Assitência odontológica na microrregião de Guaçuí/ES de 2003 a 2007

Documentos relacionados
MINISTÉRIO DA SAÚDE CONHEÇA A POLÍTICA QUE FAZ MUITOS BRASILEIROS VOLTAREM A SORRIR

rico-legal Reza a Constituição Federal do Brasil, de 1988:

Pois em ti está o manancial de vida; na tua luz, vemos a luz. (Salmos 36:9)

POLÍTICAS PÚBLICAS ATENÇÃO PRIMÁRIA A SAÚDE

DESEMPENHO DOS SERVIÇOS DE ESPECIALIDADES ODONTOLÓGICAS DA MACRORREGIÃO DE SAÚDE CENTRO NORTE DA BAHIA

SICA: Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) Prof. Walfrido K. Svoboda

Política Nacional de Atenção Básica. Portaria nº 648/GM de 28 de Março de 2006

Gastos com saúde bucal no Brasil: Crescimento da população de dentistas brasileiros, no período :

As atribuições dos profissionais das Equipes de Saúde da Família, de saúde bucal e de acs

Carie dentaria entre crianças de creches publicas na faixa etária de 0 a 5 anos

LOCALIZAÇÃO URBANA DAS EDIFICAÇÕES P/ ATENÇÃO PRIMÁRIA DE SAÚDE. Lucianne Fialho Batista

INSERÇÃO DO FISIOTERAPEUTA NA ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE E NOS NÚCLEOS DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA (NASF): REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Saúde em Debate ISSN: Centro Brasileiro de Estudos de Saúde Brasil

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 1. Profª. Lívia Bahia

EDITAL DE RETIFICAÇÃO Nº 01

JOURNAL OF NURSING AND HEALTH / REVISTA DE ENFERMAGEM E SAÚDE (JONAH / REnS)

Trabalho realizado no Centro de Pesquisas Aggeu Magalhães da Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ) Recife (PE), Brasil. 1

Nota de Acompanhamento de Beneficiários Edição: Nº Data base: Junho de 2018

930 Rev Saúde Pública 2005;39(6):930-6

Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Coordenação-Geral da Política de Alimentação e Nutrição

Desmonte da Saúde Bucal no SUS

AGENTE COMUNITÁRIO DE SAÚDE AULA 5

2004 Política Nacional de Saúde Bucal. Ações de promoção, prevenção, recuperação e manutenção da saúde bucal dos brasileiros

ANÁLISE DA EVOLUÇÃO DO SAMU NO BRASIL NA DÉCADA

Análise do acesso na Estratégia Saúde da Família a serviços odontológicos no estado de Pernambuco: estudo comparativo entre os anos 2001 e 2009

Programa Mais Médicos e Fortalecimento da Atenção Primária à Saúde: Aspectos Relacionados à Atração e Fixação de Profissionais Médicos 1

DIAGNÓSTICO DE VENDA NOVA DO IMIGRANTE A PARTIR DE FONTES SECUNDÁRIAS DE INFORMAÇÕES

1. Porcentagem de estudantes com aprendizado adequado em Língua Portuguesa e Matemática nível Brasil, Unidades da Federação e Municípios

FLÁVIA TORQUATO DUTRA

REORGANIZAÇÃO DA DEMANDA PARA ATENDIMENTO ODONTOLOGICO: o desafio de garantir acesso eqüânime às ações de saúde

Trabalho Produzido na ResidÊncia Multiprofissional em Saúde de Família de Santa Rosa 2

Cuidados em Oncologia: o Desafio da Integralidade. Gelcio Luiz Quintella Mendes Coordenador de Assistência Instituto Nacional de Câncer

CAEN-UFC RELATÓRIO DE PESQUISA Nº 02

PROJETO DE EXPANSÃO E CONSOLIDAÇÃO DO SAÚDE DA FAMÍLIA. Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica

Atenção Primária à Saúde: como e por quê avaliar o processo de atenção?

Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua PNAD Contínua. Mercado de Trabalho Brasileiro 1º trimestre de de maio de 2018

ENFERMAGEM ATENÇÃO BÁSICA E SAÚDE DA FAMÍLIA. Parte 4. Profª. Lívia Bahia

ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA. Carlos Leonardo F. Cunha

Associação de Indicadores de Produção Odontológica e de Condição Sócio-Sanitária na Atenção Básica de João Pessoa PB

04/10/2016. Relatório Dawson Atenção Primária à Saúde. Declaração de Alma-Ata Atenção Primária à Saúde Declaração de Alma-Ata

Linhas gerais e desafios da Política Nacional da Atenção Básica. Setembro, 2012

Panorama das ações e serviços de saúde no Brasil

PAUTA PMAQ 3º CICLO MINUTA PORTARIA

Atenção Básica na Atenção Integral à Saúde da Criança. PMAQ Processo de trabalho ofertas para o cuidado

Angelo Roncalli

APRIMORAMENTO DO SUS POR MEIO DO CONTRATO ORGANIZATIVO DE AÇÕES PÚBLICAS DE SAÚDE COAP 2013

ANEXO II ATRIBUIÇÕES DOS CARGOS

Atenção Integral à Desnutrição Infantil

VALORES DE TERRA NUA NAS DIFERENTES REGIÕES DO ESTADO DO ESPÍRITO SANTO

Estudo. Desenvolvimento habitacional e políticas públicas. Fernando Garcia, Ana Maria Castelo e Euclides Pedrozo

Empoderando vidas. Fortalecendo nações.

3º Ciclo do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ) VI Fórum de Gestão da Atenção Básica

Nota de Acompanhamento de Beneficiários Edição: Nº Data base: Dezembro de 2017

AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM SAÚDE BUCAL NO PROGRAMA SAÚDE DA FAMÍLIA

EFEITOS DA ESCOVAÇÃO SUPERVISIONADA EM ESTUDANTES DA REDE PÚBLICA DE ENSINO DA CIDADE DE QUIXADÁ

O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições, considerando a necessidade de:

Procedimentos odontológicos realizados no Projeto Tratamento Preventivo e Curativo às Crianças da Zona Rural

A INFLUÊNCIA DE ASPECTOS CONTEXTUAIS E INDIVIDUAIS NA DENTIÇÃO FUNCIONAL DE ADULTOS DO SUL DO BRASIL

Claudia Luciana de Sousa Mascena Veras

Apresentado por: Sheyla Márcia Dias Lima. Odontologia Hospitalar HMA

Nota de Acompanhamento de Beneficiários Edição: Nº Data base: Janeiro de 2018

Nota de Acompanhamento de Beneficiários Edição: Nº Data base: Outubro de 2018

Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A Divulgação dos resultados parciais do programa em 2013.

Política Nacional de Atenção Básica. Situação e Perspectivas

POLÍTICA NACIONAL DA ATENÇÃO BÁSICA: Carlos Leonardo Cunha

Comparison of Dental Care Practices According to Traditional and Family Health Models, Pelotas-RS,

Saúde Suplementar em Números

Nota de Acompanhamento de Beneficiários Edição: Nº Data base: Novembro de 2018

Reflexos da Inclusão da Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família no município de Poté-MG

O papel da Secretaria de Estado da Saúde no apoio e na articulação dos municípios para qualificar a Atenção Básica no Estado de São Paulo

Avaliação econômica do Programa de Saúde da Família em municípios do Estado da Bahia uma análise de viabilidade

FINANCIAMENTO DOS SERVIÇOS PÚBLICOS EM SAÚDE PAB FIXO:

Informações: Os slides a seguir foram apresentados no Painel de Especialistas da regional sul do Espírito Santo, no dia 02/08/2018.

RESULTADO DO LIRAa JANEIRO FEVEREIRO/15

PREFEITURA MUNICIPAL DE GUARANI

Nota de Acompanhamento de Beneficiários Edição: Nº Data base: Setembro de 2018

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL ESCOLA DE ADMINISTRAÇÃO ESPECIALIZAÇÃO EM GESTÃO EM SAÚDE JOÃO HENRIQUE BAMMANN KUHN

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS MG PRISCILA FARIA REZENDE REORGANIZAÇÃO DA ATENÇÃO A SAÚDE BUCAL NA REGIÃO DE SAÚDE DE ARAÇUAÍ

