UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU EM PSICOMOTRICIDADE PROJETO A VEZ DO MESTRE

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Transcrição:

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU EM PSICOMOTRICIDADE PROJETO A VEZ DO MESTRE PSICOMOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL Por: SANDRA MARIA FREITAS MARTINS Professora Orientadora: Diva Nereida M. Maranhão RIO DE JANEIRO JANEIRO / 2003

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES DIRETORIA DE PROJETOS ESPECIAIS CURSO DE PÓS GRADUAÇÃO LATU SENSU EM PSICOMOTRICIDADE PROJETO A VEZ DO MESTRE PSICOMOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL Monografia apresentada como Requisito parcial para conclusão do curso de Pós graduação em Psicomotricidade Latu Sensu Por: Sandra Maria Freitas Martins Professora orientadora: Diva Nereida M. Maranhão RIO DE JANEIRO JANEIRO / 2003

AGRADECIMENTOS A Deus por estar presente em todos os momentos de minha vida. Aos professores do projeto A Vez do Mestre que foram fundamentais na realização desse trabalho e a todos que colaboraram com apoio e incentivo.

DEDICATÓRIA A todas as crianças que participaram desse projeto. Aos queridos amigos de curso da turma de Psicomotricidade pelo carinho e companheirismo.

RESUMO O presente trabalho propõe a apresentar o desenvolvimento motor e a fase escolar. A Psicomotricidade como ciência da educação, procura educar o movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve as funções da inteligência. Sem o suporte psicomotor, o pensamento não poderá ter acesso aos símbolos e a abstração. O desenvolvimento motor evolui paralelamente ao desenvolvimento mental. Para a maioria das crianças que passam por dificuldades de escolaridade, a causa do problema não está no nível da classe a que chegaram, mas bem antes, no nível das bases. Os elementos básicos ou pré requisitos, condições mínimas necessárias para uma boa aprendizagem, constituem a estrutura da educação psicomotora.

METODOLOGIA Pesquisa bibliográfica específica, explorativa, a partir de coleta, análise crítica e interpretação das contribuições teóricas sobre o tema proposto, bem como das observações de crianças em sala de aula, residências e parquinhos. O relacionamento professor x aluno, família x criança, também fizeram parte da coleta de dados, com o objetivo de observar, avaliar e comparar a evolução motora e o rendimento das crianças ao longo do ano letivo e para as conclusões finais. Como base desse estudo, está o desenvolvimento da criança normal, pois o conhecimento do processo normal será útil para os profissionais chegarem a um diagnóstico e tratamento precoce da criança que apresentar desvios no desenvolvimento.

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...08 CAPÍTULO I - Psicomotricidade...10 1.1 - Histórico e Conceituação...10 1.1.1 Na Antiguidade...10 1.1.2 Na Idade Média...11 1.1.3 Na Idade Contemporânea...11 1.1.4 No século XX...11 1.2 - A Psicologia Humanística...12 1.3 - Objetivos...13 1.3.1 Objetivo Geral...13 1.3.2 Objetivos específicos...14 1.4 - Fundamentos...15 1.5 - Indicação...16 CAPÍTULO II - Profissionais que atuam na Psicomotricidade...17 CAPÍTULO III - Reflexos Primitivos...19 3.1 - Reflexo de Busca...19 3.1.1 Reflexo de GAG...19 3.1.2 Reflexo de Marcha...19 3.1.3 Reflexo de Gallant...19 3.1.4 Reflexo de Preensão Palmar...19 3.1.5 Reflexo de Preensão Plantar...19 3.1.6 Reflexo de Moro...20 3.1.7 Reflexo de Flexão...20 3.1.8 Reflexo de Extensão...20 3.1.9 Reflexo de Extensão Cruzada...20

3.2 - Reflexos Tônicos...20 3.2.1 Reflexo Tônico Labiríntico (RTL)...20 3.2.2 Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (RTCA)...20 3.2.3 Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS)...20 3.3 - Reações de Retificação ou Endireitamento...21 3.3.1 Reflexo Cervical de Retificação...21 3.3.2 Reação Labiríntica de Retificação...21 3.3.3 Reação Corporal de Retificação (sobre o corpo)...21 3.3.4 Reação Corporal de Retificação (sobre a cabeça)...21 3.3.5 Reação de Landau...21 3.3.6 Reação de anfíbio...21 3.4 - Reflexos Corticais (Reação Protetora e Equilíbrio)...21 3.4.1 Reação de Extensão Protetora dos braços...21 3.4.2 Reação de Equilíbrio...22 CAPÍTULO IV - Desenvolvimento Normal da Criança...23 CAPÍTULO V - O Professor e a Psicomotricidade...24 CAPÍTULO VI - O Papel da Escola...25 6.1 - Diagnóstico Precoce do Desenvolvimento...26 6.1.1 Deficiências...27 6.1.2 Alterações Freqüentes...27 CAPÍTULO VII - Algumas causas dos Distúrbios Psicomotores...29 7.1 - Psicológicas...29 7.1.1 Pedagógicas...29 7.1.2 Sócio-Culturais...29 CAPÍTULO VIII - Atuação do Fonoaudiólogo...30 8.1 - Atividades...30 8.1.1 Patologias mais comuns...31 8.1.2 Diagnóstico Precoce...31 CONCLUSÃO...32 BIBLIOGRAFIA...33 INDÍCE...34 ANEXOS...37

