CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO TRIBUTÁRIO. Aula Ministrada pelo Prof. Pedro Bonifácio AULA 26 12/06/17 PRESCRIÇÃO E DECADÊNCIA DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO CASOS QUE SUSPENDEM A PRESCRIÇÃO Art. 151 CTN. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário: I - Moratória; II - O depósito do seu montante integral; III - As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo; IV A concessão de medida liminar em mandado de segurança; V A concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial; VI O parcelamento. I Moratória = prorrogação do prazo de vencimento do tributo.
Na moratória concedida não há aplicação de multa, já no parcelamento o fisco pode aplicar multa. A moratória pode ser concedida em caráter geral ou individual art. 152 CTN. ATT: a CF não recepcionou a alínea b do inciso I do art. 152 CTN, em razão do Princípio da Vedação Heterônoma ART. 151, III CF. A regra é que primeiro se constitua o tributo para depois pedir a moratória. Durante o prazo da moratória a exigibilidade do CT fica suspenso. EXISTE DIFERENÇA ENTRE DEPÓSITO ADMINISTRATIVO E JUDICIAL? II - O depósito do seu montante integral durante o curso de ações judiciais, o fisco pode a executar o contribuinte, por isso a importância do depósito judicial. O deposito deve ser feito até a data do vencimento, pois se for feito após o vencimento, quando o juiz sentenciar e for devido a cobrança do tributo, irá incidir multa, juros e correção. Durante o curso do processo, após o depósito, não é possível pedir a devolução. O depósito deve ser feito no montante integral e em dinheiro. JURISPRUDÊNCIA... Apesar de se tratar de uma faculdade do contribuinte, a opção pelo depósito judicial vincula os valores depositados ao crédito tributário discutido judicialmente, cujo levantamento por alguma das partes, Fisco ou contribuinte, fica dependente do desfecho da lide, a teor do artigo 32, 2º da LEF. (STJ, 2ªT., AgRg no REsp 835.067/SP, Rel. Ministra Eliana Calmon maio/08.) Esta Lei regula os depósitos judiciais: Art. 1º, 3º LEI 9.703/98. Mediante ordem da autoridade judicial ou, no caso de depósito extrajudicial, da autoridade administrativa competente, o valor do depósito, após o encerramento da lide ou do processo litigioso, será:
CASO... Lei 8213/91, em seu artigo 126, 1º e 2º determina: Art. 126: Das decisões do Instituto Nacional do Seguro Social-INSS nos processos de interesse dos beneficiários e dos contribuintes da Seguridade Social caberá recurso para o Conselho de Recursos da Previdência Social, conforme dispuser o Regulamento. 1º Em se tratando do processo que tenha por objeto a discussão de crédito previdenciário, o recurso de que trata este artigo somente terá seguimento se o recorrente, pessoa jurídica ou sócio desta, instruí-lo com prova do depósito, em favor do Instituto Nacional de Seguro Social INSS, de valor correspondente a trinta por cento da exigência fiscal definida na decisão. SV. 21 STF depósito em âmbito administrativo não é requisito de admissibilidade. É inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou bens para admissibilidade de recurso administrativo. Art. 38 Lei 6830/80 diz que ação anulatória precisa recolher o valor do débito, porém, a SV 28 STF nos traz que é inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade. Art. 38 Lei 6830/80 - A discussão judicial da Dívida Ativa da Fazenda Pública só é admissível em execução, na forma desta Lei, salvo as hipóteses de mandado de segurança, ação de repetição do indébito ou ação anulatória do ato declarativo da dívida, está precedida do depósito preparatório do valor do débito, monetariamente corrigido e acrescido dos juros e multa de mora e demais encargos. SV 28 STF - É inconstitucional a exigência de depósito prévio como requisito de admissibilidade de ação judicial