IMPLEMENTAÇÃO DA REDE DE ATENÇÃO ÀS URGÊNCIAS/EMERGÊNCIAS RUE

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE E ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

Gerson Lucas Silva Souza 1, Suellen da Rocha Mendes 2, Patrícia Azevedo Lino 3, Mara Vasconcelos 4, Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu 5

Avaliação do Cumprimento de Atenção Secundária em Saúde Bucal

A organização da atenção à saúde

SAÚDE E CIDADANIA TRANSFORMANDO A ESCOLA EM PROMOTORA DE SAÚDE DA COMUNIDADE

APS COMO PRODUTO. UNIMED PERSONAL: 5 anos de experiência. Dr. Paulo Magno do Bem Filho

Qualificação da Gestão

Rio de Janeiro, 18/05/2017. Mercado de Trabalho Brasileiro 1º trimestre de 2017

ENCONTRO ESTADUAL PARA FORTALECIMENTO DA ATENÇÃO BÁSICA

Cláudia Sartori Andressa Martins Valim Fernando Ritter Vinícius Antério Graff Cristine Maria Warmling. Introdução

Primary dental care indicators: association with socioeconomic status, dental care, water fluoridation and Family Health Program in Southern Brazil

Estudo comparativo de indicadores de saúde bucal em município do estado de São Paulo

A AVALIAÇÃO PARA A MELHORIA DA QUALIDADE NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA NO ESPÍRITO SANTO

O que é o PROESF? O Projeto de Expansão e. Consolidação do Saúde da Família - PROESF é uma iniciativa do Ministério da

O Programa Saúde da Família nasceu oficialmente no Brasil em1994, fundamentado em algumas experiências municipais que já estavam em andamento no

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Abril de 2016

MUNICÍPIO DE JACAREZINHO

Encontro Nacional de Atenção Básica. Saúde Bucal. Belém PA 9 de maio de 2018

Indicadores de Saúde no Espírito Santo

Ministério da Saúde Secretaria de Atenção à Saúde Departamento de Atenção Básica Coordenação de Acompanhamento e Avaliação

Projeto Qualisus. Paulo de Tarso Coordenação Executiva de Projetos DIPE / SE / Ministério da Saúde. Brasília-DF, junho de 2004.

Transcrição:

Mariana Aleluia Drago Leonor Hermínia Zortéa Bringhenti Dental assistence in the microarea of /ES of 23 to 27 Assitência odontológica na microrregião de /ES de 23 a 27 ABSTRACT Objective: To verify the production characteristics in the development of teams of Oral Health in the Family Health Program conducted in the micro, Espirito Santo, in the period of 23 to 27. Methodology: Data collection in DATASUS, IBGE and DAB/MS referring to all residents in the towns. The population s access to oral health services, the ratio between dental procedures and population, the amount of clinical restorative procedures, and the proportion of tooth extractions in relation to primary dental individual actions were analyzed. Results: Based on the first dental visit, all districts showed a progression to the population s access to oral health services. The amount of restorative procedures evolved across the micro area, highlighting 2,592, Guaçui 19.69 and 17.319 residents in 27. Yet surgical procedures for extractions obtained minimal regression compared to clinical restorative procedures. Conclusion: The insertion of Oral Health Care teams helped with satisfactory results due to rated indicators. Hopefully more resources will be donated to the teams and the towns to amplify their net of basic attention, making a positive impact in the oral health quality of the population. Keywords Dental procedures; Oral health; National health system. RESUMO Objetivo: Verificar as características de produção na evolução das equipes de Saúde Bucal no Programa de Saúde da Família, na microrregião de, Espírito Santo, no período de 23 a 27. Metodologia: Coleta de dados no DATASUS, IBGE e DAB/MS referente a todos os residentes no município. Analisa a avaliação do acesso da população aos serviços de saúde bucal, a razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população, a quantidade de procedimentos clínicos restauradores e a proporção de exodontias em relação às ações odontológicas básicas individuais. Resultados: Com base na primeira consulta odontológica, todos os municípios apresentaram uma progressão ao acesso da população aos Serviços de Saúde Bucal. A quantidade de procedimentos restauradores evoluiu em toda microrregião, destacando-se com 2.592, com 19.69 e com 17.319 residentes, no ano de 27. Já os procedimentos cirúrgicos de exodontias obtiveram regressão mínima quando comparados com procedimentos clínicos restauradores. Conclusão: A inserção das equipes de saúde bucal contribuiu para os resultados satisfatórios dos indicadores avaliados. Espera-se que mais recursos sejam destinados às equipes e que os municípios ampliem sua rede de atenção básica, impactando positivamente na qualidade da saúde bucal da população. Palavras-chave Procedimentos odontológicos; Saúde bucal; Sistema Único de Saúde. 1 Especialista em Saúde Coletiva com ênfase em ESF; mestranda em Clínica Odontológica pela Universidade Federal do Espírito Santo 2 Especialista em Auditoria em Saúde para o SUS; professor colaborador do Instituto Fênix/Fundação Castelo Branco 18 21; 12(2) : 18-24 Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde

INTRODUÇÃO Grandes mudanças políticas na saúde pública do Brasil ocorreram nos anos 9, guiadas pela necessidade de romper com as formas de organização do sistema de saúde, que teve seu ápice em 1994, quando, o Ministério da Saúde (MS) lançou, como consolidação do Sistema Único de Saúde (SUS), o Programa Saúde da Família (PSF) 1. A Fundação Nacional de Saúde (FUNASA) responsabilizou-se inicialmente pelo PSF e, logo após, houve a criação da Coordenação de Saúde da Comunidade (COSAC). Em 1995, o Programa foi transferido para a Secretaria de Assistência à Saúde (SAS) e, no ano seguinte, vigorava o sistema de financiamento a partir da tabela de procedimentos do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA SUS). No início de 1998, com a implementação da NOB 1/96, foram criados o pagamento per capita, os incentivos para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) e o PSF 17. O PSF apresenta-se como uma estratégia de reestruturação da atenção primária a partir de um conjunto de ações conjugadas em sintonia com os princípios do Sistema Único de Saúde, organizando suas ações sob a defesa da territorialização, hierarquização, integralidade e cadastramento das famílias, por uma equipe multidisciplinar 15. A ESF tem, como objetivo principal, levar a saúde para mais perto da família, melhorando a qualidade de vida dos brasileiros 9. Com a necessidade de expansão das ações da saúde bucal, a população brasileira, o Ministério da Saúde, em dezembro de 2, por intermédio da Portaria nº. 1.444, estabeleceu incentivos financeiros com contratação de cirurgiãodentista, atendente de consultório dentário e técnico de higiene dentária nas equipes do PSF 15. A equipe de saúde bucal introduzida no PSF deve fazer o cadastramento em saúde bucal no domicílio e usar desses dados no desenvolvimento de ações preventivas, educativas e curativas 2. A implantação do PACS, no Estado do Espírito Santo, teve início em 1997. Já em 1998, o PSF foi implantado com duas equipes, como uma estratégia de reorganização do modelo assistencial com equipes multiprofissionais em unidades de saúde 11. No ano de 29, o Programa Saúde da Família assistiu 51% da população capixaba representada em 73 municípios, com 296 equipes de saúde bucal. O município que não possui o PSF é acompanhado pelo PACS 2. A partir de outubro de 23, a Secretária de Estado da Saúde apresentou um estudo identificando os polos em três macrorregiões (Norte, Sul e Centro) e oito microrregiões (Cachoeiro de Itapemirim; ; Vila Velha/Venda Nova do Imigrante; Serra / Santa Teresa; Vitória; Colatina; Linhares; São Mateus), com o objetivo de descentralizar as ações e serviços de saúde, reduzindo as desigualdades e, com isso, garantindo o acesso da população a serviços e ações de saúde com integralidade e resolubilidade 1,3. A microrregião de é composta pelos municípios de, Bom Jesus do Norte, Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto,,,,, Iuna, e São José do Calçado 1. As equipes de saúde bucal foram implantadas na microrregião de em 27. O número de equipes de saúde bucal no município de foi de seis equipes; Bom Jesus do Norte ainda não tem equipe de saúde bucal no PSF; Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto e possuem duas equipes de saúde bucal em cada município; tem cinco equipes. Já, e Iuna contam cada uma três equipes de saúde bucal; tem quatro equipes de saúde bucal; São José do Calçado, três equipes. Apenas os municípios de Divino de São Lourenço, Dores do Rio Preto e têm cobertura de 1% 11. O estudo foi descritivo, com a finalidade de verificar as características de produção na evolução das equipes de saúde bucal no Programa de Saúde da Família, na microrregião de, Espírito Santo, no período de 23 a 27. METODOLOGIA Trata-se de um estudo descritivo, que utilizou a base de dados secundários do Banco de Dados do SUS dos municípios da microrregião de, conforme a classificação da organização da atenção à saúde bucal, de acordo com o ciclo de vida do indivíduo. O instrumento de coleta utilizado foi a análise dos dados de 23 a 27, no Sistema de Informação Ambulatorial (SIA), do Banco de Dados do SUS (DATASUS), Instituto Brasileiro Geográfico (IBGE) e Departamento de Atenção Básica do Ministério da Saúde (DAB/MS) relativos à microrregião de, segundo a classificação do Plano Diretor de Regionalização do Estado do Espírito Santo (23). A coleta de dados foi realizada para avaliar indica- Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde 21; 12(2) : 18-24 19