INTRODUÇÃO Desde o nascimento, uma criança apresenta potencialidades para desenvolver-se. Estas potencialidades não dependem só da maturação dos processos orgânicos, mas também das trocas com o outro sendo importante principalmente na primeira infância, pois influencia na orientação do temperamento e da personalidade. Ao nascer, as estruturas que compõem o sistema nervoso já estão prontas, porém, longe de seu desenvolvimento total, ou seja, ainda é imaturo. Na criança recém-nascida, o córtex cerebral (onde se encontram as células nervosas) não tem qualquer influência sobre as regiões inferiores do cérebro, porque as bainhas de mielina (uma espécie de isolamento ao redor das fibras nervosas) ainda não estão formadas. A mielinização (isolamento) é necessária para que os impulsos partidos de um centro nervoso possam passar ao longo das fibras nervosas em direção ao sistema nervoso. Existe, portanto, uma estreita conexão entre a mielinização e o desenvolvimento das atividades fisiológicas, inclusive os movimentos da criança. Entretanto, a medula espinhal já se encontra mielinizada ao nascimento, assim tornando possível todos os movimentos do recém-nascido. Estes movimentos constituem todos eles ações reflexas, ou seja, reações motoras involuntárias que podem ser inteiramente espontâneas. Reflexo é um movimento primitivo e imediato, uma certa resposta para determinado estímulo, que envolve a entidade anatômica chamada arco-reflexo na qual a parte superior do Sistema Nervoso Central não toma parte. Em doze meses a criança passa de uma fase totalmente reflexa para uma quase independência motora. A persistência dos reflexos, além da idade esperada, pode interferir em seu comportamento motor global e em atividades especificas como as de alimentação, respiração e de comunicação. Durante o desenvolvimento do bebê as funções que emergem e se tornam mais evidenciáveis são as funções motoras, perceptivas, propioceptivas, cognitivas, afetivas e de linguagem. Todas essas funções evoluem simultaneamente, com grande interação entre si de forma harmônica.

9 Este estudo buscou destacar a evolução psicomotora da criança e a importância de vivenciar cada etapa do desenvolvimento motor. As aquisições da criança, na fase pré- escolar são consideráveis, ela sai do parasitismo e inconsciência absoluta para o domínio das coordenações neuromotoras essenciais: andar, correr, saltar, fala e expressão, o jogo, o brincar, o sentido do bem e do mal. A Psicomotricidade existe nos menores gestos, na afetividade, e em todas as atividades que desenvolvem a motricidade da criança, visando ao conhecimento e o domínio de seu próprio corpo. A Psicomotricidade ajuda a criança a tornar coerente a sua linguagem gestual com a linguagem oral e a escrita, daí a sua importância no período pré-escolar, que prepara a criança para sua alfabetização.

10 CAPÍTULO I PSICOMOTRICIDADE 1.1 - Histórico e Conceituação 1.1.1 - Na antiguidade Na cultura grega, o corpo já era valorizado, o aspecto moral mais positivo, era aquele que levava os homens a desenvolverem ao máximo suas capacidades de corpo e de inteligência. Raro era o cidadão grego que não procurava ser, ao mesmo tempo, sábio, atlético e artista. E para chegarem a esse fim não poupavam força de vontade, aplicada ao aperfeiçoamento individual. Sócrates, indicou aos homens o caminho da introspecção e da autocrítica, mostrou que antes de querer e conhecer perfeitamente as coisas, precisamos conhecer-nos a nós mesmos. Platão, exaltou a preocupação, não de convencer os outros, mas de chegar à verdade através de discussão sincera e inteligente. Para Aristóteles, o corpo era visto como uma certa quantidade de matéria (seu corpo) moldado numa forma (sua alma). Para ele o movimento resultava do movimento do coração acionado pela alma, que possibilitava ao corpo a sua locomoção. Descartes, abriu novos caminhos em suas conclusões: eu penso logo eu existo. E ainda: Eu sou uma coisa que pensa, uma coisa da qual toda essência decorre do pensar, mas eu possuo um corpo ao qual estou estreitamente vinculado, mas não pensa. A minha alma eu é inteiramente distinto do corpo, mas não pode existir sem ele. Aceitava o movimento como resultado de uma conscientização voluntária.

11 1.1.2 - Na idade média Os pensadores muito se preocupavam com o problema hoje ainda, importantíssimo e controvertidíssimo, do confronto entre a linguagem, o pensamento e a realidade das coisas em geral. 1.1.3 - Na idade contemporânea Maine de Biram em suas noções valoriza o movimento como um componente essencial da estruturação do eu. - o eu não se pensa, vive-se na sua apreensão. A vida psíquica baseava-se pelo esforço muscular, porque o eu que dominava todo o organismo, afirmava-se através do esforço. Freud, com ele o corpo passa a desempenhar um papel importante nas formações inconscientes. 1.1.4 - No século XX Em 1900, surge o termo psicomotricidade, citado por Wernike. Em 1907 Dupré, dá a primeira noção de psicomotricidade, por meio de uma linha filosófica psiquiátrica. Emprega o termo psicomotricidade para evidenciar o paralelismo psicomotor ou melhor, associação estreita entre o desenvolvimento da motricidade, da inteligência e da afetividade. A psicomotricidade era vista de modo patológico, dando-se ênfase à interação psiquismo motricidade, com a introdução genérica do conceito de debilidade psicomotora fisiológica. Ajuriaguerra por meio de estudos clínicos e de ação terapêutica psicomotora, correlaciona o desenvolvimento práxico com o instrumento corporal e sua significação relacional. É acentuada a significação relacional afetiva e impulsiva das manifestações psicomotoras, com mais ênfase do que na estrutura anátomo-fisiológica. A psicomotricidade corresponde a uma análise geral do individuo, e traduz certo modo de ser motor, caracterizando todo o seu comportamento.

