Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais

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1 Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais Poder Judiciário do Estado de Minas Gerais O documento a seguir foi juntado aos autos do processo de número em 19/10/ :37:53 e assinado por: - KAROL ARAUJO DURCO Consulte este documento em: usando o código: ID do documento:

2 Seção Judiciária do Distrito Federal 13ª Vara Federal da SJDF PROCESSO: CLASSE: MANDADO DE SEGURANÇA (120) IMPETRANTE: DURCO E DURCO LTDA - ME IMPETRADO: SÉRGIO AUGUSTO DÂMASO DE SOUSA (DIRETOR GERAL DNPM) D E C I S Ã O/2015 Trata-se de Mandado de Segurança, com pedido de liminar, impetrado por DURÇO E DURÇO LTDA contra ato atribuído ao DIRETOR GERAL DO DEPARTAMENTO NACIONAL DE PRODUÇÃO MINERAL DNPM objetivando o licenciamento para extrair e comercializar areia e cascalho, da forma como foi solicitado no requerimento de licenciamento /2011, frente ao cumprimento de todos os requisitos previstos na legislação (f. 13). Narra que, desde 2010, vem buscando desenvolver atividade na área de mineração na cidade de São Vicente de Minas-MG, visando à extração de areia e cascalho, que como trata-se de atividade que exige registro e licença, iniciou, ainda em Fev de 2010, processo administrativo para obter o direito de pesquisa para extração de areia e cascalho, junto ao DNPM, tendo-lhe sido concedido alvará de pesquisa, processo nº /2010. Diz que, em fev de 2011, solicitou por meio de processo nº /2011, o pedido de mudança de regime de pesquisa para licenciamento de extração mineral de areia de cascalho, tendo, de plano, cumprido todas as exigências da legislação, restando, apenas, o necessário licenciamento ambiental que só pode ser requerido junto aos órgãos competentes em Minas Gerais após a emissão da Declaração de Aptidão, por parte do DNPM. Contudo, somente em 12/07/2013, (3 anos e 5 meses) após o início do primeiro processo junto ao DNPM foi emitida a Declaração de Aptidão, oportunidade na qual, foi concedido ao Impetrante o prazo de 60 (sessenta) dias para apresentar o licenciamento ambiental ou, ao menos, comprovar sua solicitação, único requisito pendente para a concessão do direito de extração. Esclarece que a Declaração de Aptidão é o reconhecimento pelo DNPM de que todas as exigências legais foram atendidas pelo minerador, pendente apenas o licenciamento/autorização ambiental que só pode ser finalizado após a emissão desta Declaração, Num Pág. 1

3 exigência do órgão ambiental SUPRAM. De posse dessa Declaração de Aptidão diz que formalizou o pedido de expedição da AAF (Autorização Ambiental de Funcionamento) junto a SUPRAM Superintendência Regional do Meio Ambiente, a fim de apresentar ao DNPM a Licença ambiental para que o referido órgão pudesse conceder a licença de extração mineral. Alega que, embora tenha cumprido todas as exigências dos órgãos ambientais, a finalização destes procedimentos não dependem, exclusivamente, de sua vontade, restando sujeita a capacidade de resposta dos respectivos órgãos, assim como ocorre com o próprio DNPM que gasta anos para deliberar sobre questão para as quais a legislação estabelece prazo de poucos dias. Alega, ainda, que toda a tramitação dos procedimentos para a obtenção da licença ambiental vinha sendo regularmente informada ao DNPM, tendo sido pedido prazo de prorrogação para cumprimento de exigência por 90 (noventa) dias, já que os órgãos ambientais não finalizavam o licenciamento ambiental. Ocorre que, em junho de 2014, o DNPM em Minas Gerais, indeferiu o pedido de licenciamento da Impetrante ao fundamento de que não foi cumprido o prazo para sanar a exigência (apresentar licença/autorização ambiental). Contudo, afirma que só não foi apresentada a licença/autorização ambiental porque os processos estavam em tramitação junto aos órgãos ambientais e estes órgãos é que não proferiram decisões dentro do prazo previsto em lei, impedindo a Impetrante de cumprir a exigência. Diante disso, argumenta que ingressou com recurso hierárquico em junho de 2014, ao Diretor Geral do DNPM, em Brasília, autoridade apontada como coatora, mas não obteve êxito; p ublicada, então, a decisão final, em 06 de maio de 2015, ao fundamento de que a Impetrante não teria cumprido prazo de 30 dias para o atendimento da exigência, à luz do art. 44 da Portaria 266/2008 DNPM e do parágrafo 1º do art. 17 do Código de Mineração. Destaca que dias depois de ingressar com o mencionado recurso administrativo, quando o processo ainda estava em Belo Horizonte, foi protocolada a Autorização Ambiental, finalizada em julho de 2014, com validade até 2018, cumprindo, desse modo, a exigência final para concessão do direito de extração, ou seja, quando do indeferimento do recurso administrativo, em maio de 2015, já restavam atendidos e comprovados no processo administrativo, há mais de 10 meses (desde julho de 2014), todos os requisitos para a concessão do direito de extração de areia e cascalho, que se trata de ato administrativo vinculado. Sustenta, por fim, que é evidente o seu direito líquido e certo, comprovado pela prova documental anexa, já que cumpriu todas as exigências da legislação, desde julho de 2014, e lhe está sendo negado o direito de extração, por inexistente perda de prazo para apresentar a licença ambiental, sendo que a mesma já fora apresentada e o licenciamento é ato administrativo vinculado, não existindo discricionariedade para a administração negar seu pedido. Num Pág. 2

