotatividade, diminuição do desempenho dos trabalhadores, redução da motivação, satisfação no trabalho e aumento do número de acidentes de trabalho. Assim, cabe ao enfermeiro e a instituição hospitalar reconhecer os estressores presentes no trabalho e procurar mecanismos e estratégias de enfrentamento individual e grupal para diminuir a ocorrência de estresse profissional. É importante implementar programas de intervenção para a gestão do estresse ocupacional, integrando todas as áreas operacionais, envolvendo todos os colaboradores. Pois as pessoas são a essência de uma organização, e o seu pleno envolvimento permite que as suas aptidões sejam utilizadas em benefício da

20 organização, contribuindo, dessa forma, para que a organização possa, também, atingir os seus objetivos. Espera-se com este estudo incentivar reflexões sobre a importância de reconhecer os estressores do ambiente de trabalho e construir estratégias de enfrentamento pelos profissionais de enfermagem, por meio de ações que visem oferecer melhoria da qualidade de vida desses trabalhadores, desenvolvendo sua assistência de enfermagem com qualidade e saúde. REFERÊNCIAS AFECTO, M. C. P.; TEIXEIRA, M. B. Avaliação do estresse e da síndrome de burnout em enfermeiros que atuam em uma unidade de terapia intensiva: um estudo qualitativo. Online Brazilian Journal of Nursing. v. 8, n. 1, 2009. BARBOSA, I. A. et al. Autopercepção de estresse em equipe de enfermagem de terapia intensiva. Rev. min. enferm. v. 12, n. 1, p. 48-53, 2008. BATISTA, K. M.; BIANCHI, E. R. F. Estresse do enfermeiro em unidade de emergência. Rev Lat Am Enferm. v. 14, n. 4, p. 534-9, 2006. BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T. As atividades de enfermagem em hospital: Um fator de vulnerabilidade ao Burnout. In: BENEVIDES-PEREIRA, A. M. T. (Org.), Burnout: quando o trabalho ameaça o bem estar do trabalhador. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2002, p.133-156. BIANCHI, E. R.F. Enfermeiro hospitalar e o stress. Rev Esc Enferm USP. v. 34, n. 4, p. 390-4, 2000. CALDERERO, A. R.L.; MIASSO, A. I.; CORRADI-WEBSTER, C. M. Estresse e estratégias de enfrentamento em uma equipe de enfermagem de Pronto Atendimento. Rev Eletrônica Enferm. v. 10, n. 1, p. 51-62, 2008. CORONETTI, A. et al. O estresse da equipe de enfermagem na unidade de terapia intensiva: o enfermeiro como mediador. Arquivos Catarinenses de Medicina. v. 8, n. 35, 2008, p. 36-43. FERRAREZE, M. V. G.; FERREIRA, V.; CARVALHO, A. M. P. Percepção do estresse entre enfermeiros que atuam em Terapia Intensiva. Acta Paul Enferm. v. 19, n. 3, p. 310-15, 2006.

21 GUERRER, F. J. L.; BIANCHI, E. R. F. Caracterização do estresse nos enfermeiros de unidades de terapia intensiva. Rev. Esc. Enferm. USP. v. 42, n. 2, p. 355-362, 2008. GUIDO, L. A. Stress e coping entre enfermeiros de Centro Cirúrgico e Recuperação Anestésica. Tese (Doutorado em Enfermagem) - Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003. GUIDO, L. A. et al. Estressores na assistência de enfermagem ao potencial doador de órgãos. Rev Lat Am Enferm. v. 17, n. 6, p. 1023-1029, 2009. JODAS, D. A.; HADDAD, M. C. L. Síndrome de Burnout em trabalhadores de enfermagem de um pronto socorro de hospital universitário. Acta Paul Enferm. v. 22, n. 2, p. 192-7, 2009. LAZARUS, R. S.; FOLKMAN, S. Stress, appraisal and coping. New York: Springer Publishing Copany, 1984. LAZARUS, R.S.; LAUNIER, S. Stress related transaction between person and environment. In: DERVIN, L.A.; LEWIS, M. Perspectives in international psychology. New York, Plenum, 1978. p.287-327. LIMA, G. F.; BIANCHI, E. R. F. Estresse entre enfermeiros hospitalares e a relação com as variáveis sociodemográficas. Rev Min Enferm. v. 14, n. 2, p. 210-8, 2010. MINAYO, M. C. S. O desafio do conhecimento; pesquisa qualitativa em saúde. 8. ed. São Paulo: Hucitec-BRASCO; 2004. PEREIRA, M.E.R.; BUENO, S.M.V. Lazer Um caminho para aliviar as tensões no ambiente de trabalho em UTI: uma concepção da equipe de enfermagem. Rev Lat Am Enferm. v. 5, n. 4, p. 75-83, 1997. PRETO, V. A.; PEDRÃO, L. J. O estresse entre enfermeiros que atuam em UTI. Rev. Esc. Enferm. USP. v. 43, n. 4, p. 841-848, 2009 RODRIGUES, V. M. C. P.; FERREIRA, A. S. S. Fatores geradores de estresse em enfermeiros de Unidades de Terapia Intensiva. Rev Lat Am Enferm. v. 19, n. 4, 2011. ROTHER, E. T. Revisão sistemática versus revisão narrativa. Acta Paul Enfem. v. 20, n. 2, p. 5-6, 2007. SALOMÉ, G. M.; ESPÓSITO, V. H. C. Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem que trabalham em uma UTI. Revista Nursing, v. 13, n. 153, p. 92-98, 2011. SANTOS, F. D. et al. O estresse do enfermeiro nas unidades de terapia intensiva adulto: uma revisão da literatura. SMAD, Rev. eletrônica saúde mental alcool drog. v. 6, n. 1, p. 1-16, 2010. SELYE, H. Stress, a tensão da vida. 2 ed. São Paulo: Ibrasa, 1959.

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