12 A psicomotricidade é um modo de estar no campo, o movimento é uma das formas de adaptação ao mundo exterior. Em 1907, com Ajuriaguerra passa-se a utilizar a palavra psicomotricidade, ao invés de psico-motricidade. 1.2 A Psicologia Humanística contribuiu para novas formulações no campo da Psicomotricidade Buytendijk O movimento é sempre a expressão de uma existência. A existência corporal impõe ao homem um duplo papel, ele é seu corpo e ele tem um corpo, talvez o corpo seja um instrumento, talvez a consciência de si coincida com sua corporalidade. Rollo May Quando o homem moderno abdicou à soberania do seu corpo, abdicou também ao lado inconsciente de sua personalidade tornando-se a ele quase alheio. De 1934 a 1936, ocorrem contribuições muito valiosas, onde podemos destacar: Gesell com a divulgacão das escalas de desenvolvimento motor, de acordo com a maturacão infantil. Schilder com a sua contribuição sobre a imagem corporal. Wallon, que acentua o caráter emotivo da relação tônico-emocional, projetando o eu para além de sua superfície corporal, dependendo da utilização do corpo e evidenciando que a linguagem corporal precede à linguagem verbal na criança e permite seu acesso à simbolização. Através da percepção corporal ocorre o primeiro senso de identidade pessoal. Piaget, com seus estudos sobre o desenvolvimento cognitivo e práxico, faz com que se dê maior importância a psicomotricidade com a introdução da noção do desenvolvimento motor em termos de desenvolvimento práxico.

13 Surge, então, o fundamento genético central de toda teoria do desenvolvimento motor e definidas as praxias como ação na sua totalidade, movimentos orientados e dirigidos em função de uma intenção ou resultado. Psicomotricidade é uma ciência que tem por objetivo o estudo do homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo. Há uns vinte anos atrás, começou-se com uma concepção muito mecanicista do corpo, com o decorrer do tempo, tratou-se de tornar mais consciente para a criança num plano muito racional e intelectual. Então, esse corpo num espaço estruturado com seu eixo e com os três planos do espaço, um corpo que serve de referência, permitindo se organizar o mundo exterior, no plano do tempo e do espaço, um corpo que tem um certo número de propriedades, de faculdades, que por meio da psicomotricidade trata-se de desenvolver de um modo sistemático ou de reparar faculdades de equilíbrio, estático e dinâmico, de coordenação óculo-manual de estruturação espaço-temporal. Porém, observou-se que tudo isto era uma visão restrita do corpo. Então tratou-se de reestruturar a psicomotricidade, partindo dessas faculdades que pertencem ao corpo, em que há a projeção intelectual do adulto. A psicomotricidade tem características próprias. Toda atuação psicomotora implica no corpo em movimento, ainda que este corpo esteja estático, ele está sempre em movimento. É a ciência que procura educar o movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve as funções da inteligência. 1.3 - Objetivos Sendo a psicomotricidade uma ciência nova, cujo objetivo de estudo é o homem, nas suas relações com o corpo em movimento encontra sua aplicação prática em formas de atuação que configuram uma nova especialidade, a terapia psicomotora. Os objetivos da psicomotricidade são: 1.3.1 - Objetivo geral É integrar a percepção e o movimento, melhorando ou normalizando o comportamento geral do indivíduo.

14 As formas terapêuticas, através do movimento, objetivam o mesmo fim: melhor organização do desenvolvimento das capacidades intelectuais, psíquicas e adaptativas do individuo, tornando-o ajustado ao meio ambiente em que vive. 1.3.2 - Objetivos específicos Melhorar ou normalizar o comportamento geral do indivíduo. Desenvolver um trabalho constante sobre todas as condutas do indivíduo (motoras, neuromotoras e perceptivo-motoras). A consciência do seu próprio corpo; O desenvolvimento do equilíbrio; O controle e a perícia na coordenação global e segmentar: - A coordenação global ou ampla é a dos grandes movimentos, com o uso das pernas e dos braços. - A coordenação segmentar ou fina é realizada com as mãos e os dedos. O controle da inibição involuntária e da respiração; A organização da expressão corporal e da orientação espaço-temporal. Desenvolver melhores possibilidades de adaptação ao mundo exterior, que variam de acordo com as formas terapêuticas, temos então: Educação psicomotora: o aperfeiçoamento das possibilidades perceptomotoras. Reeducação psicomotora: a correção de suas alterações. Terapia psicomotora: o aperfeiçoamento das possibilidades perceptomotoras e a correção de suas alterações.