dores analíticos utilizados no Manual Técnico do Departamento Nacional de Auditoria do SUS/MS, Orientações Técnicas sobre Auditoria em Odontologia no SUS, que visam à qualidade da assistência odontológica prestada aos usuários do SUS. Os dados foram coletados no Sistema de Informação Ambulatorial (SIA) do DATASUS 7. Os indicadores propostos neste estudo avaliaram o acesso da população aos serviços de Saúde Bucal, relacionando a cobertura da primeira consulta odontológica com o número total de primeiras consultas odontológicas realizadas em determinado local e período, com a população no mesmo local e período X 1. A razão entre procedimentos odontológicos coletivos e a população foi aferida pela média anual da população coberta por procedimentos odontológicos coletivos em determinado local sob a população no mesmo local e período. A proporção de exodontias, em relação às ações odontológicas básicas individuais, foi verificada com o número total de exodontias de dentes permanentes realizadas em determinado local e período sob o total de ações básicas individuais em Odontologia realizadas em determinado local e período X 1 7. RESULTADOS E DISCUSSÃO Ao propor a reorganização da atenção básica em saúde, têm-se programas e políticas específicas induzindo o primeiro nível de acesso e de contato da população com o sistema de saúde. Essas medidas conduzem a uma mudança no modelo de assistência com predomínio nas ações preventivas e de promoção da saúde, reduzindo as ações curativas de média e alta complexidade 4. Com o surgimento do plano de reorganização de ações de saúde bucal na atenção primária, do Ministério da Saúde, a classe odontológica integrou-se nas equipes de saúde da família, como principal estratégia adotada no nível básico de atenção 7. Quando houve a realização e o incentivo financeiro à Estratégia de Saúde Bucal em 2, o ingresso da clientela às ações de saúde bucal ampliou-se e as práticas foram orientadas como o propagado pelo PSF, assim como o envolvimento de gestores que contribuiu para a real implantação do programa 19. Em 1998, a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD), com levantamento realizado pelo IBGE, indicou que, aproximadamente, 2 milhões, em um total de 16 milhões de brasileiros, nunca foram ao dentista, ou seja, 12,5% da população nunca obtiveram acesso ao tratamento odontológico. Na área rural, esse número sobe para 32% 16. Quando a saúde bucal integrou a Estratégia Saúde da Família em 21 até os dias atuais, cerca de 2 milhões de dentes deixaram de ser extraídos 8. Entre dezembro de 22 e 27, observou-se que 11.433 novas equipes de saúde bucal foram implantadas na Estratégia Saúde da Família. O total de equipes de saúde bucal chega a 15.694, atuando em 4.294 municípios. Assim, houve um aumento na cobertura da população de 5 milhões de pessoas, totalizando mais de 76 milhões de indivíduos cobertos por essas equipes 6. As equipes de saúde bucal já chegam a 16.552 atuando em 4.488 municípios. Atualmente, cerca de 6% das Equipes de Saúde da Família possuem equipes de saúde bucal, ou seja, dentre as 28.32 equipes de estratégia, são atuantes 16.552 equipes de saúde bucal, contando com 218.3 agentes comunitários 8. A evolução do indicador no ano de 27 foi devido a um levantamento de dados e monitoramento das equipes da Estratégia de Saúde da Família entre 25 e 26. As equipes foram classificadas entre regular e bom. Isso gerou maior incentivo das prefeituras para ampliação do atendimento 2. Um estudo da análise histórica dos indicadores de saúde bucal do pacto de atenção básica do SUS, realizado em 1.159 municípios no Sul do Brasil, entre 2 e 25, mostrou que Santa Catarina apresentava as maiores coberturas de primeira consulta odontológica, no período de 2 a 24, sendo superada pelo Paraná no ano de 25. A razão entre procedimentos coletivos e a população de zero a quatorze anos de idade mostrou uma estabilidade no Estado do Rio Grande do Sul e queda nos Estados de Santa Catarina e Paraná. Já no indicador razão entre exodontia de dentes permanentes e procedimentos odontológicos individuais na atenção básica, o Rio Grande do Sul apresentou os maiores valores em todos os anos da série 13. No período de 2 a 23, foram estudados, em 293 municípios do Estado de Santa Catarina, os indicadores de atenção básica à saúde bucal. A razão de procedimentos odontológicos coletivos na população entre zero e quatorze anos foi de,37 e a proporção de exodontias em relação ao total de procedimentos odontológicos individuais foi de 11,9%. As maiores coberturas foram associadas ao aumento de dentistas no SUS e os municípios com piores condições socioeconômicas foram associados a maiores proporções de exodontia 12. 2 21; 12(2) : 18-24 Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde

Na evolução da saúde bucal de 22 a 25, em 185 municípios do Estado de Pernambuco, observou-se que, apesar de o crescimento das equipes de saúde bucal ser de 24,22%, com a evolução dos procedimentos odontológicos de 19,19%, a proporção Estrátegia Saúde da Família sob Estrátegia de Saúde Bucal implantados em Pernambuco não consegue atingir 5% da população 22. No Espírito Santo, foi relatado que, devido à grande rotatividade dos profissionais de saúde, incluindo os profissionais da ESB, a qualidade, continuidade de ações e relação do profissional-população são prejudicadas 2. No presente trabalho, a medida da primeira consulta odontológica foi feita pelo número total de primeiras consultas odontológicas realizadas em determinado local e período, com a população no mesmo local e período X 1 7. Dos municípios da microrregião estudada, o ano de 27 apresentou o maior número de primeiras consultas odontológicas: (13,1), Bom Jesus do Norte (1,6), Divino de São Lourenço (54,7), Dores do Rio Preto (8,7), (11,8), (5,6), (13,4), (12,), Iuna (14,4), (13,5) e São José do Calçado (13,4) (Gráfico 1). Primeira Consulta Odontológica Programática Micro Guaçui (23 a 27) 7. 6. 5. 4. 3. 2. 1. 23 24 25 26 27 Gráfico1- Primeira consulta odontológica programática Micro (23 a 27) No município de Alagoinha, Bahia, os profissionais organizaram seus turnos para que o processo de trabalho fosse curativo e preventivo. O trabalho preventivo é realizado por meio de atividades nas escolas municipais com palestras, controle de placa, escovação supervisionada e aplicação de flúor 21. No distrito de Mosqueiro, Pará, a Equipe de Saúde Bucal, implantada em 2, aumentou a prevenção e a promoção com procedimentos preventivos, tratamento restaurador atraumático, procedimentos curativos nos odontomóveis. Os profissionais também desenvolvem atividade domiciliar na população ribeirinha, devido à dificuldade geográfica de acesso à Unidade de Saúde 9. Ao calcular a média anual de população coberta por procedimentos odontológicos coletivos em determinado local, sob a população no mesmo local e período, foi destaque o município de, no ano de 27 (131,9), com maior acesso da população às ações de prevenção em saúde bucal. Há um aumento contínuo desse indicador em 23 (37,8), 24 (49,9), 25 (57,) e 26 (131,9). O município de ficou estável em 23 (15,) e 24 (15,8). No ano de 25 (2,9), apresentou um maior acesso da população aos procedimentos coletivos com progressão em 26 (41,2) e 27 (6,3) (Gráfico 2). Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde 21; 12(2) : 18-24 21

