SENTENÇA TIPO A PROCESSO N 31092-25.2014.4.01.3400 CLASSE: 2200 - MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO IMPETRANTE: ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA CARREIRA DE ESPECIALISTA EM MEIO AMBIENTE PECMA/ASIBAMA-DF IMPETRADA: SECRETÁRIA DE GESTÃO PÚBLICA DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO SENTENÇA Cuida-se de mandado de segurança, com pedido liminar, impetrado pela ASSOCIAÇÃO DOS SERVIDORES DA CARREIRA DE ESPECIALISTA EM MEIO AMBIENTE PECMA/ASIBAMA-DF em face de ato atribuído à Sra. SECRETÁRIA DE GESTÃO PÚBLICA DO MINISTÉRIO DO PLANEJAMENTO, ORÇAMENTO E GESTÃO, no intuito de obter ordem no sentido de: 5.a) confirmar a liminar e declarar a nulidade do ato coator que determina a absorção das Vantagens Pessoais Nominalmente Identificadas da remuneração dos substituídos; 5.b) restabelecer, definitivamente, o pagamento das Vantagens Pessoais Nominalmente Identificadas absorvidas em razão da Mensagem nº 554726 na remuneração dos ora beneficiários; 5.c) impedir, definitivamente, os descontos, determinados pelo ato coator, para reposição ao Erário dos valores decorrentes de VPNIs recebidas pelos filiados à Impetrante, bem como determinar a devolução dos valores descontados a esse título, desde a impetração deste Mandado de Segurança. Pág. 1/6
Às fls. 69/75, o pedido liminar foi parcialmente deferido. Em face de tal decisão, foi interposto recurso de agravo de instrumento, pela União (fls. 103/131). Informações prestadas às fls. 83/101. O Ministério Público Federal se absteve. Eis o que cabe relatar. DECIDO. análise do pedido liminar. Não vejo motivos para alterar o entendimento externado quando da Conforme o alegado pela impetrante, a Mensagem nº 554726, do MPOG, pressupõe natureza única para todas as VPNIs recebidas pelos servidores públicos federais e entende que seria aplicável a todas o disposto no artigo 103 do Decreto-Lei nº 200/67, ignorando, assim, que a regulamentação de cada VPNI decorre de lei própria, que a instituiu. Aduz a impetrante: A disciplina diferenciada fica evidente quando se comparam a VPNI do art. 103 do Decreto-Lei nº 200/67, a VPNI do art. 14, 4º da Lei nº 11.357/06 e a VPNI do art. 78, 1º, da Lei nº 11.357/06. No caso da primeira (Decreto-Lei nº 200/67), o próprio diploma legal que a instituiu previu que a vantagem seria progressivamente absorvida. Também a última VPNI (art. 78, 1º, da Lei nº Pág. 2/6
11.357/06) tem previsão de ser transitória e, por conseguinte, passível de absorção. Não é essa, porém, a situação da outra VPNI (art. 14, 4º, da Lei nº 11.357/06), cuja lei instituidora e reguladora não prevê a absorção da vantagem e que, portanto, não pode estar sujeita a alterações de valor. E é exatamente nessa vantagem que se verifica a violação ao direito dos substituídos. Assim, verifica-se que a norma contida na Mensagem nº 554726 vem sendo aplicada de forma generalizada e, por tal motivo, equivocada a todas as VPNIs percebidas pelos substituídos, inclusive aquelas cuja absorção não encontra previsão na correspondente norma instituidora. A propósito, trago à baila recentíssima e oportuna decisão proferida pela Desembargadora Federal Ângela Catão no Agravo de Instrumento nº 19465-39.2014.4.01.0000/DF, cujo processo principal versa sobre matéria idêntica à deduzida no presente feito. Peço vênia à ilustre Desembargadora Federal para adotar suas razões, também, como fundamentos desta sentença: (...) Segundo a Mensagem 554726, de 25.02.2014, da Secretária de Gestão Pública do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, transcrita na manifestação da União acerca do pedido de liminar (fls. 135/145), a partir da folha de pagamento de janeiro de 2014 deveria ser promovida a absorção da Vantagem Pessoal Nominalmente Identificada VPNI para aos servidores na mesma proporção da concessão de reajuste ou vantagem de qualquer natureza ocorrida Pág. 3/6
naquela folha de pagamento. Do texto da referida mensagem constou, verbis: Relembramos que a VPNI, prevista nas diversas leis que tratam de reestruturação de carreiras e de estrutura remuneratória dos cargos, planos de cargos ou carreiras vinculadas ao Poder Executivo federal têm sua natureza jurídica estabelecida nos termos do artigo 103 do Decreto- Lei nº 200, de 25 de fevereiro de 1967, nos seguintes termos: Art. 103. Todo servidor que estiver percebendo vencimento, salário ou provento superior ao fixado para o cargo nos planos de classificação e remuneração, terá a diferença caracterizada como vantagem pessoal, nominalmente identificável, a qual em nenhuma hipótese será aumentada, sendo absorvida progressivamente pelos aumentos que vierem a ser realizados no vencimento, salário ou provento fixado para o cargo nos mencionados planos. (grifo nosso). Para a Administração, toda e qualquer VPNI é decorrente de diferença proveniente de plano de classificação e reestruturação de carreira e remuneração e deve ser absorvida progressivamente pelos posteriores aumentos nos vencimentos ou proventos dos servidores. Entretanto, nem todas as VPNIs pagas a servidores são instituídas para obstar a redução de vencimentos/proventos dos servidores decorrente da instituição de novos planos de reestruturação de carreira e de estrutura remuneratória. Há VPNIs com natureza jurídica distinta, sujeitas Pág. 4/6
exclusivamente à atualização decorrente de revisão geral de remuneração dos servidores públicos e que jamais poderão ser absorvidas. Dessa forma, neste exame perfunctório da matéria, sem prejuízo da decisão de mérito, entendo que não há como ser determinada a absorção ou a redução de todas as VPNIs pagas aos servidores em função da concessão de reajuste ou vantagem de qualquer natureza a partir da folha de pagamento de 2014, de forma generalizada, devendo ser examinada a situação de cada servidor individualmente. (...). Diante do exposto, confirmo a liminar parcialmente deferida às fls. 69/75 e CONCEDO, EM PARTE, A SEGURANÇA para declarar nula, em parte, a Mensagem nº 554726/MPOG, determinando o restabelecimento do pagamento da VPNI prevista no artigo 14, 4º, da Lei nº 11.357/06 aos substituídos da associação impetrante. Deverá a parte impetrada se abster de descontar qualquer quantia a esse título nos contracheques dos substituídos, e restituir aos mesmos qualquer valor eventualmente descontado a tal título, desde a data da notificação/intimação. Custas pela autoridade impetrada. Sem honorários advocatícios, por força do artigo 25 da Lei nº 12.016/2009. Publique-se. Registre-se. Intimem-se. Oficie-se ao ilustre relator do agravo de instrumento nº 28096-69.2014.4.01.0000/DF, juntando cópia da presente. Brasília/DF. Pág. 5/6
ITAGIBA CATTA PRETA NETO Juiz Federal da 4ª Vara/DF Pág. 6/6