15 1.4 - Fundamentos A ação terapêutica consiste no modo de auxiliar um individuo a ser o que ele é capaz de ser. Ela envolve algumas premissas. Considera o indivíduo na sua unidade como pessoa, logo a intervenção psicomotora também se situaria no nível global, numa tentativa de modificar toda uma atitude em relação ao seu corpo. Respeita as diferenças individuais. Baseia-se no desenvolvimento biopsicossocial do indivíduo. A abordagem psicomotora objetiva a tomada de consciência corporal, como lugar de sensação, expressão e criação, então está voltada para o desenvolvimento de todo um potencial humano. Quando esses objetivos da abordagem psicomotora forem instrumentais de uma modificação global do indivíduo, não alteram a convicção de que toda relação corporal implica numa relação psicológica, porque o movimento não é um processo isolado e está em estreita relação com a conduta e a personalidade. Considera o desenvolvimento psicomotor infantil como unidade e se propõe a refazer as etapas perdidas, através de exercícios graduados ou não. Pretende obter a autonomia do individuo através de atividades educativas e terapêuticas. Procura a conscientização e integração por parte do indivíduo de todas as atividades propostas. Faz com que o paciente participe ativamente, ele deve atuar, falar, comprovar, corrigir e descobrir. Separa as atividades educativas e terapêuticas psicomotoras das atividades lúdicas. Facilita as aprendizagens escolares. Associa sempre a linguagem aos diferentes exercícios. Parte do concreto para o abstrato, graduando exercícios do mais fácil para o mais difícil. Repete os exercícios, sempre que necessário. Cria ambiente tranqüilo e de confiança, durante as sessões.

16 1.5 - Indicação Indica-se a atividade psicomotora: Indivíduos de inteligência normal com ou sem problemas psicomotores. Indivíduos com deficiência mental, auditiva e/ou visual. Indivíduos com distúrbios da voz, da fala e da linguagem, isolados ou associados. Convém salientar que a evolução psicomotora infantil engloba, também, a aprendizagem da leitura e da escrita. Para que uma criança consiga fixar sua atenção, ela deve ter domínio do seu próprio corpo e inibição voluntária, contudo o escrever também, necessita de um desenvolvimento neuro-psicomotor que envolve Desde a independência de comando do ombro, braço, antebraço e dedos, até uma integridade das funções psicológicas. É de suma importância o atendimento precoce anterior à aprendizagem da leitura e da escrita, a fim de que se pudessem prevenir distúrbios sérios que virão comprometer emocionalmente as crianças, agravando-lhes mais ainda seus problemas. A partir do Jardim de Infância, já se pode observar determinados alunos e submetê-los a um programa de educação psicomotora que, sem ser rígido, poderá atender à suas necessidades, evitando-se fracassos futuros O trabalho preventivo realizado na escola, identificando precocemente as principais dificuldades psicomotoras em crianças normais (que tem falta de organização interna, demonstrada numa desorganização externa) evitaria o grande número de alunos com problemas de psicomotricidade no 1º grau. São as crianças dispersas, as agitadas, as apáticas, as desorganizadas, as com letra feia, as de cadernos sujos e as que esbarram em tudo, etc...

17 CAPÍTULO II PROFISSIONAIS QUE ATUAM NA PSICOMOTRICIDADE Atualmente dois grandes grupos de profissionais realizam um trabalho através do corpo, atuando na área da psicomotricidade. Profissionais de diversas áreas: fonoaudiólogos, musicoterapeutas, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, pedagogos, professores de educação física que utilizam recursos e técnicas psicomotoras como coadjuvantes de sua especialidade. Profissionais que atuam colocando a intervenção psicomotora como sua especialidade profissional, psicomotricistas. O trabalho terapêutico surge da atenção do psicomotricista às próprias percepções individuais, às suas emoções e aos seus sentimentos relacionados ao indivíduo. Contribuindo, assim para uma relação real e autêntica, com capacidade de usar os próprios sentimentos como da terapia psicomotora. Estabelece-se então, uma relação entre o eu e o outro passa por uma implicação pessoal de um e do outro. Estabelece-se uma relação de indivíduo a indivíduo, pela qual se processa a abordagem psicomotora. O psicomotricista deverá estar inteiramente disponível, sobretudo no nível maternal, para que esta relação se estabeleça. Convém salientar que o psicomotricista ao se engajar numa relação com o outro, não desconhece a ambivalência da relação vivida, ele oferece uma imagem corporal passível de identificação ou rejeição, transferência positiva ou negativa.

18 A identidade corporal do psicomotricista é adquirida por meio de uma formação teórica, clínica e prática baseada em sua formação a nível pessoal. O psicomotricista só pode firmar a sua identidade através do auto conhecimento, da aquisição de sua identidade corporal que viria a ser a inter-relação de um mundo interior, o que sentimos, o que queremos expressar e o que vivemos interiormente, e do mundo exterior, o que nós expressamos pelo corpo e através do corpo. Lapiérre.