na qual se pretenda discutir a exigibilidade de crédito tributário. Somente com o transito em julgado da decisão que é possível resgatar o depósito realizado. O transito em julgado pode ser com resolução do mérito a favor do contribuinte, desta forma o contribuinte pode resgatar o depósito. OU Se o transito em julgado for com resolução do mérito a favor do fisco, o depósito é convertido em renda. Art. 156 CTN extinguem o crédito tributário: VI conversão do depósito em renda. Quando não houver resolução do mérito, o crédito continua vivo e os tribunais tem decidido que o depósito nesta condição (sem resolução do mérito) ficará em favor do fisco. JURISPRUDÊNCIA... PROCESSUAL CIVIL E TRIBUTÁRIO. AGRAVO REGIMENTAL. EXTINÇÃO DO PROCESSO SEM JULGAMENTO DO MÉRITO. DEPÓSITO JUDICIAL EFETUADO PARA SUSPENDER A EXIGIBILIDADE DO CRÉDITO. CONVERSÃO EM RENDA. PRECEDENTES. 1. Com o Julgamento dos Embargos de Divergência no Recurso Especial n. 479.725/BA (relator Ministro José Delgado), firmou-se, na primeira turma do STJ, o entendimento de que, na hipótese de extinção do mandado de segurança sem julgamento de mérito, em face da ilegitimidade passiva da
autoridade apontada como coatora, os depósitos efetuados pelo contribuinte para suspender a exigibilidade do crédito tributário devem ser convertidos em renda da Fazenda Pública. 2. Agravo regimental improvido. (AgRg no Ag 756.416/SP, rel. Min. João Otávio de Noronha, 2ªT., j, 27-06-2006). O depósito inibitório de ação fiscal (CTN, art. 151) deve ser devolvido ao contribuinte em caso de este ser vitorioso na ação a ele relativa. Não é lícito ao Fisco apropriar-se de tal depósito a pretexto de que existe outras dívidas do contribuinte, oriundas de outros tributos. Semelhante apropriação atenta contra a coisa julgada. (CPC, arts. 467 e 468) (REsp 297.115/SP., rel. Min. Humberto Gomes de Barros, j.03-04-2001). REC.ESPECIAL 901052/SP Quando não houver resolução do mérito, teremos duas condições para o depósito ficar com o fisco: 1º: Não ficará com o fisco quando o tributo for indevido e 2º: quando a fazenda pública não for competente do tributo. CASO... Francisco, proprietário de um imóvel rural localizado no município de Abadiânia no estado de Goiás, não realiza a declaração e o pagamento do imposto territorial rural, conforme determina a Lei 9393 de 1996 em seus artigos 8º e 10º. Contudo recebe a informação de que a União está na cidade fiscalizando as propriedades, e mesmo à aqueles isentos, como no caso em tela, emite o auto de infração imediato obrigando o pagamento do tributo com juros e multa. Avalie a situação respondendo os itens a seguir: A Antes da fiscalização tributária, qual o melhor a se fazer: realizar a declaração antecipada conforme determina a legislação, aguardar a fiscalização ou se dirigir a um posto da Receita Federal? B Após decidir a melhor atitude a ser realizada no caso, qual a ação judicial cabível para afastar a cobrança, visto que o contribuinte é isento do imposto? A Melhor ele procurar o posto da Receita Federal, para assim se beneficiar da denúncia espontânea, se for o caso. Lembrando que a denúncia espontânea só alcança a multa. B Propor Ação Anulatória, devido a dilação probatória. Aconselharia o cliente fazer o depósito judicial para não haver a cobrança de juros. III As reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do processo tributário administrativo: A reclamação administrativa suspende a prescrição e a exigibilidade do crédito. Dois caminhos para anular o CT Mando de Segurança ou Ação Anulatória: IV a concessão de medida liminar em mandado de segurança: Mandado de Segurança: A medida liminar para ser garantida é preciso preencher dois requisitos: fumus boni iuris ou periculum in mora. É importante descrever como os requisitos se mostram para que o juiz entenda de fato a urgência da situação.