Procedimentos Coletivos e Preventivos Micro Guaçui (23 a 27) 14. 12. 1. 8. 6. 4. 2. 23 24 25 26 27 Gráfico 2 - Procedimentos coletivos e preventivos micro (23 a 27) Ao analisar o total de procedimentos individuais restauradores nos municípios da microrregião de, o ano de 26 apresentou maior quantidade de procedimentos realizados: (23.228), Bom Jesus do Norte (5.36), Divino de São Lourenço (2.751), Dores do Rio Preto (1.794), (15.152), (6.234), (9.635), (7.672), Iuna (4.95), (9.924) e São José do Calçado (7.83). Os municípios de Divino de São Lourenço 23 (1.459), 24 (1.825), 25 (2.13), 26 (2.751), 27 (3.14), e 23 (3.546), 24 (3.773) 25 (5.523). Em, de 26 (9.635) para 27 (17.319), os dados quase duplicaram (Gráfico 3). Procedimentos Clínicos Restauradores Micro Guaçui (23 a 27) 25. 2. 15. 1. 5. 23 24 25 26 27 Gráfico 3- Procedimentos clínicos restauradores micro (23 a 27) 22 21; 12(2) : 18-24 Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde

Com a falta de incentivo no município de Grão Mogol, Minas Gerais, as ações de saúde bucal restringiram-se a práticas iatrogênicas e multiladoras, como exodontias e alívio da dor, não contribuindo para a melhoria das condições de saúde bucal da população, refletindo, assim, na visão de que a doença dental era comum e que as exodontias eram a única forma de cura. Essa mentalidade mudou com a integração da equipe com a população 14. Na obtenção do total de exodontias (dentes extraídos) nos procedimentos de cirurgia bucal, foi calculada a proporção de exodontias em relação às ações odontológicas básicas individuais, ou seja, o número total de exodontias em determinado local e período sob o total de ações básicas individuais em Odontologia, realizadas em determinado local e período X 1 7. Os municípios de Divino de São Lourenço 23 (23), 24 (353), 25 (371), 26 (153), 27 (271), Dores do Rio Preto 23 (449), 24 (867), 25 (999), 26 (518), 27 (546) e São José do Calcado 23 (26), 24 (882), 25 (1.26), 26 (1.5), e 27 (1.37) apresentaram resultados negativos, ou seja, aumento do número de extrações comparado com os procedimentos preventivos, restauradores e conservadores. Os demais municípios estudados apresentaram resultados estáveis, ou com ligeira queda na quantidade de dentes extraídos (Gráfico 4). Procedimentos de Exodontia Micro Guaçui (23 a 27) 4. 3.5 3. 2.5 2. 1.5 1. 5 23 24 25 26 27 Gráfico 4 - Procedimentos de exodontias Micro (23 a 27) CONCLUSÃO Esses resultados permitem sugerir que mais recursos sejam destinados às equipes de saude bucal no SUS e que os municípios ampliem sua rede de atenção básica nos próximos anos, impactando positivamente na qualidade da saúde bucal de nossa população. REFERÊNCIAS 1.Baldini MH, Fadel CB, Possamai T, Queiroz MGS. A inclusão da odontologia no Programa Saúde da Família no Estado do Paraná, Brasil. Cad Saúde Pública 25; 21(4):126-35. 2.Bernardes F. PSF é certificado no ES e propõe melhorias ainda para este ano. [citado 26 jul14]. Disponível em: URL: http://www.seculodiario.com.br. 3.Birchler CM. Evolução histórica da Organização da A- tenção Primária no Espírito Santo. [citado 26 jul.15]. Disponível em: URL: atencaoprimaria@saude.es.gov.br. 4.Bodstein R. Atenção básica na agenda da saúde. Ciênc Saúde Coletiva 22; 7 (3):42-12. 5.Brasil. Ministério da Saúde. Departamento de Atenção Básica; 24. [citado 21 jan 1] Disponível em: URL: http://dtr24.saude.gov.br/dab/in.php. Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde 21; 12(2) : 18-24 23