19 CAPÍTULO III REFLEXOS PRIMITIVOS (NÍVEL MEDULAR) 3.1 - Reflexo de Busca (4 pontos cardeais) - Apresenta-se desde o nascimento e, gradualmente, torna-se cada vez mais fraca até que desaparece por volta dos 3 meses de idade. 3.1.1 - Reflexo de GAG (vômito) - Está presente desde o nascimento, tornando-se mais fraco depois que a mastigação é iniciada, isto é mais ou menos pelos 7 meses. Permanece posteriormente por toda a vida. 3.1.2 - Reflexo de Marcha - O corpo do recém-nascido é sustentado pelas axilas. Comprimindo-se a sola do pé sobre um suporte, flete-se a perna do mesmo lado, e a outra se estende, tocando o suporte e fazendo o mesmo movimento da anterior. Este movimento alterado, dá a impressão de marcha. 3.1.3 - Reflexo de Gallant (encurvamento do tronco) - O recém-nascido é colocado em decúbito ventral e passa-se em um dos lados das costas um alfinete sem ponta. Ele mostra um encurvamento do tronco para o lado do estímulo. 3.1.4 - Reflexo de Preensão Palmar - Ao tocar a superfície da mão, esta se fecha.enquanto dura o estímulo, ela permanece fechada. 3.1.5 - Reflexo de Preensão Plantar - Tocando-se a planta do pé, logo abaixo do grande artelho, os dedos se fletem em posição de garra.

20 3.1.6 - Reflexo de Moro - Movimento de abdução e extensão dos membros superiores seguido de adução e flexão. Os membros inferiores fazem movimentos semelhantes. Ocorre com movimentos bruscos ou sons intensos. 3.1.7 - Reflexo de Flexão - Colocar a criança em posição de supino. Para estimular, basta a cutação da planta do pé e a criança foge ao estimulo aversivo. 3.1.8 - Reflexo de Extensão - Colocar a criança em supino, segura-se uma das pernas do bebê em extensão e estimula-se a planta do pé, do calcanhar aos dedos, e a resposta será a retirada do membro inferior oposto, em tríplice flexão e abdução com posterior extensão e adução, na tentativa de alcançar o estímulo. 3.1.9 - Reflexo de Extensão Cruzada - Com criança em supino, segura-se uma das pernas em extensão e estimula-se a planta do pé, do calcanhar aos dedos, e a resposta será a retirada do membro inferior oposto, em tríplice flexão e abdução com posterior extensão e adução, na tentativa de alcançar o estímulo. 3.2 - Reflexos Tônicos (Nível Bulbar) 3.2.1 - Reflexo Tônico Labiríntico (RTL) - Ao colocarmos o bebê em supino teremos o aumento do tônus extensor e em prono um aumento do tônus flexor. 3.2.2 - Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (RTCA) - É um reflexo tônico ou bulbar, pode-se dizer que é mais uma reação que um reflexo pois a resposta é muito imprevisível e variável, e não é suficientemente forte para interferir nas atividades gerais do recémnascido. Em decúbito dorsal, a cabeça do bebê volta-se para a direita, os membros do mesmo lado se estendem enquanto os do lado oposto se fletem e vice-versa. 3.2.3 - Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS) - Surge quando desaparece o RTCA. É quando o bebê começa a rolar.

21 3.3 - Reações de Retificação ou Endireitamento (Nível Mesencefálico) 3.3.1 - Reflexo Cervical de Retificação - Girando a cabeça da criança para um lado, após alguns momentos se seguirá uma rotação do tronco seguindo a cabeça. 3.3.2 - Reação Labiríntica de Retificação - Ao colocarmos em prono com a face voltada para baixo, ocorrerá a rotação da cabeça para um dos lados. 3.3.3 - Reação Corporal de Retificação (sobre o corpo) - Com a criança em supino, rodamos a cabeça e posteriormente o corpo agirá dissociando cinturas, para o mesmo lado. 3.3.4 Reação Corporal de Retificação (sobre a cabeça) - Quando a criança encontra-se em contato com uma superfície, faz a sua cabeça corrigir de acordo com o próprio eixo. 3.3.5 - Reação de Landau - Inicia-se em torno de 4 meses e vai até os 11 a 12 meses. Segura-se o bebê horizontalmente por baixo do tronco, com a cabeça voltada para baixo. Teremos como resposta um movimento de extensão da cabeça e do quadril. 3.3.6 - Reação de anfíbio - A criança em prono, daremos um estímulo entre a caixa torácica e pélvis (como se fosse puxar para virá- la de lado). Como resposta a perna e o braço estimulados ficam flexionados. A cabeça vira para este lado. 3.4 - Reflexos Corticais (Reação Protetora e Equilíbrio) 3.4.1 - Reação de Extensão protetora dos braços - Teremos como resposta a extensão súbita do(s) braço (s) para proteção da queda, com apoio do peso do corpo sobre as mãos espalmadas. 6 meses proteção para frente A partir 8 meses proteção para os lados 10 meses proteção para trás

22 3.4.2 - Reações de Equilíbrio - Estas reações são de ajustamento postural, serve para recobrar as atitudes posturais após o deslocamento do corpo do seu centro gravitacional. 6 meses para as posturas prono e supino A partir 8 meses sentado 9 meses de gatas 12 meses de pé