V A concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras espécies de ação judicial Ação Anulatória: Tutela provisória de urgência antecipada art. 300 CPC se verifica a antecipação do mérito, em caráter antecedente ou incidental. Requisitos: probabilidade do direito e o risco ao resultado útil do processo (a demora no tempo vai provocar pode não adiantar para o contribuinte). Os efeitos são retroativos SUM 405 STF Tutela provisória de evidencia art. 311 CPC: não é o tempo que preocupa e sim a evidencia do direito do contribuinte. I.R.D.R = Índice de Resolução de Demanda Repetitiva + Prova documental. VI O parcelamento O Parcelamento não é um dever do fisco, pois, depende de lei específica art. 155-A CTN. No parcelamento não é possível aplicar a denúncia espontânea, pois, no 1º do art. 155-A CTN, estabelece que no parcelamento é permitido a cobrança de multa e juros. Art. 155-A CTN. O parcelamento será concedido na forma e condição estabelecidas em lei específica. 1o Salvo disposição de lei em contrário, o parcelamento do crédito tributário não exclui a incidência de juros e multas. JURISPRUDÊNCIA... TRIBUTÁRIO. CONFISSÃO DA DÍVIDA. PARCELAMENTO DO DÉBITO. DENÚNCIA ESPONTÂNEA NÃO CONFIGURADA. EXCLUSÃO DA MULTA MORATÓRIA. IMPOSSIBILIDADE. 1. O benefício previsto no art. 138 do CTN não se aplica aos casos em que o contribuinte faz opção pelo parcelamento do débito tributário, exigindo-se, para a exclusão da multa moratória, o integral pagamento do tributo devido e dos juros de mora, ou o depósito da importância arbitrada pela autoridade administrativa. 2. A LC 104/2001 incide apenas sobre os parcelamentos posteriores ao seu advento. Entende a 1ª Seção, contudo, que tal dispositivo apenas positivou norma que já se continha no sistema, decorrente da interpretação do art. 138 do CTN. 3. Agravo regimental improvido. (AgRg no REsp 545.426/PR, 1ªT., rel. Min. Teori Zavascki, j.28-10-2003). CASOS DE INTERRUPÇÃO DA PRESCRIÇÃO: Art. 174, parágrafo único CTN. A prescrição se interrompe: I pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal; II - pelo protesto judicial; III - por qualquer ato judicial que constitua em mora o devedor; IV - por qualquer ato inequívoco ainda que extrajudicial, que importe em reconhecimento do débito pelo devedor. Na interrupção a contagem começa do zero, desta forma, a interrupção só pode ocorrer uma única vez.
I Pelo despacho do juiz que ordenar a citação em execução fiscal Quando ocorrer o despacho de citação, interrompe a prescrição. A citação poderá ocorrer de 3 formas: correio, pessoal, edital Contudo, a citação por edital só pode ocorrer se as duas modalidades de citação já foram usadas SUM 414 STJ. A citação por edital na execução fiscal é cabível quando frustradas as demais modalidades. Após citado, o contribuinte terá 5 dias para pagar, caso não pague, ocorrerá a penhora online. CASO... Felipe Cruz era sócio da Gráfica impressão do futuro, contudo em razão de mudança para outra cidade, decidiu se afastar da sociedade, o que em 10.03.2001 se consumou após alteração no quadro societário. Em 10.05.2002 a empresa sofreu uma autuação da Receita Federal pelo entendimento que algumas receitas não foram contabilizadas, por isso, cobrou a diferença correspondente ao fato gerador do período de 1997. A empresa manifestou impugnação administrativa dentro do prazo e em sentença denegatória proferida em 05.04.2003 foi inscrita em Dívida Ativa. Não realizou o pagamento do respectivo tributo e por isso em 08.02.2008 a Fazenda Pública protocolou o pedido de Execução Fiscal. Em Agosto de 2009 o Juiz proferiu o despacho de citação em favor do executado (PJ Jurídica). Após a não manifestação da PJ dentro do prazo previsto, houve