6.Brasil. Ministério da Saúde. Saúde bucal. 24. [citado 21 jan 1]. Disponível em: URL: http://dtr24.saude. gov.br/dab/cnsb/saude_familia.php. 7.Brasil. Ministério da Saúde. Departamento Nacional de Auditoria do SUS. orientações técnicas sobre auditoria em odontologia, caderno dois. Brasília: Ministério da Saúde; 25. 8.Conselho Federal de Odontologia. Saúde da família completa 15 anos. Jornal do Conselho Federal de Odontologia. 28; 16 (85):3-8. 9.Emmi DT, Barroso RFF. Avaliação das ações de saúde bucal no Programa Saúde da Família no distrito de Mosqueiro, Pará. Ciênc Saúde Coletiva 28; 13 (1):35-42. 1.Espirito Santo. Secretaria de Saúde. Plano Diretor de Regionalização do Estado do Espírito Santo. Vitória: Secretaria de Saúde; 23. 11.Espírito Santo. Secretaria de Saúde. Sesa apresenta Projeto de Expansão e Fortalecimento da APS no DIO nesta tarde. [citado 28 fev 12]. Disponível em: URL: http://www.saude.es.gov.br. 12.Fernandes LS, Peres MA. Associação entre atenção básica em saúde bucal e indicadores socioeconômicos municipais. Rev Sáude Pública 25; 39(6):93-6. 13.Fisher TK, Peres KG, Kupek E, Peres MA. Indicadores de atenção básica em saúde bucal: associação com as condições socioeconômicas, provisão de serviços, fluoretação de águas e a estrátegia de saúde da família no Sul do Brasil. Rev Bras Epidemiol 21; 13(1):126-38. 14.Junior HM, Franco BM, Santos AA, Ramalho LMP. Avaliação do serviço de saúde bucal no municipio de Grão Mogol, Minas Gerais, Brasil: a voz do usuário. Ciênc Saúde Coletiva 29; 14(4):1287-95. 15.Matos PES, Tomita NE. A inserção da saúde bucal no Programa Saúde da Família: da universidade aos pólos de capacitação. Ciênc Saúde Coletiva 24; 2(6):1538-44. 16.Oliveira JLC, Saliba NA. Atenção odontológica no Programa de Saúde da Família de Campos dos Goytacazes. Ciênc Saúde Coletiva 25; 1(suppl 1): 297-32. 17.Pereira AC. Odontologia em saúde coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto : Artmed; 23. 18.Roncalli AG, Lima KC. Impacto do Programa Saúde da Família sobre indicadores de saúde da criança em municípios de grande porte na Região Nordeste do Brasil. Ciênc Saúde Coletiva 26; 11(3):713-24. 19.Santos AM, Assis MMA. Da fragmentação à integralidade: construindo e (des) construindo a prática de saúde bucal no Programa de Saúde da Família (PSF) de Alagoinha, BA. Ciênc Saúde Coletiva 26; 11(1): 53-61. 2.Terreri ALM, Soler ZASGS. Estudo comparativo de dois critérios utilizados no Programa Saúde da Família na priorização do tratamento da carie entre crianças de 5 a 12 anos. Cad Saúde Pública 28; 24(7):1581-87. 21.Santos AM, Assis MMA. Da fragmentação à integralidade: construindo e (des)construindo a prática de saúde bucal no Programa de Saúde da Família (PSF) de Alagoinha, BA. Ciênc Saúde Coletiva 26; 11(1):53-61. 22.Silva SF, Martelli PJL, Sá DA, Cabral AP, Pimentel FC, Monteiro IS, Vieria L. Ánalise do avanço das equipes de saúde bucal inseridas na estratégia saúde da família em Pernambuco, Região Nordeste, Brasil, 22 a 25. Ciênc Saúde Coletiva [citado 21 jan 12]. Disponível em: URL: http://www.abrasco.org.br/cienciaesaudecoletiva/artigos/artigo_int.php?id_artigo=194. Correspondência para/ Reprint request to: Mariana Aleluia Drago Rua Luis Fernandes Reis, 53, apto 11, Praia da Costa, Vila Velha, Espírito Santo CEP: 2911-12 email: dragomari@hotmail.com 24 21; 12(2) : 18-24 Revista Brasileira de Pesquisa em Saúde