23 CAPÍTULO IV DESENVOLVIMENTO NORMAL DA CRIANÇA 1º Mês - Predomina padrão flexor, sustenta a cabeça momentaneamente quando em prono, o corpo segue a rotação em bloco. 2º Mês - Diminuição do padrão flexor, sustenta a cabeça por períodos maiores iniciando o alinhamento com o corpo. 3º Mês - Não predomina mais o padrão flexor, mantém a cabeça elevada. 4º Mês - Inicia a transferência de prono para supino e vice-versa, senta com apoio. 5º Mês - controle total de cabeça. 6º Mês - Senta sem apoio, inicia a posição de gatas e brinca de balanceio, rola e arrasta. 7º Mês - Apresenta controle total de tronco na posição sentada, já se apóia em uma das mãos. 8º Mês - Inicia o engatinhar na posição sentada, já move-se para pegar objetos. 9º Mês - A criança levanta-se segurando em moveis, sustentando o peso corporal. 10º Mês - Transfere-se de deitado para sentado e mantém em pé com apoio. 11º Mês - Inicia marcha lateral com apoio. 12º Mês - Engatinha rapidamente, fica em pé sozinho e inicia a marcha livre. 1 Ano e 3 meses - Realiza a marcha livre porem compassos incertos, transfere-se em todas as posturas. 1 Ano e 6 meses - Sobe escadas com apoio. 2 Anos - Sobe e desce escada sozinha. 2 Anos e meio - Pula com os dois pés. 3 Anos - Altera os passos subindo e descendo escada (padrão cruzado), anda de triciclo. 4 Anos - Apóia-se em 01 pé, corre, pula, leva o copo com liquido sem derramar. 5 Anos - Realiza atividades motoras com habilidades e destreza, coordenação motora ampla altamente desenvolvida.

24 CAPÍTULO V O PROFESSOR E A PSICOMOTRICIDADE Como acontece nas outras áreas de educação, também no que diz respeito à psicomotricidade, o educador deve conhecer e ter sempre em mente os aspectos principais do desenvolvimento psicomotor em cada faixa etária. Caso contrário, será muito difícil para ele detectar as variações normais e as patológicas, que diferem conforme a idade. Um professor da pré-escola, tendo em vista a idade cronológica de seus alunos, deve saber o que pode esperar deles, do ponto de vista da linguagem, da inteligência e do corpo. A partir daí ele tem condições de dosar a estimulação em cada uma dessas áreas, para que seus alunos possam amadurecer de uma forma equilibrada, em todos os aspectos (intelectual, afetivo, corporal). Um desnível na estimulação, com o consequente amadurecimento numa das áreas em detrimento das outras, pode dar origem a desajustamentos, disfunções e distúrbios psicomotores, afetando o processo de integração do individuo na sociedade. Le Boulch (1981) aborda que a imagem do corpo representa as funções psicomotoras e sua maturidade. O relacionamento professor-aluno também é um fator que pode influenciar o processo ensino-aprendizagem. O professor tem que ser aberto às perguntas e indagações dos alunos e tratá-los com respeito, não importa a idade em que estejam.

25 CAPÍTULO VI O PAPEL DA ESCOLA Freire, citado por Prista (1993) argumenta que na escola, vive-se a experiência da desigualdade, o de vivenciar, relacionar, criar, imaginar, construir uma visão critica do meio. O campo das dificuldades de aprendizagem apresenta uma relação interdisciplinar exigindo a combinação de aspectos biomédicos, psicológicos, pedagógicos, bioquímicos, socioeconômicos, sóciopolíticos, etc. Dentro desta problemática, é importante refletir sobre o papel da instituição escola, face às dificuldades apresentadas por um grande contingente de crianças que não consegue aprender a ler e escrever. É lógico que essa reflexão crítica passa por uma caracterização sumária da instituição escolar e do seu envolvimento sociopolítico, que não só legitimam as diferenças sociais que se implicam na hierarquia da aprendizagem da criança, como concentram o poder mistificador do conhecimento. A escola tradicional não pode continuar a ser passiva, fechada, acrílica, competitiva, autoritária, traumatizante, servil e dependente. De fato a escola, os seus agentes, métodos e instrumentos, precisam ser inovados e reconstruídos à luz de uma investigação psicopedagógica interdisciplinar que impeça a dicotomia entre a pratica e a teoria, entre a ação e o pensamento. Aprender não é necessariamente uma instrução acumulada, através da qual a sociedade, mais tarde, compensará com salários que evoluem na razão direta da instrução obtida. Aprender não pode ser uma seleção de oportunidades, nem a construção de segregacionismos chocantes.

26 Aprender é fundamentalmente edificar um trabalho coletivo e humanizado resultante da ação do adulto socializado (professor) com a unidade das crianças. Os métodos e o material didáticos utilizados na escola devem respeitar a evolução da criança no seu todo, combatendo todas as situações que possam alimentar a espiral da inflação das dificuldades de aprendizagem. A progressiva socialização da criança, passa pela atenção que se deve ter pelas experiências e carências. Só conhecendo a evolução da criança, podem-se criar estratégias educacionais adequadas. Somente desmistificando e desmontando cientificamente os processos conservadores dos vários métodos pedagógicos tradicionais, podemos garantir a edificação de uma aprendizagem efetivamente humanizada. A reumanização da criança passa pela transformação dos adultos (educadores) que são responsáveis pela sua aprendizagem, mas passa também pela democratização socioeconômica das populações, onde se garantam a criança, desde seu nascimento, condições de maturação psicobiológica que possibilitem a superação das aprendizagens simbólicas e escolares por volta dos seis anos. Os currículos e o material escolar, devem ser analisados criteriosamente e cientificamente com base em investigações onde se estude a evolução da criança, quer em idade pré-escolar, quer em idade escolar, bem como desenvolver aptidões pré-escolares necessárias. Durante a idade escolar, as atitudes dos educadores e a aplicação de seus métodos e a intervenção de novos instrumentos, devem ser estudadas e avaliadas em termos interdisciplinares. É preciso que todos os profissionais envolvidos com a educação, se conscientizem da necessidade de se esforçar para serem contemporâneos de uma pedagogia humanizante, onde a co- educação entre o adulto e a criança, permita a ambos o prazer e a alegria de agir pensar coletivamente. Herren (1989) aborda que a estimulação psicomotora apresenta preocupações preventivas. 6.1 - Diagnóstico Precoce do Desenvolvimento Para minorar a dificuldade psicomotora recomendamos elaborar um diagnostico na fase pré-escolar. Portanto, mais uma vez se destaca o papel do professor e a