o pedido da Fazenda Nacional para a Penhora online, prevista no artigo 185 A do CTN, o que de pronto foi autorizado pelo juízo. Em novembro de 2015 foi pedido o redirecionamento da Execução Fiscal para o Sócio Felipe Cruz, com o bloqueio imediato da sua conta corrente. FG = 1997 CT = 10.05.2002 Trata-se de decadência com aplicação da Regra Geral SUM 555 STJ Decadência = 31.12.2002 CDCT (Constituição Definitiva do CT) = 05.04.2003 Execução Fiscal = 08.02.2008 Despacho da Citação = ago-2009 Note que houve uma demora na citação por parte do judiciário, já estando prescrito o CT pela morosidade do judiciário e não por inercia do fisco, desta forma veio a SUM 106 STJ para solucionar está questão. SUM 106 STJ - Proposta a ação no prazo fixado para o seu exercício, a demora na citação, por motivos inerentes ao mecanismo da justiça, não justifica o acolhimento da arguição de prescrição ou decadência. Em nov-15 houve o pedido de redirecionamento, porém, já estava prescrito desde ago-14. Ilegalidade da penhora online para pessoa física do sócio art. 185-A CTN. Art. 185-A CTN. Na hipótese de o devedor tributário, devidamente citado, não pagar nem apresentar bens à penhora no prazo legal e não forem encontrados bens penhoráveis, o juiz
determinará a indisponibilidade de seus bens e direitos, comunicando a decisão, preferencialmente por meio eletrônico, aos órgãos e entidades que promovem registros de transferência de bens, especialmente ao registro público de imóveis e às autoridades supervisoras do mercado bancário e do mercado de capitais, a fim de que, no âmbito de suas atribuições, façam cumprir a ordem judicial. Súmula 560 STJ. A decretação da indisponibilidade de bens e direitos, na forma do art. 185-A do CTN, pressupõe o exaurimento das diligências na busca por bens penhoráveis, o qual fica caracterizado quando infrutíferos o pedido de constrição sobre ativos financeiros e a expedição de ofícios aos registros públicos do domicílio do executado, ao Denatran ou Detran. SUM 430 STJ o mero inadimplemento O inadimplemento da obrigação tributária pela sociedade não gera, por si só, a responsabilidade solidária do sócio-gerente. 03 TESES de defesa no caso do sócio: Prescrição total do CT para o sócio Ilegalidade da penhora online para o sócio Que o mero inadimplente não gera responsabilidade para o sócio. Para fazer em casa: CASO... Em 20/05/95, a Receita Federal, em decorrência de fiscalização realizada na sede da empresa ABC, constatou que a empresa não havia declarado, e consequentemente recolhido, a COFINS referente a todos os meses do exercício de 1990. Notificada a empresa, esta impugnou, sem sucesso, o auto de infração e, depois, recorreu administrativamente ao Conselho de Contribuintes. Em 20/07/04, adveio a decisão definitiva, confirmando o ato da autoridade tributária, sendo a empresa notificada da referida decisão na própria data. A União Federal ajuizou execução fiscal relativa ao crédito em 20/06/2009, sendo que o despacho de citação foi exarado em 20/08/12, entretanto, não encontrada de pronto a executada, a exequente não mais movimentou o processo. Examine as questões envolvidas e responda aos itens a seguir, utilizando os argumentos jurídicos apropriados e a fundamentação legal pertinente ao caso. A) analise a constituição do crédito tributário pelo Fisco, referindo se ocorreu de forma regular ou não, bem como se adveio dentro do prazo legal. (Valor: 0,30) B) houve, na hipótese, interrupção ou suspensão do prazo de cobrança do crédito fiscal? (Valor: 0,50) C) A propositura da execução em 20/06/2009 e o despacho de citação em 20/08/2012, resguardará o direito da Fazenda Pública? (Valor: 0,45) BONS ESTUDOS! Monitoria: Cristina Casares