DECISÃO. Informa que obteve 44 (quarenta e quatro) pontos na prova objetiva e que foi considerada não habilitada.

Transcrição

1 DECISÃO B PROCESSO Nº IMPETRANTE: GISELE TAVARES GONÇALVES ROCHA IMPETRADO: PRESIDENTE DO INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL - INSS DECISÃO A Impetrante pretende obter medida liminar para determinar que a autoridade impetrada inclua seu nome na lista dos candidatos habilitados ao concurso voltado ao provimento do cargo de Técnico do Seguro Social na Agência da Previdência Social APS de Cristalina/GO. Informa que obteve 44 (quarenta e quatro) pontos na prova objetiva e que foi considerada não habilitada. Narra que a última candidata habilitada para a APS de Cristalina/GO obteve a mesma pontuação que a Impetrante. Noticia que interpôs ao fundamento de que o capítulo X, item 3, do edital do certame, afasta a reprovação na hipótese de empate na última classificação. O recurso foi desprovido e o resultado do concurso foi homologado pela autoridade impetrada. Sustenta a nulidade dos atos que a consideraram não habilitada e homologaram o concurso, ao fundamento de que o art. 16, 3º, do Decreto nº 6.944/2009 e o capítulo X, item 3, do edital, vedam a eliminação dos candidatos empatados na última posição e que os dispositivos devem ser interpretados no sentido de impedir a eliminação antes da aplicação dos critérios de desempate. Decido. A decadência do direito de impetrar mandado de segurança será Pág. 1/5

2 oportunamente examinada. PODER JUDICIÁRIO Por ora, tenho que a Impetrante exercitou esse direito no último dia do prazo, contado da data em que seu recurso administrativo foi desprovido. O deferimento da medida liminar pressupõe os seguintes requisitos previstos no art. 7º, III, da Lei nº /2009: fundamento relevante (fumus boni iuris) e risco de ineficácia da medida (periculum in mora). requisitos. Nesse exame de cognição sumária, vislumbro a presença de ambos os O art. 16, 3º, do Decreto nº 6.944/2009, que veiculou normas gerais relativas a concursos públicos federais, dispõe: Art. 16. O órgão ou entidade responsável pela realização do concurso público homologará e publicará no Diário Oficial da União a relação dos candidatos aprovados no certame, classificados de acordo com o Anexo II deste Decreto, por ordem de classificação. 1 o Os candidatos não classificados no número máximo de aprovados de que trata o Anexo II, ainda que tenham atingido nota mínima, estarão automaticamente reprovados no concurso público. (...) 3º Nenhum dos candidatos empatados na última classificação de aprovados serão considerados reprovados nos termos deste artigo. O anexo II, a que o dispositivo remete-se, prevê o número máximo de candidatos aprovados conforme a quantidade de vagas prevista no edital. O dispositivo segue parcialmente no que interessa ao caso - transcrito: ANEXO II QUANTIDADE DE VAGAS X NÚMERO MÁXIMO DE CANDIDATOS APROVADOS QTDE. DE VAGAS PREVISTAS NO NÚMERO MÁXIMO DE Pág. 2/5

3 EDITAL POR CARGO OU EMPREGO CANDIDATOS APROVADOS As previsões de aprovação dos candidatos classificados na última posição e de limite de aprovados conforme a quantidade de vagas devem ser conciliadas. A conciliação possível, a meu sentir, é a de, no caso de empate no limite das vagas, todos aqueles que obtiveram a mesma pontuação hão de ser considerados aprovados, ainda que extrapole esse limite. De fato, interpretação em sentido diverso findaria por tornar inútil a previsão de que os candidatos empatados na última posição são considerados aprovados, já que apenas o candidato que ficou na melhor posição entre os empatados, após o uso dos critérios de desempate, seria aprovado em razão da limitação de vagas. Igualmente, a previsão de aprovação dos candidatos empatados tornar-se-ia letra morta caso se entendesse que apenas os candidatos que restaram empatados no último lugar após o uso dos critérios de desempate devem ser considerados habilitados. Os critérios de desempate partem do pressuposto de que o desempenho dos candidatos foi igual, tanto que eles visam a buscar forma de, desempatando as notas, classificar esses candidatos no certame a despeito da equivalência de desempenho. Por isso, não é justo que uns sejam considerados habilitados e outros não. Ademais, a aplicação desses critérios ordinariamente logra êxito, importando notas distintas para os antes empatados, do que resulta que apenas o melhor classificado entre os empatados seria aprovado, o que certamente não foi o intuito do Decreto nº 6.944/2009 Pág. 3/5

4 O edital do concurso reproduziu os dispositivos do decreto nos seguintes itens do capítulo X, atinente à classificação: 3. Nenhum dos candidatos empatados na última classificação de aprovados serão considerados reprovados, nos termos deste capítulo. (...) 5. O número máximo de candidatos aprovados, por Agência da Previdência Social - APS, está indicado conforme quadro abaixo, correspondendo ao limite máximo permitido pelo Decreto nº 6.944, de 21 de agosto de 2009: Quantidade de vagas por Agência da Previdência Social Número máximo de candidatos aprovados O cargo a que a Impetrante concorreu Técnico do Seguro Social na Agência da Previdência Social APS de Cristalina/GO - em oferecia 02 (duas) vagas. Logo, o número máximo de candidatos aprovados poderia ser nove. Contudo, como a Impetrante obteve a mesma nota da candidata classificada em 9º lugar, deveria ter sido aprovada. O risco de perecimento do direito reside da possibilidade de a Impetrante ser preterida por candidatos aprovados no âmbito da Gerência Executiva de Cristalina/GO. Com essas considerações, defiro o pedido liminar para determinar que a autoridade impetrada inclua o nome da Impetrante na lista dos candidatos habilitados ao concurso voltado ao provimento do cargo de Técnico do Seguro Social na Agência da Previdência Social APS de Cristalina/GO. Defiro o pedido de justiça gratuita. Anote-se. Publique-se. Notifique-se a autoridade impetrada para que cumpra a decisão e Pág. 4/5

5 preste suas informações no decêndio legal e intime-se o órgão de representação judicial da pessoa jurídica interessada, para os fins do art. 7º, II, da Lei nº /2009. Após, ao MPF. Brasília, 20 de julho de MARIA CECÍLIA DE MARCO ROCHA Juíza Federal Substituta da 6ª Vara/DF Pág. 5/5