4 É o Relatado. DECIDO. A concessão da liminar, em mandado de segurança, pressupõe a presença dos dois requisitos previstos no artigo 7º, da Lei n.º /2009, quais sejam, a relevância dos fundamentos invocados ( fumus boni iuris) e o perigo da demora revelado pela ineficácia da medida, caso esta seja deferida somente por ocasião da sentença ( periculum in mora). proporcionalidade e da razoabilidade. Verifico, ao menos neste momento de cognição sumária, a presença da plausibili Com efeito, os atos administrativos devem estar atrelados ao princípio da Numa primeira análise, observo que o principal argumento para o indeferimento do pedido da Impetrante, pautou-se na intempestividade para o atendimento de exigência legal e na ausência de pedido de prorrogação de prazo para o atendimento dessa exigência. O fundamento da intempestividade, utilizado pela Autarquia (f. 119) para indeferir o pedido da Impetrante, é mitigado pela Portaria DNPM n.º 266/2008, por meio da solicitação de prorrogação de prazo para o recebimento do documento e pelo artigo 55 da Lei n.º 9.784/1999, que prevê a possibilidade de convalidação dos atos cujos defeitos são sanáveis, como é o caso dos autos. Noutro ponto, infere-se que a própria Autarquia considerou a Impetrante apta a receber o registro de licença após a análise processual e conclusão técnica de que atendia aos requisitos legais, somente condicionando-a a apresentação de Licença Ambiental ou Autorização de Funcionamento do COPAM/SUPRAM, requisito cumprido conforme documento juntado à f. 100, por meio da Autorização Ambiental de Funcionamento AAF, ressalte-se com validade até 09/07/2018. Por fim, registre-se, o atraso na entrega da AAF em nada prejudicará a Administração Pública ou a terceiros, sendo impertinente restringir atividade empreendedora por motivação pouco significante. Ante o exposto, DEFIRO o pedido de liminar para determinar à autoridade coatora que emita o licenciamento para extrair e comercializar areia e cascalho, referente ao Num Pág. 3

5 processo administrativo n.º /2011, desde que o impedimento existente seja fundado exclusivamente na intempestividade na apresentação da Licença Ambiental ou Autorização Ambiental de Funcionamento. Notifique-se a autoridade impetrada para que preste as informações pertinentes em 10 (dez) dias, bem como para que cumpra a presente decisão. Dê-se ciência ao representante judicial da pessoa jurídica interessada, nos termos do art. 7º, II, da Lei nº /2009. Após, ao Ministério Público Federal. Intimem-se. Brasília-DF, 07 de junho de Edna MárciaSilva Medeiros Ramos Juíza Federal Num Pág. 4