27 impotancia da utilização de exercícios psicomotores nos quadros de dificuldade de aprendizagem. Embora reconhecemos ser esse o trabalho preventivo efetuado por profissionais especializados (fonoaudiólogos, psicomotricistas), a atuação do professor em sala de aula é de suprema importância. A ação conjunta de professor- família- fonoaudiólogos-psicomotricistaspsicológos deve visar a um diagnostico preciso do problema, bem como ao tratamento terapêutico em si e, principalmente, a um contexto harmonioso e receptivo para a criança. Vallett (1977), destaca a importância do conhecimento do corpo como base para a aprendizagem escolar uma vez que a consciência do próprio corpo e de seus movimentos está intimamente ligado a toda educação psicomotora. Certos detalhes que parecem iniciar uma imaturidade neurológica em determinadas crianças podem ser considerados como indicadores de uma deficiência psicomotora, conforme descrito abaixo: 6.1.1 - Deficiências - esquema corporal - relação espaço-temporal - organização perceptiva - deficiência da linguagem (pobreza de vocabulário), distúrbios da palavra falada (omissões de formas, principalmente nas silabas compostas ou inversas, supressão do ultimo fonema nas palavras, confusões de fonemas, etc.). 6.1.2 - Alterações freqüentes - desatenção - impressão - repassamento - distúrbio viso-motor - instabilidade psicomotora - distúrbio da linguagem oral - instabilidade emocional - falta de ritmo nos desenhos

28 - problema de discriminação auditiva - dificuldade na percepção figura-fundo - dificuldade na organização têmporo-espacial - falha na capacidade totalizadora social da criança. É preciso ressaltar que os distúrbios assinalados, afetam o ajustamento

29 CAPÍTULO VII ALGUMAS CAUSAS DOS DISTÚRBIOS PSICOMOTORES As causas podem ser psicológicas, pedagógicas, sócio-culturais, etc. A coisa mais fácil de ser no mundo é ser você. A coisa mais difícil é ser o que os outros querem que você seja. (Buscaglia,1982.p.72). 7.1 - Psicológicas Desajuste emocional provocado pela dificuldade que a criança tem de aprender, o que gera ansiedade, insegurança e autoconceito negativo. 7.1.1 - Pedagógicas Métodos inadequados de ensino, falta de estimulação pela pré-escola, falta de percepção por parte da escola do nível de maturidade da criança iniciando uma alfabetização precoce, não domínio do conteúdo e do método por parte do professor, atendimento precário das crianças devido à superlotação das salas de aula, etc. 7.1.2 - Sócio - culturais Falta de estimulação (criança que não faz a pré-escola e também não recebe estímulos no meio familiar), desnutrição, privação cultural do meio, marginalização das crianças com dificuldades de aprendizagem pelo sistema de ensino comum.

30 CAPÍTULO VIII ATUAÇÃO DO FONOAUDIÓLOGO Através de orientação de programas de treinamento, acessoria técnica a professores de pré-escola e classe de alfabetização, colaborando na equipe de orientação pedagógica. A Fonoaudióloga está dividida em medidas primárias e secundárias. As medidas primárias têm como objetivo principal o estudo precoce das alterações da voz, fala, linguagem e audição. As secundárias fazem prevenção precoce das alterações da voz, da audição, linguagem e da fala. 8.1 - Atividades - Palestras - Executar programa de treinamento da voz dos professores - Sugestões de atividades (pré-escolar) - Orientar a prática da Psicomotricidade - Acompanhar programas participando de reuniões de equipe. A observação é importante como medida preventiva para evitar o desenvolvimento de patologias fonoaudiológicas. O professor deve observar a criança em seu desenvolvimento psicomotor, sua escrita e fala. Ele deve ser orientado a encaminhar a criança ao fonoaudiólogo logo que

31 perceber alterações nessas áreas que distoe da maioria da turma, já que ele na maioria dos casos, não possui conhecimento específico. É importante que haja respeito entre cada profissional, visando realmente o processo de atendimento global do individuo. 8.1.1 - Patologias mais comuns - Atraso de Linguagem - Dislalia - Deglutição Atípica 8.1.2 - Diagnóstico precoce É importante para minorar a dificuldade psicomotora na fase pré-escolar. É de grande valia para o professor a utilização dos exercícios psicomotores nos quadros de dificuldade de aprendizagem. Esse trabalho preventivo nas escolas é muito importante, pois contribui para a não instalação de quadros patológicos informando o professor e orientando os pais. É realizado por fonoaudiólogos e psicomotricistas, porém a atuação do professor em sala de aula e muito valiosa. A educação psicomotora pode ser vista como preventiva, na medida em que dá condições à criança de se desenvolver melhor em seu ambiente. É vista também como reeducativa quando trata de indivíduos que apresentam desde o mais leve retardo motor até problemas mais sérios. É um meio de imprevisíveis recursos para combater a inadaptacão escolar, diz Fonseca (1988, p.368).

32 CONCLUSÃO Esta Monografia objetivou debater o problema da Psicomotricidade na Educação Infantil, a importância que se deve dar ao assunto, ao trabalho integrado da Educação Psicomotora. Através da educação pelo movimento a criança se estrutura e ganha autonomia cognitiva, afetiva e motora. Objetiva levar a criança a um melhor conhecimento e aceitação de si, um melhor ajustamento de conduta, e não a um padrão de conduta pré estabelecido. Este estudo buscou destacar que quando as crianças não realizam o que se espera de uma programação de ensino, seja porque ficam presas a mecanismos que tentam reproduzir, sem êxito, seja porque apesar de saberem mais do que o professor lhes ensina, falta-lhe mecanismos de expressão. Neste âmbito, o papel do professor é importante, pois juntamente com a família ele poderá ajudar a detectar as dificuldades no encaminhamento da criança aos profissionais habilitados e, principalmente em sala de aula na estimulação para o desenvolvimento de habilidades, e sobretudo, aceitando e respeitando a criança como ela é. E com isso concluo que, cada etapa da infância é fundamental para a conquista da autoconfiança e prevenção de problemas de aprendizado.

33 BIBLIOGRAFIA BOULCH, Le. O Desenvolvimento Psicomotor: do nascimento até 6 anos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. CANONGIA, Marly Bezerra. Psicomotricidade em Fonoaudiologia. 2 edição 1986 FONSECA, Victor da. Psicomotricidade: Filogênese, Ontogênese e Retrogênese. Rio Grande do Sul: Artes Médicas, 1998. HERREN & HERREN. Estimulação Psicomotora Precoce. Porto Alegre: Artes Médicas, 1989 OLIVEIRA, Gislene de Campos. Psicomotricidade: educação e reeducação num enfoque psicopedagógico. Petrópolis: Editora Vozes, 2000. WINNICOTT, D.W. O Brincar e a Realidade. Rio de Janeiro: Imago Editora, 1971.

34 ÍNDICE CAPA FOLHA DE ROSTO AGRADECIMENTOS DEDICATÓRIA RESUMO METODOLOGIA SUMÁRIO INTRODUÇÃO...08 CAPÍTULO I - Psicomotricidade...10 1.1 - Histórico e Conceituação...10 1.1.1 Na Antiguidade...10 1.1.2 Na Idade Média...11 1.1.3 Na Idade Contemporânea...11 1.1.4 No século XX...11 1.2 - A Psicologia Humanística...12 1.3 - Objetivos...13 1.3.1 Objetivo Geral...13 1.3.2 Objetivos específicos...14 1.4 - Fundamentos...15 1.5 - Indicação...16 CAPÍTULO II - Profissionais que atuam na Psicomotricidade...17 CAPÍTULO III - Reflexos Primitivos...19 3.1 - Reflexo de Busca...19 3.1.1 Reflexo de GAG...19 3.1.2 Reflexo de Marcha...19 3.1.3 Reflexo de Gallant...19

35 3.1.4 Reflexo de Preensão Palmar...19 3.1.5 Reflexo de Preensão Plantar...19 3.1.6 Reflexo de Moro...20 3.1.7 Reflexo de Flexão...20 3.1.8 Reflexo de Extensão...20 3.1.9 Reflexo de Extensão Cruzada...20 3.2 - Reflexos Tônicos...20 3.2.1 Reflexo Tônico Labiríntico (RTL)...20 3.2.2 Reflexo Tônico Cervical Assimétrico (RTCA)...20 3.2.3 Reflexo Tônico Cervical Simétrico (RTCS)...20 3.3 - Reações de Retificação ou Endireitamento...21 3.3.1 Reflexo Cervical de Retificação...21 3.3.2 Reação Labiríntica de Retificação...21 3.3.3 Reação Corporal de Retificação (sobre o corpo)...21 3.3.4 Reação Corporal de Retificação (sobre a cabeça)...21 3.3.5 Reação de Landau...21 3.3.6 Reação de anfíbio...21 3.4 - Reflexos Corticais (Reação Protetora e Equilíbrio)...21 3.4.1 Reação de Extensão Protetora dos braços...21 3.4.2 Reação de Equilíbrio...22 CAPÍTULO IV - Desenvolvimento Normal da Criança...23 CAPÍTULO V - O Professor e a Psicomotricidade...24 CAPÍTULO VI - O Papel da Escola...25 6.1 - Diagnóstico Precoce do Desenvolvimento...26 6.1.1 Deficiências...27 6.1.2 Alterações Freqüentes...27 CAPÍTULO VII - Algumas causas dos Distúrbios Psicomotores...29 7.1 - Psicológicas...29 7.1.1 Pedagógicas...29 7.1.2 Sócio-Culturais...29

36 CAPÍTULO VIII - Atuação do Fonoaudiólogo...30 8.1 - Atividades...30 8.1.1 Patologias mais comuns...31 8.1.2 Diagnóstico Precoce...31 CONCLUSÃO...32 BIBLIOGRAFIA...33 INDÍCE...34 ANEXOS...37

ANEXOS 37